CARACTERIZAÇÃO E COMPARAÇÃO AMBIENTAL DOS BAIRROS JARDIM KARAIBA E MORUMBI - UBERLÂNDIA (MG)



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 4ª Semana do Servidor e 5ª Semana Acadêmica 2008 UFU 30 anos CARACTERIZAÇÃO E COMPARAÇÃO AMBIENTAL DOS BAIRROS JARDIM KARAIBA E MORUMBI - UBERLÂNDIA (MG) Ana Luiza dos Santos Costa Instituto de Geografia UFU Av. João Naves de Ávila, 2121 - Santa Mônica, 38.408-100, Uberlândia (MG) 1 Aline Batista Ferreira Instituto de Geografia UFU Av. João Naves de Ávila, 2121 - Santa Mônica, 38.408-100, Uberlândia (MG) 2 Eduardo Rozetti Carvalho Instituto de Geografia UFU Av. João Naves de Ávila, 2121 - Santa Mônica, 38.408-100, Uberlândia (MG) 3 Fernanda Casagrande Institudo de Meteorologia UFSM Av. Roraima, nº 1000 Cidade Universitária Bairro Camobi, Santa Maria (RS) 4 Resumo: Devido ao rápido crescimento industrial de Uberlândia, houve também um grande crescimento urbano. Sendo assim, as formas de ocupação se tornaram também periféricas, através de cortiços, conjuntos habitacionais, sendo que a maior parte destes não possuía uma infra-estrutura adequada. Áreas agrícolas passaram a fazer parte da paisagem de Uberlândia, no entanto vários terrenos próximos a essas áreas foram abandonados à esperada de serem mais valorizados. Ao observar o crescimento populacional de Uberlândia, passou-se a prestar mais atenção no planejamento, arborização e melhoria da cidade. No entanto, o plano não foi implantado imediatamente, ficando então para os anos seguintes. Devido ao crescimento econômico de Uberlândia, foi criado então os projetos de Bairros direcionados a classe média. Dentre eles destacaremos nesse trabalho o Jardim Karaíba.No bairro Morumbi a falta de planejamento urbano acarretou muitos prejuízos à população, como alagamentos constantes no período chuvoso, agravado ainda pela falta de infra-estrutura e equipamentos públicos, já que o projeto não levou em consideração as características físicas da área. A partir da análise dos dados obtidos e complementando com as palavras de Milton Santos a respeito da desigualdade social, pode-se observar o quanto dois espaços pequenos, município de Uberlândia, podem apresentar tamanhas desigualdades sociais, econômicas e ambientais. Os dois Bairros estudados estão localizados em áreas afastadas da área central do município, assim sendo, teoricamente os dois deveriam apresentar a mesma infra-estrutura. No entanto, a realidade se apresenta de forma totalmente diferente. O Bairro Jardim Karaíba foi projetado para a elite uberlandense em ascensão, enquanto que o Bairro Morumbi foi construído com o intuito de diminuir o número de favelas que com a urbanização da cidade de Uberlândia estavam crescendo rapidamente. Palavras-chave: Planejamento urbano, meio ambiente, desigualdade social. 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia/UFU analuizaufu@yahoo.com.br 2 Mestre em Geomática- Programa de Pós-Graduação -UFSM alineb_ferreira@yahoo.com.br 3 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia/UFU edu_tec_amb@hotmail.com 4 Professora do Instituto de Meteorologia UFSM fenc10@hotmail.com

1 - INTRODUÇÃO O presente relatório tem como finalidade fazer uma caracterização ambiental, para que possa ser feita uma comparação entre os Bairros Jardim Karaíba e Morumbi, mostrando as especificidades que cada um possui dentro do seu processo de ocupação. Os aspectos população residente, densidade demográfica, número de moradores por domicílio, tipos de domicílio, forma de abastecimento de água, destino do lixo domiciliar e forma de esgoto domiciliar, juntamente analisados com a densidade vegetacional, uso do solo, mapa de enchentes (declividade). 2 - OBJETIVOS Caracterização ambiental dos Bairros Morumbi e Jardim Karaíba, comparando as especificidades que cada um possui em seu desenvolvimento e planejamento urbano e ambiental, ou a falta deles. Realizar levantamento de fontes de informação secundárias sobre a problemática da estruturação urbana ambiental, analisar a influência que os moradores residentes dos Bairros exercem sobre o seu habitat, verificar a aplicação e desenvolvimento da legislação ambiental municipal e mapear o fluxo de desenvolvimento dos Bairros caracterizando a forma de ocupação que os mesmos possuem. 3 - JUSTIFICATIVAS O presente projeto foi criado para caracterizar os diferentes processos de ocupação, desenvolvimento e planejamento, de dois Bairros localizados no perímetro urbano da cidade de Uberlândia, sendo eles o Jardim Karaíba com um tipo de ocupação diferente ao do Bairro Morumbi. Após observações de campo na área dos Bairros acima citados, o grupo se preocupou em levantar os fatores que colaboraram para a grande discrepância de infra-estrutura entre os Bairros. Por esse motivo, o grupo decidiu estudar esses dois ambientes sócio-estruturais diferentes para se chegar às verdadeiras origens de tamanhas desigualdades. 4 - MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 - Materiais 4.2 - Métodos Fotos Locais das Áreas de Estudo Softwares de Geoprocessamento (CAD, ARCVIEW, CARTALINX, SPRING). Softwares de Desenho (MGI PhotoSuite SE) Dados Estatísticos do IBGE (censo 2000 e 2004). Bibliografias da Área de Estudo Imagem ASTER 1B2G3R de maio de 2003 Em ida a campo tiramos fotos de nossas áreas de estudo, tentando retratar o máximo de inter-relações nas fotos que foram conseguidas, tal trabalho é de extrema relevância para a retratação visual da realidade atual e para que seja possível retratar e caracterizar de forma mais confiável a realidade, mesmo que momentânea, as peculiaridades existentes nas mesmas.

Também em trabalho de campo, fizemos a contagem vegetacional, na qual percorremos todo o perímetro dos Bairros Jardim Karaíba e Morumbi para verificarmos quantas árvores existem em cada quadra dos referidos Bairros, e assim, desenvolvendo os mapas de densidade vegetacional dessas áreas, com a utilização de softwares de geoprocessamento. Na realização dessa contagem não foram analisadas as espécies arbóreas, sendo que foram contadas apenas as espécies acima de um metro de altura. O Cartalinx, produzido pela Clark University, Massashussets, EUA, é um software destinado à construção de bases de dados espaciais e que permite a associação dessa base com um banco de dados georreferenciado. Já o ArcView é um software desenvolvido pela empresa Environmental Systems Research Institute (ESRI), é utilizado para efetuar análises em ambientes de SIG além de efetuar a arte final para a confecção dos mapas. É um dos softwares mais populares no mundo, devido a sua fácil utilização. Um CAD possui funções que permitem a representação precisa de linhas e formas, podendo ser utilizado na digitalização de mapas e cartas. No entanto, apresenta restrições no que diz respeito à atribuição de outras informações às entidades espaciais. Apesar disto os CAD's podem ser utilizados em conjunto com os SIG's. O Spring (desenvolvido pelo INPE - Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais em parceria com a EMBRAPA e IBM é um sistema que possibilita o processamento de imagens, análise espacial e modelagem numérica do terreno). Utilizando Softwares de Desenho MGI PhotoSuite SE, selecionamos áreas que não eram possíveis de serem selecionadas em softwares de geoprocessamento e desenvolvemos a melhoria, através dos atributos do software, de mapas já existentes da área de pesquisa. Os dados estatísticos foram conseguidos mediante a pesquisa no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, tanto de forma direta ao seu sites como também por meio de relatórios e anais já publicados. 5 HISTÓRICOS 5.1 Histórico Uberlândia O município de Uberlândia-MG (Figura 1), especificamente o perímetro urbano de Uberlândia (Figura 2), é limitado pelas coordenadas geográficas de 18 o 30 19 o 30 de latitude sul, e 47 o 50 48 o 50 de longitude oeste de Greenwich. Para que se possa entender a importância de Uberlândia como centro comercial, deve-se, primeiramente, conhecer sua origem e as maiores influências em seu desenvolvimento. De acordo com Santos (2002), o desenvolvimento de Uberlândia iniciou-se no início do século XX devido à construção da estrada de ferro Mogiana. Tal ferrovia tornou possível uma ligação entre São Paulo e a região Centro Oeste do Brasil, fazendo com que tais regiões pudessem se relacionar economicamente com Uberlândia. Segundo Soares (1995) apud Santos (2002), após a década de 1950, Uberlândia implantou estradas de rodagem que tornaram possível uma ligação com o restante do país. Esses fatores contribuíram para o desenvolvimento industrial do município, visto que esse fácil escoamento de produtos se tornou extremamente atraente ao comércio e a migração de indústrias para a mesma. Devido ao rápido crescimento industrial de Uberlândia, houve também um grande crescimento urbano. Sendo assim, as formas de ocupação se tornaram também periféricas, através de cortiços, conjuntos habitacionais, sendo que a maior parte destes não possuía uma infra-estrutura adequada. Áreas agrícolas passaram a fazer parte da paisagem de Uberlândia,

no entanto vários terrenos próximos a essas áreas foram abandonados à esperada de serem mais valorizados. Tal acontecimento fez com que os vazios urbanos da referente cidade aumentassem mais de 50%. Ao observar o crescimento populacional de Uberlândia, passou-se a prestar mais atenção no planejamento, arborização e melhoria da cidade. No entanto, o plano não foi implantado imediatamente, ficando então para os anos seguintes. Segundo Santos (2002), após a década de 1960 iniciou-se o processo de verticalização de Uberlândia. Começou, lentamente, através da substituição de prédios antigos e a construção de novos prédios em seus lugares. Ainda segundo Santos (2002), em 1955 Uberlândia teve finalizada a construção de seu primeiro arranha-céu, o edifício Tubal Vilela, com 16 andares. Após esse momento a referente cidade passou a construir shoppings centers e em outros grandes centros comerciais. No final da década de 1960 a Universidade de Uberlândia (UnU) foi criada, sendo federalizada em 1978, passando a se chamar Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Com a construção da universidade houve uma grande valorização nos terrenos dos Bairros próximos à mesma. Uberlândia foi crescendo e se desenvolvendo em inúmeras áreas. Observando sua área central como pólo educacional, notou o quanto seria interessante criar também um parque tecnológico e a implantação de um jardim botânico, devido às poucas reservas ambientais da cidade. Toda a urbanização de Uberlândia representava os interesses dos políticos e empresários locais, ansiosos em manter a sua hegemonia e aumentar o seu patrimônio financeiro, não havendo uma preocupação com melhoria do padrão de vida da população como um todo. Uberlândia Figura 1 Localização do Município de Uberlândia MG Fonte: www.ig.ufu.br/comland/udia/udia.htm (2004

Figura 2 - Perímetro Urbano de Uberlândia

5.2 Histórico Jardim Karaíba Devido ao crescimento econômico de Uberlândia, foi criado então os projetos de Bairros direcionados a classe média. Dentre eles destacaremos nesse trabalho o Jardim Karaíba (Figura 3). Segundo o memorial descritivo do plano urbanístico do Bairro na prefeitura, o sistema viário do Jardim Karaíba estava condicionado a uma via existente na época, a Avenida das Américas, atual Avenida Francisco Galassi, que seria prolongada e daria acesso ao Bairro, cruzando-o bem no meio de sua área, formando seu eixo central. Mas com a construção de um a estação de tratamento de água do DMAE Departamento Municipal de Água e Esgoto no local, o acesso principal do Bairro passou a ser por uma das suas quatro vias coletoras periféricas, a atual rua Rafael Marino Neto. Conforme o memorial descritivo do projeto, algumas restrições urbanísticas para a construção das residências deveriam ser observadas. Sendo as seguintes: o Seria permitido o remembramento de lotes para a construção de uma unidade residencial, porém, em nenhuma hipótese, o lote poderá ser desmembrado. Nele apenas será permitido o uso residencial unifamiliar, com a construção de no máximo uma unidade residencial com dois pavimentos e um subsolo. o A área edificada deverá obedecer a uma taxa de ocupação máxima igual a 55% da área total do lote. o Toda edificação deverá ser estar obrigatoriamente afastada 5 metros da divisa frontal, não sendo permitido qualquer tipo de cercamento nesta área de recuo obrigatório. o Ficará também expressamente proibida qualquer tipo de delimitação na área verde fronteiriça aos lotes por ser a mesma área de uso comum, de propriedade pública, podendo abrigar somente pequenos equipamentos de lazer comunitário. o Terrenos lindeiros às ruas de pedestres poderão ser cercados apenas com cerca viva ficando proibido outros tipos de cercamento. o As ligações entre a rede elétrica das ruas e as residências deverão ser feitas sempre por via subterrânea e os padrões da companhia concessionária colocados nos muros das mesmas. o Os passeios e entradas de carros serão padronizados. O Bairro possui nove quadras, oito exclusivamente residenciais, possui também ruas de pedestres, sendo que estas foram destinadas a encurtar a circulação de pessoas e limitar o tráfego excessivo de veículos. Segundo Santos (2002), para a ocupação do novo Bairro, a empresa Karaíba Imobiliária deu início à construção de casas, de 120 a 130 m², cujos projetos foram desenvolvidos em seu escritório pelo arquiteto Renato Cavalcanti e Ana Lúcia Laura. Os primeiros moradores do Bairro residem em casas construídas pela imobiliária. No projeto do Bairro analisado, foi incorporada uma distribuição de área verde obrigatória para os loteamentos residenciais, sendo que a limpeza e cuidados com tais áreas são de responsabilidade do proprietário do terreno. Tal área verde ficaria localizada na frente dos terrenos. Os primeiros moradores do Bairro, no início de sua ocupação, estavam começando a vida, e atualmente adquiriram uma situação econômica mais confortável, podendo então

ampliar suas casas. O Bairro ainda apresenta uma homogeneidade em relação ao nível econômico de seus habitantes, hoje, melhor do que há 15 ou 20 anos atrás, mas, quanto ao aspecto cultural, percebe-se alguma mudança, a respeito das restrições urbanísticas, quase todos os lotes que tem áreas verdes publicas estão cercados por cercas vivas ou plantas ornamentais que impedem seu uso coletivo, com afirma Santos (2002). Figura 3

5.3 Histórico Morumbi De acordo com Sobrinho (1995), o conjunto Santa Mônica II, atual Bairro Morumbi (Figura 4), localizado na porção sudeste da cidade de Uberlândia em uma área que se situa entre o limite do perímetro urbano e a zona rural, foi construído em 1991, durante o Governo Collor com recursos do PAIH (Plano de Ação Imediata de Habitação) que é um programa habitacional destinado à população de baixa renda. Foi uma tentativa do Poder Público de expandir o perímetro sobre a zona rural incorporando, novas áreas à cidade, intensificando a especulação imobiliária. Sobrinho (1995) afirma ainda, que inicialmente a área tinha um uso rural sendo ocupada por plantações de soja e reflorestamento de eucalipto, com a construção do conjunto Alvorada em 1980, pretendia-se direcionar o crescimento da cidade. Segundo a Caixa Econômica Federal (Gerência Habitação Uberlândia), a Prefeitura Municipal de Uberlândia (EMCOP) e o IBGE, o conjunto possui 2.550 unidades habitacionais do tipo embrião. Na época da construção do conjunto pode-se observar que não houve qualquer preocupação em se produzir um espaço agradável e bem planejado, mas apenas interessava o número de casas construídas e a urgência de concluí-las. Devido à desestruturação do PAIH, parte das casas ficaram inacabadas, sendo ocupadas por sem-tetos. A falta de planejamento urbano acarretou muitos prejuízos à população, como alagamentos constantes no período chuvoso, agravado ainda pela falta de infra-estrutura e equipamentos públicos, já que o projeto não levou em consideração as características físicas da área. Segundo Sobrinho (1995), a rede de escoamento pluvial era inexistente no Bairro quando da sua inauguração, sendo providenciada somente após a ocorrência de várias enchentes, mas sendo este ainda um grande problema.

Figura 4

6 - REFLEXÕES SOBRE QUALIDADE AMBIENTAL O que se pretende nessas reflexões é explicitar, através de conceitos elaborados por diversos autores, o que se entende por qualidade ambiental e se é possível uma proposta metodológica pronta para se investigar a qualidade ambiental urbana. Como fruto da urbanização desenfreada vivenciada principalmente pelos países em desenvolvimento, a problemática ambiental se agrava e ganha espaço cada vez mais à medida que as cidades se expandem. A partir desse cenário pode-se tentar compreender a importância que assume a preocupação com a qualidade ambiental urbana, vista como elemento fundamental para o alcance da melhoria da qualidade de vida do homem urbano. A crescente urbanização da humanidade, conforme destaca Lombardo (1985), constitui uma preocupação de todos os profissionais e segmentos ligados à questão do meio ambiente, pois as cidades avançam e apresentam um crescimento rápido e sem planejamento adequado, o que contribui para uma maior deterioração do espaço urbano. Considera-se, de maneira geral, que a qualidade do meio ambiente constitui fator determinante para o alcance de uma melhor qualidade de vida. Segundo Oliveira (1983) apud Machado (1997) a qualidade ambiental está intimamente ligada à qualidade de vida, pois vida e meio ambiente são inseparáveis, o que não significa que o meio ambiente determina as várias formas e atividades de vida ou que a vida determina o meio ambiente. Na verdade, o que há é uma interação e um equilíbrio entre ambos que variam de escala em tempo e lugar. Para Machado (1997), os padrões de qualidade ambiental variam entre a cidade e o campo, entre cidades de diferentes países ou do mesmo país, assim como entre áreas de uma mesma cidade. Isso ocorre, segundo a autora, porque a qualidade do meio ambiente depende de processos nacionais, em nível urbano e rural e de políticas adotadas em todas as esferas: federal, estadual, municipal, pública ou privada. Segundo Sewell (1978), definir padrões de qualidade significa expressar objetivos para determinar a qualidade do meio ambiente e identificar metas que se deseja alcançar, manter ou eliminar. Nesse sentido, Dubus (1971) apud Machado (1997, p. 16) ressalta que a dificuldade de se definir o que se entende por qualidade ambiental reside no fato de que qualidade envolve gostos, preferências, percepções, valores, o que torna difícil de se chegar a um consenso. Todos esses fatores podem estar ligados ao padrão cultural de cada sociedade ou comunidade, sendo difícil discutir a qualidade de determinado ambiente sem que consideremos os valores sociais inerentes àquela população. O conceito de qualidade ambiental, como produto da percepção da população, também foi discutido por Nasar (1991) apud Foresti e Hamburger (1997, p. 208) quando apontou em seus estudos os atributos negativos de qualidade ambiental como comércio caótico, sinais, placas, letreiros, sujeira, pontes estreitas, degradação de postes e cercas e, indústrias. Por outro lado, os atributos positivos correspondem às belas paisagens, ao campo, a prédios novos, à topografia ou à organização. A vegetação um componente chave da qualidade ambiental, embora outros componentes também sejam necessários ao alcance de um padrão mínimo de qualidade do ambiente como os espaços livres públicos destinados ao lazer e a coerência entre os padrões de edificações desse ambiente. Conforme coloca Troppmair (1992) apud Mazzeto (2000, p. 24), O Meio Ambiente, conforme as propriedades dos seus elementos, produz uma qualidade ambiental que pode ser benéfica ou maléfica para nossa vida. Assim, entendo por Sadia ou Boa Qualidade de Vida os parâmetros físicos, químicos, biológicos, psíquicos e sociais que permitam o desenvolvimento harmonioso, pleno e digno da vida.

No mesmo intuito de contribuir com a discussão sobre que fatores contribuem para a melhoria do meio ambiente, Macedo (1991) apud Mazzeto (2000, p. 24) afirma que a qualidade ambiental de um ecossistema expressa as condições e os requisitos básicos que ele detém, de maneira física, química, biológica, social, econômica, tecnológica e política, (...) Em suma, a qualidade ambiental é o resultado da dinâmica (1) dos mecanismos de adaptação e (2) dos mecanismos de autosuperação dos ecossistemas. Assim, com base na teoria sistêmica da evolução, a qualidade ambiental é o resultado da ação simultânea da necessidade e do acaso. Sewell (1978, p. 01) define controle ambiental como o ato de influenciar as atividades humanas que afetem a qualidade do meio físico do homem, especialmente o ar, a água e características terrestres. Nesse contexto, considera-se que controlar e manter um elevado padrão de qualidade ambiental constitui um grande desafio, tendo em vista as condições atuais de grande parte das cidades do mundo contemporâneo, principalmente àquelas dos países subdesenvolvidos como o Brasil que passaram por um processo de urbanização desenfreado e que continuam se expandindo de maneira caótica e desumana, expressando, respectivamente, desordem e injustiças sociais. Nucci (2001) propõe o estudo da qualidade ambiental a partir da consideração de atributos ambientais urbanos como uso do solo, poluição, espaços livres, verticalidade das edificações, enchente, densidade populacional e cobertura vegetal, espacializados e integrados em escala que variam entre 1.2000 e 1.10.000. Este método tem como base geral os estudos realizados em Ecologia e Planejamento da Paisagem, que pode ser entendido como uma contribuição ecológica e de ordenamento para o planejamento do espaço, em que se procura regulamentar o uso do solo e dos recursos ambientais, lembrando a capacidade dos ecossistemas e o potencial recreativo da paisagem, retirando-se o máximo proveito que a vegetação pode fornecer para a melhoria da qualidade ambiental. Conforme o próprio autor coloca, há ainda poucos trabalhos e escassas opções metodológicas, principalmente no Brasil, para se analisar a qualidade ambiental nas cidades, onde ainda é procedimento comum o uso de pequenas escalas para trabalhar o urbano. Nessa perspectiva, a proposta de Nucci (2001) torna-se importante uma vez que permite trabalhar com variáveis diferenciadas (espacializadas em grandes escalas) do ponto de vista da complexidade do espaço urbano, sobretudo, das médias e grandes cidades. De maneira geral, vários autores destacam que as variáveis utilizadas para se definir o padrão de qualidade ambiental de um determinado espaço geográfico são muito discutidas, pois o que é valorizado ou desvalorizado no meio ambiente para determinar a sua qualidade depende da concepção de cada cidadão, inclusive do pesquisador e do planejador. Dessa forma, acredita-se que não há consenso quanto à utilização de variáveis que definem a qualidade ambiental urbana, ficando o pesquisador apto a definir os atributos (ou variáveis) que permitam melhor realizar a análise do espaço geográfico em estudo. Considerase também a possibilidade da utilização de uma metodologia pronta (como a de Nucci) para se aplicar ao estudo da qualidade ambiental urbana desde que corresponda aos interesses do pesquisador e responda aos objetivos estabelecidos na pesquisa. Convém concordar com Monteiro (1987) quando afirma que Executar um trabalho de espacialização da qualidade ambiental constitui um verdadeiro desafio, visto que não existe uma receita técnica calcada numa concepção teórico-metodológica pronta (Monteiro, 1987, apud NUCCI, 2001, p.19). Através da reflexão dos autores acima, o grupo opinou em não fazer uma comparação da qualidade ambiental, e sim uma caracterização para se chegar a uma comparação ambiental, utilizando apenas alguns pontos propostos pela metodologia de Nucci

(1998) como o levantamento de uso do solo, déficit de espaços públicos, verticalidade das edificações e densidade populacional. 7 RESULTADOS E DISCUSSÕES Na Tabela 1 é possível verificar uma relativa igualdade entre o número de homens (50,5%) e de mulheres (49,5) residentes no Bairro, bem como caracterizar o número de indivíduos que residem no Bairro Jardim Karaíba, que em seu total é de 1.823 pessoas (ano 2000). Através da tabela 10 é possível verificar uma relativa igualdade entre o número de homens (50,2%) e de mulheres (49,7) residentes no Bairro, bem como caracterizar o número de indivíduos que residem no Bairro Morumbi, que em seu total é de 13.492 pessoas (ano 2000). Assim ao observar a população residente nos Bairros Jardim Karaíba e Morumbi (Tabela 1) é possível verificar que as porcentagens de residentes homens e mulheres são aproximadamente as mesmas, 50% para ambos os sexos. Ao analisar efetivamente o número de moradores residentes nos Bairros é possível constatar que o Bairro Morumbi possui 13.942 habitantes e que o Bairro Jardim Karaíba possui apenas 1.823 habitantes, uma diferença de 12.119 habitantes entre os Bairros. De acordo com a CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, é registrado o número de 0,5kg de lixo sólido por habitante/dia. Sendo assim, o Bairro Morumbi produz cerca 6.971kg/dia, estimada a média de toda a população residente no Bairro. No Bairro Jardim Karaíba há uma produção média de 911,5kg/dia de resíduos sólidos, também de toda a população residente no Bairro. Tabela 1 População Residente Bairro Jardim Karaíba Sexo População residente (Habitante) População residente (Percentual) Homens 922 50,58 Mulheres 901 49,42 Total 1.823 100,00 Bairro Morumbi População residente (Habitante) População residente (Percentual) Homens 6.776 50,21 Mulheres 6.717 49,79 Total 13.492 100,00 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2000) Verifica-se no Quadro 1 que a área do Bairro Jardim Karaíba está por volta de 3 milhões de m². Aglutinando esse dado com o número de moradores do mesmo é possível verificar que existem 6,21 hab/ha. Já no Bairro Morumbi está por volta de 4 milhões de m². Aglutinando esse dado com o número de moradores do mesmo é possível verificar em média 34,90hab/ha. Apesar da pouca diferença espacial dos Bairros (pouco menos de 100ha), o grupo pôde observar a discrepância do povoamento dos Bairros Morumbi e Jardim Karaíba. Apesar de mais pessoas residirem no Bairro Morumbi, estes possuem menos espaço para ocupação. Já no Bairro Jardim Karaíba, há mais espaço para pouca ocupação.

Quadro 1 Densidade Demográfica Bairro Jardim Karaíba Área do Bairro (ha) 293,3 386,6 Número de Moradores 1.823 13.492 Densidade (hab/ha) 6,21 34,90 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2004) Bairro Morumbi É possível verificar, pela Tabele 2, que no Bairro Jardim Karaíba existe uma concentração de 3 a 5 moradores em sua maioria ocupando as residências do local. Já no Bairro Morumbi existe uma concentração de 2 a 6 moradores ocupando as residências do local. Os dados existentes sobre o número de moradores por domicílio e a quantidade de pessoas existentes em cada domicílio (Tabela 2) mostram que o Bairro Jardim Karaíba possui 490 domicílios com cerca de 3 a 4 indivíduos na maioria, enquanto que no Bairro Morumbi existem 3.774 domicílios com cerca de 2 a 5 indivíduos na maioria residindo nos domicílios. Tal fator afirma novamente que a densidade demográfica e o número de indivíduos, agora por domicílio, no Bairro Morumbi é mais elevada que no Bairro Jardim Karaíba, tal fator (número de domicílios) destaca uma qualidade de vida melhor para os moradores do Bairro Jardim Karaíba que possuem menos residência em áreas muito maiores do que a do outro Bairro, melhorando assim o uso e desfrute de áreas verdes próprias. Tabela 2 Número de Moradores por Domicílio Bairro Jardim Karaíba Número de moradores Domicílios particulares Domicílios particulares permanentes (Unidade) permanentes (Percentual) 1 morador 22 4,49 2 moradores 66 13,47 3 moradores 100 20,41 4 moradores 183 37,35 5 moradores 89 18,16 6 moradores 24 4,90 7 moradores 3 0,61 8 moradores 2 0,41 9 moradores - - 10 moradores - - 11 moradores 1 0,20 12 moradores - - 13 moradores - - 14 moradores - - 15 moradores ou mais - - Total 490 100 Bairro Morumbi Número de moradores Domicílios particulares Domicílios particulares permanentes (Unidade) permanentes (Percentual) 1 morador 249 6,65 2 moradores 549 14,66 3 moradores 885 23,64 4 moradores 1.134 30,29 5 moradores 556 14,85 6 moradores 225 6,01 7 moradores 82 2,19 8 moradores 33 0,88 9 moradores 18 0,48 10 moradores 5 0,13 11 moradores 6 0,16

12 moradores 1 0,03 13 moradores - - 14 moradores 1 0,03 15 moradores ou mais - - Total 3.774 100 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2000) Em sua totalidade constata-se que no Bairro Jardim Karaíba 100% das residências (490) são casas, ou melhor, domicílios no qual os moradores residem, tais dados podem ser verificados através da Tabela 3. Em sua expressiva maioria é constata-se que no Bairro Morumbi 99% das residências (3.721) são casas, ou melhor, domicílios no qual os moradores residem. O tipo de edificações existentes demonstram o foco que cada Bairro tem perante seu loteamento. No caso do Bairro Jardim Karaíba, no projeto já estava especificado toda a infraestrutura do mesmo, como seria o calçamento, as quadras, as ruas, os índices urbanísticos, entre outros. O Bairro Morumbi, inicialmente como descrito no histórico do mesmo, abrangia somente o loteamento que antes era chamado de Santa Mônica II, o qual possuía uma infraestrutura mínima. Após a construção da Colônia Penal Jacy de Assis, o Bairro sofreu uma ocupação populacional irregular, ajudado pela especulação imobiliária. Com o crescimento do Bairro Morumbi, houve uma preocupação com questões essenciais como saneamento básico, por isso os moradores entraram com um processo para a aprovação e legalização do loteamento. Qualquer investimento realizado implica maior valorização do espaço, em geral muito acima do que a parcela mais explorada da classe trabalhadora pode pagar. Ela é então expulsa para as áreas menos valorizadas, as quais, mais cedo ou mais tarde, também serão alcançadas pelas inversões capitalistas e daí nova expulsão...assim, a cidade vai sempre expandindo incorporando novas áreas e sempre segregando os seus moradores de acordo com a estratificação social (Regina Célia Braga dos Santos, 1986, p.72, apud Santos, 1990, p.31-32). O Bairro Morumbi possui 99,5% de suas edificações com fins de moradia (casa e apartamentos) e o restante como cômodos com fins comerciais demonstrando que o esse Bairro tem um caráter de loteamento de habitação porem com focos para infraestrutura local de comércios para atender as necessidades locais. O Bairro Jardim Karaíba possui 100% das suas edificações com fins de moradia (casas), não apresentando portanto locais com fins comerciais, ao não ser um antigo Shopping que funcionava na região mas que foi convertido para uma universidade. Tal fator demonstra que o Bairro Jardim Karaíba teve desde de seu início um foco para a habitação, Bairro planejado para morar e não para comercializações. Tabela 3 Tipos de Domicílios Tipo do domicílio Bairro Jardim Karaíba Unidade Domicílios Percentual Casa 490 100 Apartamento - - Cômodo - - Total 490 100 Tipo do domicílio Unidade Bairro Morumbi Domicílios Percentual

Casa 3.721 99,39 Apartamento 6 0,16 Cômodo 17 0,45 Total 3.744 100,00 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2000) As Tabelas 4, 5 e 6 demonstram a forma de abastecimento de água, destino do lixo residencial e forma de esgoto domiciliar dos Bairros Jardim Karaíba e Morumbi. Ao analisar a forma que os Bairros em estudo tem seu abastecimento de água (Tabela 4) verifica-se que no Bairro Jardim Karaíba apenas 6 das 490 residências são abastecidas através de poço ou nascente, fator esse que na localidade é feito para abastecimento das piscinas e não para consumo humano direto. No Bairro Morumbi 52 dos 3.744 domicílios utilizam alem de águas de poço ou nascente, outra forma de abastecimento direto humano, como por exemplo dessedentação. Os outros domicílios desses Bairros tem rede canalizada pela prefeitura. Observando esse fator (tipo de abastecimento) verifica-se que ambos os Bairros mesmo com tipos diferentes de abastecimentos são assistidos pela prefeitura. O destino dos resíduos (Tabela 5) é fator muito importante para caracterizar ambientalmente os Bairros, pois os resíduos gerados pelo homem causam diversos problemas como por exemplo proliferação de animais, transmissão de doenças e até mesmo poluição do solo, visual e da água. Sendo assim o Bairro Jardim Karaíba possui 99,4% de seu lixo recolhido pela prefeitura e somente 0,6% do restante é queimado, no Bairro Morumbi o lixo coletado pela prefeitura chega a 99,7% e o restante 0,3% (9 domicílios) são direcionados para a queima na propriedade, jogados em terrenos vazios ou tem outro destino. A forma de rede de esgoto dos dois Bairros (Tabela 6) é um fator também importante para a caracterização ambiental uma vez que caso a rede de esgoto sejam falhas, inexistentes ou diferentes da legislação ambiental vigente, é passível que possa ocorrer problemas como contaminação da água subterrânea, proliferação de doenças e mesmo poluições visuais, físicas e do ar. Observa-se então que no Bairro Jardim Karaíba apenas 6 dos 490 domicílios não possuem rede geral de esgoto (Municipal) sendo encontrados fossas rudimentares e mesmo inexistência de forma de sanitários, fatores que preocupam a poluição do solo local, assim como a contaminação dos cursos d água existente em suas proximidades. No Bairro Morumbi esse números crescem para 55 domicílios dos 3.744 existentes, sendo que esses 55 domicílios não possuem rede de esgoto local ou municipal, são encontradas fossas sépticas ou rudimentares e possuem escoadouros a céu aberto, podendo proporcionar os mesmos problemas. No mais, a rede de esgoto do Bairro Jardim Karaíba está ligada ao sistema central de captação de esgoto municipal, no entanto o Bairro Morumbi, possui uma estação de tratamento e bombeamento de esgoto própria, que após ser tratada a água é jogada no Córrego Jataí, por fora do Parque do Sabiá, Ferreira (1996). Tabela 4 Forma de Abastecimento de Água Bairro Jardim Karaíba Tipo Especificação Quantidade Total (Tipo) Rede Geral Poço ou nascente Outra Forma Rede geral - canalizada em pelo menos um cômodo Rede geral - canalizada só na propriedade ou terreno Poço ou nascente (na propriedade) - canalizada em pelo menos um cômodo Poço ou nascente (na propriedade) - não canalizada Outra forma - canalizada em pelo menos um cômodo 484-4 2 484 6 - -

Outra forma - canalizada só na propriedade ou terreno Outra forma - não canalizada - Total 490 Bairro Morumbi Tipo Especificação Quantidade Total (Tipo) Rede Geral Poço ou nascente Outra Forma Rede geral - canalizada em pelo menos um cômodo Rede geral - canalizada só na propriedade ou terreno Poço ou nascente (na propriedade) - canalizada em pelo menos um cômodo Poço ou nascente (na propriedade) - não canalizada Outra forma - canalizada em pelo menos um cômodo Outra forma - canalizada só na propriedade ou terreno - 3.677 Outra forma - não canalizada 30 Total 3.744 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2000) 15 1 3 18-3692 4 48 Tabela 5 Destino do Lixo Domiciliar Bairro Jardim Karaíba Tipo (forma) Unidades Percentual Coletado (Serviço de Limpeza) 487 99,39 Caçamba - - Queimado (Na Propriedade) 3 0,61 Enterrado (Na Propriedade) - - Jogado em Logradouro - - Jogado em Rio ou Lago - - Outro Destino - - Total 490 100 Bairro Morumbi Tipo (forma) Unidades Percentual Coletado (Serviço de Limpeza) 3.735 99,76 Caçamba - - Queimado (Na Propriedade) 1 0,03 Enterrado (Na Propriedade) - - Jogado em Logradouro 6 0,16 Jogado em Rio ou Lago - - Outro Destino 2 0,05 Total 3.744 100 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2000)

Tabela 6 - Forma de Esgoto Domiciliar Tipo de esgotamento sanitário Bairro Jardim Karaíba Unidade Domicílios Percentual Rede geral de esgoto ou pluvial 484 98,78 Fossa séptica - - Fossa rudimentar 3 0,61 Vala - - Rio, lago ou mar - - Outro escoadouro - - Não tinham banheiro nem sanitário 3 0,61 Total 490 100 Tipo de esgotamento sanitário Bairro Morumbi Unidade Domicílios Percentual Rede geral de esgoto ou pluvial 3.689 98,53 Fossa séptica 9 0,24 Fossa rudimentar 31 0,83 Vala - - Rio, lago ou mar - - Outro escoadouro 3 0,08 Não tinham banheiro nem sanitário 12 0,32 Total 3.744 100,00 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Segundo Lima, Neto e Lepcsh (2004), a região de Uberlândia é composta por Latossolo Vermelho Amarelo, Latossolo Vermelho e Gleissolos. A cidade de Uberlândia apresenta um relevo caracterizado pela presença de chapadas sedimentares, sendo os vales fluviais os acidentes mais importantes do relevo. Vários Bairros se localizam no alto das chapadas planas como é o caso do Bairro Morumbi, outros se localizam em fundos de vale apresentando um relevo mais acidentado, sendo este o caso do Jardim Karaíba, de acordo com Sobrinho (1995). O Bairro Jardim Karaíba possui o solo do tipo Gleissolo (Gleis húmicos e pouco húmicos), que são pouco profundos, mal drenados, de coloração acinzentada, muito escura, quanto mais ricos em matéria orgânica e pouco intemperizados, Lima et al. (2004) Segundo Sobrinho (1995), a constituição do solo na área do Bairro Morumbi encontrase bastante diferenciada ocorrendo derrames de basalto, que após sua decomposição geram o solo latossolo vermelho ou roxo, sendo este facilmente erodido ou compactado dependendo de sua utilização. A falta de proteção do solo e a atuação do intemperismo levou a um processo acelerado de compactação do solo, fato este que no período de seca provoca poeira em grande quantidade, e no período de chuva devido à dificuldade de infiltração de água no solo o empoçamento da água, que pelo fato de ser uma região plana dificulta o escoamento pelas vertentes. Saber o tipo de declividade existente facilita a interpretação do tipo de uso que a localidade está disponível, atribuído como outro fator relevante para desenvolvimento e verificação de uma caracterização ambiental da localidade. A Figura 5 demonstra a declividade existente em todo o perímetro urbano da cidade de Uberlândia 2004, em especial sendo selecionados duas áreas correspondentes aos Bairros Morumbi (Área 1) e Jardim Karaíba (Área 2). Na área 1 é possível verificar uma declividade < que 2%,

correspondendo a muito plano com solos muito argilosos (pouca permeabilidade da água, necessidade de pavimentação com calhas inclinadas, propenso à utilização para culturas, difícil acesso de rede de esgoto e água) e na área 2 áreas que vão de declividade < 2% a 8%, correspondendo a planas a inclinados do solos moderadamente argilo-arenosos (media permeabilidade de água, necessidade de pavimentação com a canalização da água pluvial com a quebra da força cinética da água, pouco propenso à agricultura, média facilidade de acesso de rede de esgoto e água). Figura 5 Observando o fator drenagem, os Bairros Jardim Karaíba e Morumbi possuem dificuldades diferentes para solucionarem problemas. Percebemos que ambos os Bairros possuem uma declividade não tão acentuada, no entanto o Bairro Jardim Karaíba apresenta uma declividade maior do que a do Bairro Morumbi. A declividade de uma área ajuda no escoamento superficial de sua superfície. Com uma boa infra-estrutura a declividade se torna um fator positivo ao Bairro, como é o caso do Bairro Jardim Karaíba, sendo que a água escoada segue para o Córrego Mogi e seus afluentes. No entanto essa declividade pode também ser prejudicial, tendo por exemplo o Bairro Jardim Karaíba onde a água advinda do escoamento se finda numa voçoroca crescente no mesmo. No Bairro Morumbi a declividade não se apresenta como um fator relevante a nível de escoamento, visto que não há uma boa infra-estrutura. Observando a Figura 6, verifica-se uma grande diferença no sistema de drenagem das ruas com a pavimentação de todas as Vias do Bairro Jardim Karaíba, com condutores laterais da água da chuva para áreas de recarga, enquanto que no Bairro Morumbi possui algumas vias asfaltadas e com drenagem correta da águas pluviais, mas em sua maioria, como mostrado na Figura 6, não se observou a canalização das águas de origem pluvial.

Figura 6 Vias, Sistema de Drenagem e Rede Elétrica Fonte: Eduardo Rozetti (2004) Os moradores do Bairro Jardim Karaíba, não necessariamente por possuírem consciência ecológica, mas por se preocuparem com sua estética, sua valorização e suas normas, tal Bairro possui uma preocupação maior com sua limpeza, assim como a presença de vegetação. No Bairro Morumbi, por uma ausência de planejamento, alguns terrenos são preenchidos por lixões. Figura 7. Figura 7 A influência da população eu seu habitat Fonte: Eduardo Rozetti (2004) Comparando os Bairros estudados pode-se observar uma melhor utilização dos terrenos, visando o bem estar da população, no Bairro Jardim Karaíba, pois tais terrenos são preenchidos por áreas verdes, enquanto no Bairro Morumbi não há tal utilização para áreas recreativas. Tal reflexão pode ser observada na Figura 8. A Figura 8 demonstra um exemplo de como são utilizados os espaços livres públicos. No Bairro Jardim Karaíba há um foco de construção visual dessas localidades, com a utilização da vegetação, enquanto que no Bairro Morumbi as áreas livre de construções, são utilizadas como depósitos irregulares de entulho e lixo pela população local.

Figura 8 Utilização dos espaços livres públicos Fonte: Eduardo Rozetti (2004) A Figura 9 demonstra o Perímetro Urbano de Uberlândia com o fluxo de crescimento que a cidade deve seguir de acordo com o Plano Diretor da Cidade de Uberlândia. A curto prazo deverá ocorrer um adensamento nos eixos Nordeste, Norte e Sudeste. A médio e longo prazo, esse adensamento deverá ocorrer no eixo Oeste. Na região Sul deverá prevalecer uma ocupação rarefeita, com o surgimento de novas demandas e superados os aspectos de saneamento básico e de preservação ambiental. Figura 9 Fluxo de crescimento do perímetro urbano de Uberlândia Fonte: Secretaria de Planejamento Urbano (1991) A análise dos resultados é uma das fases mais importantes para o desenvolvimento de um projeto científico, uma vez que a obtenção dos resultados ou mesmo sua construção são demorados, mas caso uma análise de um resultado seja errada, é bem possível que o projeto não consiga a veracidade ou mesmo objetivos anteriormente propostos. As análises a seguir separarão em fatores importantes à caracterização ambiental local, sendo assim cada fator apresentado possibilitará escolher quais dos dois Bairros possui

naquele fator específico a presença de planejamento ambiental. Mais adiante serão aglutinados tais verificações referentes a cada fator, para uma comparação ambiental local. Analisar a vegetação existente é de fundamental importância para se caracterizar ambientalmente uma localidade, de acordo com as figuras abaixo observa-se que o Bairro Jardim Karaíba é muito bem arborizado, com a predominância em suas quadras de mais de 20 árvores, fora as intradomicílios, isso é em decorrência da política de loteamento que durante sua implantação manteve muitas espécies arbustivas e também porque os ocupantes desse lotes investiram na arborização. Já no Bairro Morumbi os índices vegetativos encontram-se, em sua maioria, abaixo de 20 árvores por quadra, isso ocorre porque metade do Bairro, antes de ser loteado, era utilizada por atividades agrícolas, como pode ser observado nas Figuras 10 e 11. Figura 10

Figura 11 O tipo de calçamento das ruas e o sistema de drenagem dos Bairros em estudo são muito diferentes um do outro (Ver Figura 6). No Bairro Jardim Karaíba todas as ruas possuem calçamento tipo asfalto e sistema de captação da água fluvial por escoamento superficial para o curso d água logo abaixo do Bairro, sendo portanto não encontrada bocas de lobo nesse local. Já no Bairro Morumbi apenas as vias de acesso dos ônibus que transportam a população residente são asfaltadas, não existe sistema de captação da água fluvial, um problema muito complicado no Bairro que por ser uma área plana e com solos argilo-arenosos, não possibilita o escoamento e percolação da água da chuva, verificando-se então nos períodos chuvosos o alagamento de muitas vias existentes no Bairro. De acordo com os trabalhos de campo realizados pelo grupo, é interessante observar que o sistema de energia elétrica desses Bairros é diferente (Ver Figura 6), uma vez que no Bairro Jardim Karaíba todo o sistema de rede elétrica da ruas e domiciliar é legal

(Concessionária CEMIG autorizou e instalou), no Bairro Morumbi as ruas são iluminadas legalmente, porem muitos dos domicílios não utiliza-se dos gatos para terem eletricidade em suas residências. Tal fator é muito importante na avaliação da qualidade de vida da população. 8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Através dos trabalhos de campo realizados e dos dados analisados o grupo pôde chegar a conclusão de que, no que diz respeito ao aspecto ambiental, os dois Bairros se apresentam de forma totalmente distinta. O Bairro Jardim Karaíba apresenta um melhor planejamento que abrange, também, os aspectos ambientais visando uma melhor qualidade de vida. Tal Bairro possui arborização elevada, gramíneas e áreas públicas, o que o torna extremamente interessante como área residencial. No entanto, o Bairro Morumbi possuiu um planejamento somente a respeito do antigo loteamento do Conjunto Habitacional Santa Mônica II. O Bairro Morumbi propriamente dito, cresceu de forma irregular, perdendo, então, seu planejamento. Isso fez com que os aspectos ambientais fossem deixados de lado, buscando somente uma ocupação rápida. A partir da análise dos dados obtidos e complementando com as palavras de Milton Santos a respeito da desigualdade social, pode-se observar o quanto dois espaços pequenos, município de Uberlândia, podem apresentar tamanhas desigualdades sociais, econômicas e ambientais. Os dois Bairros estudados estão localizados em áreas afastadas da área central do município, assim sendo, teoricamente os dois deveriam apresentar a mesma infra-estrutura. No entanto, a realidade se apresenta de forma totalmente diferente. O Bairro Jardim Karaíba foi projetado para a elite uberlandense em ascensão, enquanto que o Bairro Morumbi foi construído com o intuito de diminuir o número de favelas que com a urbanização da cidade de Uberlândia estavam crescendo rapidamente.

9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ELY, Aloísio. Economia do Meio Ambiente. Porto Alegre: Fundação de Economia e Estatística, 1990. FERREIRA, Cátia Balduino. Análise do Relatório de Impacto Ambiental RIMA, do Conjunto Habitacional Santa Mônica II, Uberlândia-MG. Uberlândia: Monografia, 1996. FORESTI, C. e HAMBURGER, D. S. Informações texturais e índices de vegetação obtidos de imagens orbitais como indicadores de qualidade de vida urbana. In: MARTOS, H. L. e MAIA N. B. Indicadores Ambientais. Sorocaba: Bandeirante Ind. Gráfica S. A, 1997, p. 205-211. GOMES, Marcos Antônio Silvestre, SOARES Beatriz Ribeiro. Reflexões Sobre Qualidade Ambiental Urbana. Rio Claro, 2004. <www.rc.unesp.br/igce/frad/geografia/revista.htm> INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE - BRASIL censo 2000. <http://www.ibge.org.br/>. 2004/2005. LIMA, Samuel do Carmo; NETO, José Pereira de Queiroz; LEPCSH, Igo Fernando. Os Solos da Chapada Uberlândia Uberaba. p.89-121. In: LIMA, Samuel do Carmo; SANTOS, Rosselvelt José. Gestão Ambiental da Bacia do Rio Araguari - Rumo ao Desenvolvimento Sustentável. Uberlândia: CNPq, 2004. LOMBARDO, M. A. Ilha de Calor nas Metrópoles: o exemplo de São Paulo. São Paulo: Hucitec, 1985. 244p. MACHADO, L. M. C. P. Qualidade Ambiental: indicadores quantitativos e perceptivos. In: MARTOS, H. L. e MAIA, N. B. Indicadores Ambientais. Sorocaba: Bandeirante Ind. Gráfica S. A, 1997, p. 15-21. MAZZETO, F. A. P. Qualidade de vida, qualidade ambiental e meio ambiente urbano: breve comparação de conceitos. In: Sociedade e Natureza (Revista do Instituto de Geografia da UFU). Uberlândia: EDUFU, Ano 12, n 24 Jul/dez 2000, p. 21-31. MOTA, F. S. B. Disciplinamento do uso e ocupação do solo urbano visando à preservação do meio ambiente. 1980, 254p. Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo. São Paulo. NISHIYAMA, Luiz. Geologia do Município de Uberlândia. Sociedade e Natureza. Uberlândia 1(1): Edufu, 1989 NUCCI, J. C. Qualidade Ambiental e Adensamento Urbano. São Paulo: Humanistas/FFLCH-USP, 2001. 236p. RAMIRES, Júlio César de Lima; SILVA, Dalvani Ferreira da. A Estruturação dos Espaços Periféricos em Uberlândia: o exemplo do setor leste. In: Sociedade e Natureza (Revista do Instituto de Geografia da UFU). Uberlândia: EDUFU, Ano 12, n 23 Jan/Jul 2000, p. 47-61. RATTNER, Henrique. Planejamento Urbano e Regional. São Paulo. 1978. Tese. RUANO, Miguel. Indústria Imobiliária e a qualidade ambiental: subsídios para o desenvolvimento urbano sustentável. Editora Segui Pini. São Paulo. 2000.

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