Calçadas manauaras e idosos Desafios urbanísticos na capital do Amazonas 1

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Transcrição:

50 Calçadas manauaras e idosos Desafios urbanísticos na capital do Amazonas 1 Ieda Guedes Simões Coulibaly Resumo O tema em pauta preocupa-se com a questão da acessibilidade e da mobilidade das pessoas idosas no espaço urbano. A pesquisa foi realizada na capital do Amazonas, Manaus, especificamente em suas calçadas. O estudo define-se por ser qualitativo e quantitativo, sendo registradas imagens das calçadas manauaras. Foram feitas entrevistas, gravadas, com 14 idosos, com o objetivo geral de conhecer o impacto dos obstáculos para a circulação urbana, enfrentados pela população idosa, em maio de 2010 e, por objetivos específicos: traçar o perfil demográfico e social dos sujeitos que circulam pelas calçadas; detectar as condições arquitetônicas desse espaço; identificar situações de riscos para a população idosa; tornar públicas as questões de infraestrutura das calçadas, e contribuir para a implementação de políticas públicas centradas nos critérios básicos de promoção da acessibilidade e mobilidade dos moradores de Manaus. Os resultados obtidos foram classificados em seis categorias analíticas, definidas a partir das recomendações do Programa Calçadas para Todos, campanha educacional desenvolvida pela prefeitura, baseada no Plano Diretor de Manaus. Detectou que os sujeitos deste estudo são pessoas idosas de ambos os sexos, 6 (43%) homens e 8 (57%), mulheres; idade mínima 60 anos, máxima 79, com média de 70 anos; todos relataram ser alfabetizados, a maioria (7; 49%) tem ensino fundamental; evidenciou-se que 6 (42%) são manauaras; 9 (63%) aposentados; 4 (28%) utilizam a via pública, para ir ao trabalho; os 14 sujeitos identificaram obstáculos nas calçadas, e destes, 11 disseram ter dificuldades para circular por elas. Como considerações finais, o estudo destacou a evidência de situações de riscos à integridade biopsicosocial das pessoas, principalmente para a pessoa idosa que transita por calçadas e ruas, correndo riscos de quedas e atropelamento, podendo causar-lhes sequelas mais graves ou mesmo levá-las à morte. E contribuiu com procedimentos metodológicos, replicáveis. Sugerido que a pesquisa seja aprofundada em inquéritos com universo maior, e até mesmo em outras cidades, por ser um estímulo à ação e à reflexão no sentido de mobilizar e implantar nas comunidades espaços públicos que incentivem a vida comunitária. 1 Dissertação de mestrado. Programa de Estudos Pós Graduados em Gerontologia PUCSP (Set. 2010). Orientadora: Profª Ursula Margarida Karsch. Acesso: PDF - Calçadas manauaras e idosos: desafios urbanísticos na capital do Amazonas

51 Conversando com Ieda Por Guilherme Rocha, da redação Portal Portal Seus dados pessoais, por favor... Ieda - Meu nome completo é Ieda Guedes Simões Coulibaly, nasci na cidade de São Paulo no dia 13 de março de 1971. Graduei-me em fisioterapia no Centro Universitário São Camilo (2001 a 2005), sou especialista em saúde pública pelo mesmo São Camilo (2009), mestrado em Gerontologia pela PUC-SP de 2006 a 2010, doutoranda em ciências da saúde pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com término previsto para 2015. Minha mãe se chama Ivone Guedes Simões, e meu pai, já falecido, se chamava Inocêncio Simões. Tenho um filho, Hamza Khalil Coulibaly, sou separada, e moro em São Paulo. Sou bolsista de recursos humanos no doutorado do Fundo de Amparo à Pesquisa do Amazonas. Portal - Como se interessou pela Gerontologia? Ieda - Durante a minha graduação tive contato com a disciplina de Geriatria e Fisioterapia Geriátrica, e aí me interessei muito pelo assunto. Depois, quando fiz o estágio curricular obrigatório nessa área, aí sim me apaixonei. O estágio foi feito em uma igreja na Pompeia e depois no asilo São Vicente de Paulo. Adorei o contato com os idosos que viviam na instituição de longa permanência. Portal - Como se decidiu pelo tema de pesquisa e como foi o seu desenvolvimento? Ieda - Na graduação optei por fazer meu TCC estudando a imagem corporal dos idosos que vivem em ILP; ao término do curso fui apresentar o trabalho em um congresso internacional e lá assisti a uma mesa-redonda sobre cidade amiga do idoso. Interessei-me pelo assunto e resolvi me aprofundar mais; fiz especialização em saúde pública e tratei desse assunto em minha monografia.

52 Então decidi levar o tema para o mestrado e aprofundar mais o item acessibilidade das calçadas. Portal - Quais desdobramentos a pesquisa teve na prática ou ainda terá? Ieda - Fui morar no Amazonas no meio do mestrado, coisas que acontecem na nossa vida profissional. Uma universidade me convidou para lecionar e lá fui eu. Chegando, me deparei com um vasto campo de estudos, pois as calçadas na cidade de Manaus são um grande problema. Então decidi aplicar o estudo no centro da cidade, queria saber a opinião dos idosos acerca das calçadas por onde transitavam. Depois do término do mestrado, não dei continuidade ao estudo, mas gostaria muito de fazê-lo, pois alguns entrevistados naquela época diziam acreditar que as calçadas do centro da cidade seriam arrumadas para a Copa de 2014. Gostaria de saber a opinião deles agora que estamos às portas da Copa. Portal - Como relaciona a sua pesquisa à realidade que cerca o seu trabalho cotidiano, a sua vida? Ieda - Minha mãe foi morar comigo em Manaus e eu não a deixava pegar ônibus sozinha, porque tinha medo de cair na calçada ao descer do coletivo; na época ela tinha 70 anos. Isso afetou a sua qualidade de vida diária. Depois, meu cunhado de 60 anos foi conhecer a cidade e se acidentou em uma das calçadas que era justamente objeto do meu estudo. Claro que me senti na obrigação de fazer o melhor pelo estudo para as autoridades locais tomarem providências.

53 Portal - O que o mestrado e a pesquisa acrescentaram à sua vida pessoal e profissional? Como avalia o curso de Gerontologia? Ieda - Bom, em primeiro lugar, quando a pessoa busca uma qualificação profissional pensa em melhorar a posição no trabalho ou o ganho financeiro. Comigo não foi diferente. Busquei o mestrado, pois queria realmente dar aulas em uma universidade. Isso aconteceu, e não foi só isso. A partir do mestrado, passei a ser convidada para dar aulas e palestras sobre envelhecimento e o salário melhorou bastante. O curso da PUC-SP é um bom curso, fez um diferencial muito grande em relação ao meu conhecimento sobre estudos do envelhecimento humano. Não estou dizendo que outros cursos não sejam bons, mas me identifico muito com a PUC e recomendo essa universidade para todos que me perguntam sobre o curso. Portal - Quais os principais desafios que enfrentou durante o desenvolvimento da pesquisa? Ieda - O grande desafio para mim foi estar muito longe de São Paulo. Manaus é um lugar de onde só se pode sair de barco ou avião, e isso torna as viagens muito caras. Quando ao desenvolvimento da pesquisa, foi muito tranquilo. Portal - Quais foram os passos seguintes na vida acadêmica a partir do mestrado? E na vida profissional? Ieda - Após o mestrado, respirei aliviada e pensei: acabei! Mas logo depois decidi partir para o doutorado; afinal, já estava acostumada a estudar bastante mesmo... Só que a vida nos leva para caminhos que muitas vezes não esperamos, e a minha vida me levou para a Coordenação Estadual de DST/Aids e hepatites virais do Amazonas; ali conheci o grupo gestor do Amazonaids, que contribui para o controle das DST/HIV/Aids no Amazonas, a partir de um Programa Conjunto das Nações Unidas. Gostei do trabalho do grupo e fui convidada a acompanhá-los em algumas de suas ações, o que muito me entusiasmou; foi emocionante ver e sentir de perto o compromisso daquelas pessoas. Hoje, meu doutorado é totalmente voltado para as DST/HIV/Aids na região do Alto Solimões, que fica na tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru. Meu próximo passo é o doutorado sanduíche em Londres. Estou muito satisfeita com o trabalho, mas o coração ainda balança pela Gerontologia. Quero dedicar um tempo para desenvolver estudos sobre DST/HIV/Aids e velhice lá na região. Portal - De que forma acha que a Gerontologia contribui para a cultura da longevidade? Ieda - Acredito que abordar pessoas na rua para chamar a atenção sobre um problema que pode lhes trazer graves prejuízos à saúde como, por exemplo, quedas nas calçadas, é uma grande contribuição para a longevidade desses idosos, pois as quedas são causas de internação, de imobilismo, de incapacidade, com consequências desastrosas para nossos velhos e seus familiares.

54 Portal - O que diria para quem está começando a estudar na área? Ieda - Precisa ter foco. Quando vamos fazer mestrado e doutorado, parece que problemas inesperados caem do céu, mas são só pequenas pedras numa grande estrada. Por isso digo para meus alunos ainda na graduação: tenham foco no seu objetivo e vamos em frente porque vale a pena. E para o pessoal do mestrado em Gerontologia posso garantir que vale realmente a pena. Data de recebimento: 04/11/2013; Data de aceite: 04/11/2013.