LIMITES DE UM PRODUTO CHAMADO TURISMO

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Transcrição:

10 e 11 de setembro de 2004 LIMITES DE UM PRODUTO CHAMADO TURISMO Maria Mônica Pereira Genta Resumo: A partir dos anos 80, devido à significativa participação que o turismo começa a ter na economia dos países, como importante atividade na geração de divisas, surge a necessidade de medir com maior rigor o conjunto dos impactos econômicos do turismo na atividade econômica geral e identificar a função turismo na Contabilidade Nacional. Com esta preocupação, em março de 2000, é aprovado pela Comissão de Estatística das Nações Unidas (CENU), o desenho metodológico da Conta Satélite do Turismo (CST), proposto pela Organização Mundial do Turismo, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Escritório Estatístico das Comunidades Européias (Eurostat). A CST surge como um novo instrumento estatístico desenvolvido para quantificar o consumo do visitante de bens e serviços turísticos, de acordo com normas internacionais sobre conceitos, classificações e definições, que permitirá medir o turismo nas Contas Nacionais do país dentro dos padrões estabelecidos pela OMT e estabelecer comparações válidas com outras indústrias, entre um país e outro, entre grupos de países e com outras estatísticas econômicas internacionalmente reconhecidas. A importância da CST é analisar detalhadamente os componentes da demanda de bens e serviços que estão associados ao turismo dentro de uma economia e estudar a sua confrontação com a oferta desses bens e serviços. A CST consiste na composição de dez quadros, padronizados, desenvolvidos a partir do Sistema de Contas Nacionais (SCN), conforme base às Atividades Características do Turismo (ACT). A disposição sob a forma de quadros organizados, baseados em um conjunto de definições e classificações, permite a visualização de toda a grandeza do turismo e das divisas geradas por este. Este conjunto de quadros constitui o núcleo central para efetuar as comparações internacionais dos impactos econômicos do turismo entre as economias. Palavras chave: Conta Satélite do Turismo, Consumo Turístico, Oferta e Demanda Turística, Impactos Econômicos do Turismo. INTRODUÇÃO As notícias do site do Ministério do Turismo anunciam: O turismo é hoje um dos principais pólos de atividades econômicas do século XXI. É um fenômeno complexo e em crescimento. Em 2002, 715 milhões de pessoas viajaram de um país para outro, movimentando a

2 cifra de US$ 495 bilhões. Mais que uma atividade de prestação de serviços, o turismo é um negócio que responde por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, equivalente a US$ 4 trilhões. Para cada 10 postos de trabalho no mundo, um pertence ao turismo, envolvendo 200 milhões de empregos, atingindo outras centenas de milhões de pessoas. Lemos (1999, p. 9) afirma que o turismo no Brasil é cada vez mais entendido como uma atividade econômica, que vem crescendo nos últimos anos, em média, 3,5%, contribuindo com 7% para a formação do Produto Nacional Bruto (PNB) brasileiro no ano de 2000. Segundo o Instituto Brasileiro de Turismo (EMRATUR), o total de turistas internacionais que visitaram o Brasil nesse mesmo ano, foi de 3.313.463, implicando um ingresso de divisas de US$ 4,23 bilhões. Estudo da World Travel & Tourism Council (WTTC), mostrou que naquele ano foram gerados 5,3 milhões de empregos decorrentes da atividade turística, representando 7,4 % do total da população ocupada no território nacional. Os números também não deixam dúvidas quanto ao crescimento do setor na América do Sul. Dados da Organização Mundial do Turismo (OMT) indicam que, somente os países membros do MERCOSUL, mais Chile e Bolívia, registraram em 2001, 11,6 milhões de desembarques internacionais, sendo que o Brasil foi o responsável por 40% desse total. Parece que o turismo começa a despontar como um fenômeno importante dentro das estatísticas econômicas de um país, e a relevância dos números aqui apresentados mostram isso. Mas afinal, alguém já parou para pensar como o turismo é mensurado dentro da economia de um país? Quais são as fórmulas para chegar a esses números? Há uma metodologia específica para quantificar este produto chamado turismo? Quais são as variáveis que compõem este fenômeno? A proposta deste artigo é explicar ao leitor, de forma simplificada, e sem entrar nas profundezas da complexidade da economia nacional, como é o processo de medição do consumo turístico. O desafio está lançado! UM MODELO DE ANÁLISE A partir dos anos 80, devido à significativa participação que o turismo começa a ter na economia dos países, como importante atividade na geração de divisas, surge a necessidade de 2

3 medir com maior rigor o conjunto dos impactos econômicos do turismo na atividade econômica geral e identificar a função turismo na Contabilidade Nacional. Com esta preocupação, em março de 2000, é aprovado pela Comissão de Estatística das Nações Unidas (CENU), o desenho metodológico da Conta Satélite do Turismo (CST), proposto pela OMT, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Escritório Estatístico das Comunidades Européias (Eurostat). Mas por que Conta Satélite? Uma Conta Satélite é uma noção desenvolvida pelas Nações Unidas para medir as dimensões de setores econômicos que não se definem como indústrias nas Contas Nacionais. Serve como instrumento de coordenação estatístico sobre muitas informações dispersas relativas a atividades de caráter horizontal e pode ter como objetivo melhorar as estimativas de algumas rubricas da Contas Nacionais. O turismo se insere neste contexto por tratar-se de uma fusão de indústrias, tais como transporte, hospedagem, serviços de alimentação, atividades recreativas e entretenimento e agências de viagens. Assim a CST surge como um novo instrumento estatístico desenvolvido para quantificar o consumo do visitante de bens e serviços turísticos, de acordo com normas internacionais sobre conceitos, classificações e definições, que permitirá medir o turismo nas Contas Nacionais do país dentro dos padrões estabelecidos pela OMT e estabelecer comparações válidas com outras indústrias, entre um país e outro, entre grupos de países e com outras estatísticas econômicas internacionalmente reconhecidas. Constitui o início da unificação e organização dos dados estatísticos e a padronização de conceitos e classificações do turismo. O objetivo final desta ferramenta é a exatidão, credibilidade, confiabilidade e comparabilidade do sistema econômico turístico, melhor compreender o seu papel na economia de um país em termos de valor agregado, emprego receitas públicas e investimentos e, conseqüentemente, fornecer aos agentes econômicos informações sólidas e fidedignas, essenciais às suas decisões de políticas e investimentos, a fim de assegurar a estabilidade e a eficiência dos negócios das empresas e a qualidade na prestação de serviços aos turistas. 3

4 As conclusões da Conferência de Vancouver (maio 2001) reconhecem que a CST é o padrão internacional para medir os efeitos econômicos diretos do turismo numa economia em relação ao de outros ramos de atividade e outras economias. Anterior a CST, as estatísticas sobre o turismo limitavam-se a dados sobre o número de viajantes, as suas características sócio-econômicas, as suas nacionalidades e/ou seus países de residências, a duração das estadias, o objetivo da visita, tipo de alojamento, a capacidade hoteleira, as taxas de ocupação hoteleira e a existência de centros de lazer para visitantes. CONCEITOS BÁSICOS NA FORMULAÇÃO DA CST A importância da CST é analisar detalhadamente os componentes da demanda de bens e serviços que estão associados ao turismo dentro de uma economia e estudar a sua confrontação com a oferta desses bens e serviços. Entretanto, é imprescindível conhecer antes alguns conceitos básicos, para depois poder entender como vai ser medido e apresentado o confronto mencionado na CST. É necessário definir primeiro quem é o visitante que é o principal responsável pela atividade do turismo e provoca a sua existência. Visitantes são as pessoas que se deslocam de um lugar distinto do seu entorno habitual por um período de tempo inferior a doze meses, cuja finalidade principal de viagem não seja exercer uma atividade remunerada no local visitado (OMT). Eles podem ser internacionais, cujo país de residência é diferente do país visitado, e internos, cujo país de residência é o país visitado. Componentes da demanda Consumo Turístico: Gasto total de consumo efetuado por um visitante ou por conta de um visitante para e durante sua viagem e estada no lugar de destino (OMT). Onde acontece o Consumo Turístico? Consumo Turístico Interno: Efetuado por visitantes residentes como resultado de suas viagens em seu próprio país de residência; Consumo Turístico Emissor: Efetuado por residentes como resultado de suas viagens a países diferentes do que residem; Consumo Turístico Receptor: Efetuado pelos visitantes não residentes; 4

5 Consumo Turístico Interior: Engloba todo o gasto efetuado por residentes ou não residentes no país receptivo; Consumo Turístico Interior = C.T Interno + C.T Receptor Consumo Interior Turístico: É o somatório do C.T Interior mais os gastos do C.T Emissor no país de origem (antes e depois); Consumo Turístico Nacional: Engloba todo o consumo dos residentes, independentemente do destino; C.T Nacional = C.T Interno + C.T Emissor Consumo Turístico Internacional: C.T Receptor + C.T Emissor. Componentes da oferta Pode ser definida como uma quantidade de bens e serviços que as empresas são capazes de oferecer a um determinado preço, em um determinado tempo. O primeiro passo consiste em definir os bens e serviços que são específicos deste campo, os quais estão divididos em: Produtos Característicos: Aqueles que com a ausência do turismo deixariam de existir em quantidade significativa ou seu consumo se reduz significativamente. Os escolhidos pela OMT para fins de comparações internacionais são: Alojamento; Serviços de Alimentação; Transporte de Passageiros; Agências de Viagens, Operadoras e Guias Turísticos; Aluguel de Veículos; Serviços Culturais, de Recreação e de Lazer. Produtos Conexos: Consumidos pelos visitantes em quantidades significativas, mas que não são típicos nem exclusivos. Trata-se de serviços não imediatamente reconhecidos como característicos, mas que apresentam relação com as atividades (táxis, souvenires, artesanato e restaurantes). São os utilizados simultaneamente pela população residente. Atividades Turísticas 5

6 É a produção de bens e serviços característicos do turismo. Desta forma, as atividades conexas podem se identificar como aquelas que produzem os bens e serviços conexos. Ramos de Atividades É uma unidade de produção na qual se realiza uma única atividade produtiva ou grupos de estabelecimentos dedicados à mesma classe de atividade produtiva característica do turismo. Valor Adicionado Mede a importância econômica de uma atividade produtiva e assegura que a contagem não aconteça em duplicidade. Na CST se adota o valor agregado bruto. V.A Bruto = V. Produção - V. Consumo Intermediário Emprego É uma variável importante na análise econômica das atividades produtivas, principalmente no turismo. Os três indicadores de avaliação do emprego são: 1. Número de Postos de Trabalho: Determinado pelo contrato de trabalho em troca de remuneração; 2. Horas Trabalhadas: Horas efetivamente trabalhadas ao ano em postos de trabalho; 3. Emprego Equivalente ao Turno Completo: total de número de horas trabalhadas dividido pela média anual de horas trabalhadas nos postos de trabalho em turno completo. Formação Bruta do Capital Fixo (FBK) Componente importante o qual descreve com antecipação a oferta turística. Ele identifica a FBK Fixo Turístico através da lista dos produtos específicos e a FBK Fixo dos ativos tangíveis produzidos pelos ramos de atividade turística. No caso do turismo é especial porque a existência de uma infra-estrutura básica no seu desenvolvimento (alojamento, lazer), determina a natureza e intensidade dos fluxos dos visitantes. Ativos Fixos Específicos do Turismo: Hotéis, ferrovias turísticas. Ativos Fixos não Específicos do Turismo: Informática em hotéis. Infra-estrutura pública: Aeroportos, rodovias. 6

7 COMPOSIÇÃO DA CST A CST consiste na composição de dez quadros, padronizados, desenvolvidos a partir do Sistema de Contas Nacionais (SCN), conforme base às Atividades Características do Turismo (ACT). A disposição sob a forma de quadros organizados, baseados em um conjunto de definições e classificações, permite a visualização de toda a grandeza do turismo e das divisas geradas por este. Este conjunto de quadros constitui o núcleo central para efetuar as comparações internacionais dos impactos econômicos do turismo entre as economias. Quadro 1 - Consumo do Turismo Receptor por Produto; Quadro 2 - Consumo do Turismo Interno por Produto; Quadro 3 - Consumo do Turismo Emissor por Produto; Os quadros 1 a 3 consideram a desagregação dos valores bruto e líquido dos pacotes de viagem. Descrevem o consumo turístico, limitado às transações monetárias, para cada forma de turismo, por categorias de produto e concernentes ao turismo receptivo, interno e emissor, respectivamente. Quadro 4 a e 4 b - Componentes Monetários e não Monetários do Consumo por Produtos e Tipos de Turismo: fornecem a relação entre a oferta e o consumo e uma avaliação global do consumo turístico por produto. Quadro 5 - Contas de Produção do Setor Turístico: serão determinadas pelo grau de desagregação das atividades produtivas dentro e fora do turismo e dos componentes do valor adicionado, com destaque para as atividades e produtos turísticos. Quadro 6 - Oferta e Consumo Turístico de Serviços por Produtos: calcula o valor adicionado e o PIB Turístico, tendo-se as aferições de oferta e consumo. Quadro 7 Emprego do Setor Turístico: Mede o número de pessoas ocupadas. Considera a sazonalidade e a variedade das condições de trabalho. Quadro 8 Formação Bruta de Capital Fixo: considerados os ativos fixos específicos (hotéis, ferrovias turísticas), não específicos do turismo (informática em hotéis) e infra-estrutura pública (aeroportos, rodovias). Quadro 9 - Consumo Coletivo Turístico: adotados os critérios para avaliação dos serviços turísticos não mercantis, como estatísticas e informações básicas sobre o turismo, administração 7

8 dos postos de informações turísticas, controle e regulamentação de estabelecimentos e controles específicos de alfândega (vistos). Quadro 10 - Indicadores não Monetários: número de chegadas e saídas, tempo de permanência, tipos de alojamento, meios de transporte e número de estabelecimentos ligados às atividades turísticas. Como já mencionamos anteriormente, a medição ocorrerá com base nas Atividades Características do Turismo (ACT), entretanto cada atividade deverá respeitar a Classificação Internacional Uniforme das Atividades Turísticas (CIUAT) para efeitos de comparabilidade internacional. A seguir apresentamos algumas das atividades dedicadas exclusivamente ao turismo, classificadas na CIUAT para cada uma das doze ACT provisórias utilizadas nos quadros da CST. 1. Hotéis e outros serviços de alojamento Hotéis, acampamentos e outros estabelecimentos de alojamento comercial; 2. Serviços de residência secundaria por conta própria ou gratuita Compra ou venda de bens turísticos ou arrendados com opção de compra; 3. Serviços de Alimentação Restaurantes, bares, cantinas, cafés e outros lugares de consumo; Observação: Só em parte estão dedicados ao turismo 4. Serviços de transporte ferroviário Serviços interurbanos de passageiros por via ferroviária e serviços de excursões em trens especiais; 5. Serviços de transporte rodoviário Serviços de ônibus de turismo interurbanos e longo percurso e, em parte, também se incluem os serviços de transporte local, metropolitano e taxis; 6. Serviços de transporte marítimo Barcos de cruzeiros, aluguel de embarcações com tripulação e transporte de passageiros com alojamento; 7. Serviços de transporte aéreo Transporte regular de passageiros via aérea, aluguel de aeronaves com tripulação; 8. Serviços de apoio ao transporte de passageiros Outra atividades de transporte terrestre, aéreo e marítimo complementarias. 8

9 9. Aluguel de veículos Aluguel de veículos, motocicletas e veículos recreativos 10. Agências de viagens Agências de viagens, operadoras e guias turísticos 11. Serviços culturais Museus, lugares e edifícios históricos, jardins botânicos e zoológicos e parques nacionais. Observação: Só em parte estão dedicados ao turismo. 12. Serviços esportivos e outros serviços de lazer Atividades teatrais, musicais e outras atividades artísticas, atividades relacionadas com a caça e pesca praticada como atividade recreativa e parques de atrações. FONTES DE DADOS Até agora vimos, o que é e para que serve a CST, como serão agrupados os dados dentro dos quadros e que atividades turísticas vamos medir. Só falta saber quais serão as fontes que irão fornecer os dados para depois compilar estas informações nos quadros e finalmente chegar à conclusão da medição. De acordo com o Manual Europeu de Implementação da CST, antes de tudo, tem que se verificar se as informações já estão disponíveis a partir de fontes de dados existentes. O instituto nacional de estatística de um país (em termos de Contas Nacionais), o Banco Central nacional (em termos de Balanço de Pagamentos) e a administração nacional do turismo (em termos de pesquisa relacionada ao turismo), são fontes prováveis de dados. FONTES DE DADOS NO BRASIL Por ser a CST uma proposta que permitirá medir o turismo nas Contas Nacionais do país, no Brasil o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é a primeira fonte de dados, já que é responsável pela elaboração das Contas Nacionais e dos principais indicadores dos níveis de atividades da economia brasileira. Contas Nacionais: Relevante fonte de dados para a CST, indicando os valores referenciais dos agregados nacionais. 9

10 Pesquisa Anual de Serviços (PAS): Também do IBGE, concluída em outubro de 2001, esta pesquisa envolve informações do conjunto de empresas prestadoras de todos os tipos de serviços constantes na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Pesquisa de Orçamento Familiar (POF): A pesquisa se baseia na classificação de 3.285 tipos de despesas e os recebimentos das famílias. Ela oferece um bom nível de detalhamento do consumo familiar. Pesquisa FIPE-EMBRATUR: Caracterização e Dimensionamento do Turismo Doméstico no Brasil 2001-2002. Refere-se à composição dos gastos do turismo doméstico, como alojamento, transportes, passeios turísticos, compras de souvenir. RESULTADO DA CST NO BRASIL A estimação foi realizada pela FIPE-EMBRATUR, com base nos dados de 1999. O conjunto de sete quadros da CST estimados para o Brasil, de acordo com a metodologia estabelecida pela OMT, permite a visualização dos principais resultados dos agregados do setor do turismo. PRINCIPAIS RESULTADOS - 1999 Estimativas de Consumo R$ 51,1 bilhões o que equivale a 8,5% do consumo total das famílias brasileiras e a 5,3% do PIB do país. Consumo turístico interno responsável por R$ 38,8 bilhões; Consumo turístico receptor atingiu R$ 3,9 bilhões; Consumo turístico emissor R$ 8,4 bilhões dos quais R$ 5,7 bilhões foram gastos no exterior. Estimativa em relação à Estrutura Produtiva das Atividades Responsável pela geração direta de renda de cerca de R$ 19,1 bilhões; Corresponde a 2% do PIB total do país; Destaque para o setor da alimentação com geração de cerca de 23% renda total; 10

11 Serviços de transporte aéreo e rodoviário com cerca de 18% e 17% respectivamente; Serviços de recreação, cultura e lazer com 8%. Em Relação ao Emprego Geração direta de mais de 1,6 milhões de pessoas empregada no país. A CST NO MUNDO Na panorâmica mundial, diversos países já estão desenvolvendo a sistemática da CST. Canadá (1994), Nova Zelândia, Austrália, Chile, França, Noruega, Suécia, Estados Unidos, República Dominicana e México. Ainda está em fase de consolidação na maioria dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em especial Austrália e Finlândia. Eric Alves do Ministério do Turismo informa que no MERCOSUL, recentemente, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, dia 24 de junho de 2003, na reunião de Ministros de Estado do Turismo do MERCOSUL, assumiram o compromisso de implementação da CST. Também participaram da reunião os vice-ministros do Peru e Bolívia. A elaboração da CST no Brasil, como mencionamos antes, segue a metodologia recomendada e padronizada pela OMT, para permitir a comparação dos resultados a níveis internacionais, sendo o IBGE, o responsável pela estruturação e início da coleta de dados. Os cinco estados que participam do projeto-piloto são: Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, Goiás e Pará. A definição dos locais levou em consideração três fatores: os que já são voltados para o turismo, os que fazem fronteiras com outros países ou os que não tem atrativos turísticos como praias e pontos históricos. CONCLUSÃO Desde uma perspectiva econômica, o maior interesse em conhecer as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens, está em analisar seus impactos sobre a oferta e a demanda de bens e serviços ao nível da atividade econômica geral. O ponto de partida para este enfoque é considerarmos a atividade do visitante como uma atividade de consumo. 11

12 A importância da CST está justamente relacionada ao fato de que faz possível separar e examinar a oferta e demanda turística dentro do Sistema de Contas Nacionais. Trata-se de um câmbio radical de enfoque e como conseqüência a informação necessária também é diferente da que dispomos atualmente, criando a necessidade de uma nova base de dados. Talvez por isto, se pense na CST como uma ferramenta no processo de tomada de decisão por parte dos agentes que operam no setor, uma vez que permitirá conhecer a contribuição do turismo na economia nacional, como se comportam as diferentes formas de turismo (emissor, receptor e interno) na economia, qual é o peso que a atividade turística exerce sobre a produção das indústrias características, conhecer quais indústrias se beneficiam, impostos arrecadados, melhor conhecimento do emprego gerado pelo turismo, entre outras variáveis. Num objetivo geral, a CST permite delimitar o conjunto de atividades econômicas que produzem bens e serviços para os turistas, e como isto, proporcionar elementos para apoiar os instrumentos da política turística e a tomada de decisão. Também descrever os fluxos monetários do turismo, o que permite ter a base para a análise da evolução e outros aspectos do turismo. 12

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: SENAC, 2001. FIPE - EMBRATUR. Conta Satélite do Turismo (CST). Brasil, 1999. EUROSTAT. Manual Europeu de Implementação da Conta Satélite do Turismo (CST). Projecto Final, Versão 1.0, 2000. INTRODUÇÃO À ECONOMIA. Disponível em: <www.embratur.gov.br>. LEMOS, Leandro de. Turismo: Que Negócio é Esse? Uma Análise Econômica do Turismo. São Paulo: Papirus, 1999. MERCOSUL ASSUME COMPROMISSOS PARA O TURISMO. Revista Viagem Aventura. Edição de junho de 2003. Disponível em: <www.viagemaventura.com.br>. OMT: Organização Mundial do Turismo. Cuenta Satélite de Turismo (CST), Cuadro Conceptual. Madrid, España, 1999. OMT: Organização Mundial do Turismo. Recommendations on Tourism Statistics. Séries M, N 83. New York: Nações Unidas, 2000. OMT: Organização Mundial do Turismo. La cuenta Satélite de Turismo: Un proyecto Estratégico para la Organización del Turismo. Madrid, España, 2000. SITUAÇÃO DAS ESTATÍSTICAS DO TURISMO A NÍVEL INTERNACIONAL. Disponível em: <www.observatorio-turismo.gov.pt>. TURISMO: UM MEGANEGÓCIO MUNDIAL. Revista Turismo. Edição de agosto de 2003. Disponível em: <www.revistaturismo.com.br>. TURISMO SERÁ ESTUDADO. Diário de Pernambuco. Edição de 1 de agosto de 2003. Disponível em: <www.pernambuco.com.br>. 13