Prevalência de dermatite atópica em adolescentes escolares do município de São José - SC

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Transcrição:

Prevalência de dermatite atópica em adolescentes escolares do município de São José - SC Prevalence of atopic dermatitis in school adolescents in São José - SC Clarissa Hilzendeger Aluna do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Ivana de Oliveira Tabalipa, Laura Rassi Vanhoni, Steicy Maísa de Oliveira Alunas do Curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Anna Paula Piovezan Doutora em Farmacologia. Professora dos Cursos de Farmácia e Medicina e do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Jane da Silva Doutora em Medicina. Professora do Curso de Medicina e do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Trabalho realizado na Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL. Av: Pedra Branca, 25 - Cidade Universitária Pedra Branca - CEP 88137-270 - Palhoça - SC. Correspondência: Jane da Silva - Rua Fernando Ferreira de Mello, 172, Bl A/601 - Bairro Bom Abrigo - CEP 88085-260 - Florianópolis - SC. RBM Jun 11 Especial Dermatologia & Cosmiatria 2 Indexado LILACS LLXP: S0034-72642011008300004 Uniterm os: ISAAC, questionário, eczem a atópico, prevalência, adolescentes. Unterm s: ISAAC, questionnaire, atopic eczem a, prevalence, adolescent. Sumário Objetivo: determinar a prevalência e a gravidade do eczema atópico em adolescentes escolares da cidade de São José- SC, utilizando o módulo eczema do questionário escrito do International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC). Métodos: a população pesquisada consistia em adolescentes de 12 a 15 anos matriculados em escolas das redes públicas e privadas da cidade de São José- SC. As escolas foram selecionadas aleatoriamente, respeitando- se a proporção geográfica da distribuição dos alunos e por tipo de escola (pública e particular), e os alunos que, por meio dos pais ou responsáveis, aceitaram participar da pesquisa responderam o questionário. Resultados: a prevalência de eczema atópico foi de 13,2%, com predominância significativa do sexo feminino (p<0,001). A prevalência dos sintomas nos últimos 12 meses (doença ativa) foi de 8,8%, sem diferença significativa entre os sexos. Dentre os adolescentes com doença ativa, 45,1% apresentava lesões em locais característicos e 37,8% deles tiveram o sono perturbado devido ao prurido, não havendo diferença significativa entre os gêneros. Em 11,7% dos casos, os adolescentes reconheceram o termo eczema, o que sugere diagnóstico médico da doença antes da realização da pesquisa. www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=4786&fase=imprime 1/7

Conclusões: foi possível determinar a prevalência de eczema atópico, seus sintomas e gravidade entre os adolescentes escolares de 12 a 15 anos da cidade de São José- SC, que foram semelhantes aos resultados encontrados em outras cidades brasileiras. Sumary Objective: to evaluate the prevalence and severity of atopic eczema in school adolescents from São José- SC, using the eczema module of the written questionnaire of the International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC). Methods: the research population consisted of school adolescents aged 12 to 15 years enrolled in public and private schools of São José - SC. The schools were selected randomly, respecting the proportion of the geographical distribution of students and by school type (public or private), and students who, through their parents or guardians, agreed to participate in survey respondents. Results: the overall prevalence of atopic eczema was 13.2%, with significant predominance of females (p<0,001). The prevalence of symptoms in the last twelve months (active disease) was 8.8%, without significant difference between the sexes. Among adolescents with active disease, 45.1% had lesions in characteristic areas and 37.8% of them had sleep disturbance by the pruritus, with no significant difference between genders. In 11.7% of cases, the adolescents recognized the term eczema, which suggests a medical diagnosis of the disease before the survey. Conclusions: it was possible to determine the prevalence of atopic eczema, its symptoms and severity among adolescents from 13 to 14 years in São José- SC, which were similar to those found in other Brazilian cities. Numeração de páginas na revista impressa: 24 à 28 Resumo Objetivo: determinar a prevalência e a gravidade do eczema atópico em adolescentes escolares da cidade de São José- SC, utilizando o módulo eczema do questionário escrito do International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC). Métodos: a população pesquisada consistia em adolescentes de 12 a 15 anos matriculados em escolas das redes públicas e privadas da cidade de São José- SC. As escolas foram selecionadas aleatoriamente, respeitando- se a proporção geográfica da distribuição dos alunos e por tipo de escola (pública e particular), e os alunos que, por meio dos pais ou responsáveis, aceitaram participar da pesquisa responderam o questionário. Resultados: a prevalência de eczema atópico foi de 13,2%, com predominância significativa do sexo feminino (p<0,001). A prevalência dos sintomas nos últimos 12 meses (doença ativa) foi de 8,8%, sem diferença significativa entre os sexos. Dentre os adolescentes com doença ativa, 45,1% apresentava lesões em locais característicos e 37,8% deles tiveram o sono perturbado devido ao prurido, não havendo diferença significativa entre os gêneros. Em 11,7% dos casos, os adolescentes reconheceram o termo eczema, o que sugere diagnóstico médico da doença antes da realização da pesquisa. Conclusões: foi possível determinar a prevalência de eczema atópico, seus sintomas e gravidade entre os adolescentes escolares de 12 a 15 anos da cidade de São José- SC, que foram semelhantes aos resultados encontrados em outras cidades brasileiras. Introdução www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=4786&fase=imprime 2/7

As doenças alérgicas têm uma alta prevalência na população, incrementando os custos com tratamento e prevenção para a sociedade. O eczema atópico ou dermatite atópica é uma das doenças crônicas de pele mais comuns da infância e geralmente está associada a outras doenças alérgicas, como asma e rinite1. A prevalência do eczema atópico vem aumentando gradativamente em países industrializados, porém continua baixa em países com áreas predominantemente rurais, sugerindo que fatores ambientais desempenham um importante papel na determinação da dermatite atópica2. Na década de 90, foi criado o International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC), um estudo que utiliza um questionário escrito padronizado e autoaplicável com a finalidade de avaliar a prevalência e a gravidade de dermatite atópica, asma e rinite. Esta metodologia já foi validada em muitos países, inclusive no Brasil, facilitando a comparação dos resultados de várias partes do mundo3-5. O estudo ISAAC pode servir de base para o planejamento de metas, visando o controle da doença pelos órgãos de saúde locais. Não havia dados epidemiológicos até então sobre dermatite atópica no Município de São José- SC, situado na região metropolitana da grande Florianópolis, que possui uma população de 13.322 estudantes entre 12 e 15 anos, cursando os anos finais do ensino fundamental (5ª a 8ª séries). Desse modo, o objetivo do estudo foi determinar a prevalência e gravidade da dermatite atópica entre os adolescentes da rede de ensino do município de São José através do protocolo ISAAC. Materiais e métodos Este estudo, caracterizado como epidemiológico transversal, foi realizado no Município de São José, no ano de 2008. A população pesquisada incluiu adolescentes com idade entre 12 e 15 anos, matriculados nas escolas das redes pública e privada este município. Foram solicitadas informações sobre o número de escolas e estudantes com idade entre 12 e 15 anos do município na Secretaria de Educação Municipal e Estadual, as quais autorizaram a realização do estudo. Posteriormente foi feita a distribuição das escolas por região e a seleção aleatória das mesmas, respeitando- se a proporção de estudantes por região, bem como entre escolas públicas e privadas. Entrou- se em contato com a direção das escolas sorteadas, explicando o estudo ao responsável pela escola e posteriormente aos estudantes. Foi entregue o termo de consentimento livre e esclarecido aos alunos, para assinatura por seus pais ou responsáveis. Foram convidados a participar do estudo alunos com 12 anos (que completariam 13 anos em 2008), com 13 ou 14 anos completos e com 15 anos completados em 2008. Embora a recomendação seja para aplicação do questionário entre adolescentes de 13 a 14 anos, neste estudo foi adotada esta adaptação visando permitir maior número de participantes numa mesma turma de alunos, já que uma característica encontrada nesta população foi essa variação de idade entre estes. Foram feitos contatos regulares com os professores solicitando- lhes que avisassem quando tivessem pelo menos 75% dos consentimentos assinados para que fosse aplicado o questionário nesses alunos. Utilizou- se o questionário escrito (QE) padronizado pelo ISAAC, estruturado e autoaplicável, validado no Brasil por Solé et al. (2002)5. O mesmo inclui informações demográficas e perguntas sobre sinais e sintomas de eczema atópico. Questões de prevalência englobam a doença alguma vez na vida, a doença ativa e o diagnóstico médico. A gravidade do eczema foi determinada por questões referentes à frequência de episódios de manchas com coceira na pele e se estas provocaram despertares noturnos. www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=4786&fase=imprime 3/7

O questionário foi aplicado sob supervisão de alunos de medicina previamente treinados, conforme recomendação contida no manual do ISAAC6. Todos os adolescentes foram previamente orientados quanto ao objetivo do estudo e entregaram o termo de consentimento assinado por um dos seus responsáveis. As informações obtidas foram processadas e analisadas em base de dados do software SPSS 16.0. Os resultados foram sumarizados como frequências e proporções. A significância das diferenças entre os gêneros foi testada pelo teste do quiquadrado. Foram considerados significativos valores de p<0,05. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), com registro nº 07.110.4.01.III. Resultados Participaram do estudo 21 das 56 escolas das redes pública e privada do Município de São José, obtendo- se 2.311 questionários escritos e preenchidos pelos estudantes. Dos questionários obtidos, 118 foram excluídos do estudo por preenchimento incorreto, ilegível ou inconsistente, totalizando 2.193 questionários avaliados, constituindo 94,9% de taxa de resposta. Quanto à distribuição dos participantes por gênero, não houve diferença significativa, sendo 1.055 do sexo masculino (45,7%) e 1.256 do sexo feminino (54,3%). A maioria estava entre 13 (42,8%) e 14 (34,3%) anos, havendo 22,4% com 12 anos e apenas 0,6% com 15 anos. A Tabela 1 sumariza as prevalências de respostas afirmativas referentes às questões 1, 2, 3, 4 e 6 do questionário estruturado utilizado neste estudo. A questão 5 do QE está relacionada com a morbidade da doença, ou seja, interferência nas atividades diárias. O Gráfico 1 apresenta as respostas obtidas para a mesma. RP = Razão de Prevalência, QE = Questionário Estruturado, **p<0.01, ***p<0,001. www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=4786&fase=imprime 4/7

Gráfico 1 - Respostas referentes à questão 5 Nos últimos 12 meses, quantas vezes, aproximadamente, você ficou acordado à noite por causa dessa coceira na pele? (São José, 2008). Discussão A taxa de resposta encontrada neste estudo foi elevada quando comparada a estudos que utilizaram a metodologia proposta pelo questionário ISAAC. Encontrouse na cidade de São José-SC uma taxa de resposta de 94,9%, semelhante a de um estudo feito em Cartagena Espanha7 (98% de taxa de resposta) e superior a outros, como em um realizado na Croácia8, que obteve 89,8% de resposta. A distribuição com relação ao sexo teve um leve predomínio do sexo feminino, embora não significante, que foi semelhante a resultados encontrados em outras áreas do país9, porém diferente de estudos de outros países7,10,11. A questão 1 possui como característica a capacidade de diferenciar o eczema atópico do não atópico e de outras dermatoses, com especificidade de 48% para todas as faixas etárias5. Neste estudo foi encontrada uma frequência de resposta positiva de 13,2%, um pouco acima da prevalência média de eczema atópico no sul do Brasil, que foi 10,7%12, e com predominância significativa do sexo feminino (8,9%) em relação ao sexo masculino (4,3%). Com relação a este último achado, contudo, considerando- se que o instrumento de avaliação deste estudo se baseia em autorrelato, ressalta- se que outros autores atribuem esta diferença a fatores culturais, já que o sexo feminino tende a prestar mais atenção à pele, aumentando a sensibilidade de respostas desta natureza (13). A questão 2 trata da prevalência dos sintomas nos últimos 12 meses, o que reduz falhas de memória e ajuda a identificar, com uma alta sensibilidade, os eczematosos atópicos em uma população (5). Foi encontrada uma frequência de 8,8% de respostas positivas a esta questão. Em comparação com cidades brasileiras, este índice está acima da média do sul do país, com cidades como Curitiba, Itajaí e Santa Maria, que obtiveram respostas positivas em 6,3%, 7,0% e 7,7% dos casos, respectivamente14. Entretanto, na cidade de Criciúma, também localizada na região sul do país, foi encontrado um índice de 13,2%, superior aos resultados de todo o sul do país até o momento (15). A questão 3 se baseia em locais característicos de aparecimento dos sinais clínicos (áreas flexurais), possuindo, portanto, uma alta especificidade5. Encontrou- se uma frequência de 4,0% de respostas positivas para esta questão, ficando um pouco abaixo da média de cidades brasileiras da região sul do país, como Passo Fundo (5,5%), Porto Alegre (5,0%) e Criciúma (6,1%) (12,15). As questões 4 e 5 abordam a gravidade da doença e a interferência nas atividades www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=4786&fase=imprime 5/7

diárias, que são consideradas indicadores de morbidade 5. Na questão 4, se fosse tomada como único índice de gravidade para a doença, este estudo demonstra uma menor gravidade (3,15%) quando comparada a uma pesquisa feita em São Paulo, onde em 6,1% dos adolescentes não houve remissão completa das lesões nos últimos 12 meses (16). Quanto às respostas da questão 5, apenas 3,33% dos adolescentes relataram ter o sono perturbado pelo prurido nos últimos 12 meses, índice menor em comparação com dados encontrados em cidades como Brasília (5,8%) e Caruaru (6,1%) (12), porém maior em relação a São Paulo (2,7%) (16). A questão 6 fornece resposta sugestiva ao diagnóstico médico de eczema. Neste estudo, foi encontrada uma positividade de 11,7% para esta questão, novamente com predominância significativa do sexo feminino. Este resultado foi próximo ao encontrado em Passo Fundo (13,4%) e Belo Horizonte (12,0%), porém superior a outras cidades brasileiras, como Curitiba (4,1%) (12,15), deste modo, o diagnóstico médico de eczema na cidade de São José - SC parece corresponder à prevalência de eczema alguma vez na vida verificada na questão 1 deste estudo, pois se obtiveram respostas positivas muito semelhantes em ambas as questões (Tabela 1). A maior preocupação do sexo feminino com a aparência pode explicar porque esta população teve resposta positiva mais frequente para o eczema comparado ao sexo masculino (13). Dentro de, pelo menos, cinco anos este estudo deverá ser repetido em São José, como é recomendado no manual do ISAAC (6), para que se possa conhecer e acompanhar as alterações na prevalência e gravidade da doença. Com estas informações será possível traçar estratégias de tratamento, controle e prevenção da doença, com vistas a melhorar a qualidade de vida para os indivíduos portadores do eczema atópico. Conclusão A prevalência de eczema atópico entre os adolescentes do Município de São José- SC foi de 13,2%, com predominância significativa do sexo feminino. A prevalência dos sintomas nos últimos 12 meses (doença ativa) foi de 8,8%, com distribuição semelhante entre os sexos, sendo que dentre os adolescentes com doença ativa, 45,1% apresentavam lesões em locais característicos. Dos adolescentes participantes do estudo, 64,2% afirmaram que suas lesões desapareceram completamente nos últimos 12 meses, o que, se considerado isoladamente, poderia indicar baixa gravidade da doença nesta população. Dentre os adolescentes com doença ativa (lesões nos últimos 12 meses), 37,8% deles tiveram o sono perturbado devido ao prurido, não havendo diferença significativa entre os gêneros. Em 11,7% dos casos, os adolescentes reconheceram o termo eczema, o que sugere diagnóstico médico da doença antes da realização da pesquisa. Bibliografia 1. Leite RMS, Leite AAC, Costa IMC. Dermatite atópica: uma doença cutânea ou uma doença sistêmica? A procura de respostas na história da dermatologia. An Bras Dermatol 2007; 82(1):71-78. 2. Leung DYM, Boguniewicz M, Howell MD, Nomura I, Hamid QA. New insights into atopic dermatitis. J Clin Investig 2004; 113(5):651-657. 3. Asher MI, Weiland SK. The International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC). ISAAC Steering Committee. Clin Exp Allergy 1998; 28 Suppl 5:52- www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=4786&fase=imprime 6/7

66. 4. Weiland SK, Hüsing A, Strachan DP, Rzehak P, Pearce N. Climate and the prevalence of symptoms of asthma, allergic rhinitis, and atopic eczema in children. Occup Environ Med 2004;61:609 615. 5. Yamada E, Vanna AT, Naspitz CK, Solé D. International Study of Asthma and Allergies in Childhood: validation of the written questionnaire (eczema component) and prevalence of atopic eczema among Brazilian children. J Invest Allergol Clin Immunol. 2002; 12(1):34-41. 6. ISAAC - The international study of asthma and allergies in childhood: Background and methods. International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) Steering Committee. Eur Respir J (Suppl), 1996. 9: 410p. 7. Fernández- Mayoralas DM, Caballero JMM, Alvarez LGM. Prevalencia de la dermatitis atópica en escolares de Cartagena y su relación con el sexo y la contaminación. An Pediatr 2004; 60:555-560. 8. Banac S, Tomuliæ KL, Ahel V, et al. Prevalence of Asthma and Allergic Diseases in Croatian Children Is Increasing: Survey Study. Croat Med J 2004; 45:721-726. 9. Borges WG, Burns DAR, Felizola MLBM, Oliveira BA, Hamu CS, Freitas VC. Prevalence of allergic rhinitis among adolescents from Distrito Federal, Brazil: comparison between ISAAC phases I and III. J Pediatr (Rio J). 2006; 82(2):137-143. 10. Carvalho N, Fernandez- Benitez M, Cascante L, Aguinaga I, Guillén F. International Study of Asthma and Allergies in Childhood. Results on rhinitis of first phase in Pamplona, Spain. Allergol Immunopathol 2000; 28:207-212. 11. Leung R, Wong G, Lau J, et al. Prevalence of asthma and allergy in Hong Kong schoolchildren: an ISAAC study. Eur Respir J 1997; 10:354-360. 12. Solé D, Camelo- Nunes IC, Wandalsen GF, Mallozi MC, Naspitz CK. Prevalence of Atopic Eczema and Related Symptoms in Brazilian Schoolchildren: Results From the International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) Phase 3. J Investig Allergol Clin Immunol 2006; 16(6):367-376. 13. Holm EA, Esmann S, Jemec GBE. Does visible atopic dermatitis affect quality of life more in women than in men? Gender Medicine 2004; 1(2):125-130. 14. Solé D, Wandalsen GF, Camelo- Nunes IC, Naspitz CK. Prevalence of symptoms of asthma, rhinitis, and atopic eczema among Brazilian children and adolescents identified by the International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) - Phase 3. Rev Soc Bol Ped 2008; 47(2):119-126. 15. Silva J, Santos MB, Raasch CC, Tabalipa IO. Prevalência de dermatite atópica em escolares adolescentes de Criciúma- SC. Arq Catarin Med 2010; 39(1):45-49. 16. Camelo- Nunes IC, Wandalsen GF, Melo KC, Naspitz CK, Solé D. Prevalência de eczema atópico e sintomas relacionados entre estudantes. J Pediatr (Rio J). 2004; 80(1):60-64. www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=4786&fase=imprime 7/7