POSSIBILIDADES DE ANÁLISE QUALITATIVA NO WEBQDA E COLABORAÇÃO ENTRE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO EM COMUNICAÇÃO



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Transcrição:

POSSIBILIDADES DE ANÁLISE QUALITATIVA NO WEBQDA E COLABORAÇÃO ENTRE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO EM COMUNICAÇÃO António Pedro Costa 1 Ronaldo Linhares 2 Francislê Neri de Souza 3 Resumo Este artigo apresenta as possibilidades do software WebQDA no apoio a análise qualitativa e contribuição na produção colaborativa de conhecimento. Para tanto, faz uma reflexão sobre o impacto dos suportes tecnológicos e midiáticos nas mudanças e diversificação de novos contextos investigativos que exigem formas de interpretação para além das metodologias dedutivas tradicionais. Descreve os elementos interativos e colaborativos do software e as contribuições na comunicação e colaboração entre pesquisadores de diferentes áreas e contextos. Palavras-chave: Análise Qualitativa, Trabalho Colaborativo, Tecnologias de Informação e Comunicação. Introdução Uma nova pluralidade dos mundos vitais coloca os estudos das relações sociais diante de um desafio. A rápida mudança social, a diversificação de novos processos, contextos e perspectivas sociais, exigem do investigador outras formas de interpretação da sociedade além das metodologias dedutivas tradicionais. Novos processos de comunicação, mediados por suportes tecnológicos e midiáticos ampliam a multidimencionalização das relações sociais e, consequentemente, dos contextos investigativos. Neste ínterim, cresce a importância das metodologias qualitativas que consideram os diferentes pontos de vista e práticas de campo, procurando compreender a particularidade temporal e local dos casos concretos. Demanda um trabalho colaborativo entre pesquisadores de diferentes áreas e contextos, para além da coautoria de textos e perspectivas teóricas. Este artigo, apresenta as contribuições para a análise qualitativa do software WebQDA, como ferramenta para ampliar as possibilidades da pesquisa colaborativa em educação/comunicação, desde a organização à análise dos dados. Propõe uma reflexão sobre a pesquisa qualitativa e a contribuição das tecnologias da informação e comunicação 1 Universidade de Aveiro - UA Ludomedia, apcosta@ua.pt pcosta@ludomedia.pt 2 Universidade Tiradentes UNIT, ronaldo_linhares@unit.br 3 Universidade de Aveiro UA, fns@ua.pt 276

(TIC) para a pesquisa colaborativa. As possibilidades das TIC na pesquisa colaborativa em educação/comunicação Há muito que as ciências enfrentam uma discussão sobre o que Souza Santos (1988) define como paradigma emergente, que propõe uma nova teoria da racionalidade científica. Segundo este autor, este é um período de transição, caracterizado por uma revolução na concepção de ciência. O paradigma dominante, fruto do pensamento moderno definia-se por um determinismo mecanicista, [...] que se pretende utilitário e funcional, reconhecido menos pela capacidade de compreender profundamente o real do que pela capacidade de o dominar e transformar. No plano social, é esse também e horizonte cognitivo mais adequado aos interesses da burguesia ascendente que via na sociedade em que começava a dominar o estádio final da evolução da humanidade.(santos, 1988, pag. 51) O aporte metodológico que melhor responde a este paradigma se fundamenta em dados estruturados, puramente quantitativos. No entanto, a contemporaneidade tem nos colocado, diante de dados de natureza qualitativa, que envolvem elementos desafiadores na interpretação do pesquisador e a utilização de técnicas, instrumentos e ferramentas que possibilitem compreender as informações realmente pertinentes. Este novo tempo científico, caracterizado por Souza como ambíguo e complexo redefine os métodos de aporte e organização das informações no esforço de compreender a realidade. Segundo Santos (Op. Cit. pag. 64), Um conhecimento deste tipo é relativamente metódico, constitui-se a partir de uma pluralidade metodológica [...] No paradigma emergente, o carácter autobiográfico e auto-referenciável da ciência é plenamente assumido. A ciência moderna legou-nos um conhecimento funcional do mundo que alargou extraordinariamente as nossas perspectivas de sobrevivência. Ainda segundo este autor o paradigma emergente proporciona uma transgressão metodológica que repercute-se nos estilos e gêneros literários, construída segundo o critério e a imaginação pessoal do cientista e uma tolerância discursiva é o outro lado da 277

pluralidade metodológica, possibilitando a fusão de estilos e interpenetrações. No contexto da sociedade do conhecimento (UNESCO, 2000), o papel das tecnologias e dos meios de comunicação sociais, contribuem para o aumento permanente do volume de dados e informações, reforçando a necessidade de um olhar qualitativo sobre eles. Além disso, quando se observa a história da ciência moderna, estamos longe dos tempos em que se compreendia o fazer ciência como prerrogativa de uma elite iluminada que trabalhava isoladamente. Hoje, incluindo a pesquisa em ciências humanas e sociais, a pesquisa colaborativa é largamente aceite devendo ser sempre encorajada. Segundo Katz & Martin (1997) este entusiasmo pela investigação em colaboração traz subjacentes uma série de suposições: 1) que o conceito de 'pesquisa colaborativa' é bem compreendido; 2) que estamos lidando essencialmente com o mesmo fenômeno, quer estejamos preocupados em trabalhar em colaboração com indivíduos, grupos, instituições ou nações; 3) que, de alguma forma, podemos medir o nível de colaboração e, portanto, determinar se existe ou não mudanças como resultado de uma determinada política; 4) que mais colaboração é realmente melhor, seja para o avanço do conhecimento ou para explorar os resultados dos nossos esforços científicos de forma mais eficaz. Compreendemos que para cada uma destas suposições existe ingenuidades e/ou especificações que necessitam ser trabalhadas para que se possa realmente usufruir dos conhecidos benefícios do fazer ciência em colaboração. A estas suposições equivocadas podemos acrescentar uma que, neste artigo, estamos particularmente interessados: que o esforço colaborativo ocorre sempre a alto nível e em todas as fases de um projeto de investigação em colaboração. O problema é que muitos projetos e tarefas de investigação são tão complexos e multifacetados que não podem funcionar plenamente e em tempo útil sem a colaboração direta e intensiva de todos ou da maior parte dos membros do grupo de pesquisa. Isso é verdade quando se fala de análise qualitativa de dados não-numéricos e não-estruturados, obtidos com suportes tecnológicos e mediáticos. Um dos problemas desta fase da investigação é a comunicação entre os pesquisadores que necessitam definir dimensões de análise, criar categorias, codificar, voltar a criar novas categorias, aglutinar categorias, recodificar, etc. Ou seja, todo o dinamismo próprio do processo reflexivo e critico para as construções de síntese e análise. Mesmo quando se utiliza um software específico para análise qualitativa instalado num único computador quase sempre, é necessário, esperar que um dos pesquisadores termine 278

sua parte. Desta forma, apresentamos de seguida ferramentas integradas no software WebQDA que facilitam o trabalho colaborativo através de algumas funcionalidades, essencialmente, orientadas para facilitar a comunicação. Sobre o WebQDA: contribuições para a análise de dados qualitativos A investigação nas ciências humanas e sociais em geral e em educação de forma particular tem passado por muitas transformações ao longo das últimas décadas. Como todos os ramos das ciências, estas também influenciaram e foram influenciadas pelos desenvolvimentos específicos da área e das tecnologias. Há mais de 30 anos que, aplicações informáticas ajudam os utilizadores a fazerem análise qualitativa de dados não-numéricos e não-estruturados, apresentando aos utilizadores resultados em forma de matrizes numéricas, trianguladas, com discurso descritivo de cariz qualitativo que os apoia nas suas interpretações (NERI DE SOUZA, COSTA, & MOREIRA, 2010, 2011a, 2011b). Aproveitando as potencialidades que a internet nos oferece foi desenvolvido o software de apoio à análise qualitativa WebQDA. O WebQDA é um software de análise de textos, vídeos, áudios e imagens que funciona num ambiente colaborativo e distribuído com base na internet. O WebQDA procura suprir essa necessidade, principalmente, porque os projetos de investigação são cada vez mais desenvolvidos no âmbito multidisciplinar e com o envolvimento de utilizadores dispersos geograficamente. Também supre a lacuna de muitos programas que obrigam o(a) utilizador(a) a esperar que o(a) colega desenvolva a sua parte do projeto, para que lhe seja enviado o ficheiro e somente então poder inserir a sua contribuição, processo que poderá se perder num trabalho realmente colaborativo. Com o WebQDA, tanto as fontes de dados como o sistema de indexação (categorias e as suas definições), podem estar disponíveis online para todos os utilizadores a quem seja atribuído um acesso. Mesmo para um trabalho individual, o utilizador pode, através do WebQDA, aceder ao seu projeto em qualquer computador desde que tenha acesso à internet, e não somente naqueles em que esteja instalado. De igual modo como outras aplicações semelhantes, no WebQDA o utilizador poderá editar, visualizar, interligar e organizar documentos. Poderá criar categorias, codificar, controlar, filtrar, fazer pesquisas e questionar os dados com o objetivo de responder às suas questões de investigação. O WebQDA apresenta-se como um software 279

específico destinado à investigação qualitativa em geral, proporcionando inúmeras vantagens em relação à investigação com recurso a outras aplicações (NERI DE SOUZA, COSTA, & MOREIRA, 2010, 2011a, 2011b). Os autores Neri de Souza, Costa, & Moreira (2011) apresentam uma visão sucinta da organização estrutural e funcional do WebQDA através de uma estrutura básica dividida em três partes (ver Figura 1): 1) Fontes, 2) Codificação e 3) Questionamento. Após criar e entrar num projeto, surge ativo o Sistema de Fontes que, consiste na inserção e organização dos dados, ou seja, texto, imagem, vídeo ou áudio. Esta área pode ser disposta de acordo com a necessidade do utilizador (por exemplo, tipos de ficheiros ou a sua função). Figura 1 - Partes estruturais do WebQDA (NERI DE SOUZA, COSTA, & MOREIRA, 2011) No Sistema Codificação o utilizador pode criar as dimensões, primeiro categorias e depois indicadores, sejam elas interpretativas ou descritivas. É da interligação entre as Fontes e a Codificação que, através dos procedimentos de codificação disponíveis no WebQDA, o utilizador poderá configurar o seu projeto para que tenha os seus dados codificados de forma estruturada e interligada. No Sistema Questionamento é disponibilizado um conjunto de ferramentas que ajudarão o utilizador a questionar os dados, com base na configuração atribuída nos dois 280

primeiros sistemas, de forma iterativa e interativa (com apoio das ferramentas de comunicação e trabalho colaborativo que descreveremos posteriormente). Questionar dados, classificar relações e construir modelos constituirão as funcionalidades essenciais, que constituem vantagens excecionalmente diferenciadas em relação às análises sem o uso de um software específico como é o caso do WebQDA. É nesta área ou fase de desenvolvimento de um projeto que uma ferramenta como o WebQDA faz toda a diferença e justifica completamente o esforço investido na aprendizagem da sua utilização. Questionar é a mais nobre função do investigador, seja qual for a fase do seu trabalho, mas revela-se de crucial importância na fase de análise de dados e sua interpretação. No WebQDA é possível compartilhar e trabalhar colaborativamente com outros pesquisadores num mesmo projeto, através da gestão de tarefas e da gestão de mensagens. Para isto é possível convidar outros utilizadores (por exemplo, os orientadores para compartilhar o projeto) com diferentes perfis de utilizador: Investigador Colaborador: tem permissões para editar e inserir dados num determinado projeto; Investigador Convidado: apenas tem permissões para visualizar os dados disponibilizados num determinado projeto. Através da menu de Administração (Figura 2) Após aceder a um determinado projeto no WebQDA, no separador Utilizadores (Figura 3) é possível criar novos utilizadores (número 1 da Figura 3) ou convidar existentes para um projeto, Bloquear ou Ativar utilizadores já convidados, ver Detalhes e Eliminar um utilizador. É possível também Editar os seus dados pessoais. Figura 2 Área de Administração (comunicação e gestão do WebQDA) 281

Figura 3 - Gestão de utilizadores de um projeto no WebQDA O separador Mensagens serve para gerir as mensagens Recebidas, Eliminadas, Enviadas e guardar os Rascunhos. Para enviar uma mensagem (Figura 4), o utilizador tem que selecionar o utilizador para o qual pretende enviar a mesma, preenchendo o campo Assunto e Mensagem. Ao enviar uma mensagem para um utilizador, este receberá na caixa de correio eletrónico que utilizou para efetuar o registo no WebQDA um aviso de que recebeu uma nova Mensagem (no projeto respetivo). Este sistema de mensagens foi configurado para facilitar a comunicação entre os vários membros do mesmo projeto. 282

ra 4 Comandos do Separador de Mensagens e Enviar Mensagens Figu O separador Tarefas (Figura 5) é composto por três separadores em que se pode gerir as Tarefas Abertas (eliminadas e concluídas). Ao clicar no comando Nova Tarefa poderá nomear e descrever a tarefa, calendarizar e definir o estado da mesma. As Tarefas podem ser classificadas por diferentes estados: Não Iniciada, Em Andamento, Concluída, Pendente de Outros ou Eliminada. Figura 5 - Comandos do Separador de Tarefas e Criar uma Nova Tarefa As diferentes funcionalidades foram implementadas com o objetivo de facilitar o trabalho colaborativo entre pesquisadores, aproveitando o atual avanço tecnológico. O 283

ambiente distribuído, proporcionado pela internet, facilita assim, a partilha e a comunicação entre vários pesquisadores (SERÇE, et al., 2010, COSTA, 2012). Assim é possível partilhar os esforços de análise qualitativa e calendarizar com todos os colaboradores os dados, as codificações e a triangulação em todo o sistema com objetivo de responder as questões de pesquisa dos pesquisadores. Não é objetivo nesta curta comunicação descrever todos os outros potenciais do WebQDA, mas focar as possibilidades desta ferramenta para apoiar o trabalho colaborativo. Convidamos os leitores a aprofundarem através de algumas publicações (NERI DE SOUZA, COSTA, & MOREIRA, 2010; 2011a; 2011b) ou diretamente na página www.webqda.com. Conclusões Principalmente nas ciências humanas e sociais, as questões referentes ao conhecimento e à pesquisa tem sofrido as questões referentes aos novos paradigmas. A despeito das contribuições do pensamento cartesiano, do positivismo e da metodologia quantitativa, os objetos de investigação são cada vez mais complexos e multifacetados e não podem funcionar plenamente em tempo útil com a colaboração direta e intensiva de apenas um pesquisador. Isso é, especialmente verdade quando se fala de análise qualitativa de dados não-numéricos e não-estruturados. Desde a segunda metade do século passado, os suportes tecnológicos e mediáticos têm contribuído tanto para a organização e análise de dados, como para a produção colaborativa do conhecimento nos diversos contextos investigativos. O software WebQDA, amplia as possibilidades de comunicação entre os pesquisadores na definição das dimensões de análise (categorização, codificação e recodificação, etc) fundamentais para as construções de síntese e análise. Com o WebQDA é possível compartilhar e trabalhar colaborativamente com outros pesquisadores num mesmo projeto, através da gestão de tarefas, gestão de mensagens, convite a novos utilizadores (por exemplo, os orientadores para compartilhar o projeto); Bloqueia e Ativa convidados. É possível também Editar dados pessoais e gerir as mensagens. Considerando os avanços tecnológicos no campo da comunicação, as possibilidades de registros em múltiplos suportes, consubstancia o rigor necessário da 284

pesquisa cientifica, possibilitando uma diversidade de aportes, estratégias, múltiplas abordagens, técnicas e métodos que contribuem para aproximar-se mais seguramente dos fenômenos, considerando para além do racionalismo, outras formas de saber e de conhecer a realidade. A comunicação online, normalmente, compreende a troca de mensagens. Porém, quando associada no trabalho colaborativo entre pesquisadores, compreende também a negociação de compromissos. Para transmitir a mensagem, e dividir co-responsabilidades na produção do conhecimento, o WebQDA possui ferramentas de comunicação que facilitam a interação e a colaboração nos estudos qualitativos. Bibliografia COSTA, A. P. Metodologia Híbrida de Desenvolvimento Centrado no Utilizador. Doutoramento de Base Curricular em Multimédia em Educação, Universidade de Aveiro, Aveiro, 2012. KATZ, J. S., & MARTIN, B. R. What is Research Collaboration? Research Policy, 26, 1-18, 1997. NERI DE SOUZA, F., COSTA, A. P., & MOREIRA, A. WebQDA: Software de Apoio à Análise Qualitativa. Comunicação apresentada na 5ª Conferência Ibérica de Sistemas e Tecnologias de Informação, CISTI'2010, Santiago de Compostela, Espanha, 2010. NERI DE SOUZA, F., COSTA, A. P., & MOREIRA, A. Análise de Dados Qualitativos Suportada pelo Software WebQDA. Comunicação apresentada na VII Conferência Internacional de TIC na Educação (Challenges), Universidade do Minho, 2011ª. NERI DE SOUZA, F., COSTA, A. P., & MOREIRA, A. Questionamento no Processo de Análise de Dados Qualitativos com apoio do software WebQDA. EduSer - Revista de educação, 3(1), 19-30, 2011b. SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pósmoderna. Estud. av. [online], 1988, vol.2, n.2, pp. 46-71. ISSN 0103-4014. 285

SERÇE, F. C., SWIGGER, K., ALPASLAN, F. N., BRAZILE, R., DAFOULAS, G., & LOPEZ, V.. Online collaboration: Collaborative behavior patterns and factors affecting globally distributed team performance. Computers in Human Behavior, pp. 1-14, 2010 UNESCO, Cupula mundial sobre a sociedade da informação. Tunies 2005. 286