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Transcrição:

NIQUELÂNDIA NIQUELÂNDIA Reforma ortográfica é tema de palestra Euclides Oliveira A Secretaria Municipal de Educação de Niquelândia, em parceria com a Editora Saraiva, ofertou na manhã e na tarde de quinta-feira (7), uma capacitação aos professores da rede municipal de ensino. Em pauta, o comentado e polêmico acordo ortográfico entre as oito nações que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). São elas: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. No Brasil, as modificações na grafia e na acentuação de cerca de 0,5% das palavras que utilizamos começou a ser aplicada em janeiro deste ano. Porém, há um prazo de três anos para essa adaptação: apenas em janeiro de 2012 é que essa a adequação poderá ser efetivamente cobrada em vestibulares e de concursos públicos, por exemplo. Até lá, o candidato que prestar essas provas não poderá ser punido com a perda de pontos pelo erro. Ou seja, a forma antiga e a nova de se escrever determinada palavra poderão caminhar juntas até 2012. Ideia" e assembleia são as

modificações mais comuns, mas a gramática anterior ( assembléia/idéia ) não poderá ser considerada como equívoco na escrita pelos próximos 32 meses. As informações são da professora Marlene Luzia de Queiroz Campos, de Goiânia, que atua como assessora pedagógica da Editora Saraiva para as regiões Norte e Centro-Oeste. No intervalo de sua palestra com os educadores de Niquelândia, na última semana, ela revelou ao Diário do Norte qual a maior dificuldade a ser superada: em linhas gerais, informou Marlene, os professores ficam em dúvida se basta aos mesmos o próprio entendimento das novas regras ou se os alunos também precisam ser orientados nesse sentido, em sala de aula. PROFESSORES PRECISAM SABER A regra é para os profissionais. O aluno não precisa ter conhecimento, principalmente as crianças matriculadas nas séries iniciais. Essa mudança deve ser mais explicada às turmas das séries finais, que já estudaram as antigas regras de hifenização e de acentuação básica, que agora foram mudadas. Agora, quanto mais cedo nos adaptarmos, será melhor, explicou a assessora pedagógica. HÍFEN É A GRANDE DÚVIDA Segundo Marlene Campos, as maiores dúvidas (de alunos e professores) se concentram na mudança das formas de utilização do hífen. Uma das novas regras elimina o hífen antes

utilizado em palavras compostas e duplica as consoantes s e r quando o segundo elemento da palavra começa com uma dessas duas letras. Assim sendo, apenas para citar como exemplo, anti-religioso agora se escreve antirreligioso. O hífen também deixou de existir quando a primeira palavra começa termina com uma das cinco vogais (a/e/i/o/u) e a segunda palavra começa uma vogal diferente ( auto-estrada passou a ser grafada como autoestrada, nesse segundo exemplo). Essa é a parte mais pesada da reforma, pois desfez algumas expressões em que se utilizava o hífen e passou a usá-lo em palavras em que o mesmo não existia. Não vou dizer que foi uma incoerência, mas as regras não são totalmente claras, comentou a representante da Editora Saraiva. ACENTO DIFERENCIAL O DN também pediu a avaliação de Marlene sobre a eliminação do acento diferencial na palavra pára (flexão do verbo parar), que agora se confunde com para (preposição). Usamos como exemplo a frase: Enchente pára o trânsito de São Paulo, que era comumente usada em manchetes de jornais para noticiar alagamentos e transtornos diversos na maior cidade do Brasil. Segundo a assessora pedagógica, tal mudança pode até ser considerada um retrocesso por professores e por jornalistas. Mesmo assim, ela recomenda que tais expressões

com a nova regra sejam retrabalhadas dentro do contexto do que se pretende explicar ou noticiar. A frase que você citou como exemplo é o mesmo que dizer que a enchente parou o trânsito de São Paulo. Agora, como houve a eliminação do acento diferencial, se não houver uma contextualização adequada, você estará anunciando uma eventual ocorrência de enchente para o Estado de São Paulo, comparou Marlene. E O TREMA? O acordo ortográfico também eliminou a utilização do trema. Os dois pontinhos eram usados para grafar a vogal u em palavras como lingüiça, por exemplo. Para tanto, pressionava-se ao mesmo tempo a seta (ou a tecla shift ) e o algarismo seis, no teclado do computador. Agora isso acabou: linguiça é a nova forma correta de escrever o nome desse delicioso petisco. A dúvida dos professores, nesse caso, diz respeito à pronúncia das palavras com a extinção do trema. Marlene explicou que a fonética não muda: falar linguiça sem o trema não seguirá a regra da pronúncia da palavra enguiçado, por exemplo. Em nomes próprios (caso do sobrenome da modelo Gisele Bündchen) o uso do trema permanece inalterado, segundo Marlene. A POLÊMICA EM PORTUGAL

No caso de Portugal, Marlene disse que a resistência ao acordo é bem maior, porque a mudança atinge 1,6% das palavras usadas em terras lusitanas. Segundo ela, parece pouco, mas trata-se de uma grande mudança na estrutura linguística do país europeu, em um prazo muito curto. Tanto é que deverá haver um plebiscito em Portugal para discutir se o acordo ortográfico deverá ou não ser prorrogado para depois de 2012 e até mesmo uma eventual redução ou limitação na quantidade de mudanças. No português lusitano, o acordo prevê a eliminação das letras c e p em palavras que as mesmas não são pronunciadas, como acto e óptimo. Dessa forma, em Portugal, esses dois exemplos seriam grafados como ato e ótimo, exatamente como já ocorre no Brasil. Sempre digo, nas minhas palestras, que esse acordo tem mais um cunho político e econômico do que uma finalidade educacional propriamente dita, afirmou a palestrante, em tom bastante comedido. Marlene Campos esteve em Niquelândia acompanhada de Edimar Modesto, divulgador da Editora Saraiva. Na área de cobertura do DN, segundo ele, a capacitação já foi ofertada para professores das redes municipal de Jaraguá e de Porangatu. Edimar disse que a Saraiva ainda aguarda uma posição oficial das prefeituras de Minaçu, de Uruaçu e de São

Miguel do Araguaia para ofertar essa troca de experiências aos docentes desses três municípios. ATUALIZAÇÃO CONSTANTE A secretária de Educação de Niquelândia, Rejane Rocha, esteve na platéia de educadores da cidade que ouviram a palestra de Marlene Campos, nas espaçosas dependências do Casa Bela Eventos, no Setor Sevlha Parque. Segundo Rejane, a vinda da palestrante foi uma maneira encontrada por sua pasta para renovar os conhecimentos dos professores de Niquelândia, no que diz respeito às novas normas da Língua Portuguesa. Apesar da nossa distância geográfica em relação à nossa capital, não podemos ficar aquém dos outros municípios. Essa foi a segunda palestra neste ano com o mesmo tema, pois já havíamos trazido palestrantes da Editora FTD para falar da reforma ortográfica. Estamos sempre buscando, nos meios de comunicação e também na Internet, novos métodos para incentivar e capacitar os nossos professores, afirmou a secretária de Educação de Niquelândia.