Unidade: A Formação em Psicopedagogia e o Código Unidade I: de Ética 0
Unidade: A Formação em Psicopedagogia e o Código de Ética A Formação em Psicopedagogia o sujeito estará mais ou menos disposto a adquirir o conhecimento do outro, em razão do grau de confiança que o outro merece Beatriz Scoz A Formação em Psicopedagogia tem sido procurada por profissionais que buscam especializar-se no estudo do processo de ensino-aprendizagem e as dificuldades dele decorrentes, para atuar desenvolvendo instrumentos e se utilizando de técnicas específicas de abordagem do objeto, nos seguintes campos: clínico, institucional (escolar, hospitalar, empresarial) e na pesquisa. De acordo com a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) a formação deve ser feita em curso de pós-graduação lato-senso, ou seja, em nível de especialização. Isto quer dizer que o curso deverá ter no mínimo 360 horas, para ter validade como profissão, quando a mesma passar a ser reconhecida. Contudo a mesma associação recomenda um número maior de horas. Para que os cursos de formação em Psicopedagogia possam funcionar, quer seja em instituições públicas quer seja em instituições privadas, deverão ter autorização do Ministério de Educação e Cultura (MEC), que os aprova com base em resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE). Há mais de três décadas a formação do psicopedagogo no Brasil está acontecendo em caráter regular e oficial em instituições autorizadas. Hoje, de acordo, com a ABPp existem cursos oficiais em vários estados, tais como: Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, entre outros. A Associação Brasileira de Psicopedagogia, fundada em 1980, é um órgão de classe, e não tem a função de ditar normas, contudo sugere um currículo mínimo cujas diretrizes podem ser encontradas em seu site e recomenda que os cursos sejam organizados com foco numa sólida formação teórica, atrelada à prática e à formação pessoal do psicopedagogo, a ser complementada com a prática supervisionada. 1
Paralelamente aos cursos de especialização lato-senso em Psicopedagogia existem alguns cursos de formação em nível de graduação já aprovados, pelos órgãos reguladores do ensino superior, e em funcionamento nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraíba. Há também cursos de mestrado em Psicopedagogia. Hoje contamos, ainda, com cursos de pós-graduação a distância, autorizados e em funcionamento, que devem preservar as indicações do órgão regulador para propiciar uma formação com características que garantam a formação básica e propiciem a complementação por meio de supervisão e formação pessoal, e que busque a troca e o compartilhamento de experiências. A Psicopedagogia é considerada uma práxis, ou seja, uma prática fundamentada em referenciais teóricos. Ao conhecermos os diferentes cursos, poderemos constatar que não há uniformidade nos modelos teóricos estudados e como consequência não há uma práxis psicopedagógica única. Segundo Edith Rubinstein A Psicopedagogia no Brasil enquanto área de atuação é sustentada por referenciais teóricos, isto é, uma práxis psicopedagógica. As produções, publicações e reuniões científicas organizadas pela ABPp e por outros órgãos profissionais de áreas afins reconhecem academicamente a práxis psicopedagógica e legitimam, também, a identidade do Psicopedagogo como profissional. Para Nadia Bossa (2007) O psicopedagogo deve ser capaz de investir em sua formação pessoal, de maneira contínua e significativa, de modo a estar apto a também desenvolver um papel inovador, no qual quem ensina deve, inicialmente, ter aprendido e vivenciado o que efetivamente vai ensinar. Segundo a autora, esse mesmo profissional deverá ser um novo profissional em aprendizagem, com formação psicopedagógica obrigatória, num curso de especialização, e com uma sólida fundamentação centralizada no conhecimento científico, em vários aspectos: pedagógico, psicológico, técnico, histórico, político e social. O Caráter Interdisciplinar da Formação Para Edith Rubinstein (1999) é impossível engessar a Psicopedagogia enquanto prática, num modelo pré-concebido, pois os profissionais trazem 2
traços marcantes de sua formação inicial e de seu percurso acadêmico que é bastante variado; alguns são oriundos da área da educação, outros da psicologia, outros ainda da fonoaudiologia, da terapia ocupacional, entre outras. Simultaneamente, a Psicopedagogia é uma práxis formalizada e que lida com a compreensão e o tratamento dos problemas de aprendizagem com um foco ampliado, mediante a contribuição de outras áreas do conhecimento humano, como a Didática, a Psicologia, a Psicanálise, a Linguística, a Filosofia, Sociologia, as Neurociências e outras. Segundo Lino de Macedo... o que legitima uma ocupação profissional é a formação em serviço, a formação contínua nos fundamentos e técnicas que possibilitam a realização de um trabalho. Neste sentido, interessa menos a ênfase em uma formação inicial e legal, como se tem caracterizado a discussão sobre as questões acima, mas a ética de um saber construído e aperfeiçoado continuamente de diferentes estilos. É consenso entre a maioria dos profissionais que exercem a atividade de Psicopedagogo, a necessidade de uma formação profissional que contemple conhecimentos de várias áreas, uma vez que o conhecimento e a compreensão do ato de aprender e a possível necessidade de intervenção demanda conhecimentos elaborados por várias disciplinas. É preciso, então, conhecer as dinâmicas dos fatores inconscientes, dos fatores sócio culturais, dos fatores históricos familiares, etc. para elaborar projetos, quer seja de maneira clinica quer seja preventivamente, que visem à construção de uma relação potencializadora e, portanto, saudável com as aprendizagens, possibilitando a autoria na busca da construção do conhecimento. Sua formação possibilitará ser o mediador nos processos de transmissão e apropriação dos conhecimentos, integrando de modo coerente, conhecimentos e princípios de diferentes ciências humanas, sociais e da saúde. O realce para o caráter interdisciplinar da formação reside no fato de que os psicopedagogos vão buscando conhecimentos de outras áreas e criando o seu próprio objeto de estudo, que é, segundo o Código de Ética da ABPp, o ser em processo de construção de conhecimento, o ser cognoscente, trabalhando para a construção da autonomia desse ser e afastando os obstáculos a essa construção. 3
A Visão Atual da Psicopedagogia Atualmente, a Psicopedagogia integra e constrói sua própria síntese a partir das contribuições de várias áreas do conhecimento humano. Não se limita a tratar as dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, mas também busca a prevenção das dificuldades para os indivíduos, de modo geral. Mas, a Psicopedagogia ainda não adquiriu o status de ser considerada uma profissão. A lei que busca o reconhecimento da profissão de Psicopedagogo está na Câmara Federal, e foi aprovada pela Comissão de Trabalho e Administração do Serviço Público em 1997, e pela Comissão da Educação, Cultura e Desporto em 2001. Agora o projeto que regulamenta a profissão de Psicopedagogo está na Comissão do Trabalho, Educação e Constituição; quando aprovado irá para o Senado e terá que passar por mais três comissões para depois ser sancionada pelo Presidente da Republica. Desde 2003, a atividade ganhou amparo legal e consta do Código Brasileiro de Ocupações. A ocupação de psicopedagogo passou então a ser reconhecida oficialmente, mas em termos de legislação se faz necessário que a profissão seja regulamentada. E para tanto, ainda há um longo caminho a percorrer. A profissão regulamentada, entre outras vantagens, assegurará espaços para atuação, como a criação da carreira nas instituições governamentais, fortalecerá o desafio de aperfeiçoar o trabalho e ampliar o atendimento, abrindo- o a todos que dele precisarem. O Código de Ética da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) O Código de Ética da categoria foi elaborado no biênio 91/92 da ABPp e reformulado pelo Conselho Nacional e Nato do biênio 95/96, ele se encontra disponível no site da ABPp e deve ser seguido por todos os psicopedagogos, pois representa a disponibilidade e a seriedade no desempenho da atividade. Ele regulamenta as seguintes situações: - O capitulo I é dedicado aos princípios da Psicopedagogia; - O capitulo II diz das responsabilidades dos psicopedagogos, dos seus deveres fundamentais; 4
e - O capítulo III trata das relações com outras profissões; - O capitulo IV estabelece as regras do sigilo profissional; - O capítulo V retrata as normas para as publicações científicas; - O capítulo VI disciplina como deve ser a publicidade profissional; - O capítulo VII fala sobre os honorários; - O capítulo VIII trata das relações com a Saúde e a Educação; - O capítulo IX diz da observância e do cumprimento do Código de Ética; - O capítulo X traz as disposições gerais. 5
Referências ABPp - Associação Brasileira de Psicopedagogia. www.abpp.com.br BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007 CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DA ABPp. disponível em www.abpp.com.br acesso em setembro de 2009 SCOZ, Beatriz J.L., RUBINSTEIN, Edith, ROSSA, Eunice M. M. BARONE, Leda M. C. Psicopedagogia-O caráter interdisciplinar na formação e atuação profissional. Porto Alegre: Artmed, 1987 BUBINSTEIN, Edith (org.) Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999 6
7 Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms.Maria de Fátima Seixas Ferreira Rossi www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000