O PROCESSO DE DAC-DUB ATRAVÉS DA ESTAÇÃO ADUANEIRA INTERIOR (EADI): Uma Solução em Logística para Empresas com Sistemas Logísticos Complexos

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Transcrição:

O PROCESSO DE DAC-DUB ATRAVÉS DA ESTAÇÃO ADUANEIRA INTERIOR (EADI): Uma Solução em Logística para Empresas com Sistemas Logísticos Complexos Carmen Thereza Gobbo 1, Vilma da Silva Santos 2, Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira 3 1 Pós-graduanda do MBA Gerência de Logística Integrada e Operações - Programa de Pós-graduação em Administração - Universidade de Taubaté Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 - Taubaté - SP - Brasil carmen.gobbo@ig.com.br 2 Professora do Programa de Pós-graduação em Administração - PPGA - Universidade de Taubaté Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 Taubaté/SP vilma70@gmail.com 3 Orientador - Programa de Pós-graduação em Administração - PPGA - Universidade de Taubaté Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 Taubaté/SP edson@unitau.br Resumo - Este trabalho descreve um estudo de caso onde relata a experiência no setor de logística de uma empresa do Vale do Paraíba, que produz aeronaves para o mercado exterior e que utiliza na sua produção insumos de origem importada. O estudo mostra na prática as aplicabilidades do modelo de logística in out. O trabalho inicia-se com uma introdução sobre a origem e histórico da empresa fabricante de aeronaves, o que é o EADI (portos secos) e a sua função, o processo de DAC-DUB, o significado da logística in-out. Em seguida, é descrito que a parceria que resultou no comprometimento entre a empresa e o seu fornecedor, a quebra de barreiras de um sistema engessado e burocratizado fez com que todos ganhassem em produtividade, em redução de custos, movimentação e assim, tendo ao final um produto mais competitivo no mercado com ganhos significativos para nos dois lados da cadeia produtiva e com agregação de valor ao cliente, como esperado de uma dualidade econômica global. Palavras-chave: Logística in-out, Dac-Dub, EADI, Fornecedores. Área do Conhecimento: III - ENGENHARIAS. INTRODUÇÃO A Embraer - Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. é uma das maiores empresas do mercado aeronáutico, posição alcançada graças à busca permanente e determinada da plena satisfação de seus clientes. Com mais de 38 anos de experiência em projeto, fabricação, comercialização e pós-venda, a Empresa já produziu cerca de 4.100 aviões, que atualmente operam em 69 países, nos cinco continentes. A Embraer tem uma base global de clientes e importantes parceiros de renome mundial, o que resulta em uma significativa participação no mercado. Foi a maior exportadora brasileira entre os anos de 1999 e 2001, e foi a segunda maior empresa exportadora nos anos de 2002, 2003 e 2004. Fundada em 19 de agosto de 1969 pelo Decreto-Lei nº 770, como empresa de capital misto, a Embraer foi privatizada em 07 de dezembro de 1994 e seu controle está em mãos brasileiras. Em março de 2006 a maioria dos acionistas da Embraer, incluindo detentores de ações ordinárias, preferenciais, e ADR, aprovaram a reestruturação societária da Empresa. A reestruturação consiste na simplificação da estrutura do capital social da Empresa que passou a ser composto de apenas um tipo de ação (ações ordinárias) e propiciar um aumento da liquidez a todos os acionistas da Embraer, que se beneficiarão com o maior potencial de valorização de suas ações e aprimoramento dos padrões de governança corporativa. Esse espírito empreendedor tem resultado em melhorias significativas na eficiência da empresa, na qualidade dos seus produtos e serviços, bem como na sua lucratividade. A Embraer continua a liderar o setor com suas inovadoras linhas de jatos regionais comerciais. Mais de 1000 ERJs foram produzidos desde 1996 e entregues a mais de 37 companhias aéreas em 24 países. 1

Desempenha um papel estratégico no sistema de defesa brasileiro, tendo fornecido mais de 50% da frota da força aérea brasileira. Cerca de 20 forças aéreas no exterior também operam os produtos Embraer. Baseada na já testada plataforma do ERJ 135, a Embraer entrou no mercado da aviação executiva em dezembro de 2001 com a introdução do Legacy. A aeronave está disponível nas versões Executive e Shuttle, que se adequam a uma variedade de aplicações mercadológicas, inclusive o segmento de transporte de autoridades. Para os programas de jatos comerciais, executivos e produtos de defesa é seguida uma bem traçada política de parcerias, com alguns dos maiores e mais importantes fabricantes e fornecedores aeroespaciais do mundo. Exemplo disso é a parceria feita com o grupo Liebherr International AG, com sede em Bulle, na Suíça, para a criação da ELEB - Embraer Liebherr Equipamentos do Brasil S.A., uma nova empresa que gera ainda mais oportunidades de negócios nos segmentos de trens de pouso e componentes hidráulicos. O Negócio da Embraer é satisfazer seus Clientes do Mercado Aeronáutico e de Defesa com soluções competitivas e inovadoras de elevado padrão tecnológico, atendendo à plena satisfação suas necessidades, maximizando os resultados dos Acionistas e promovendo o desenvolvimento de seus empregados e das comunidades em que atua. A Embraer continuará a crescer para ser uma das principais forças globais dos Mercados Aeronáutico e de Defesa, líder nos seus segmentos de atuação, reconhecida pelos níveis de excelência em sua ação empresarial. A Embraer investe em tecnologia direcionada à implementação de tecnologias de ponta que agregam valor, seja na engenharia, manufatura ou como parte de seus produtos. A assimilação dessas novas tecnologias chega aos nossos fornecedores brasileiros, além de existir cooperações com instituições acadêmicas e de pesquisa. O uso intensivo do Centro de Realidade Virtual - CRV permite o aperfeiçoamento de metodologias de execução rápida de arranjos de peças e componentes em três dimensões, assim como a visualização em tamanho real das aeronaves, incluindo a estrutura de componentes, simulações de fabricação e montagem, e simulações de análises de engenharia. A unidade controladora está sediada no Brasil, em São José dos Campos, a 90 km da capital paulista. Essa unidade projeta, fabrica e dá suporte a aeronaves para os mercados de aviação comercial, executiva e de defesa. Com 296.191 metros quadrados de área construída, emprega atualmente mais de 14.200 empregados. Atualmente, a estrutura da Embraer além da unidade de São Jose dos Campos, é formada pelas unidades de Eugênio de Melo, Gavião Peixoto e Botucatu. A Política da Embraer é prover total satisfação do Cliente através de produtos e serviços que atendam e mesmo superem as necessidades e expectativas destes Clientes. Estes produtos e serviços são de utilidade e importância para o Cliente e atendem aos mais atualizados padrões de Qualidade e Integridade. Como suporte a esta Política associam-se as seguintes diretrizes gerais: Projetar, produzir e suportar produtos com qualidade intrínseca e segurança adequada; Focar as atividades em ações preventivas; Garantir que todos os empregados conheçam, entendam e obedeçam aos requisitos da Qualidade em seu trabalho, de uma maneira responsável; Eliminar os desperdícios e tudo que não agrega valor; Garantir melhoria contínua de todos os processos do negócio pelo envolvimento de pessoas e times em todos os níveis com foco na satisfação do Cliente; e. Focalizar o ser humano como ente fundamental de todo o processo de evolução da Empresa. As aeronaves produzidas pela Embraer requerem tecnologia de ponta, pessoas altamente qualificadas, insumos de naturezas variadas, um planejamento adequado e um sistema de gestão integrado. Para que o sistema funcione de forma eficaz, a empresa precisa estar constantemente revisando seus processos em todas as áreas, seja internamente como o planejamento da produção, com revisão de políticas de planejamento, mudança de layout para se adequar à cadência do mercado, bem como as áreas externas como suas fontes de suprimentos em vários níveis da cadeia, além do fluxo de informações e de produtos de dentro para fora e de fora para dentro e os riscos inerentes de cada operação. O estudo de caso a ser apresentado neste trabalho mostra a revisão de um processo de logística de suprimentos, em parceria com um fornecedor chave, onde o objetivo é a redução de custos, de movimentação, evitar o retrabalho na operação, ganho em agilidade e por conseqüência da revisão de processos, ser uma empresa competitiva no mercado. 2

Novaes (2004) cita que as economias de custo observadas nos elos da cadeia de suprimentos entre dois ou mais participantes são potencialmente elevadas, quando se tem uma atuação conjunta, com o propósito de aumentar a competitividade global do sistema, abandonando atitudes individualistas e trabalhando de forma colaborativa, formando parcerias. EADI OU PORTOS SECOS Portos secos são recintos alfandegados de uso público, situados em zona secundária, nos quais são executadas operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e de bagagem, sob controle aduaneiro. As operações de movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, bem assim a prestação de serviços conexos, em porto seco, sujeitam-se ao regime de concessão ou de permissão. A execução das operações e a prestação dos serviços conexos serão efetivadas mediante o regime de permissão, salvo quando os serviços devam ser prestados em porto seco instalado em imóvel pertencente à União, caso em que será adotado o regime de concessão precedida da execução de obra pública. O porto seco é instalado, preferencialmente, adjacente às regiões produtoras e consumidoras. No porto seco são também executados todos os serviços aduaneiros a cargo da Secretaria da Receita Federal, inclusive os de processamento de despacho aduaneiro de importação e de exportação (conferência e desembaraço aduaneiros), permitindo, assim, a interiorização desses serviços no País. A prestação dos serviços aduaneiros em porto seco próximo ao domicílio dos agentes econômicos envolvidos proporciona uma grande simplificação de procedimentos para o contribuinte. Alguns serviços executados em Portos Secos são: etiquetagem e marcação de produtos destinados à exportação, visando a sua adaptação às exigências do comprador, demonstração e testes de funcionamento de veículos, máquinas e equipamentos, acondicionamento e recondicionamento e montagem (industrialização). Existem atualmente em operação 43 unidades de Portos Secos, sendo: 35 unidades divididas em 14 estados da Federação; Uma no Distrito Federal; Sete unidades em São Paulo. O estudo de caso deste trabalho se desenrola no Porto seco/jacareí (DRF/ São José dos Campos) carga geral Universal Armazéns Gerais e Alfandegados Ltda. DEPÓSITO ALFANDEGADO CERTIFICADO (DAC-DUB) É um regime criado com o objetivo de desvincular algumas exportações da necessidade de transferência física das mercadorias para o exterior e de proporcionar aos interessados uma modalidade flexível de operações. Portanto é um mecanismo de incentivo às exportações. As mercadorias são vendidas para o exterior com a cláusula Delivered Under Customs Bond - DUB, convencionadas entre exportador e importador. Significa que as mercadorias não serão embarcadas, mas sim, colocadas à disposição do comprador (importador), em local alfandegado autorizado pela SRF. A admissão das mercadorias no regime, ocorre com a emissão pela permissionária do local, do Certificado de Depósito Alfandegado - CDA, que representa a transferência de propriedade dos bens, do exportador para o importador, assumindo este, a posição de seu depositante. Para todos os efeitos legais, cambiais e fiscais, a data de emissão do CDA equivale à data de embarque das mercadorias. Portanto, a emissão do CDA pela permissionária, corresponde à efetiva exportação, passando as mercadorias à condição de "desnacionalizadas" ou "estrangeiras". O comprador (importador) poderá transferir o CDA a terceiros por averbação no seu verso. O transferido sucederá o transferente na titularidade sobre as mercadorias e nas obrigações dela decorrentes. O CDA poderá ser emitido com cláusulas restritivas, a saber: Positiva: quando constarem destinações obrigatórias das mercadorias e prazo para seu embarque; Negativa: quando constarem destinações vedadas às mercadorias entendendo-se como livre a sua remessa para quaisquer outras. As mercadorias poderão permanecer no regime pelo prazo de validade do CDA que é de doze meses, admitida sua prorrogação, em caráter excepcional, para até 24 meses. As mercadorias somente poderão sair do local habilitado, para remessa ao exterior, retorno ao mercado interno em razão de abandono pelo 3

comprador ou de sinistro ou reinternação através de importação no regime "Drawback". O regime extingue-se com a emissão da Nota de Expedição - NE, emitida pelo depositário e que acompanhará as mercadorias até o ponto de embarque. Forn. unidade Europa LOGÍSTICA OUTBOUND A logística outbound trata de garantir que os materiais cheguem dos fornecedores da forma mais suave, estável e nivelada possível, puxados de forma ritmada, pelo consumo real dos processos de produção, com qualidade garantida, para não interromper os fluxos produtivos. A implementação de sistemas puxados com fornecedores e os sistemas de coleta programada (milk run), com recolhimentos freqüentes e pequenos lotes, ao mesmo tempo em que se racionaliza os fretes, é um exemplo disso. A logística outbound cuida de atender os clientes com presteza utilizando o menor nível possível de estoques. Para o seu sucesso, é necessário um planejamento cuidadoso e consenso pela empresa toda (vendas-produção-compras), trabalhando próximo dos clientes a fim de criar previsões precisas e corretas e demandas menos erráticas e instáveis, reconhecendo que as condições mudam e a demanda raramente se comporta de acordo com o previsto. E implementar sistemas puxados que programarão a produção a partir do consumo real, permitindo suavizar os impactos da variação da demanda fluxo acima, ao mesmo tempo em que garantirão o atendimento aos clientes. ESTUDO DE CASO Devido a restrições fiscais, a Embraer tinha que importar o segmento (fuselagem traseira incompleta) do fornecedor na Europa, recebê-lo na Embraer e repassá-lo para a unidade do fornecedor no Brasil, juntamente com peças primárias e subconjuntos fabricados na Embraer (aproximadamente 500 peças). Essas peças e subconjuntos são chamados de peças sub-contrato. Com o segmento e as peças sub-contrato enviadas pela Embraer, a unidade do fornecedor no Brasil fazia a industrialização da fuselagem traseira e a entregava completa para montagem na Embraer. Toda essa operação demandava um alto custo de fabricação de peças, operacional, administrativo e logístico. A Figura 1 ilustra este caso. P O F u s e l a g e m Embraer SJK Importação pela Embraer Sem incidência de impostos Fuselagem + Peças Subcontrato (Remessa para Industrialização) Fuselagem complementada Forn. unidade Brasil Figura 1 - Fuselagem Traseira Processo de Subcontrato (ANTES) A solução encontrada para este problema foi a utilização do sistema de importação/exportação DAC-DUB, onde o segmento é enviado do fornecedor europeu diretamente para unidade do fornecedor no Brasil, sem passar fisicamente pela Embraer. Toda documentação de importação e exportação é feita entre Embraer e a unidade do fornecedor na Europa. O processo de fabricação no Brasil é invisível para Embraer, é como se a fuselagem estivesse sendo 100% fabricada na Europa. No caso das peças sub-contratadas necessárias para industrialização da fuselagem traseira, foram desenvolvidos fornecedores locais de peças estampadas, usinadas, de composto e de montagem para suprimento da unidade do fornecedor no Brasil. A Figura 2 ilustra este caso. 4

Forn. unid. Europa PO Fuselagem Complementada Invoice da Fuselagem Embraer SJK com ganhos significativos para os dois lados da cadeia produtiva e com agregação de valor ao cliente, como esperado de uma dualidade econômica global. REFERÊNCIAS RESULTADOS OBTIDOS NA EMPRESA P a i é i s S u p e r i o r e s e i n f e r i o r e s Forn. unid. Brasil + Painéis laterais, junção e complementação estrutural Fornecedores locais Venda de Peças à forn. unid. Brasil Exportação DACDUB para Fornecedor unidade Europa VIA EADI Fuselagem Complementada F u s e l a g e m C o m p l e m e n t a d a EADI BALLOU, R.H. Logística Empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. 01.ed. São Paulo: ATLAS, 1993. CHISTOPHER, M. Logística E Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Pioneira, 1997. DIAS, M.A.P. Administração de Materiais: uma abordagem Logística. São Paulo: Atlas, 1993. MAEVEL, A.; VIEIRA, D.M. Análise e projeto de redes logística. São Paulo: Saraiva, 2008. NOVAES G. A Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição Estratégia, Operação e Avaliação. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 203. Figura 2 - Fuselagem Traseira Venda de peças (DEPOIS): Após a implantação da solução encontrada, a gestão de suprimentos para a fabricação da fuselagem traseira completa passou a não ser feita mais pela Embraer e sim pelo fornecedor. Este acontecimento tornou-se um caso de sucesso dentro da empresa, pois reduziu o custo de fabricação, operacional, administrativo e logístico, otimizou o sistema de entrada e saída de peças para a produção tornando o sistema de suprimentos mais eficiente e com menos burocracia. Com a revisão deste processo na área de logística e suprimentos da empresa, pode-se afirmar que tanto a Embraer, quanto o seu fornecedor, sem falar ainda no cliente final, obtiveram ganhos em produtividade e redução de custos. CONCLUSÃO O estudo de caso mostra que a parceria, o comprometimento entre a Embraer e o seu fornecedor, a quebra de barreiras de um sistema engessado e burocratizado fez com que todos ganhassem em produtividade, em redução de custos, movimentação e assim, tendo ao final da cadeia um produto mais competitivo no mercado 5