A SUPERLOTAÇÃO PRISIONAL NO BRASIL

Documentos relacionados
Introdução. Principais alterações:

Pós Penal e Processo Penal. Legale

FIANÇA E PROCEDIMENTO S NOVOS

Da prisão e da Liberdade Provisória

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Direito Processual Penal

MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS Medidas cautelares no processo penal - panorama geral. Davi André Costa Silva

Mãe, Bacharel em Direito, Especialista em Direito Penal e Processo Penal, Advogada, Professora, Palestrante.

PROCESSO PENAL MARATONA OAB XX

Pós Penal e Processo Penal. Legale

REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº F DE O CONGRESSO NACIONAL decreta:

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Direito Processual Penal

NOVO MODELO DE PRISÃO PROVISÓRIA E MEDIDAS CAUTELARES

Pós Penal e Processo Penal. Legale

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM A NECESSIDADE DE RECOLHIMENTO DE FIANÇA

Prisão preventiva Conceito: Pressupostos: I) Prova da existência do crime II) indício suficiente de autoria

DIREITO CONSTITUCIONAL

Direito Penal. Teoria da Pena Parte VIII

Aula nº 54. Liberdade Provisória (continuação)

PRISÕES PRISÃO PREVENTIVA. Vídeo: Prisão Parte 2 do início até 17:28

AS MEDIDAS CAUTELARES NA REFORMA DA LEI Nº /11

28/03/2019. Professor: Anderson Camargo 1

Ponto 12 do plano de ensino

REDAÇÃO População Carcerária No Brasil

Professor Wisley Aula 18

Vistos e examinados os autos.

Direito Penal. Livramento Condicional. Professor Joerberth Nunes.

Roberto Motta Segurança Pública. Esboço de projeto de lei (reforma da legislação penal) versão 2

DIREITO CONSTITUCIONAL

Procedimento. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO CONSTITUCIONAL

Prof. Marcelo Lebre. Crimes Hediondos. Noções Gerais sobre a Lei nº 8.071/1990

TINS MAR A DOR TO: FO

Da prisão e da Liberdade Provisória

Direito Penal. Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) Professor Joerberth Nunes.

CAPÍTULO 1 Das Premissas Fundamentais e Aspectos Introdutórios...1

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Propostas para reduzir a superlotação e melhorar o sistema penitenciário I D D D - I N S T I T U T O D E D E F E S A D O D I R E I T O D E D E F E S A

Livramento condicional

CRIMES HEDIONDOS. Conceito. Sistema Legal (art. 5º, inc. XLIII, CF) Sistema Judicial Sistema Misto

PRISÕES PRISÃO EM FLAGRANTE. Vídeo: Prisão Parte I de 1:02:00 até final

DECISÃO. Trata-se de incidente ajuizado pelo Ministério Público Federal objetivando a transferência de presos provisórios para presídio federal.

ENUNCIADOS VOTADOS DURANTE O I FÓRUM NACIONAL DE JUÍZES CRIMINAIS

Professor Wisley Aula 16

PRISÕES CAUTELARES NO PROCESSO PENAL

A NOVA ORDEM DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO.

Pós Penal e Processo Penal. Legale

1.1.4 Execução penal: conceito, pressuposto fundamental e natureza jurídica

1. OBJETO E APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL 1.1 Direito de Execução Penal

MEDIDAS DE SEGURANÇA.

Ponto 8 do plano de ensino. Medidas de segurança:

Direito Penal. Lei de crimes hediondos. Parte 2. Prof.ª Maria Cristina

DIREITO CONSTITUCIONAL

RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

TEMA: Prisões. Gabarito Comentado

CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA

Pág. 25 Item 3.5. Direitos do preso

PEDIU PRA PARAR, PAROU!

Suspensão Condicional da Pena. Aula 5

Direito Penal. Livramento Condicional: Conceito e Consequências, Requisitos para a Concessão e Prorrogação do Período de Prova. Professor Adriano Kot

PÓS GRADUAÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL Legislação e Prática. Professor: Rodrigo J. Capobianco

DIREITO ELEITORAL. Polícia Judiciária Eleitoral. Prof. Karina Jaques

LEI Nº , DE 4 DE MAIO DE A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PÓS DIREITO PÚBLICO PROCESSO PENAL 4. Prof. Rodrigo Capobianco Legale

LIVRAMENTO CONDICIONAL

SUMÁRIO. Parte I Código de PROCESSO PENAL Comentado DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941 LIVRO I DO PROCESSO EM GERAL

Prisão Cautelar 1. Ano: Banca: Órgão: Prova:

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

Lei de Execução Penal (LEP) AULA 01

Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal. Da suspensão condicional da pena - Sursis (arts.

Direito Processual Penal. Aula demonstrativa. Prof. Aurélio Casali

SUMÁRIO. Parte I Código de PROCESSO PENAL Comentado DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941 LIVRO I DO PROCESSO EM GERAL

RESOLUÇÃO N XXXXXXX INSTRUÇÃO N xxx-xx.20xx CLASSE 19 - BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL.

Contravenção Penal (Decreto nº 3.688/41) Crime anão Delito liliputiano Crime vagabundo

LEI COMENTADA...

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO. 1. Introdução histórica 2. Natureza jurídica 3. Referências normativas 4. Legitimidade 5. Finalidade 6. Hipóteses de cabimento

Direito Processual Penal. Recursos

EXECUÇÃO PENAL. Lei /2015

Sumário. Capítulo II Direitos dos condenados Punição e direitos gerais Cooperação da comunidade... 16

Pós Penal e Processo Penal. Legale

DIREITO ELEITORAL. Polícia Judiciária Eleitoral - Parte 2. Prof. Roberto Moreira de Almeida

Direito Penal. Suspensão Condicional da Pena. Professor Joerberth Nunes.

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Lei n /11: altera Código de Processo Penal em relação à prisão processual, fiança, liberdade provisória, e outras demais medidas cautelares

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Tutela cautelar medidas cautelares pessoais. Gustavo Badaró

Direito Constitucional

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Índice Geral. Índice Sistemático do Código de Processo Penal

Índice Geral. Índice Sistemático do Código de Processo Penal

DIREITO PENAL MILITAR

Aspectos Gerais. Medidas cautelares

COMENTÁRIOS A LEI /2011 MEDIDAS CAUTELARES E-LEARNING

MARATONA EOAB XXVIII EXAME. PROCESSO

Transcrição:

A SUPERLOTAÇÃO PRISIONAL NO BRASIL Alberto Leite de ALMEIDA Marcus Vinicius Feltrim AQUOTI RESUMO: O desafio identificado no presente artigo é encontrarmos soluções para a superlotação no sistema prisional no Brasil. não basta apenas que nos tornemos conscientes dos problemas da superlotação, sem nos tornar mais ativos, críticos e participativos. O sistema prisional no Brasil está em crise, os presídios estão superlotados. A Constituição Federal, as leis penais, infraconstitucionais, e o legislador brasileiro têm se manifestado acessíveis a que o agente responde pelos seus delitos em liberdade. O Judiciário parece não ter esta vontade. Enquanto o legislador é mais liberal, o Judiciário, parece-nos, mais primitivo. Em outras palavras, alguma coisa tem que ser feita para que se evite uma convulsão nacional. Palavras-chave: Excludentes. Liberdade provisória. Livramento condicional. Superlotação prisional. Graduando em Direito, Pós-graduado em Educação Ambiental, pela Universidade Cândido Mendes.

INTRODUÇÃO A presente monografia traz como tema A superlotação prisional no Brasil. O tema sugerido é de fundamental relevância, tendo-se em vista, que a superlotação prisional, vem se tornando problemas e preocupações no mundo inteiro e, em especial no estado brasileiro. O Brasil é reconhecidamente um país de grande extensão, um país de muitos contrastes e diferentes realidades, tanto do ponto de vista econômico, quanto do social e do ambiental, o que nos incita a uma reflexão sobre as causas e as maneiras para minimizar os impactos grandes. Um dos mais marcantes contrastes observados entre a população do país, diz respeito ao acesso nos bens comuns, considerados imprescindíveis para se ter um estado de bem e conforto. Grande parte da população brasileira não tem acesso a esses bens, tais como: acesso ao trabalho, acesso à saúde, acesso à educação e até mesmo, acesso a um meio ambiente saudável. A população é obrigada a viver e a conviver com os problemas gerados por esse modelo brutal do desenvolvimento que aí está. Há ainda falhas significativas de políticas públicas, capazes para contribuir com a diminuição dos problemas socioeconômicos. Existem falhas significativas nas políticas públicas, para a redução pelo menos em parte dos problemas carcerários e prisionais no país. O tema deste trabalho vem de encontro a esse problema e tem como objetivo despertar a sociedade para uma tentativa de solução deste câncer o qual vem arrolando a comunidade carcerária. É urgente a nossa preocupação em desenvolver atitudes que integre ou venha trazer soluções a curto, a médio e a longo prazo para os males que aí estão.

DESENVOLVIMENTO 1 Problemas Relacionados O problema da superlotação prisional no Brasil é gritante; é necessário que a sociedade de um modo geral o encare com o propósito sincero de resolvê-lo, vejamos o enunciado do art. 5º, LIV, LXI e LXVI, da Constituição Federal: LIV: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LXI: Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. LXVI: Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitia a liberdade provisória, com ou sem fiança. A Constituição Federal é categórica em defender e garantir a liberdade do cidadão, entretanto, a situação atual não é bem esta. Os presídios estão e continuam superlotados. As leis infraconstitucionais, adotam os excludentes de licitude, de imputabilidade, o livramento condicional, a liberdade provisória, a progressão de regime de pena, a redução da pena e outras modalidades, que, colocados em prática pelo Judiciário responsáveis para levar o agente à prisão, os presídios certamente estariam com a população carcerária reduzida. Art. 23, CP diz: Não há crime quando o agente pratica o fato: I Em estado de necessidade II Em legítima defesa III Em estrito cumprimento de deve legal ou no exercício regular de direito. se expressa: Nestes casos não há crime, segundo a Lei. O artigo 1º caput CP, assim Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia comunicação legal.

Art. 5º, XL, CF, diz: A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Ora, se não há crime, segundo a Lei; não há pena sem prévia comunicação legal; se a Lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Então, nestes casos, ninguém será levado à prisão. Art. 26, caput CP, descreve que é imputável (doença mental, desenvolvimento mental, incompleto ou retardado) é isento de pena: É isento de pena o agente que, por doença mental em desenvolvimento mental, incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter, lícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento. Assim, o louco, o retardado ou mesmo aquele agente que ao tempo da ação ou da omissão, era inteiramente incapaz de entender o caráter do fato ilícito ou de determinar-se, não deve ser levado à prisão. O parágrafo único do artigo 26 CP, autoriza a redução da pena de um a dois terços. Art. 26. único Redução da pena:- A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental, incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. O artigo 27 caput e o artigo 225, CF, afirmam a imputabilidade dos menores de 18 anos. Aliás, alguém diz que menor não comete crime, comete infração. Art. 27 caput, CP, diz: Os menores de dezoito aos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. O artigo 310, III, CP, permite ao juiz após receber o auto de prisão em flagrante, conceder liberdade provisória com ou sem fiança ao agente. Art. 310, III Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentalmente: conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Os artigos 317 e 318 CP, autorizam ao juiz transformar a prisão, inclusive a preventiva em prisão domiciliar. Fato este, que o legislador visa um desafogamento e evitar a superlotação prisional. Vejamos o que expressam os artigos 317 e 318: Art. 317 A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indivíduo ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. Art. 318 Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I Maior de 80 (oitenta) anos; II Extremamente debilitado por motivo de doença grave; III Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV Gestante a partir do 7º mês de gravidez ou sendo esta de alto risco. Observemos que a Lei 7210/1984, em seu artigo 117 e seus incisos, traz situações mais favoráveis ao agente para o recolhimento domiciliar. Art. 117 da Lei 7210/1984: somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de: I condenado maior de setenta anos; II condenado acometido de doença grave; III condenado com filho menor ou deficiente físico ou mental; IV condenada gestante. Existem na lei a aplicação de outras medidas cautelares, diversas da prisão as quais devem ser utilizadas, evitando-se assim, que o agente vá para a prisão ou para os presídios. Estas medidas visam evitar que os presídios fiquem superlotados. Vejamos o que expressa o art. 319, CP: Art. 319 São medidas cautelares diversas da prisão: I comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II proibição de acesso ou freqüência a determinados lugares, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distantes destes locais para evitar o risco de novas infrações; III proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV proibição de ausentar-se da comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V recolhimento domiciliar no período noturno nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalhos fixos;

VI suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; VII internação provisória do Acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do CP) e houver risco de reiteração; VIII fiança, nas infrações que admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; IX monitorização eletrônica. Os artigos 322, 323 e 324 do CP, proíbem a concessão da fiança, mas, não impedem que o juiz decrete a liberdade provisória. Nisto, víamos a intenção do legislador de que os presídios não estejam superlotados. Art. 322, caput A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. Único Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas; Art. 323 Não será concedida fiança: I nos crimes de racismo; II nos crime de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; III nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o estado democrático; Art. 324 - Não será, igualmente, concedida fiança: I aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste código. II em caso de prisão civil ou militar; III revogado. IV quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312). Nota-se que o art. 327, fala da obrigação de comparecimento afiançado perante a autoridade, sempre que for chamado. O art. 328, diz que o afiançado, não pode mudar de residência ou ausentar-se por mais de oito dias, sem prévia autorização da autoridade, sob pena de quebra da fiança. Nos casos em que, o juiz, não pode conceder a fiança, nada o impede decretar a chamada liberdade provisória. Aliás, há entendimento dos tribunais superiores de que a qualquer crime cabe a liberdade provisória. A Lei 7960/1989, caput assim diz:

A prisão temporária será decretada pelo juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de cinco dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. (Grifo nosso) 7º - Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido descartada sua prisão preventiva. (Grifo nosso) Ora, decorrido os cinco dias o acusado deve ser posto em liberdade. E, mesmo sendo decretada a preventiva, cabe também a liberdade provisória. Em audiência pública para discutir os problemas da segurança pública e as leis penais no Brasil, na TV Senado, dia 08/03/2012, o Ministro da Justiça disse que quarenta por cento (40%) da população carcerária é por prisão provisória e grande parte dos presos é por furto simples. 2 Análise dos Casos Concretos O problema da superlotação tem sido uma constante no sistema prisional brasileiro, quer no século XIX, quer no século XX, quer no século XXI, o século da atualidade. Segundo Regina Célia Cardoso, apesar do intuito da construção de novos estabelecimentos penitenciários ou da ampliação das vagas daqueles, já existentes, a enorme população carcerária foi motivo da preocupação do Diretor da Casa de Detenção do Rio de Janeiro, que chegou a solicitar, em 1932, ao Ministério da Justiça a transferência de 100 (cem) detentos para a colônia convencional de Dois Rios, observando que tais presos não obedeciam à disciplina da casa. Registramos abaixo um quadro de entradas e saídas da Casa de Detenção do Rio de Janeiro em junho de 1937: Presos Entrada Saída Total De 08 a 12 de junho 142 285 1534 12 de junho - 359 1162 14 de junho 119-1264 Fonte: Carta de Aloysio Neiva para Marcelo Soares, Rio de Janeiro 15/06/1937

janeiro de 2012. Levantamento feito na Unidade prisional na cidade de Posse/GO em Nº de celas Total Capacidade Lotação de Excesso de presos presos Masculino 11 58 79 21 Feminino 1 3 5 2 Total de refeições: 3 café da manhã, almoço, jantar. Custo por preso: R$ 7,10 Tipo de convênio: Estado/Município 2012. Levantamento feito no presídio da cidade de Pracinha SP fevereiro Nº Celas Capacidade Lotação Excesso 64 768 1.200 432 Grau de escolaridade: média 1º grau Idade média: 18 a 75 anos Média de lotação: 60% dos detentos são 20 a 30 anos de idade Trabalho: 25 a 30% dos detentos tem trabalho de 2011 Levantamento da penitenciária masculina de Martinópolis SP Julho Nº Celas Capacidade Lotação Excesso 132 792 1.291 479 Tipo de alimentação: boa Assistência à saúde: boa Tipo de convênio: não tem Quantidade de refeições: café da manhã, almoço e janta

Em manchete noticiada pela internet em data de 03 de maio de 2012, encontramos os dizeres: superlotado, presídio Central de Porto Alegre não recebe mais condenados. A instituição construída em 1959, tem a capacidade de abrigar apenas 2.000 (dois mil) presos e vivem ali cerca de 4.650 (quatro mil seiscentos e cinqüenta), tendo um excesso de 2.650 (dois mil seiscentos e cinqüenta) presos. Abandono, superlotação, falta de segurança e deficiências diversas marcam o sistema prisional em Goiás. Foi o que observou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no mutirão carcerário realizado pelo órgão, no período de 08 de agosto e 09 de setembro de 2011. Segundo o relatório, os estabelecimentos penais de Goiás são inadequados e tem a segurança extremamente frágeis. A precariedade das instalações refletem a ausência do estado na manutenção do sistema prisional. O CNJ encontrou em Rondônia celas cheias, violação dos direitos humanos, instalações insalubres, enfim um quadro que bem reflete a triste realidade da superlotação prisional. Segundo o coordenador do Departamento de monitoramento e fiscalização do sistema carcerário (DMF/CNJ), juiz Luciano Losekann, Rondônia é o estado mais emblemático e com maior superlotação do país. Assim, esta situação emblemática se estende a todo o país. 3 Perspectivas para o Futuro e Proposta de Melhoria O crescimento populacional é inevitável, apesar de haver redução do índice de pessoa por família, segundo estatísticas apresentadas pelo IBGE. Entretanto, a crise econômica que assola a humanidade global, principalmente os países desenvolvidos, certamente vai refletir na população brasileira. Quando a situação econômica de um país vai bem, no tocante à mãode-obra, saúde, educação, esporte e lazer, a população certamente, também irá bem.

Apresentamos algumas sugestões e propostas de melhorias a curto e longo prazo: 1) A construção de novas unidades prisionais, demandaria um custo muito alto para a sociedade, não trazendo soluções de imediato; 2) O governo e a sociedade de um modo geral, os bancos públicos e privados deveriam investir na educação e na saúde. Construindo e mantendo cursos de todos os níveis, ou seja, de 1º ao 3º graus; 3) O governo deveria investir mais em construções civis e na agricultura; 4) O Judiciário ao invés de criar jurisprudências e súmulas para se firmar ainda ais como poder imbatível e como intocável, deveria voltar mais aos casos que lhe são afetos, e, assim, muitos milhares de presos teriam suas situações resolvidas; Ora, se o povo trabalha, estuda, se alimenta, tem saúde para si e para a família, certamente a violência diminuirá e os presídios ficarão mais vazios.

CONCLUSÃO Ao concluir o presente artigo, vimos que sociedade de um modo geral está padecendo. Não só aqueles que estão encarcerados, mais ainda os seus familiares, levando-se em conta vários aspectos a considerar. Gastos astronômicos são feitos com os detentos, com os presídios, os quais estão em situação de calamidade pública. Enfim, estão superlotados. Ora, o legislador como vimos, legisla para facilitar a vida daquele que por motivos vários praticam ilicitudes. Entretanto, o judiciário não vê e não age desta forma, ou seja, enquanto o legislador quer dar liberdade, o Judiciário faz de tudo para prender. Então, de quem e onde está a culpa?

BIBLIOGRAFIA PEDROSO, Regina Célia. Prisões no Brasil. CF/88, CP, CPP. Cap. IV, p.162-165. Internet.