Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região - 1º Grau PJe - Processo Judicial Eletrônico Consulta Processual Número: 0001109-61.2016.5.06.0401 Data Autuação: 17/09/2016 Classe: AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO Tipo AUTOR ADVOGADO RÉU Partes Nome ELIOMAR LINS DE ALENCAR JANIKELE DE ALENCAR SANTOS - OAB: PE29223 COMPANHIA ENERGETICA DE PERNAMBUCO Documentos Id. Data de Juntada Documento Tipo 2dabe 48 04/10/2016 Valor da causa: R$ 36.000,00 17/09/2016 16:14 Petição Inicial Petição Inicial
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE ARARIPINA/PE ELIOMAR LINS DE ALENCAR, brasileiro, casado, eletricista, inscrito no CPF sob o nº 506.016.444-68, portador do RG nº 3325494 SSP/PE, residente e domiciliado na Avenida Mascarenhas de Morais, nº 493, centro, Ouricuri-PE, CEP 56200-000, vem, por meio de sua procuradora legalmente constituída (procuração em anexo), com escritório na Rua Possídio Coelho, n 44, Petrolina/PE, propor AÇÃO TRABALHISTA em face da CELPE- COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob n. 10.835.932/0001-08, com endereço na Avenida João de Barros, nº 111, na Cidade de Recife/PE. 1. Resumo dos Fatos O reclamante foi admito pela Reclamada em 14/01/1987 e exerceu a função de eletricista, desde o início do seu labor até a sua aposentadoria, trabalhando a jornada diária conforme convenção Coletiva de 40 horas semanais, além das atividades extra labor, o qual, via de regra era remunerado. Num. 2dabe48 - Pág. 1
Apesar de o reclamante ter sido contratado desde o início na função de eletricista, o mesmo desenvolvia outras funções que não lhe eram devidamente reconhecidas ou remuneradas pela ré e diversas daquelas para a qual foi contratada, a saber: leiturista, (função diferente daquela que lhe era pertinente), bem como dirigia veículos da empresa, em alguns casos veículos pesados, caminhões e etc. Ademais em desconformidade com a lei, o funcionário recebeu por quase quinze anos o acréscimo salarial a título de gratificação denominada de "horas dirigidas", quando a empresa demandada resolveu por conta própria extingui-lo do cálculo do salário do reclamante. Outrossim, urge salientar que o seu vencimento básico, na função de eletricista III, era inferior ao dos demais colegas de trabalho, conforme contracheques em anexo do funcionário: Givaldo de Alencar Pimentel, que percebia como salário básico R$ o valor de 1.517,07 (hum mil, quinhentos e dezessete reais e sete centavos), bem superior ao seu salário básico, comparando os meses iniciais de janeiro de 2013, até a ruptura do pacto laborativo. Ocorre que atualmente os dois funcionários estão aposentados, e face o valor inferior percebido durante o pacto laborativo, o mesmo gerou um decréscimo à época no seu salário e posteriormente na sua aposentadoria, e em decorrência da diferença salarial, houve recolhimento em dissonância à título FGTS, horas extras em todo o período e reflexos, além das demais verbas rescisórias. Imperioso ressaltar que a diferença entre o início do pacto laborativo entre os funcionários é inexistente uma vez que os dois foram contratados no mesmo dia, trabalhando, inclusive, os dois na mesma localidade, a saber: Ouricuri/PE. 2. Da Equiparação Salarial Desde que foi admitido pela empresa ré, em 14/01/1987, o autor sempre trabalhou nas atividades de eletricista. Como dito, o autor recebeu à época do rompimento do pacto laborativo, a média de 1.451,93 (salário básico em dezembro de 2014), recebendo tal valor por apenas dois meses, conforme os contracheques em anexo, porém em período anterior (outubro de 2014 o salário era de 1.357,07), o vencimento básico de Givaldo de Alencar Pimentel já era de 1.517,07(hum mil, quinhentos e dezessete reais e sete centavos), apesar da função ser a mesma - eletricista III - na mesma localidade e com início do pacto laborativo na mesma época. Em razão, tal diferença não se mostra plausível, isto porque a diferença salarial entre o reclamante e o funcionário Givaldo Pimentel (PARADIGMA) não tem respaldo na lei, tendo em vista que Num. 2dabe48 - Pág. 2
a atividade dos dois era idêntica, a saber: eletricista III. Ademais, a diferença de tempo de serviço entre eles não é inexistente, conforme art. 461 da CLT. Assim, injustificado que o salário de autor seja inferior ao de Pedro A. Cabral. Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade. 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos. 2º - Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções deverão obedecer aos critérios de antiguidade e merecimento. 3º - No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas alternadamente por merecimento e por antiguidade, dentro de cada categoria profissional. 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial. Este já é o entendimento do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região: EQUIPARAÇÃO SALARIAL. EXERCÍCIO DAS MESMAS TAREFAS. AUSÊNCIA DE MOTIVO PARA A DIFERENCIAÇÃO SALARIAL. Uma vez provada a identidade de funções e de atribuições sem a contraprova de motivos para a diferenciação salarial entre o trabalhador e o colega apontado como paradigma, como o tempo de serviço na função superior a 2 anos ou a maior produtividade e perfeição técnica do paradigma, fatos impeditivos do direito, é de reconhecer a equiparação e o consectário das diferenças salariais. O deferimento do pedido de equiparação salarial exige o preenchimento dos requisitos contidos no artigo 461 da CLT, quais sejam: identidade de funções, trabalho de igual valor, prestado a um mesmo empregador, na mesma localidade, condicionados, outrossim, aos aspectos de não haver diferença de tempo de serviço superior a dois anos e de inexistir quadro organizado em carreira. (RO 01406-2007-006-12-00-7, Rel. Lourdes Dreyer, Data do julgamento: 27 de maio de 2008, Publicado no TRTSC/DOE em 18-07-2008). Num. 2dabe48 - Pág. 3
Assim, face à identidade de atividade e cargo dos funcionários mencionados, os quais exerciam trabalhos iguais, requer seja declarada a equiparação salarial em benefício do reclamante e seja condenada a ré ao pagamento da diferença salarial acima aludida, bem como seus reflexos, nas horas extras, recolhimentos do FGTS, previdência social e verbas rescisórias. Por fim, pela impossibilidade de provar a renda salarial de todo o período do trabalhador paradigma (Givaldo de Alencar Pimentel), requer seja oficiada a ré para que apresente folha de pagamento dos cinco anos anteriores ao ajuizamento desta ação, para que se comprove a diferença salarial entre os dois empregados em questão. 3. Do acumulo de funções Conforme anotação na CTPS, o reclamante foi contratado na função de eletricista, porém, reclamante era compelido a desenvolver outras atividades diversas da qual foi contratado. Nessas atividades diversas, era exigido do reclamante que ele realizasse a leitura de medidores de energia, função esta desenvolvida pelo leiturista, com emprego diferenciado, inclusive com profissionais habilitados e laborando na mesma empresa. Ademais, habitualmente o mesmo desempenhava a função de motorista da empresa, inclusive dirigindo veículos de grande porte, que exigia Carteira Nacional de Habilitação com classificação própria. Urge ressaltar que anteriormente, todo funcionário da ré recebia um "adicional por horas dirigidas", o qual foi suprimido pela reclamada em momento posterior, ocorre que tal benefício incorporou o salário do funcionário por aproximadamente 15 anos, quando então foi extinto, porém, o mesmo continuou a desempenhar a função de motorista. Logo, faz jus o reclamante o percentual correspondente ao acúmulo de função, posto que não foi pactuado através de contrato de trabalho (ou na CTPS) a possibilidade de acumular funções, representando um desequilíbrio na relação de trabalho entre o empregado e o empregador. Nestes casos de acúmulo de função deve ser aplicado o abusos, tanto o artigo 422 CC, que prevê: Código Civil para combater tais Num. 2dabe48 - Pág. 4
"Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé." Também, deve-se considerar, conforme inteligência do artigo 884 CC, que: "Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários." Portanto há falta de boa-fé patronal, visando o enriquecimento patronal sem justa causa a custa do reclamante, visto que não estipulou a função no contrato de trabalho, porém, exigiu do mesmo que desempenhasse funções diversas daquela para o qual foi contratado. 4. Da Assistência Judiciária Gratuita O autor é pessoa pobre no conceito jurídico do termo, não tendo condições de arcar com custas processuais sem prejuízo próprio e de sua família, razão pela qual necessita que lhe seja concedido o benefício da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da Lei n 1.060/50. 6. Dos Pedidos 6.1. Diante do exposto, requer a condenação da ré para pagar ao autor: a) A diferença salarial decorrente da equiparação salarial, correspondente às prestações vencidas e vincendas, utilizando como paradigma o funcionário Givaldo de Alencar Pimentel; b) Todos os reflexos decorrentes da equiparação salarial, principalmente no que concerne a diferença no FGTS, recolhimentos previdenciários, horas-extras, verbas rescisórias e etc; Num. 2dabe48 - Pág. 5
c) Adicional correspondente ao acumulo de funções de leiturista e motorista; Requer, outrossim: 1) seja oficiada a ré para que apresente folha de pagamento, para comprovar a diferença salarial entre os dois empregados em questão. 2) a designação de audiência; 3) a notificação da ré para que compareça e, caso queira, ofereça resposta. 4) a produção de todos os meios de prova admitidos, em especial a oitiva das testemunhas as quais serão apresentadas independente de intimação; 5) a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita, de acordo com a Lei 1.060/50, uma vez que o autor não tem condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo próprio e de sua família; 6) a condenação da ré no pagamento de custas e honorários advocatícios. Dá-se à causa o valor de R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais), para efeitos fiscais. Nestes termos, Pede deferimento. Petrolina, 17 de setembro de 2016. Num. 2dabe48 - Pág. 6
JANIKELE DE ALENCAR SANTOS OAB/PE 29.223 Num. 2dabe48 - Pág. 7