COMITÉ DE POLÍTICA MONETÁRIA COMUNICADO N.º 04/2016 Maputo, 20 de Abril de 2016

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Transcrição:

COMITÉ DE POLÍTICA MONETÁRIA COMUNICADO N.º 04/2016 Maputo, 20 de Abril de 2016 O Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique (CPMO) reunido hoje, na sua quarta sessão ordinária do presente ano, avaliou o comportamento recente dos principais indicadores macroeconómicos do país e as projecções de inflação de curto e médio prazos, bem como os desenvolvimentos recentes da conjuntura económica doméstica e internacional. Dada a prevalência da pressão inflacionária e cambial e tomando em consideração os objectivos macroeconómicos estabelecidos para 2016, o Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique decidiu aumentar as taxas de juro da Facilidade Permanente de Cedência de liquidez em duzentos pontos bases para 12,75% e da Facilidade Permanente de Depósitos em cento e cinquenta pontos bases para 5,75%. Adicionalmente, o CPMO deliberou alterar o regime de Reservas Obrigatórias, segregando a base de incidência em moeda nacional e moeda estrangeira e diferenciando os respectivos coeficientes, mantendo o coeficiente em moeda nacional em 10,5% e fixando o novo coeficiente para a componente em moeda estrangeira em 15%, sendo que a constituição desta última passa a ser feita em Dólares norte-americanos. I. DESENVOLVIMENTOS RECENTES DAS ECONOMIAS INTERNACIONAL E REGIONAL Em Abril de 2016, o FMI voltou a rever em baixa as perspectivas de crescimento global, em face da desaceleração da procura nas economias avançadas e da tendência pouco animadora dos preços das matérias-primas, que tem provocado a saída de capitais das economias emergentes. O FMI estima para 2016 um crescimento global de 3,2%, após a previsão anterior de 3,4% em Janeiro de 2016, mas ainda assim e não obstante os riscos prevalecentes, superior à expansão de 3,1% verificada em finais de 2015. Nas economias mais desenvolvidas 1, observou-se, em Fevereiro de 2016, um comportamento misto do nível geral de preços, com um ligeiro abrandamento nos EUA e retorno à deflação na Zona Euro, enquanto no Reino Unido o nível geral de preços estabilizou e o Japão saiu de variações negativas para níveis em torno de zero. Em Março de 2016, o mercado cambial reverteu a sua tendência para elevada depreciação das principais moedas em relação ao Dólar dos 1 Estados Unidos da América, Japão, Reino Unido e Zona Euro. 1

EUA, para um cenário de ganhos nominais do Euro (5,7%) e do Yen (6,3%), com a Libra a manter o sinal de depreciação mais moderada. Naquele mês, os bancos centrais decidiram manter as suas taxas de juro directoras, com a excepção do Banco Central Europeu (BCE) que reduziu a taxa em 50 pb para 0,0%. Nas economias de mercado emergentes 2, dados reportados a Fevereiro de 2016 indicam uma relativa estabilidade dos preços, num contexto em que as moedas das economias deste grupo de países apresentam um assinalável abrandamento da sua depreciação face ao Dólar dos EUA, com particular destaque para o Real do Brasil e o Rublo da Rússia que ainda assim apresentavam as mais elevadas variações anuais. Os bancos centrais destas economias decidiram, em Março, pela manutenção das suas taxas de juro de política. Nas economias da SADC 3, a evolução anual dos preços, em Fevereiro, mostra um comportamento diferenciado, com a maior parte a apresentar um abrandamento da inflação, enquanto nas economias como Angola, África do Sul, Zâmbia e Moçambique o movimento dos preços se manteve ascendente. Entretanto, informação mais recente, reportada a Março de 2016, evidencia uma redução deste indicador na Zâmbia em 10 pb e em Moçambique em 60 pb, para 22,3% e 12,3%, respectivamente. No mercado cambial, regista-se uma tendência para abrandamento da depreciação anual, à semelhança do que ocorre nos outros blocos económicos, tendo, no entanto, o Malawi (57,91%), Angola (48,65%), Moçambique (46,01%) e a Zâmbia (43,97%) registado variações cambiais expressivas. Os bancos centrais da região decidiram manter inalteradas as taxas de juro de intervenção. Os preços médios das principais mercadorias no mercado internacional com peso significativo na balança de pagamentos de Moçambique e na evolução da inflação apresentaram, em Março de 2016, um comportamento misto, destacando-se, por um lado, a redução dos preços de arroz, açúcar, arroz e alumínio e, por outro, o aumento dos preços de gás, brent e trigo. Em termos anuais, exceptuando os preços médios do açúcar e do ouro, que observaram incrementos, os restantes produtos mantém o sinal de redução, mas com tendência à recuperação, com destaque para os do brent (-28,2%), gás (-25,4%), alumínio (-14,5%), arroz (-11,8%), carvão térmico (-9,0%), algodão (-7,6%) e trigo (-7,5%). No último dia do mês de Março, o barril do brent foi cotado a USD 39,60, após USD 35,97 em Fevereiro, tendo aumentado para USD 44,03, no dia 19 de Abril de 2016. 2 Brasil, China, Coreia do Sul, Índia e Rússia. 3 África do Sul Angola, Botswana, Malawi, Maurícias, Moçambique, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. 2

II. DESENVOLVIMENTOS DA ECONOMIA MOÇAMBICANA Informação publicada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra que o Índice de Preços no Consumidor (IPC) da cidade de Maputo registou, em Março de 2016, uma variação mensal negativa de 0,31%, após o aumento de 2,34% no mês de Fevereiro, fazendo com que a inflação homóloga reduzisse para 12,31%, após 12,91% no mês precedente, tendo, no entanto, a inflação média anual incrementado para 9,14%. De referir que o aumento da disponibilidade de tomate ocorrido nas primeiras semanas do mês foi determinante para a variação negativa do IPC no período assinalado. O IPC Moçambique, que agrega os índices de preços das cidades de Maputo, Beira e Nampula, registou, em Março, uma variação mensal positiva de 1,33%, após 2,24% no mês precedente, ditando o incremento da inflação homóloga e média anual para 13,61% e 5,89%, respectivamente. A cidade de Nampula, com uma variação de 3,78%, apresentou a inflação mensal mais elevada, seguida da cidade da Beira com 1,45%. Para além dos factores acima arrolados, os preços nas cidades da Beira e Nampula foram agravados pela circulação condicionada de bens e serviços devido à tensão político-militar. Ainda de acordo com a mesma fonte, dados recentemente publicados indicam que, em Março de 2016, o indicador de clima económico que agrega os indicadores de confiança dos empresários nos diferentes sectores de actividade - manteve a sua trajectória de deterioração, decorrente das expectativas desfavoráveis do emprego e da procura, que suplantaram o optimismo em relação ao emprego actual e às perspectivas de preços. O declínio da confiança dos empresários foi justificado pela avaliação negativa de todos os sectores inquiridos, com destaque para os transportes, comércio, construção e alojamento e restauração que foram os que mais se ressentiram dos efeitos negativos das calamidades naturais nos primeiros meses do ano e da circulação condicionada de pessoas, bens e serviços. No sector monetário, informação provisória reporta que, no final de Março, o saldo da base monetária, variável operacional da política monetária, incrementou em 343 milhões de Meticais, para 70.297 milhões, o que em termos de saldo médio corresponde a um desvio de 3.746 milhões de Meticais (+5,6%) em relação à meta indicativa estabelecida para o período. Em termos anuais, a base monetária aumentou 15.875 milhões de Meticais, equivalente a uma variação de 29,2%, após uma variação anual de 28,1% observada em Fevereiro de 2016. 3

No último dia de Março, o Dólar dos EUA foi cotado em 50,55 Meticais no Mercado Cambial Interbancário (MCI), o equivalente a uma depreciação mensal do Metical de 6,92%, tendo a depreciação anual estabilizado em torno dos 46,00%. Nos balcões dos bancos comerciais, a taxa de câmbio média do fecho do último dia do mês foi de 51,26 Meticais, equivalente a uma depreciação mensal e anual de 5,28% e 32,11%, respectivamente, sendo que a cotação média das casas de câmbio no mesmo dia foi 55,15 Meticais por Dólar, correspondente a uma depreciação mensal de 2,55%. No mesmo período, o Rand (ZAR) foi cotado em 3,44 Meticais, equivalente a uma depreciação mensal e anual de 16,61% e 21,13%, respectivamente. Dados provisórios indicam que em 2015 as transacções comerciais entre Moçambique e o resto do mundo resultaram num saldo negativo de USD 6.155,4 milhões (40,7% do PIB), montante que representa um agravamento em 6,2% (USD 358,3 milhões), relativamente a 2014. A persistente queda dos preços internacionais das principais mercadorias que Moçambique exporta agravou o défice da conta de bens em 3,2%, o que, conjugado com o aumento de pagamentos dos rendimentos do investimento directo estrangeiro (IDE) ao exterior e à redução dos desembolsos externos para apoio ao Orçamento, contribuiu para a deterioração do saldo da conta corrente. Excluindo as transacções dos grandes projectos, o défice da conta corrente deteriorou em 21,8%, situando-se em 5.223,1 milhões. Dados provisórios indicam que no último dia de Março de 2016 o saldo das Reservas Internacionais Líquidas (RIL) se fixou em USD 1.850,6 milhões, o que representa um aumento de USD 33,7 milhões em relação ao mês anterior, situando-se assim acima da meta ajustada pelo défice de entrada de ajuda externa e pelo excesso do pagamento de dívida externa em relação ao programado. O fluxo das RIL foi determinado, essencialmente, por potenciais ganhos cambiais líquidos de USD 61,4 milhões, desembolsos de fundos para projectos do Estado, no valor de USD 24,3 milhões e aprovisionamento líquido das instituições de crédito em moeda estrangeira no montante de USD 14,8 milhões. O saldo das Reservas Internacionais Brutas correspondeu a 3,69 meses de cobertura das importações de bens e serviços não factoriais, quando excluídas as operações dos grandes projectos e 2.31 meses se incluídos os grandes projectos. No mês em referência, o Estado efectuou pagamentos da dívida externa no montante de USD 203,8 milhões, tendo para o efeito recorrido à utilização de recursos de residentes. No Mercado Monetário Interbancário (MMI), as taxas de juro médias ponderadas dos leilões dos Bilhetes do Tesouro (BT) com a maturidade de 91, 182 e 364 dias incrementaram, no mês de Março, em 0,95 pp para 10,30%, em 1,05pp para 10,75% e em 2,20pp para 12,00%, respectivamente. Ainda no mesmo período, a taxa de juro aplicável às operações de permutas de liquidez entre as instituições de crédito aumentou para 7,76%, após 7,15% em Fevereiro de 2016. 4

No mercado a retalho, a taxa de juro média nominal praticada pelas instituições de crédito nas suas operações activas, para a maturidade de um ano, aumentou no mês de Fevereiro em 15pb para 19,34%. O mesmo comportamento observou a taxa de juro média das operações passivas que incrementou em 0,77pb para 10,05%. Enquanto isso, a prime rate média do sistema aumentou para 17,03%, em Fevereiro, após 16,57% em Janeiro. III. DECISÃO DE POLÍTICA O Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique (CPMO) avaliou os desenvolvimentos recentes da conjuntura económica internacional, onde se destaca a prevalência de incertezas quanto à recuperação da economia global, conjugadas com o ambiente de contínua deterioração dos preços das commodities. Ao analisar a conjuntura doméstica, o Órgão constatou que a mesma continua a ser caracterizada pelos acentuados riscos de pressão inflacionária, reflectindo os efeitos da depreciação do Metical, da estiagem nas regiões sul e centro do País, bem como do excesso de chuvas na região norte, agravados pela tensão político-militar que condiciona, entre outros, a livre circulação de pessoas e bens em algumas das principais rodovias do País. O CPMO tomou nota dos impactos esperados nos indicadores do sector externo resultantes da eventual execução das garantias emitidas pelo Estado decorrentes de responsabilidades externas contraídas por entidades nacionais, o que pode demandar medidas de ajustamento tendo em vista assegurar a sustentabilidade da dívida externa e a estabilidade macroeconómica. Perante este quadro macroeconómico, com vista a conter a pressão inflacionária, o CPMO considera importante reforçar a coordenação das políticas fiscal-monetária e sectoriais, tendo deliberado: Intervir nos mercados interbancários de modo a assegurar que a previsão da BaM para Abril de 2016, estimada em 71.083 milhões, seja observada; Aumentar, com efeitos imediatos: A taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez em 200pb para 12,75%; A taxa de juro da Facilidade Permanente de Depósitos em 150 pb para 5,75%; e 5

Alterar o regime de reserva obrigatória, segregando a base de incidência em moeda nacional e moeda estrangeira e diferenciando os respectivos coeficientes, com efeitos a partir do período de constituição que se inicia a 7 de Junho de 2016: Mantendo o coeficiente para os passivos em moeda nacional em 10,5% e Fixando o novo coeficiente para passivos em moeda estrangeira em 15%, cuja constituição passa a ser feita em Dólares norte-americanos. A próxima sessão do CPMO terá lugar a 16 de Maio de 2016. Ernesto Gouveia Gove Governador 6