Ciência Florestal ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

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Transcrição:

Ciência Florestal ISSN: 0103-9954 cf@ccr.ufsm.br Universidade Federal de Santa Maria Brasil Neto Marques Rondon, Rubens; Watzlawick Farinha, Luciano; Caldeira Vinícius Winchler, Marcos; Schoeninger, Emerson Roberto Análise florística e estrutural de um fragmento de floresta ombrófila mista montana, situado em Criúva, RS Brasil Ciência Florestal, vol. 12, núm. 1, junho, 2002, pp. 29-37 Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=53412104 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Ciê ncia Florestal, Santa Maria, v. 12, n. 1, p. 29-37 29 ISSN 0103-9954 ANÁ LISE FLORÍSTICA E ESTRUTURAL DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA MONTANA, SITUADO EM CRIÚ VA, RS - BRASIL FLORISTIC AND STRUCTURAL ANALYSIS OF A MONTANE MIXED OMBROPHYLOUS FOREST FRAGMENT IN CRIÚ VA, RS - BRAZIL Rubens Marques Rondon Neto 1 Luciano Farinha Watzlawick 2 Marcos Vinícius Winchler Caldeira 1 Emerson Roberto Schoeninger 3 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo conhecer e analisar a composiçã o florística e descrever a estrutura do componente arbóreo de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, localizado no município de Criúva, RS. Em oito parcelas de 10 x 100 m foram inventariados 673 indivíduos com DAP 5 cm, distribuídos em 37 espécies, pertencentes a 32 gê neros e 22 famílias. O valor do índice de diversidade de Shannon foi de 2,768. As famílias que apresentaram maior número de indivíduos amostrados são: Araucariaceae, Myrsinaceae, Euphorbiaceae, Anacardiaceae e Rutaceae. O dossel dessa floresta é dominado pela Araucaria angustifolia e o sub-bosque por espécies das famílias Lauraceae e Myrtaceae. A densidade total encontrada foi de 841,25 indivíduos/ha, com DAP médio de 24,01 cm e altura média de 9,34 m. As cinco espécies que tiveram os maiores valores de importância, em ordem decrescente, foram: Araucaria angustifolia, Sebastiania commersoniana, Lithraea brasiliensis, Zanthoxylum rhoifolium e Myrcia sp.. O fragmento apresenta uma considerável diversidade florística de espécies, apesar das perturbações sofridas no passado. Para que a vegetaçã o atinja as características florísticas e estruturais próximas às da vegetaçã o original é preciso evitar a presença de bovinos e eqüinos na área e explorações da floresta. Palavras-chave: fragmento florestal, floresta com Araucária, Floresta Ombrófila Mista. ABSTRACT The aim of this paper was to know and analyze the floristic composition and describe the structure of the arboreous component of a fragment of Montane Mixed Ombrophylous Forest in Cri úva State of Rio Grande do Sul, Brazil. Were inventoried 673 individuous with DBH 5 cm eight 10 x 100 m plots, distributed into 37 species, 32 genera and 22 families. The Shannon diversity index was 2,768. The families which presented the largest number of individuous were: Araucariaceae, Myrsinaceae, Euphorbiaceae, Anacardiaceae and Rutaceae. The forest canopy is dominated by Araucaria angustifolia and the understory, by species of the families Lauraceae and Myrtaceae. The total density found was 841,25 individuous/ha, the mean DBH was 24,01 cm and the highest VI values, in descending order, were: Araucaria angustifolia, Sebastiania commersoniana, Lithraea brasiliensis, Zanthoxylum rhoifolium and Myrcia sp.. The fragment presents a considerable floristic diversity of species, in spite of the suffered disturbances in the past. For the vegetation to reach the floristic and structural characteristics close to the one of the original vegetation it is necessary to avoid the presence of bovine and equine in the area and explorations of the forest. Key words: fragment forest, Araucarian forest, Mixed Ombrophylous Forest. INTRODUÇ ÃO A Floresta Ombrófila Mista, também conhecida como Floresta com Araucária, cobria originalmente cerca de 175.000 km 2 na Regiã o Sul do Brasil; porém, atualmente, restaram apenas 20.000 km 2. Ocupam os mais diferentes tipos de relevos, solos, litologias e situações afastadas das influê ncias marítimas (Leite e Klein, 1990). Dentre as atividades de maiores relevâncias que contribuíram para a reduçã o da área dessas formações florestais tem-se a intensa exploraçã o madeireira de pinheiro (Araucaria angustifolia) e imbuia 1. Engenheiro Florestal, Msc., Doutorando em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná, Av. Pref. Lothário Meissner, 3400, Jardim Botânico, CEP 80210-170, Curitiba (PR). rrondon@floresta.ufpr.br 2. Engenheiro Florestal, Msc., Professor da Universidade Federal do Paraná, Av. Pref. Lothário Meissner, 3400, Jardim Botânico, CEP 80210-170, Curitiba (PR). luciano_farinha@uol.com.br 3. Engenheiro Florestal, Mestrando em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná, Av. Pref. Lothário Meissner, 3400, Jardim Botânico, CEP 80210-170, Curitiba (PR). emer@floresta.ufpr.br

30 Neto, R.M.R. et al. (Ocotea porosa) e os desmatamentos para a expansã o da agricultura. Nos remanescentes de Floresta Ombrófila Mista, alguns estudos foram feitos para conhecer a florística e a estrutura dessa formaçã o florestal, como os de Longhi (1980); Oliveira e Rotta (1982); Jarenkow e Baptista (1987); Machado et al. (1988); Galvã o et al. (1989); Roseira (1990); Negrelle e Silva (1992); Silva et al. (1993); Koehler et al. (1998); Sanquetta e Dalla-Corte (1998); Durigan (1999). Tais trabalhos pretendiam realizar deduções sobre as origens, características ecológicas e sinecologia, dinamismo e tendê ncias do futuro desenvolvimento da floresta. Entretanto, ainda se verifica a necessidade de realiza çã o de estudos que retratem a florística e a estrutura dos remanescentes de Floresta Ombr ófila Mista cujas informações podem ser muito úteis na elaboraçã o e planejamento de ações que objetivam a preservaçã o dessa formaçã o florestal, conservando o máximo de sua diversidade. O presente trabalho foi realizado em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, localizado no município de Criúva RS, com o propósito de conhecer e analisar sua composiçã o florística e descrever a estrutura da comunidade arbórea. MATERIAL E MÉ TODOS O presente trabalho foi realizado em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana com cerca de 6,75 ha, situado no município de Criúva - RS, entre as coordenadas geográficas 29 o 00 00 e 29º00 05 S e 50º 55 49 e 50º56 27 W e uma altitude média de 860 metros (Figura 1). No passado recente, essa vegetaçã o sofreu cortes seletivos, voltados para a exploraçã o do pinheiro (Araucaria angustifolia) e do cedro (Cedrela fissilis) e de outras espécies fornecedoras de madeiras nobres. Atualmente, a área da floresta é utilizada para o pastoreio de bovinos e eqüinos. FIGURA 1: Mapa de localizaçã o da área do levantamento no município de Criúva RS. Pela classificaçã o de Köppen, o clima da regiã o é do tipo C fb, com temperatura média anual variando de 15,9 a 16,6 ºC. Apresenta uma precipitaçã o média anual de 1.826mm, podendo ocorrer geadas entre os meses de março a novembro (Moreno, 1961). O solo da regiã o pertence à Unidade de Mapeamento Farroupilha. Os solos dessa unidade são desenvolvidos com base em basaltos, profundos, moderamente drenados e possuem textura argilosa. Apresentam teores elevados de mat éria orgânica, em torno de 6,5 % na camada superficial. Também são fortemente ácidos, com ph em água variando de 4,3 no horizonte superficial a 5,0 no mais profundo (EMBRAPA, 1973). Para o levantamento de todos os indivíduos arbóreos com DAP 5 cm, foram estabelecidas oito parcelas de 10 x 100 m (1000 m 2 ), distribuídas de forma aleatória. Todos os indivíduos amostrados foram identificados pelo nome vulgar e tiveram anotados o DAP e a altura total, medidos respectivamente, com fita métrica e hipsômetro. De posse desses dados, estimaram-se o índice de diversidade de Shannon e os parâmetros estruturais

Análise florística e estrutural de um fragmento de Florest a Ombrófila Mista Montana,... 31 para a descriçã o da estrutura horizontal da comunidade os quais se encontram definidos nos trabalhos de Lamprecht (1964), Matteucci e Colma (1982) e Kent e Coker (1992). Para a estimaçã o desses parâmetros, utilizou-se o Programa Fitopac 1 (Shepherd, 1994). Todas as espécies amostradas no estudo tiveram seu material vegetativo colet ado e, quando possível, o material reprodutivo, para serem submetidos aos processos de herboriza çã o, seguindo as recomendações do IBGE (1992). O material herborizado foi identificado com o auxílio de especialistas e das coleções do Herbário da Universidade Federal de Santa Maria. RESULTADOS E DISCUSSÃ O Ao analisar a Figura 2, observa-se que as parcelas amostradas foram suficientes para representar a composiçã o florística da área estudada. Na sexta parcela, ou seja 6.000 m 2 da área amostral, inicia-se uma tendê ncia à estabilizaçã o do número de espécies o que caracteriza a área mínima de amostragem, indicando que a maioria das espécies foram amostradas. Resultados semelhantes foram encontrados por Longhi (1980) no município de Sã o Joã o do Triunfo PR, obtendo 0,6 e 1 ha de área mínima para amostrar as árvores com DAP 20 cm. Número de espécies 40 35 30 25 20 15 10 5 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 Á rea amostrada (m 2 ) FIGURA 2: Curva do número de espécies/área para verificaçã o da suficiê ncia amostral de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista, situado em Criúva RS. Foram mensurados 673 indivíduos com DAP 5 cm na floresta em estudo. No total, foram encontradas 37 espécies, distribuídas em 32 gêneros e 22 famílias. Resultados semelhantes foram encontrados por Negrelle e Silva (1992), numa Floresta Ombr ófila Mista, situada no município de Caçador SC onde verificaram a presença de 43 espécies arbóreas com DAP 5 cm, distribuídas em 28 famílias e 39 gê neros. Na Tabela 1, estã o relacionadas as espécies encontradas em ordem alfabética de famílias e gê neros, seguidas dos nomes vulgares. O valor estimado do índice de diversidade de Shannon foi de 2,768. TABELA 1: Relaçã o das espécies arbóreas com DAP 5 cm amostradas em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, localizado em Criúva RS. As espécies estã o listadas por ordem alfabética das famílias e gê neros. Família/Nome Científico Anacardiaceae Lithraea brasiliensis (L.) Marchand Annonaceae Rollinia emarginata Schltdl. Aquifoliaceae Ilex brevicuspis Reisseck Araucariaceae Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze Nome Vulgar Aroeira-braba, bugreiro Araticum Caúna, caúna-da-serra Aaucária, pinheiro-brasileiro Continua...

32 Neto, R.M.R. et al. TABELA 1: Continuaçã o... Família/Nome Científico Asteraceae Dasyphyllum spinescens (Leiss.) Cabrera Vernonia discolor (Spreng.) Less. Bignoniaceae Tabebuia alba (Cham.) Sandw. Cyatheaceae Alsophila sp. Euphorbiaceae Sapium glandulosum (L.) Morong Sebastiania commersoniana (Baillon) Smith & Downs Fabaceae Machaerium stipitatum (DC.) Vogel Flacourtiaceae Banara parviflora (Gray) Bentham Lauraceae Nectandra lanceolata Nees et Mart. ex Nees Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Ocotea pulchella (A. Rich.)Ness Meliaceae Cedrela fissilis Vell. Myrtaceae Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg Compomanesia xanthocarpa O. Berg Eugenia involucrata DC. Eugenia pyriformis Cambess. Myrcia bombycina (O. Berg) Kiaerskou Myrcia sp. Myrcianthes gigantea (D. Legrand) D. Legrand Myrcianthes pungens (O. Berg.) D. Legrand Siphoneugena reitzii D. Legrand Myrsinaceae Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. Proteaceae Roupala brasiliensis Klotzsch Rhamnaceae Scutia buxifolia Reissek Rosaceae Prunus sellowii Koehne Rutaceae Zanthoxylum fagara (L.) Sargent Zanthoxylum rhoifolium Lam. Sapindaceae Allophylus guaraniticus Cambess. Cupania vernalis Cambess. Matayba elaeagnoides Radlk. Solanaceae Cestrum calycinum Willd. Styracaceae Styrax leprosus Hook et Arnott Symplocaceae Symplocos uniflora (Pohl) Bentham Nome Vulgar Açucará, sucará Vassourã o-preto Ipê -ouro, ipê -branco, ipê -da-serra Xaxim, feto arborescente Leiteiro, pau-leiteiro Branquilho, branquinho, capixaba Farinha-seca, Meleiro-do-mato Guaçatunga-preta Canela-amarela Canela-preta Canela-lageana Cedro Murta, cambuí, piúna Guabirobeira-do-mato Cereja, cerejeira-do-mato Jaboticaba-do-campo, uvaia Guamirim, guamirim-do-campo Guamirim-branco Araçá, araçá-do-mato Guabiju, guabiraguaçu Camboim, cambuim Capororoca Carvalho, carvalho-do-brasil Coronilho, Curunio Pessegueiro-do-mato Cüentrilho Mamica-de-cadela Vacum, fruto-de-pombo Camboata-vermelho Camboatá-branco Coerana Carne-de-vaca, maria-mole Sete-sangria, caujuja

Análise florística e estrutural de um fragmento de Florest a Ombrófila Mista Montana,... 33 As cinco famílias que apresentaram maior porcentagem de indivíduos mensurados nessa comunidade foram: Araucariaceae (32,24 %), Myrsinaceae (24,37%), Euphorbiaceae (8,32%), Anacardiaceae (6,09%) e Rutaceae (6,83%). Essas famílias representaram 77,85% do número total de indivíduos amostrados. Dentre as famílias com maior riqueza de espécies destacaram-se: Myrtaceae (9), Lauraceae e Sapindaceae (3), Asteraceae e Rutaceae (2). Por outro lado, 16 fam ílias, isto é, 72,73% do número total, foram representadas por uma única espécie. Conforme mostra a Figura 3, a distribuiçã o diamétrica da floresta seguiu uma distribuiçã o regular, típico de florestas multietâneas onde o número de indivíduos diminui à medida em que se aumentam as classes de diâmetro. Cerca de 70% dos indivíduos amostrados possuem DAP 25 cm e o DAP médio da comunidade arbórea é igual a 24,01 cm. Para Longhi (1980), esse tipo de distribuiçã o garante que o processo dinâmico da floresta se perpetue, pois a súbita ausê ncia de indivíduos dominantes dará lugar para as chamadas arvores de reposiçã o. 300 Número de indivíduos - 250 200 150 100 50 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Centro de classe de diâ metro (cm) FIGURA 3: Distribuiçã o do número de indivíduos arbóreos com DAP 5 cm por classes de diâmetro, amostrados em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, em Criúva RS. Na Figura 4, nota-se que a maioria dos indivíduos amostrados, cerca de 68,20%, pertence a um intervalo de classe de altura de 5,50 a 10,50 m, enquanto 26,75% deles ficaram entre 10,50 e 17,50 m, sendo que a altura média da comunidade é de 9,34 m. A comunidade caracterizava-se por indivíduos de Araucaria angustifolia ultrapassando o dossel da floresta e bem-distribuídos por toda a área do fragmento. A formaçã o florestal em estudo se caracteriza pela ocorrê ncia de Araucaria angustifolia dominando o dossel, com cerca de 841,25 indivíduos/ha e o sub-bosque com predomínio de diversas espécies pertencentes às famílias Lauraceae e Myrtaceae. No município de São Joã o do Triunfo PR, Sanquetta e Dalla-Corte (1998) encontraram 579 indivíduos/ha com DAP 10 cm em uma floresta parcialmente alterada por incê ndio, sendo a Araucaria angustifolia a espécie mais abundante com 143 indivíduos/ha. Referente ao trabalho supracitado, acredita-se que a amostragem de árvores com maior diâmetro foi decisiva para se obter menor densidade de indivíduos, pois a área amostral foi superior (1 ha). 120 Número de indivíduos 100 80 60 40 20-1 3 5 7 9 11 13 15 17 Centro de classe de altura (m) FIGURA 4: Distribuiçã o do número de indivíduos arbóreos com DAP 5 cm por classes de altura, amostrados em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, em Criúva RS.

34 Neto, R.M.R. et al. Como pode ser observado na Tabela 2, as espécies Araucaria angustifolia, Lithraea brasiliensis, Zanthoxylum rhoifolium e Blepharocalyx salicifolius estiveram presentes em todas as unidade amostrais; portanto, são as espécies mais freqüentes da comunidade. Segundo Durigan e Leitã o-filho (1995) e Carvalho (1994), as trê s primeiras espécies exigem luz direta para se desenvolverem e a última cresce à sombra e, quando atinge o estrato superior da floresta, comporta-se como heliófita. Portanto, acredita-se que as intervenções antrópicas realizadas no passado no fragmento de floresta foram decisivas para a expans ã o espacial e desenvolvimento dessas espécies. TABELA 2: Relaçã o das espécies arbóreas com DAP 5 cm amostradas num fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, em Criúva RS. Espécie n p h AB FA DoA DA FR DoR DR VI Araucaria angustifolia 217 8 13,40 325,9670 100,00 407,46 271,30 5,13 73,35 32,24 36,91 Lithraea brasiliensis 41 8 8,10 14,2500 100,00 17,81 51,30 5,13 3,21 6,09 4,81 Sebastiania commersoniana 43 7 8,10 11,5170 87,50 14,40 53,80 4,49 2,59 6,39 4,49 Zanthoxylum rhoifolium 39 8 6,50 0,5635 100,00 0,70 48,80 5,13 1,27 5,79 4,06 Myrcia sp. 38 6 6,20 0,7470 75,00 0,93 47,50 3,85 1,68 5,65 3,72 Banara parviflora 35 7 7,30 0,6591 87,50 0,82 43,80 4,49 1,48 5,20 3,72 Myrcia bombycina 33 6 6,60 0,4652 75,00 0,58 41,30 3,85 1,05 4,90 3,27 Blepharocalyx salicifolius 22 8 8,20 0,4515 100,00 0,56 27,50 5,13 1,02 3,27 3,14 Nectandra megapotamica 16 7 8,20 0,5341 87,50 0,67 20,00 4,49 1,20 2,38 2,69 Sapium glandulosum 13 7 10,20 0,7161 87,50 0,90 16,30 4,49 1,61 1,93 2,68 Compomanesia xanthocarpa 21 5 8,30 0,7236 62,50 0,90 26,30 3,21 1,63 3,12 2,65 Symplocos uniflora 15 6 6,70 0,2894 75,00 0,36 18,80 3,85 0,65 2,23 2,24 Dasyphyllum spinescens 12 5 7,90 0,4568 62,50 0,57 15,00 3,21 1,03 1,78 2,01 Ilex brevicuspis 9 5 8,70 0,4847 62,50 0,61 11,30 3,21 1,09 1,34 1,88 Siphoneugena reitzii 13 5 5,70 0,1610 62,50 0,20 16,30 3,21 0,36 1,93 1,83 Eugenia involucrata 12 4 7,10 0,4690 50,00 0,59 15,00 2,56 1,06 1,78 1,80 Myrcianthes pungens 10 5 7,00 0,1708 62,50 0,21 12,50 3,21 0,38 1,49 1,69 Allophyllus guaraniticus 8 5 6,30 0,1842 62,50 0,23 10,00 3,21 0,41 1,19 1,60 Scutia buxifolia 8 5 6,60 0,1099 62,50 0,14 10,00 3,21 0,25 1,19 1,55 Eugenia pyriformis 6 4 8,00 0,1272 50,00 0,16 7,50 2,56 0,29 0,89 1,25 Nectandra lanceolata 4 3 9,80 0,5436 37,50 0,68 5,00 1,92 1,22 0,59 1,25 Styrax leprosus 4 4 8,80 0,1509 50,00 0,19 5,00 2,56 0,34 0,59 1,17 Zanthoxylum fagara 7 3 6,60 0,1092 37,50 0,14 8,80 1,92 0,25 1,04 1,07 Rollinia emarginata 7 3 6,20 0,0757 37,50 0,09 8,80 1,92 0,17 1,04 1,04 Myrcianthes gigantea 4 3 6,60 0,0893 37,50 0,11 5,00 1,92 0,20 0,59 0,91 Myrsine coriacea 5 2 8,00 0,2212 25,00 0,28 6,30 1,28 0,50 0,74 0,84 Tabebuia alba 5 2 8,40 0,1274 25,00 0,16 6,30 1,28 0,29 0,74 0,77 Ocotea pulchella 4 2 7,30 0,1352 25,00 0,17 5,00 1,28 0,30 0,59 0,73 Vernonia discolor 3 2 8,80 0,0678 25,00 0,08 3,80 1,28 0,15 0,45 0,63 Cupania vernalis 2 2 8,80 0,0664 25,00 0,08 2,50 1,28 0,15 0,30 0,58 Prunus sellowii 2 2 7,30 0,0509 25,00 0,06 2,50 1,28 0,11 0,30 0,56 Machaerium stipitatum 2 2 7,50 0,0489 25,00 0,06 2,50 1,28 0,11 0,30 0,56 Roupala brasiliensis 4 1 8,80 0,1368 12,50 0,17 5,00 0,64 0,31 0,59 0,51 Cestrum calycinum 4 1 6,80 0,0561 12,50 0,07 5,00 0,64 0,13 0,59 0,45 Alsophila sp. 2 1 2,30 0,0298 12,50 0,04 2,50 0,64 0,07 0,30 0,34 Cedrela fissilis 2 1 5,30 0,0201 12,50 0,03 2,50 0,64 0,05 0,30 0,33 Matayba elaeagnoides 1 1 7,50 0,0232 12,50 0,03 1,30 0,64 0,05 0,15 0,28 Em que: com seus respectivos parâmetros estruturais: n = número de indivíduos; p = número de parcelas em que ocorre; h = altura média (m); AB = área basal (m 2 ); FA = freqüê ncia absoluta (%); DoA = dominância absoluta (m 2 /ha); DA = densidade absoluta (indivíduos/ha); FR = freqüê ncia relativa (%); DoR = dominância relativa (%); DR = densidade relativa (%) e VI = valor de importância (%). Considerando todos os indivíduos arbóreos com DAP 5 cm amostrados, a área basal média

Análise florística e estrutural de um fragmento de Florest a Ombrófila Mista Montana,... 35 estimada foi de 45,01 m 2. Em uma floresta intensamente explorada há algumas décadas, localizada em Colombo PR, Oliveira e Rotta (1982) encontraram uma área basal média inferior (30,40 m 2 ), mensurando árvores como o mesmo diâmetro deste estudo. A Araucaria angustifolia contribuiu com cerda de 91,29 % da área basal total, pois, além de apresentar maior porte que as demais espécies, também é bastante abundante. As dez espécies, que merecem destaque quanto ao maior número de indivíduo por hectare amostrados, foram respectivamente: Araucaria angustifolia (271,30), Sebastiana commersoniana (53,80), Lithraea brasiliensis (51,30), Zanthoxylum rhoifolium (48,50), Myrcia sp. (47,50), Banara parviflora (43,80), Myrcia bombycina (41,30), Blepharocalyx salicifolius (27,50), Compomanesia xanthocarpa (26,30) e Nectandra megapotamica (20,00). Tais espécies contribuíram com 93,80% do número total de árvores inventariadas, sendo que a Araucaria angustifolia participou com 32,24%. Em uma floresta secundária situada em Irati PR, Machado (1991) obtiveram valores inferiores, a Araucaria angustifolia participou com 18,70% do número total de arvores amostradas, fato provavelmente por causa da amostragem de indivíduos com DAP acima de 19 cm. A Figura 5 mostra as dez espécies que apresentaram os maiores valores do valor de importância, cujas espécies são também as mesmas mais abundantes, excetuando-se Compomanesia xanthocarpa e acrescentando Sapium glandulosum que, juntas, contribuíram com 72,14% do VI total. A dominância foi o parâmetro que contribuiu para que a Araucaria angustifolia fosse a espécie de maior valor de importância e representasse 36,91% do VI total. As demais espécies tiveram uma participaçã o mais regular dos trê s parâmetros estruturais que compõem o valor de importância. Sapium glandulosum Nectandra megapotamica Blepharocalyx salicifolius Myrcia bombycina FR DoR DR Banara parviflora Myrcia sp. Zanthoxylum rhoifolium Sebastiana commersoniana Lithraea brasiliensis Araucaria angustifolia 0 20 40 60 80 100 120 Valor de importâ ncia (VI) FIGURA 5: Distribuiçã o do valor de importância (VI) das dez principais espécies arbóreas de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, situado no município de Criúva RS. As espécies em cada estrato estã o dispostas em ordem decrescente do valor do VI, em %, que está representado pelos trê s parâmetros estruturais que o compõem, sendo: FR = freqüê ncia relativa, DR = Densidade relativa e DoR = Dominância relativa. CONCLUSÕ ES Por meio do estudo do fragmento de Floresta Ombrófila Mista Montana, pode-se verificar a existê ncia de uma considerável diversidade florística de espécies arbóreas, apesar das perturbações sofridas no passado. Portanto, acredita-se que essa vegetaçã o atinja as características florísticas e estruturais próximas às da vegetaçã o original futuramente de forma natural. Para tanto, é preciso evitar a presença de bovinos e eqüinos na área e explorações da floresta, a fim de facilitar a regeneraçã o natural e proporcionar condições para que a dinâmica da floresta ocorra de forma mais natural poss ível.

36 Neto, R.M.R. et al. REFERÊ NCIAS BIBLIOGRÁ FICAS CARVALHO, P.E.R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Colombo: EMBRAPA-CNPF; Brasília: EMBRAPA-SPI, 1994. p.70-78. DURIGAN, M.E. Florística, dinâmica e análise proteica de uma Floresta Ombró fila Mista em São João do Triunfo - PR. 1999. 125p. Dissertaçã o (Mestrado em Engenharia Florestal) Universidade Federal do Paraná, Curitiba. DURIGAN, G.; LEITÃO-FILHO, H. de F. Florística e fitossociologia de matas ciliares do oeste paulista. Rev. Inst. Florestal, Sã o Paulo, v.7, n. 2, p.197-239, 1995. EMBRAPA. Levantamento de reconhecimento dos solos do Estado do Rio Grande do Sul. Recife: Ministério da Agricultura, 1973. 431p. (Boletim Técnico, 30). GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y.S.; RODERJAN, C.V. Levantamento fitossociológico das principais associações arbóreas da Floresta Nacional de Irati - PR. Rev. Floresta, Curitiba, n.1/2, p.30-49, 1989. IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 1992. 132p. JARENKOW, J. A.; BAPTISTA, L.R.M. Composiçã o florística e estrutura da Mata com Araucária na Estaçã o Ecológica de Aracuri, Esmeralda, RS. Napaea, n.3, p.9-18, 1987. KENT, M.; COKER, P. Vegetation description and analysis: a practical approach. London: Blackwell, 1992. 363p. KOHLER, A.; PÉLLICO-NETTO, S.; SANQUETTA, C.R. Análise da estrutura de uma Floresta Ombrófila Mista semidevastada, fazenda Gralha Azul, regiã o metropolitana de Curitiba, com implicações ao manejo. Rev. Acadêmica, Curitiba, n.1, p.37-60, 1998. LAMPRECHT, H. Ensayo sobre la estrutura flotistica de la parte sur - oriental del bosque universitario El Caimital, Estado Barinas. Rev. For. Venezolana, Mérida, v.7, n.10/11, p.77-119, 1964. LEITE, P.F.; KLEIN, R.M. Vegetaçã o. In: IBGE. Geografia do Brasil: Regiã o Sul. Rio de Janeiro, 1990. p.113-150. LONGHI, S.J. A estrutura de uma floresta natural de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze, no sul do Brasil. 1980. 198p. Dissertaçã o (Mestrado em Engenharia Florestal) Universidade Federal do Paraná, Curitiba. MACHADO, S. do A.; HOSOKAWA, R.T.; SILVA, J.C.G.L. da; BRANCO, E.F. Estrutura de uma floresta secundária do segundo planalto paranaense. In: CONGRESSO FLORESTAL E DO MEIO AMBIENTE DO PARANÁ, 3., 1988, Curitiba. Anais... Curitiba: APRE/APEF/Governo do Estado do Paraná, 1988. p.153-168. MATTEUCCI, S. D.; COLMA, A. Metodologia para el estudio de la vegetacíon. Washington: The General Secretarial of the Organization of American States, 1982. 167p. (Série Biologia - Monografia, 22). MORENO, J.A. Clima do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria de Agricultura, 1961. 42p. NEGRELLE, R.A.B.; SILVA, F.C. da. Fitossociologia de um trecho de floresta com Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. no município de Caçador - SC. Bol. Pesq. Florestal, Colombo, n.24/25, p.37-54, 1992. OLIVEIRA, Y,M.M.; ROTTA, E. Levantamento da estrutura horizontal de uma mata de araucária no primeiro planalto paranaense. Bol. Pesq. Florestal, Colombo, n.4, p.1-45, 1982. ROSEIRA, D.S. Composiçã o florística e estrutura fitossociológica do bosque com Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze no Parque Estadual João Paulo II, Curitiba, Paraná. 1990. 111p. Dissertaçã o (Mestrado em Ciê ncias Biológicas) Universidade Federal do Paraná, Curitiba. SANQUETTA, C.R.; DALLA-CORTE, S. Composiçã o florística, estrutura e dinâmica de um fragmento florestal com Araucaria angustifolia no sudoeste paranaense. Rev. Acadêmica, Curitiba, n.1, p.3-28, 1998. SHEPHERD, G.J. FITOPAC 1: manual do usuário. Campinas: UNICAMP, Departamento de Botânica,

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