Aviso prévio poderá ser proporcional ao tempo de trabalho. Gilvânia Banker

Documentos relacionados
Confira os principais pontos da proposta de reforma trabalhista

Abordaremos na presente circular o fato de que a analise de três modalidades de demissão dos trabalhadores serão analisadas pelo STF

O Projeto de Lei 3941/89, do Senado, recentemente foi aprovado no plenário da Câmara dos Deputados e agora recebeu sanção presidencial.

Dúvidas sobre a reforma trabalhista??? Fique por dentro das principais mudanças sobre o tema e os impactos que ela trará...

São Paulo, 03 de abril de Ao Sindicato das Indústrias do Calçado e Vestuário de Birigui. Prezados Senhores,

[SINDICALISMO] Demissão de dirigente sindical é tema de debate no Senado

Crise leva 111 categorias a fechar acordo com redução de salários

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO

REFORMA TRABALHISTA A FECOMÉRCIO EXPLICA PARA VOCÊ. COMO FICA COM A REFORMA?

STF nega aposentadoria especial de juízes

PAINEL: FORMAS DE CONTRATAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DEBATEDOR: JOSÉ CARLOS GAMA - PRESIDENTE CONSELHO JURÍDICO CBIC EMPRESÁRIO E ADVOGADO

Direitos Trabalhistas Justiça do Trabalho e Recursos Humanos

REFORMA TRABALHISTA A FECOMÉRCIO EXPLICA PRA VOCÊ. COMO FICA COM A REFORMA?

Governo Temer pretende criar dois novos tipos de contrato de trabalho

Destaques. Terceirização ilícita

S I N O P S E S I N D I C A L J U N H O D E

[NORMAS INTERNACIONAIS] Júlio Delgado posiciona-se contrário à ratificação da Convenção 158 da OIT

reforma trabalhista. lei nº /2017* lei nº /2017**

DIREITO CONSTITUCIONAL

LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA

reforma trabalhista. lei nº /2017* lei nº /2017**

Aula 07 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. De forma geral, as características da ação direta de inconstitucionalidade são:

AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL

PRÍNCIPE E ADVOGADOS ASSOCIADOS S/C Registro OAB 2561

Se você é um trabalhador brasileiro é importante que acompanhe esse texto e fique por dentro das novidades

Destaques. Boletim 606/14 Ano VI 15/09/2014. Danos morais

Poder Judiciário - Justiça do Trabalho

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Legislação eleva rotatividade nas vagas formais e reduz investimentos

Indicador antecedente de emprego tem maior nível da série em dezembro e aponta recuperação, diz FGV

Legal Letter. Destaques. Receita de variação cambial de exportação. Cobrança do FUNRURAL de pessoas. Proposta que reduz multas

STF julga ADI contra a reforma trabalhista e firma contra os trabalhadores

Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais

DEPARTAMENTO JURÍDICO TRABALHISTA BOLETIM 008/2019

EMPRESAS ESPERAM REVERTER NO STF ENTENDIMENTO SOBRE TERCEIRIZAÇÃO

12º ENCONTRO REGIONAL DE HOMOLOGADORES RN PB

CIRCULAR 8/2013-PRE/FNP. Assunto: Decisão da Plenária Três Federações em Belém dias 27 e 28 de Junho de 2013

PROCESSO DO TRABALHO

O IMPACTO DAS MUDANÇAS NA REFORMA TRABALHISTA NO DIA A DIA DAS RELAÇÕES DE TRABALHO DOS CLUBES

Superior Tribunal de Justiça

ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DA PLR

EXPECTATIVAS DOS DESEMPREGADOS QUANTO À REFORMA TRABALHISTA FEVEREIRO 2018

REFORMA TRABALHISTA (É TAMBÉM UMA REFORMA SINDICAL)

COMO A REFORMA TRABALHISTA IMPACTARÁ SUA EMPRESA. Agosto de 2017

Confira a autenticidade no endereço

Resumo da Convenção Coletiva 2011 / 2012

Legal Letter. Destaques. Supremo afasta IPI sobre importações. Justiça exclui ICMS da nova base de. Teto para lucro presumido passa de

Trabalho no fim de semana terá nova regulamentação

NENHUM DIREITO A MENOS!

IMPACTOS DAS PROPOSTAS DE REFORMAS, EM ANDAMENTO NO CONGRESSO NACIONAL, NO MUNDO CORPORATIVO

AVISO PRÉVIO DESPROPORCIONAL

Cartilha de Contribuição

Reforma Trabalhista - sancionada em 13/07/2017 Início da vigência: novembro 2017

Acordos devem prevalecer sobre a CLT, diz ministro

José Alberto Couto Maciel

Reproducido en O FIM DO IMPOSTO SINDICAL E OS DESAFIOS DO MOVIMENTO SINDICAL. Artur Henrique da Silva Santos

Reforma Trabalhista. O impacto das mudanças na reforma trabalhista no dia a dia das relações de trabalho dos clubes VALTER PICCINO - CONSULTOR

15% do valor pago pelo INSS é para trabalhador que entrou na Justiça

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO PARA

SALÁRIOS E ADICIONAIS

Orientações Consultoria De Segmentos Licença Remunerada Exclui o Direito do Terço Constitucional de Férias

S I N O P S E S I N D I C A L F E V E R E I R O D E

REFORMA TRABALHISTA. Como funciona a nova forma de demissão. Lei /2017. Sindiquímicos sindiquimicos.org.br

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro. Agravo Regimental na Direta de Inconstitucionalidade nº

Relações de Trabalho (Marlene Melo, Antônio Carvalho Neto e José Francisco Siqueira Neto)

Modernização das Leis Trabalhistas

BLOCO 15 DA SÉRIE ZAC POR DENTRO DA MP 808 ANÁLISE DAS EMENDAS À MEDIDA PROVISÓRIA 808/2017 SOBRE O CUSTEIO SINDICAL

Trata-se de imposto cuja alteração deve-se das por lei complementar.

Terceirização irrestrita deve ter apoio do governo

Reforma Trabalhista O que muda na sua empresa?

Orientações Consultoria De Segmentos Salário Complessivo

Confira a autenticidade no endereço

Reforma trabalhista é aprovada no Senado

Direito Constitucional

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 7ª Turma DCABP/abp/cgel

Reforma Trabalhista (Lei n /2017): NEGOCIAÇÃO COLETIVA. Gisela R. M. de Araujo e Moraes Desembargadora do Trabalho

Reforma trabalhista é aprovada no Senado; confira o que muda na lei

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2015/2015

Tema Lei Anterior Lei nº /2017 Medida Provisória

TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Sindical DEMISSÃO MOTIVADA E A CONVENÇÃO OIT 158. Eugenio Garcia Advogado

PROJETO RUMOS DA INDÚSTRIA PAULISTA REFORMA TRABALHISTA

Aula 38. Convencionais ou contratuais. Fixados por arbitramento. Sucumbenciais

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2015/2015

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 325, DE Art. 1º Esta Lei disciplina o trabalho penoso, no âmbito rural e urbano.

STJ Recurso Repetitivo Delimitação do alcance da tese firmada no Tema repetitivo n. 118/STJ

S I N O P S E S I N D I C A L J U L H O D E

O PREPARO DO MICRO E PEQUENO EMPRESÁRIO PARA A APOSENTADORIA

EQUIPE DE PROFESSORES DE TRABALHO DO DAMÁSIO CURSO DE 2ª FASE DA OAB EXAME PLANO DE ESTUDO - DIREITO DO TRABALHO

1- DO INSTRUMENTO NORMATIVO E SEU CAMPO DE APLICAÇÃO

Principais Alterações da Reforma Trabalhista

Panorama da Seguridade Social Brasileira. Bogotá, agosto.2018

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2017

Técnico Judiciário Área Administrativa

TABELA DE ALTERAÇÕES REFORMA TRABALHISTA

GUIA SOBRE A REFORMA TRABALHISTA

a) V, F, V, V. b) F, V, V, V. c) V, V, F, F. d) V, V, F, V. Dica: Aula 01 e Apostila 01 FIXAÇÃO

CRITÉRIOS DE CONTRATAÇÃO DE PESSOAS E SERVIÇOS NO MERCADO DE SAÚDE.

Direito Constitucional

A NOVA RELAÇÃO ENTRE EMPRESAS E SINDICATOS

REFORMA TRABALHISTA ALTEROU 117 ITENS DA CLT! utar contra a reforma trabalhista, que beneficia os empresários em detrimento da imensa maioria da

Transcrição:

Gilvânia Banker Um dos direitos dos empregados resguardado pela Constituição Federal deverá ser regulamentado. O aviso prévio por tempo de serviço é garantido pela legislação, mas a própria Constituição fixa apenas o período mínimo, que é de 30 dias, seja ele trabalhado ou pago pelo empregador. A maioria das empresas, salvo os acordos coletivos de algumas categorias, segue o que manda a legislação. O artigo sétimo, inciso 21, diz que são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo mínimo de trinta dias, nos termos da lei. Recentemente, a demora do Legislativo em regulamentar a matéria, levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a reabrir a antiga discussão. A corte decidiu, por unanimidade, que é direito legítimo do trabalhador obter o aviso prévio proporcional ao seu período de dedicação à empresa. Porém, os ministros divergiram sobre a quantidade de dias e o julgamento foi suspenso para análise das propostas. O tema só entrou em pauta em razão das ações de quatro ex-funcionários da Vale que alegaram omissão do Congresso Nacional para legislar sobre o assunto. Apesar de o julgamento ser restrito a estes empregados, o presidente do STF resolveu abrir caminho para o debate. Atualmente encontram-se 49 projetos de lei que tratam do tema no Legislativo, mas todos sem solução. No STF, o ministro Luiz Fux sugeriu o modelo europeu, que estabelece três meses de aviso prévio para dez anos de serviços ou mais. O ministro Marco Aurélio Mello apresenta a proposta de dez dias por ano trabalhado, respeitando os 30 dias. Já o presidente do STF, ministro César Peluso, defende cinco dias de aviso prévio para cada ano trabalhado, também respeitando o piso. Mas se depender dos patrões a proporcionalidade do aviso não sairá do papel. De acordo co m o vice-presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Roberto Diehl Kruse, dono da Patchwork, os empresários não vão conseguir suportar mais um encargo trabalhista. Segundo 1 / 5

ele, a carga tributária já é bastante alta e, se for aliada a mais tempo de aviso prévio, as empresas podem acabar optando pela terceirização em vez da contratação efetiva. Ele lembra que o salário de cada funcionário custa o dobro para as pessoas jurídicas. Ao mesmo tempo, a tributação consome cerca de 30% do lucro das empresas e essa vem sendo a maior reclamação. Para o vice-presidente da Federasul, o advogado André Jobim de Azevedo, a proporcionalidade, independente da proposta que for aprovada, é preocupante. Ele comenta que esta é uma questão tão técnica que levou o Supremo a cancelar a votação. Azevedo diz que a falta de regulamentação não inviabilizou que algumas categorias buscassem juridicamente os seus direitos ou que definissem a proporcionalidade por dissídio coletivo. Azevedo preocupa-se com a possibilidade que se abre à informalização. Segundo ele, está se fechando a perspectiva de crescimento do emprego no País. Sindicatos destacam a segurança do trabalhador As entidades sindicais levantam suas bandeiras pela melhor proposta que trouxer maior segurança aos empregados, além da regulamentação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que tem como tema a garantia do emprego contra a dispensa não motivada. Em resumo, ela proíbe a demissão de trabalhadores a menos que exista para isso uma causa justificada, relacionada com sua capacidade ou seu comportamento, ou baseada nas necessidades de funcionamento da empresa, estabelecimento ou serviço (Art. 4º). Além disso, deverá ser dada ao trabalhador a possibilidade de defesa das acusações formuladas contra ele. Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT/RS), Celso Woyciechowski a unanimidade entre as entidades é de que seja aprovada aquela proposta mais vantajosa ao empregado. Apesar de algumas categorias já respeitarem a legislação estabelecendo um acordo coletivo, o sindicalista diz que o Brasil precisa evoluir neste sentindo. Para ele, a Convenção 158 seria um passo social importante. Tem que haver um motivo para dispensar um funcionário, a fim de evitar as demissões rotativas, justifica. A opinião é compartilhada pelo presidente da Força Sindical, Luis Carlos Barbosa. Os sindicalistas reforçam a defesa pela regulamentação argumentando os direitos trabalhistas garantidos na 2 / 5

Constituição Federal. Juízes e desembargadores querem a regulamentação No Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul (TRT/RS) existem diversas opiniões sobre o tema. Mas a posição do desembargador da 3ª Turma do TRT/RS Luiz Alberto de Vargas a proporcionalidade é plenamente legal. Segundo ele, existem diversas propostas e interpretações entre os desembargadores, mas conta que já ocorreram sentenças de até 30 dias por ano trabalhado. Apesar de favoráveis a proporcionalidade, a interpretação majoritária dos desembargadores e juízes é de que não haja aviso prévio proporcional enquanto não houver uma regulamentação. Conforme Vargas, o STF entendeu que há elementos jurídicos para julgar a matéria. Empresas calculam os custos da medida As grandes empresas colocaram as contas na ponta do lápis. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) resolveu fazer um estudo técnico-financeiro com base em algumas propostas. De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), a CNC estima os custos salariais adicionais, para o setor produtivo. O levantamento considera o montante de demissões de empregados, sem justa causa, nos anos de 2008, 2009 e 2010, a participação relativa, nessas demissões, de cada faixa de tempo de serviço e a média salarial por atividade econômica. Desta forma, estimam que, no caso de um mês de salário para cada período de três anos de trabalho, o custo para as instituições seria de R$ 30 bilhões. No cenário de um mês de salário para cada período de cinco anos de atividade, R$ 18 bilhões. Para dez dias de salário para cada ano trabalhado, R$ 29,9 bilhões. Somente no setor do comércio de bens, serviços e turismo, os custos adicionais seriam de R$ 5,2 bilhões a R$ 10,5 bilhões. Para o primeiro vice-presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e presidente da Federação das CDLs (FCDL), Vitor Augusto Koch, a discussão do assunto é de competência do Legislativo e não do Supremo Tribunal Federal. Ele alega que o Brasil já possui um aparato jurídico que dá segurança ao trabalhador citando o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, Seguro Desemprego, entre outros. O executivo concorda com as opiniões de que, se houver aumento de dias do aviso prévio, corre-se o risco da informalidade. Ele teme, ainda, que o acréscimo na folha de pagamento das micro e pequenas empresas possa 3 / 5

levá-las à ruína financeira. A solução, para Koch, é a discussão restrita entre sindicatos e empregadores. Reforma na Constituição é uma das alternativas para regulamentar a regra A expectativa é que o Supremo Tribunal Federal retome o debate e que a decisão aconteça ainda neste ano. A advogada trabalhista Regina Guimarães, uma das defensoras dessa ideia, destaca que a matéria é uma forma de atualização do artigo 7º da Constituição. É um direito assegurado aos trabalhadores, mas que nunca ficou regulamentado, como vários outros dispositivos da Constituição, reclama. A advogada diz que as propostas andaram a passos de tartaruga em várias comissões no Congresso. Segundo ela, desde 1988, ano da Constituição, tramitam projetos na Câmara tentando regulamentar o tema. A preocupação da advogada trabalhista é de que haja reconhecimento aos empregados que estão trabalhando há mais tempo nas suas empresas, pois esta seria uma forma de recompensá-los por todo o tempo em que foram úteis às suas instituições. Sabemos que os profissionais mais maduros, com pouco mais de idade, enfrentam dificuldades em se colocarem no mercado, e eles precisam se inserir novamente, argumenta. Além disso, segundo ela, é uma forma de desestimular as chamadas demissões rotativas, ou seja, quando o profissional alcança um limite de tempo e é demitido. Serviço: Fonte: Jornal do Comércio 4 / 5

As matérias aqui apresentadas são retiradas da fonte acima citada, cabendo à ela o crédito pela mesma. 5 / 5