Discurso de apresentação de cumprimentos de Ano Novo, a S. E. o Presidente da República, proferido pelo Presidente da Assembleia Nacional, Dr. Aristides R. Lima, Praia, 06.01.11. Senhor Presidente da República - Excelência; Excelências, Senhoras e Senhores Deputados, Membros da Comissão Permanente e Presidentes das Comissões Especializadas; Senhoras e Senhores Altos Titulares de Cargos Públicos na Presidência da República e na Assembleia Nacional; Senhoras e Senhores Jornalistas; Minhas Senhoras e meus Senhores; É com o maior gosto que nos encontramos aqui no dealbar de mais um ano enquanto representantes da Nação cabo-verdiana para, cumprindo normas de cortesia e de bom relacionamento entre as pessoas e as instituições, apresentarmos os cumprimentos de Ano Novo a sua Excelência o Senhor Presidente da República de Cabo Verde. Em nome da Assembleia Nacional e no nosso próprio nome, queremos desejar ao Supremo Magistrado da Nação um Ano de 2011 com muita saúde, paz e sucessos 1
renovados à frente do Estado de Cabo Verde. Os nossos votos cordiais são igualmente extensivos à Excelentíssima Família do Senhor Presidente da República e ainda aos distintos funcionários e colaboradores superiores do Chefe de Estado. Senhor Presidente da República, Excelência. O ano que passou não foi um ano fácil a nível internacional. A maior parte dos países ainda enfrenta as consequências da crise internacional que nos afectou também. De acordo com o Fundo Monetário Internacional, persiste ainda um elevado grau de incerteza acerca da sustentabilidade da recuperação mundial, em especial no que concerne à degradação das finanças públicas, particularmente nos países avançados. Na área Euro, trava-se uma grande batalha em certos países com vista à consolidação orçamental, de forma a se corrigir o excesso do défice e da dívida pública em relação aos níveis estabelecidos para 2012. Alguns países chegaram mesmo a reduzir salários na Administração Pública e a aumentar impostos sobre o rendimento e o valor acrescentado, a reduzir benefícios sociais, a diminuir bolsas de estudo, entre outras medidas socialmente gravosas. Por outro lado, em 2010 continuou a haver demasiados conflitos no mundo sem solução imediata. O nosso país, não obstante as turbulências externas, continuou felizmente a ser um recanto de paz e tranquilidade e uma democracia estável. Estes factores permitiram que os caboverdianos, este povo do meio-oceano, como dizia o Poeta, tivessem aguentado o leme razoavelmente bem no mar encapelado das consequências desestabilizadoras do cenário internacional de crise económica e financeira. A economia nacional cresceu, tendo as receitas do turismo aumentado em cerca de 3%, enquanto a taxa de crescimento do 2
PIB é estimada em cerca de 4 a 5%. O país fez avanços na luta pela consecução dos objectivos do milénio, designadamente no combate à pobreza, no domínio da educação, na inclusão da mulher e a nível ambiental. A dívida pública aumentou, contudo, para níveis consideráveis. Apesar da crise internacional, o país comemorou no ano que findou os 35 anos de independência com muita confiança em si próprio e no seu futuro. Os cabo-verdianos têm a consciência do que foi feito nestas Ilhas ao longo das últimas três décadas, mas também dos desafios que existem e que importa vencer com o esforço conjugado da Nação global cabo-verdiana. Para a Assembleia Nacional, o ano de 2010 foi um ano muito importante, por ser praticamente o do culminar da VII Legislatura. Esta Legislatura teve o ensejo de aprovar cerca de uma centena de actos legislativos, entre os quais pela sua relevância se devem destacar a lei de revisão da Constituição, as leis que alteraram o Código Eleitoral, a lei sobre a Violência com Base no género e um importante pacote de diplomas relativo a órgãos judiciários e ao estatuto das magistraturas Judiciais e do Ministério Público. Com a Revisão da Constituição melhoraram-se as bases normativas da Lei Fundamental atinentes à protecção dos Direitos Humanos, foram criadas condições para o país aderir ao Tribunal Penal Internacional, reforçou-se o carácter semi-presidencial do sistema de Governo, designadamente ao se fortalecer moderadamente o estatuto jurídico-constitucional do Presidente da República, reafirmou-se a responsabilização política dos Governos e das Oposições, uma vez que foram definidas novas maiorias, menos gravosas, para a aprovação das taxas de 3
impostos. Com renovação e modernização das bases jurídicas para a organização e o funcionamento dos órgãos da Administração da Justiça e dos estatutos das magistraturas, o país ficou, pelo menos no plano normativo, melhor aparelhado para enfrentar as demandas ao sector da Justiça e para assegurar os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e defender o interesse público legitimamente perseguido pelas autoridades do Estado. Com o Código Eleitoral revisto, foram alteradas regras fundamentais de acesso dos cidadãos ao poder, na medida em que com a redução do número de círculos eleitorais pequenos e o consequente aumento dos círculos grandes e médios surgiram, por força da maior expressão do efeito da proporcionalidade, melhores oportunidades para os chamados pequenos partidos. Finalmente, a lei sobre a Violência com Base no Género significou um grande progresso de civilização que pode contribuir para uma mudança significativa nas relações de convivência entre o homem e a mulher e para uma nova cultura dentro das quatro paredes que abrigam as famílias cabo-verdianas. Importa agora divulgar e executar as leis que foram aprovadas para que elas possam transformar-se em força material e produzir os efeitos sociais desejáveis. 2010 foi também um ano importante de preparação das eleições que irão ter lugar este ano. Queríamos por isso, aproveitar esta oportunidade para agradecer aos cidadãos que participaram de forma activa no recenseamento eleitoral no país e na diáspora e desejar que esta participação cívica se repita e reproduza a nível de toda a Administração Eleitoral, designadamente nas Mesas das Assembleias de voto, que não poderão funcionar sem o concurso dos cidadãos. 4
Outrossim, desejamos que estas eleições sejam pacíficas, limpas e transparentes, como é timbre do país democrático que somos, e que as campanhas eleitorais sejam, como ponto alto das disputas democráticas, pautadas pelo civismo, pelo respeito pelos adversários políticos e por uma discussão séria em torno de projectos e programas, para que os cidadãos possam fazer a sua escolha livremente e em consciência. Estamos convictos de que se todos se empenharem numa campanha com altos padrões de civismo e de argumentação o país sairá a ganhar e a abstenção poderá diminuir significativamente. Senhor Presidente da República - Excelência; Não posso terminar estas breves palavras, sem pontualizar uma nota de respeito e apreço pela forma como Vossa Excelência tem sabido exercer as suas altas funções de Chefe de Estado com sentido de serviço público, pelo diálogo que Vossa Excelência vem mantendo com os cidadãos no país e nas comunidades emigradas, e bem assim pela contribuição inestimável que, ao longo dos seus dois mandatos, prestou para o reforço da autoestima dos cabo-verdianos nas Ilhas e no Mundo. No momento em que Vossa Excelência está, com outros seus pares, a mediar um importante conflito internacional, é de justiça também assinalar o contributo de vossa Excelência e da diplomacia caboverdiana para a afirmação do nosso país no mundo enquanto Nação pacífica e portadora de elevados padrões de democracia, humanismo, respeito pelos direitos do homem e solidariedade. São estes padrões e valores que fazem de Cabo Verde um interlocutor válido e útil nas relações internacionais. Se ontem, no tempo da guerra fria e de conflitos armados e estruturais como o do apartheid na África Austral, o nosso país foi referenciado pela sua utilidade na busca de caminhos da paz, hoje, quase três décadas depois é a mesma matriz de utilidade que vemos afirmada na política externa cabo-verdiana em que vossa 5
Excelência sempre foi um actor privilegiado, quer na sua qualidade de Primeiro-Ministro, quer na actual condição de Presidente da República. Igualmente, apraz-me referir a contribuição pessoal que Vossa Excelência vem dando para a valorização da cultura institucional na nossa jovem democracia e para o desenvolvimento do império da normalidade nas relações entre os actores políticos. É neste âmbito que me cumpre agradecer a Vossa Excelência pela colaboração que soube e quis desenvolver com a Assembleia Nacional, órgão que constitucionalmente testemunha a posse do Presidente da República. Termino, reiterando os nossos votos de um Feliz Ano de 2011 para sua Excelência o Presidente da República, a sua distinta Família e todos os seus colaboradores. Muito obrigado! 6