QUALIDADE E VIDA ÚTIL PÓS-COLHEITA DO MELÃO GOLD MINE PRODUZIDO NA ÉPOCA DAS CHUVAS



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Transcrição:

ISSN: 117-89 23 QUALIDADE E VIDA ÚTIL PÓS-COLHEITA DO MELÃO GOLD MINE PRODUZIDO NA ÉPOCA DAS CHUVAS Janilson Kleber Menezes Mota 1, Josivan Barbosa Menezes 2, Glauber Henrique de Sousa Nunes 3, Railene Hérica Carlos Rocha 4 RESUMO Instalou-se um experimento no Laboratório de Pós-Colheita de Frutos da Escola Superior de Agricultura de Mossoró-ESAM, com o objetivo de avaliar a qualidade e vida útil pós-colheita do melão Gold Mine (Cucumis melo L. var. inodorus Naud.) produzido no período chuvoso, provenientes de três empresas agrícolas instaladas no Agropolo Mossoró-Açu/RN. Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 6 com três repetições e 12 frutos por parcela, sendo que o primeiro fator considerado foi temperaturas de armazenamento (ambiente 2 ºC + 2 ºC, UR % + % e refrigerado 11 ºC + 2 ºC, UR 9 % + %) e o segundo fator tempos de armazenamento (, 7, 14, 21, 28, 3). As características avaliadas foram: firmeza de polpa, perda de peso, aparência externa e interna e conteúdo de sólidos solúveis totais. A vida útil pós-colheita dos frutos foi estimada em 3 dias para o armazenamento a temperatura ambiente e refrigerada, mantendo boa aparência interna e externa, notas acima de 4,, porém baixos conteúdos de sólidos solúveis, próximo a 7,8% e firmeza de polpa em torno de 18 N, inadequados para comercialização à longa distância. Palavras-chave: Cucumis melo L., armazenamento, temperatura, manejo QUALITY AND SHELF LIFE OF GOLD MINE MELON CULTIVATED IN THE RAINFALL GROWING SEASON ABSTRACT This work aimed to evaluate the quality and that s shelf life of Gold Mine melon (Cucumis melo L. var. inodorus Naud.) that s cultivated in the rain season. The experiment was carried out at the fruit post harvest laboratory Chemistry and Technology of the Escola Superior de Agricultura de Mossoró-ESAM. The fruits were harvested in Mossoró-Açu, Rio Grande do Norte State. The experiment was carried out in a completely randomized design in a 2 x 6 factorial scheme with three replications and twelve fruits per plot. The first considered factor was the storage temperature (ambient temperature: 2ºC 2ºC and % % U. R and at cooled ambient: 11ºC 2ºC and 9% % U. R) and the second factor was the storage time (, 7, 14, 21, 28 and 3 days of storage). The following traits were evaluated during this period: weight loss, internal and external fruit appearance, pulp firmness and total soluble solids. The post harvest shelf life of Gold Mine melon was esteemed in 3 days for fruits storage at environment and refrigerated conditions, maintaining good external and internal appearance with superior note to 4,, however with low soluble solids contents, near to 7,8%, and pulp firmness around 18 N, that inadequate for commercialization that are long distance. Keywords: Cucumis melo L., storage, temperature, handling Protocolo 41 21 21 de 21/2/21 1 Engº Agrº, Departamento de Química e Tecnologia da ESAM, c. p. 137, CEP 9.62-9, Mossoró-RN. Fone: 312 21. 2 Professor Doutor do departamento de Química e Tecnologia da ESAM, c. p. 137, CEP 9.62-9, Mossoró-RN. Fone: 312-21. E-mail: cppg@esam.br 3 Dr. Bolsista de DCR-CNPq-ESAM, c. p. 137, CEP 9.62-9, Mossoró-RN. Fone: 312 21. E-mail: cppg@esam.br 4 Bolsista do CNPq, estudante do curso de mestrado em Agronomia: Fitotecnia da ESAM, c. p. 137, CEP 9.62-9, Mossoró-RN. Fone: 312 21. E-mail: raileneherica@zipmail.com.br

24 INTRODUÇÃO A importância econômica do melão tem estimulado a intensificação das pesquisas nos últimos anos, sobre fisiologia, bioquímica e tecnologia pós-colheita do fruto (Menezes et al., 1997). Essa cultura destaca-se como a principal olerícola cultivada na Região Nordeste do país, sendo responsável por mais de 91% da produção nacional (IBGE, 1997). Constituindose, também, na maior expressão econômica e social para a Região Nordeste do Brasil. O Rio Grande do Norte, é considerado o maior produtor brasileiro, destacando-se em 1996, com 6,12 % de área plantada e 63,36 % da produção total (Dias et al., 1998). As variedades de melão existentes, no mundo, estão reunidas em três categorias, do ponto de vista comercial: grupo reticulatus, inodorus e cantaloupenses (Gayet, 1994). O Brasil vem produzindo, principalmente, o melão amarelo (Cucumis melo L. grupo inodorus), conhecido no mercado como melão espanhol, isto porque esse grupo de melão possui maior conservação pós-colheita (Souza et al., 1994). Aproximadamente 98% do melão produzido, no Brasil, são ainda do grupo Amarelo (inodorus), onde fazem parte diversas cultivares e híbridos. O melão inodorus apresenta vida útil póscolheita de três a quatro semanas, podendo estender-se até cinco ou seis semanas, dependendo da cultivar (Menezes et. al., 1998). A umidade do ar e do solo, também, apresenta influência sobre a produção e qualidade do fruto. Condições de umidade elevada favorecem a formação de frutos de má qualidade e propiciam condições favoráveis para o desenvolvimento de doenças fúngicas, bacterianas e viróticas. Os melões produzidos nessas condições são em geral pequenos e de sabor desagradável, com baixo teor de açúcares devido à ocorrência de doenças que causam a queda das folhas e o excesso de umidade que afeta a fisiologia da planta. Na maioria dos países produtores de melão, evita-se o plantio na época das chuvas, porque além de favorecer o aparecimento de doenças, existe uma correlação negativa com a qualidade do fruto. Um exemplo é a região de Mossoró-Baraúna, principal pólo produtor de melão do Brasil, onde geralmente se planta no período de junho a fevereiro. O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade do melão Gold Mine (Cucumis melo L. var. inodorus Naud.) produzido na época das chuvas e determinar a vida útil pós-colheita do híbrido armazenado em condições ambiente (2 ºC + 2 ºC, UR % + %) e em câmara fria (11 ºC + 2 ºC, UR 9 % + %). MATERIAIS E MÉTODOS Os frutos foram colhidos no estádio de maturação comercial (7 dias após a semeadura) sendo provenientes de três empresas agrícolas do Agropólo Mossoró- Açu, Município de Baraúna-RN, com clima semi-árido, temperatura média em torno de 27,4 o C e período invernoso de fevereiro a junho, umidade relativa média 7% e precipitações média, máxima e mínima 82,9 mm, 2.662,2 mm e 171,7 mm anuais, respectivamente, distribuídas irregularmente, sendo março e abril os meses mais chuvosos. O genótipo estudado, o híbrido Gold Mine, tipo Amarelo é muito produtivo, menos exigente em água e que tem apresentado boa tolerância de campo a oídio e míldio. Os frutos são uniformes, com peso médio em torno de 1.8 g, pequena cavidade interna, sem odor e polpa de coloração branco-creme. Fez-se uma seleção dos frutos no campo, eliminando-se aqueles com imperfeições facilmente detectáveis tais como: ferimento mecânico, rachaduras, depressões superficiais e ataque de fungos ou brocas. Os melões foram classificados por tipo e acondicionados em caixas estilos mercado externos, em seguida foram transportados para o laboratório do Núcleo de Estudos em Pós-Colheita da Escola Superior de Agricultura de Mossoró ESAM. Após serem enumeradas ao acaso, uma parte dos frutos foram armazenados em uma sala sob condições ambiente (2 ºC + 2 ºC, UR % + %), e a outra parte foi acondicionada em câmara fria (11 ºC + 2 ºC, UR 9 % + %). O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 6 com três repetições e 12 frutos por parcela, sendo o primeiro fator considerado temperaturas de armazenamento (ambiente e 11 ºC + 2 ºC) e o segundo fator tempos de armazenamento (, 7, 14, 21, 28, 3 dias). As avaliações foram feitas, em intervalos de sete dias, durante 3 dias. Os frutos foram cortados longitudinalmente e parte do mesocarpo foi homogeneizada em liqüidificador doméstico para análises químicas.

Firmeza (N) As características avaliadas foram: perda de peso, firmeza da polpa, aparências externa e interna e teor de sólidos solúveis. A perda de peso foi determinada, considerando-se a diferença entre o peso inicial e o obtido em cada intervalo de amostragem (sete dias). A determinação da firmeza da polpa foi feita no fruto, dividido longitudinalmente em duas partes, sendo que em cada uma delas procederam-se duas leituras (em regiões diferentes) feitas com o penetrômetro Mc Cormick modelo FT 327, com plunger de 8 mm de diâmetro e os resultados expressos em Newton (N). Para as aparências externa e interna, os frutos foram avaliados através de escala subjetiva, considerando-se a ausência ou presença dos seguintes defeitos: aparência externa: depressão; murcha; e/ou ataque fúngico; aparência interna: colapso interno, sementes soltas e/ou líquidos na cavidade das sementes e injúria pelo frio: surgimento de pequenas manchas escuras na superfície do fruto. Utilizou-se uma escala subjetiva correspondente às notas: 1 defeitos extremamente severos (acima de %), 2 severos (31 a %), 3 moderados (11 a 3%), 4 leve (1 a 1%) e ausente (%), considerando-se frutos com nota 3 como indesejável para o consumo. Foi considerado como fruto inadequado para a comercialização aquele cuja nota apresentar valor igual ou inferior a três para quaisquer das avaliações. O conteúdo de sólidos solúveis totais (SST) foi determinado em refratômetro digital, conforme normas da AOAC (1992) e expressos em porcentagem. As análises de variância e regressão foram feitas no software SAS (Statistical Analisys System ) por meio dos procedimentos PROC GLM e PROC REG. RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se redução, na firmeza da polpa até o final do período experimental para os tratamentos (Figura 1). Os frutos armazenados na temperatura ambiente apresentaram aos 2 dias, firmeza de polpa próxima a 2 N, valor equivalente ao obtido aos 3 dias de armazenamento refrigerado, indicando necessidade de refrigeração para manutenção da firmeza do fruto. 2 O amolecimento do melão pode estar relacionado com a perda de integridade de membranas das células mesocárpicas hipodermal (Lester & Stein, 1993) como também pode estar relacionado a fatores précolheita, tais como, equilíbrio cálcio/nitrogênio. Para Awad (1993), a textura depende da coesividade, do tamanho, da forma e da turgidez das células que compõem o tecido. A firmeza média dos frutos no experimento foi 2 N. O melão amarelo Agroflora 646, produzido no período de verão e armazenado, a temperatura ambiente apresenta firmeza de polpa variando de 83,63 N a 33,7 N, no início e final de 4 dias de armazenamento, respectivamente (Menezes et al, 199). Sob o ponto de vista de manuseio pós-colheita, a firmeza é essencial, já que os frutos com maior firmeza são mais resistentes a injúrias mecânicas durante o transporte e comercialização (Menezes et. al, 1998). 3 3 2 2 1 1 1 2 3 4 (11ºC) y = 4,34 7,2x +,67x 2 r 2 =,84 (2ºC) y = 33,91 3,78x r 2 =,78 2º C Figura 1. Firmeza da polpa do melão Gold Mine, armazenado durante 3 dias sob refrigeração de 11 2ºC, U. R. 9 %, ou sob condições ambiente 2 2ºC, U. R. %. ESAM Mossoró-RN, 21. A perda de peso nos frutos ocorreu de forma crescente em função do tempo de armazenamento (Figura 2). Foi observada que os frutos armazenados sob condição ambiente tiveram perda de peso maior em relação àquela obtida em frutos submetidos à refrigeração. O déficit de pressão de vapor é maior em temperaturas mais elevadas, e os principais fatores que atuam na perda de água em frutos são a temperatura, e a umidade relativa do ar. Este comportamento crescente da perda de peso também foi observado em seis

Aparência interna (nota 1-) Perda de peso (%) Aparência externa (nota 1-) 26 cultivares de melão do grupo inodorus estudadas por Miccolis & Saltveit (199). A perda d água pode ser uma das principais causas de deterioração, pois resulta não apenas em perda quantitativa (perda de peso vendável), mas também provoca perdas em aparência (devido ao muchamento), qualidade textural (amolecimento, flacidez, fragilidade e suculência) e qualidade nutricional. No final do período de armazenamento, as perdas de peso médias dos frutos armazenados nas temperaturas (11 ºC e ambiente) foram respectivamente, 2,33% e,44%. Em melão pele de sapo sob condição ambiente, Gonçalves (1994) constatou o período de vida útil pós-colheita de 28 dias, com perda de peso 3,86% que corresponde a aproximadamente 39 kg/ton. 6 4 3 2 1 1 2 3 4 (11ºC) y =,74 +,36x r 2 =,92** (2ºC) y = 1,139,83x r 2 =,98** 2º C Figura 2. Perda de peso do melão Gold Mine, armazenado durante 3 dias sob refrigeração de 11 2ºC, U. R. 9 %, ou sob condições ambiente 2 2ºC, U. R. %. ESAM Mossoró-RN, 21. Os frutos armazenados a 11 ºC, mostraram-se mais susceptíveis à incidência de manchas escuras na superfície da casca, sendo aparente a partir do 21º dia de armazenamento, entretanto isto não comprometeu aparência, visto que ao final do período experimental, os frutos armazenados nas temperaturas (11 + 2º e ambiente) estavam em plena condição de comercialização (nota > 3,) (Figura 3). Na aparência interna, verificou-se que os frutos mantidos a 11 2 ºC apresentam-se mais susceptíveis a sintomas característicos de colapso interno (amolecimento da polpa) a partir dos 21 dias de armazenamento, sem comprometer, entretanto, a comercialização, com notas acima de 3 (Figura 4). O conteúdo de sólidos solúveis não foi influenciado de forma significativa durante o período de armazenamento, observando-se no final desse período uma média igual a 8,% nas duas condições pré-estabelecidas (Tabela 1). De acordo com Cohen & Hicks (1986) o valor mínimo aceito acerto para comercialização é de 9, %. 6 4 3 2 1 1 2 3 4 (11ºC) y =,28 +,2x r 2 =,8 (2ºC) y =,11,1x r 2 =,7 2º C Figura 3. Aparência externa do melão Gold Mine, armazenado durante 3 dias sob refrigeração de 11 2ºC, U. R. 9 %, ou sob condições ambiente 2 2ºC, U. R. %. ESAM Mossoró-RN, 21. 6 4 3 2 1 1 2 3 4 (11ºC) y =,36 +,23x r 2 =,92 (2ºC) y =,1,12x r 2 =,7 2º C Figura 4. Aparência interna do melão Gold Mine, armazenado durante 3 dias sob refrigeração de 11 2ºC, U. R. 9 %, ou sob condições ambiente 2 2ºC, U. R. %. ESAM Mossoró-RN, 21. Esse baixo teor de SST provavelmente está relacionado com problemas de manejo, época de plantio (inverno) e de determinação do ponto de colheita. O melão contém alta concentração de açúcar, quando maduro,

acumulando-o antes da colheita e não acumula carboidratos de reserva, não aumentando o conteúdo de açúcares após a colheita. Miccolis & Saltveit (199), também relataram a ausência do efeito da temperatura de armazenamento sobre o teor de sólidos solúveis totais. Em melão Valenciano Amarelo CAC, armazenado sob refrigeração em temperatura de 12 ºC e umidade relativa do ar de 9 %, Costa (1997) 27 determinou um teor de SS de 12,4 % após 21 dias de armazenamento. Lester (1998), estudando o comportamento físico-químico do híbrido Honey Dew, verificou que a concentração de sólidos solúveis atingiu 78 % do seu valor máximo aos 4 dias após à antese, sendo considerada importante mudança qualitativa no conteúdo de açucares dos frutos. Tabela 1 - Sólidos Solúveis Totais (%) do melão Gold Mine, produzido na época das chuvas, e armazenado em condições ambientes (2 ºC 2 ºC e U. R. = % %) ou sobre refrigeração de (11 ºC 2 ºC e U. R. = 9% %). ESAM, Mossoró-RN, 2. Temperatura Armazenamento (ºC) 7 14 21 28 3 Média Controle 8,7 Aa* 8,3 Aa 7,9 Aa 7,7 Aa 7,7 Aa 7,4 Aa 7,9 a 11 2 8,7 Aa 7,9 Aa 8,2 Aa 7,8 Aa 8, Aa 8, Aa 8,1 a Média 8,7 A 8,1 A 8, A 7,8 A 7,8 A 7,7 A DMS 1 1,69 DMS 2,6 * Médias seguidas da mesma letra (nas linhas e colunas) não diferem entre si a % de probabilidade pelo teste de Tukey. Letra maiúscula: compara as médias dentro de cada temperatura de armazenamento (DMS 2). Letra minúscula: compara as médias dentro de cada tempo de armazenamento (DMS 1). CONCLUSÕES A vida útil pós-colheita do melão Amarelo híbrido Gold Mine produzido na época das chuvas foi estimada em 3 dias para o armazenamento a temperatura ambiente e refrigerada, mantendo boa aparência interna e externa, notas acima de 4,, porém baixos conteúdos de sólidos solúveis, próximo a 7,8% e firmeza de polpa em torno de 18 N, inadequados para comercialização à longa distância. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A.O.A.C. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemistry. 11 ed. Washington: AOAC, 1992, 111 p. Awad, M. Fisiologia Pós-colheita de frutos, São Paulo: Nobel, 1993. 114p. Cohen, R.A.; Hicks, J.R. Effect of storage on quality and sugars in muskmelon. Journal of the American Society for Horticultural Science, Alexandria, v. 111, n. 4, p. 3-7, 1986. Costa, J.E.S. Análise físico-química do melão produzido em casa de vegetação e irrigação pelos sistemas de jato-pulsante e gotejamento, Jaboticabal: Unesp, 1987. 2p. (Monografia de Graduação). Dias, R. de C.S.; Costa, N.D.; Cerdan, C.; Silva, P.C.G.; Queiroz, M.A.; Zuza, F.; Leite, L.A. de S.; Pessoa, P.F.A. de; Terad, D.A. Cadeia produtiva de melão no Nordeste. In: Castro, A.M. Gomes de; Lima, S.M.V.; Goedert, W.J.; Freitas Filho, A. de; Vasconcelos, J.R.P. Cadeia Produtivas e Sistemas Naturais. Brasília: MAA/EMBRAPA, 1998. p. 441-494. Gayet, J. P. Melão para exportação: procedimentos de colheita e póscolheita. Brasília, MAARA/FRUPEX, 1994. p. 9-1. (Série publicações técnicas). Gonçalves, F. C.; Armazenamento de melão pele de sapo sob condições ambiente. Mossoró: ESAM, 1994. 42p. Monografia (Monografia de Graduação). IBGE. Anuário Estatístico do Brasil, Rio de Janeiro, v.6, 1997.

28 Lester, G. Physicochemical characterization of Hydrid Honey Dew muskmelo fruit (Cucumis melo L. var. inodorus Naud.) following maturation, abscission, and postharvest storage. Journal of the American Society for Horticultural Science. v.123, n.1, p. 126-129. 1998. Lester, G.; Stein, E. Plasma membrane physicochemical changes during maturation and postharvest storage of muskmelon fruit. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 18, n. 2, p. 223-227, 1993. Menezes, J.B.. Chitarra, A.B.; Chitarra, M.I.F; Carvalho, H.A. de. Caracterização póscolheita do melão Agroflora 646. Horticultura Brasileira, v.13, n.2, p.1-13, nov. 199. Menezes, J.B.. Chitarra, A.B.; Chitarra, M. I. F.; Bicalho, U.O. Modificações dos componen-tes de parede celular do melão tipo gália durante o armazenamento sob refrigeração. Ciências Tecnologia de Alimentos., v.17, n.3, p.39-313, set-dez. 1997. Menezes, J.B.; Castro, E. B. de; Praca, E. F.; Grangeiro, L.C.; Costa, L.B.A. Efeito do tempo de insolação pós-colheita sobre a qualidade do melão amarelo. Horticultura Brasileira, Brasília, v.16, n.1, p.8-81, maio, 1998. Miccolis, V.; Salteveit, M.E. Inflence of storage period and temperature on the postharvest characteristics of six melon (Cucumis melo L., Inodorus Group) cultivars. Postharvest Biology and Tecnology, Amsterdam, v., p.211-219, 199. Souza, M.C.; Menezes, J.B.; Alves, R.E. Tecnologia pós-colheita e produção de melão no Estado do Rio Grande do Norte, Horticultura Brasileira, Brasília, v.12, n.2, p.188-19, 1994.