Palavras-chave: dinâmica econômica, formação profissional, indústria naval e offshore.

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Transcrição:

00939 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DA FORMAÇÃO PARA O TRABALHO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Viviani Rios Kwecko - IFRS Câmpus Rio Grande viviani.kwecko@riogrande.ifrs.edu.br Liziane Garcia-Torchelsen IFRS Câmpus Rio Grande liziane.garcia@riogrande.ifrs.edu.br DeividCristian Leal Alves IFRS Câmpus Rio Grande dclealalves@gmail.com Resumo Estudos apontam que a escassez de mão de obra qualificada é um dos principais desafios a serem vencidos para o crescimento econômico brasileiro. As empresas precisam de trabalhadores mais qualificados do que aqueles que o mercado de trabalho oferece atualmente, o que leva a cotas de contratação não atingidas, aumento da pressão sobre os empregados contratados e ritmo mais lento de crescimento. O município do Rio Grande/RS vive uma situação semelhante ao restante do país, no que tange a qualificação do trabalhador, com a implantação de um Polo Naval e Offshore. Diante desse cenário, a atenção do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) Câmpus Rio Grande, tem se voltado para análise das demandas por qualificação profissional desse setor. Nesse sentido, o presente artigo apresenta as reflexões iniciais de um projeto de pesquisa, cujo objetivo é analisar a percepção dos trabalhadores do Polo Naval do município do Rio Grande sobre a sua formação profissional. Para atingirmos esse objetivo, iniciamos nossa investigação a partir da realização de entrevistas nas quais utilizamos como instrumento um questionário semiestruturado aplicado na 3ª Feira do Polo Naval - RS. Esse questionário teve como objetivo principal identificar o tipo de formação esperada para um profissional atuante ou que pretende atuar, direta ou indiretamente, no Polo Naval, de forma a atender as demandas técnicas do ambiente empresarial e as expectativas daquele profissional que busca a qualificação dentro do arranjo local de ensino. Do ponto de vista educativo metodológico, essa pesquisa pretende aproximar os educadores das reais necessidades enfrentadas por esses profissionais e, nesse sentido, consolidar a participação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS Câmpus Rio Grande) no processo de qualificação do trabalhador. Palavras-chave: dinâmica econômica, formação profissional, indústria naval e offshore. 1. INTRODUÇÃO Vivemos um século marcado por profundas mudanças no plano econômicosocial, ético-político, cultural e educacional. Na última década o Brasil viu sua imagem emergir no cenário internacional embalado pelos resultados positivos de sua economia. Porém, o crescimento perdeu fôlego e a divulgação pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que o Produto Interno Bruto (PIB) teve retração de 0,5% no terceiro trimestre de 2013, na comparação com o mesmo período de 2012,

00940 reforça um tempo no qual a sociedade brasileira é particularmente marcada pela incerteza(ibge, 2014). Limitado pela carência de infraestrutura, o grande desafio do país é justamente aumentar seu nível de investimento que atualmente está abaixo de 22% do PIB, patamar considerado pelos especialistas como ideal para um desenvolvimento sustentável da economia. Nos últimos anos boa parte do crescimento nacional foi potencializado pelo aumento do consumo, mas o estímulo às compras da chamada linha branca e os incentivos fiscais à indústria automobilística não geraram o mesmo resultado registrado no passado. Pior que isso, essa política de incentivos acabou pressionando a inflação. Outro grave obstáculo para o crescimento sustentável é a formação do trabalhador. Encontrar mão de obra qualificada tem sido um problema para as empresas brasileiras nos últimos anos, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento, realizado em 2013, mostrou que 65% das empresas indicaram a falta de trabalhadores qualificados como fator limitador para a produção (MORAES, 2013). Essa realidade também foi exposta pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD/Contínua), referente aos quatros trimestres de 2012 e aos dois primeiros de 2013. A referida pesquisa, ao analisar a população em idade ativa, apontou que na Região Sul 41,0% não completaram o ensino fundamental; 40,3% concluíram o ensino médio e 10,7% concluíram o nível superior. Ao analisar a relação entre pessoas ocupadas e pessoas desocupadas a pesquisa demonstrou que 61,5% da população em idade de trabalhar estão na força de trabalho. Quanto ao nível de instrução, verificou-se que 32,3% não concluíram o ensino fundamental, 50,8% concluíram o ensino médio e 14,9% apresentaram nível superior. Destaca-se, ainda, que aproximadamente um terço daqueles sem nenhuma instrução estavam trabalhando, enquanto no grupo das pessoas com ensino superior completo o nível da ocupação chegou a 79,6% (IBGE, 2014). Em geral, as pesquisas indicaram que grupos de pessoas com níveis de instrução mais altos apresentaram níveis de ocupação mais elevados, mas também demonstraram que grande parte da população ativa não completou sequer a educação fundamental ou, no máximo, atingiram a formação básica, indicando o despreparo do trabalhador brasileiro. Em síntese, há uma lacuna no que diz respeito a articular as ações de qualificação profissional com as demandas do mundo do trabalho, principalmente no

00941 momento em que o país, em particular a cidade do Rio Grande, começa a implantação de um Polo Naval e Offshore na área de seu Porto. Quando discutimos a complexidade do conceito de formação profissional é necessário investigar além dos métodos de ensino-aprendizagem, os percursos do sistema de formação, no que tange sua estrutura e função. 2. METODOLOGIA O processo metodológico da pesquisa foi estruturado a partir de entrevistas nas quais se utilizou um questionário semi-estruturado como instrumento de coleta de dados (GUIMARÃES et al., 2001; SANTOS, 2001). Esse instrumento foi respondido por 38 profissionais entre os dias 11 e 14 de março de 2014, durante a 3ª Feira do Polo Naval realizada na cidade do Rio Grande/RS. Evento que visou discutir e promover os desafios, as inovações e as oportunidades da indústria oceânica. O questionário foi composto por 19 perguntas divididas em 2 grandes eixos: perfil do entrevistado, contratação e formação do quadro de trabalhadores. O instrumento teve como objetivo principal identificar o tipo de formação esperada para um profissional atuante ou que pretende atuar direta ou indiretamente no Polo Naval, de forma a atender as demandas técnicas do ambiente empresarial e as expectativas daquele profissional que busca a qualificação. Os dados coletados possibilitaram a identificação do aglomerado de empresas que formam o Arranjo Produtivo Local (APL) e que atuam ou buscam atuar junto ao Polo Naval (POLO NAVAL E OFFSHORE/RS, 2014). Considerando que, em sua maioria, o público alvo da Feira é constituído por empresários, empreendedores individuais e/ou profissionais autônomos, buscamos ao analisar os resultados, constituir um perfil generalista dos trabalhadores do polo metal-mecânico, instalado na Cidade, a partir do olhar do empregador. Após a análise dos dados também esperamos reconhecer o conjunto de exigências demandadas pelo processo produtivo. Em etapa posterior, questionários semelhantes foram aplicados aos profissionais que atuam diretamente na força de trabalho deste setor, estudantes e docentes da Educação Profissional envolvidos diretamente na formação destes trabalhadores. Esses resultados foram tratados empregando a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo (LEFEVRE; LEFEVRE, 2005; 2010) e não serão abordados nesse trabalho. De posse das demandas descritas durante as entrevistas, principalmente no que se refere a formação profissional, pretendemos, paralelamente, analisar o papel da

00942 Educação Profissional na qualificação desses trabalhadores. Do ponto de vista educativo metodológico, com essa pesquisa buscamos aproximar os educadores das reais necessidades enfrentadas por esses profissionais e, nesse sentido, consolidar a participação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) Câmpus Rio Grande, no processo de qualificação e/ou (re)qualificação do trabalhador. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao analisarmos os dados verificamos que 59% dos entrevistados ocupavam cargo de direção (26% diretor, 10% sócio, 10% presidente, 5% supervisor, 5% gerente e 3% coordenador), confirmando que os dados obtidos durante a pesquisa refletirão a visão do empregador. As principais áreas de atuação das empresas dirigidas pelos profissionais entrevistados pertencem aos setores metal-mecânico e prestação de serviços. No que tange a formação profissional, os entrevistados indicaram a qualificação do trabalhador (46%) como principal critério para admissão de um profissional, seguido da experiência na área de atuação da empresa (26%) e de características comportamentais (12%). Esses três fatores também foram descritos como os principais problemas relacionados a contratação de um trabalhador. Entre os profissionais que atuam no setor, a formação técnica foi destacada ocupando, em média, 38% dos postos de trabalho. Em seguida, vieram os trabalhadores sem formação específica (32%), porém com experiência na área, indicando que uma formação profissional adequada pode superar a experiência profissional. Dentre as dificuldades apontadas na formação dos trabalhadores os entrevistados destacaram que os profissionais, muitas vezes, possuem a formação escolar solicitada, mas não o conhecimento (24%), apresentam problemas de leitura/compreensão de texto e de competência matemática (24%), não possuem a instrução escolar básica (10%), bem como, a formação profissional necessária (5%). Nesse momento, observamos uma lacuna deixada não apenas pela Educação Profissional, mas por toda Formação Básica. O universo de incertezas dos fatos da realidade econômica-social e política permeia a conceituação quanto a que tipo de formação os trabalhadores deveriam receber para se adaptar às transformações produtivas, uma ressignificação que supere as tradicionais, e ainda presentes, orientações do modelo Taylorista-fordista. Frigotto (1995) encaminha a questão do ponto de vista da relação entre as exigências de novas

00943 qualificações e a educação básica. O autor parece concordar com Paiva (1989, p. 63) que é sobre a base da formação geral e sobre patamares mais elevados de educação formal que a profissionalização deve ser pensada. 4. CONCLUSÃO Do ponto de vista educativo os resultados da pesquisa nos permitem avaliar a importância da consolidação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) quanto à formação do trabalhador. Diante do pujante desenvolvimento econômico da cidade do Rio Grande faz-se necessário compreender como o IFRS Câmpus Rio Grande dialoga com as demandas por qualificação profissional de aglomerados regionais. 5. REFERÊNCIAS FRIGOTTO, G. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez, 1995. 231p. GUIMARÃES, T. A.; BORGES-ANDRADE, J. E.; MACHADO, M. S.; VARGAS, M. R. M.Forecasting core competencies in na R&D environment. R&D Management Review, Manchester, UK, v.31, n.3, 2001, p.249-255. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 10 de fev. 2014. LEFEVRE, F; LEFEVRE, A. M. Depoimentos e discursos: uma proposta de análise em pesquisa social. Brasília: Liber Livro, 2005. 96p. LEFEVRE, F; LEFEVRE, A. M. Pesquisa de representação social: um enfoque qualiquantitativo. Brasília: Liber Livro, 2010. 222p. MORAES, M. Quando o Brasil vai voltar a crescer com vigor? BBC Brasil, São Paulo, dez. 2013.Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/12/131129_economia_brasil_pib_mm. shtml>. Acesso em: 21 de abr. de 2014. PAIVA, V. Produção e qualificação para o trabalho: uma revisão da bibliografia internacional Rio de Janeiro: UFRJ/IEI, set., 1989. POLO NAVAL E OFFSHORE/RS. Arranjo Produtivo Local de Rio Grande/RS. Disponível em: <http://www.aplnavalriogrande.org>. Acesso em 23 abr. de 2014. SANTOS, A. C. O uso do método Delphi na criação de um modelo de competências. Revista de Administração, São Paulo, v.36, n.2, p.25-32, abr./jun. 2001.