FACULDADE DE ECONOMIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA. Imigração (uma visão geral)

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Transcrição:

FACULDADE DE ECONOMIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA Imigração (uma visão geral) Ana Brás Coimbra, Dezembro 2007

Ficha Técnica Título: Imigração em Portugal Trabalho realizado por: Ana Sofia da Silva Brás Nº 20070934 1º Ano de Sociologia Imagem Fotografia da Capa: Fonte: http://populo.weblog.com.pt/arquivo/2006/09/imigracao_1 Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Fontes de Informação Sociológica, leccionada pelo professor Paulo Peixoto. Coimbra, Dezembro de 2007 Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Índice 1. Introdução 1 2. Pesquisa detalhada 2 3. Estado das artes 3 3.1. Imigração uma definição 3 3.2. As imigrações no contexto de globalização 4 3.3. Origem e caracterização dos imigrantes 5 3.4. A importância dos imigrantes na demografia portuguesa 6 4. Avaliação de uma página WEB 8 5. Ficha de leitura 9 6. Conclusão 13 7. Referências Bibliográficas 14 Anexo I Página da Internet avaliada Anexo II Texto de suporte da ficha de leitura: Circulação: fluxos e refluxos e Asilo e Imigração económica ou a fronteira indefinida, capítulos da obra A imigração em Portugal: movimentos humanos e culturais em Portugal, da equipa SOS Racismo.

1. Introdução Na realização do trabalho, deparei-me com algumas dificuldades, sendo que a primeira dificuldade que encontrei foi a escolha do tema, pois os outros eram igualmente interessantes. Optei pelo tema Imigração porque é um tema actual, visto ser um fenómeno socioeconómico, político e humano. A imigração enquanto fenómeno tem vindo a ganhar mais importância na sociedade portuguesa como nos restantes países da UE. Neste momento o nosso pais não e só procurado por imigrantes de países com língua oficial portuguesa (PALOP), mas também por indivíduos de países de Leste. Estes imigrantes vêm essencialmente para a construção civil, visto que na sua maioria têm baixas qualificações, apesar de se estar a constatar o oposto mais recentemente. A zona do país que apresenta maior número de imigrantes é a Área metropolitana de Lisboa. Quanto à estrutura do trabalho, está de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo regime de avaliação da cadeira de fontes. Começo por descrever detalhadamente a minha pesquisa, de seguida, passo para o Estado das Artes que se divide nos seguintes sub-temas: Imigração, uma definição, As imigrações num contexto de globalização, Origem e caracterização dos imigrantes, A importância dos imigrantes na demografia portuguesa. Posteriormente, faço a análise de uma página da Internet do Alto Comissariado Para a Imigração e diálogo intercultural ( http://www.acidi.gov.pt/). Realizando de seguida a ficha de leitura de dois capítulos do livro SOSRacismo. 1

2.Pesquisa detalhada Na realização do trabalho o primeiro obstáculo que me surgiu foi sem duvida a escolha do tema, como já referi. Inicialmente não sabia como começar, tinha receio de não ser capaz de realizar o trabalho devido à minha inexperiência. Primeiramente defini o que desenvolver no Estado das Artes, seguidamente, seleccionei os conceitos que me pareciam mais importantes para o trabalho, ou seja, defini as palavras-chave do trabalho que são: Imigração; Globalização; Demografia; Integração; Racismo. As principais fontes a que recorri foi a livros e à Internet, da qual usei pouca informação. Visto que considero a informação dos livros mais fiável que a da Internet. A minha pesquisa iniciou-se e concentrou-se na biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra da qual consultei o catálogo On-line, e também fiz pesquisa directa, da qual recolhi mais informação. Na Internet foquei a minha pesquisa em dois motores de busca: o Google (pesquisando páginas de Portugal) e o Altavista. Iniciei a minha pesquisa pela pesquisa simples por <Imigração>, recebendo, no Google 445.000 resultados e no Altavista 79.128 resultados. Pesquisei em seguida por <Imigração em Portugal>, que me devolveu, no Google 272.000 registos e no Altavista 26.857. Seguidamente, passei para a pesquisa avançada na opção todas estas palavras,<imigração e Demografia>, recebendo do Google 71.200 e do Altavista 2.227. Depois, continuando na mesma opção, pesquisei<caracterização de imigrantes>, recebendo do Google 293.00 resultados e do Altavista 1.334. Posteriormente, na mesma opção pesquisei <Globalização e imigrantes>, obtendo 109.000 resultados do Google e 6.262 do Altavista. 2

3.Estado das Artes 3.1. Imigração, uma definição A imigração é o resultado de decisões individuais ou familiares, mas também faz parte de um processo social. Em termos económicos, a migração é tanto um fenómeno mundial como o comércio de mercadorias ou de bens manufacturados. Designa o movimento das populações, mas faz parte de um modelo mais vasto e é um sinal de relações económicas, sociais e culturais em transformação. - Fonds des Nations Unies pour la Population, 1993. Disponível em: http://www.unfpa.org/french/about/index.htm. 3

3.2. As imigrações num contexto de globalização Considerar que as imigrações apenas se realizam por razões económicas ou então por razões de guerra, fome, etc., seria errado. Como afirma Castles (2000), não são as populações dos países mais pobres que emigram, pois para migrar é necessário ter recursos financeiros que suportem as deslocações. Para além das razões económicas as razões culturais também são igualmente determinantes para a imigração. A recente história do Sul da Europa como área imigratória está assim imbricado, ou, mais correctamente, é parcialmente determinada pela história deste mundo novo, marcado pelo incremento das desigualdades geo-economicas, pela intensificação dos processos de globalização económica e pela construção do bloco económico e politico, a União Europeia. (Baganha, 2001:137) Os fluxos migratórios para Portugal são essencialmente fluxos para trabalho. No entanto, também se verificam motivos relacionados com o passado colonial do país e ao facto de estar inserido na União Europeia (idem, 2001). No entanto, o facto da economia ser cada vez mais global faz com que os países desenvolvidos deixem de ser Estados-Nação e passem a simples agentes económicos. A instauração desta novíssima ordem global implica necessariamente que os estados ocidentais passem de Estados-Providência a meros agentes económicos (Baganha, 2001: 139). Segundo Bandeira (2004), a mundialização dos negócios faz com que haja novos protagonistas no que concerne à imigração, pois se anteriormente predominavam imigrantes sem qualificações, agora predominam os imigrantes com elevadas qualificações. 4

3.3. Origem e caracterização dos imigrantes A imigração em Portugal teve como principal impulsionador a descolonização, visto que a partir de 1974 começaram a chegar ao país os portugueses que residiam nas ex-colónias. Actualmente a população imigrante que reside em Portugal legalmente, vem de países africanos, América do Sul (Brasil) e da Europa de Leste. (Lages et al., 2006). A população africana é originária dos PALOPs, visto que a língua é uma vantagem em imigrar para Portugal, para além do contexto histórico que relaciona os países. Os que provêm da América do Sul, na sua maioria brasileiros, vêm igualmente pela facilidade da língua e pelo contexto histórico que envolve os dois países A imigração tem basicamente por origem os países com os quais Portugal manteve e mantém relações mais intensas. (Esteves et al, 1991) Os imigrantes de Leste procuram o nosso país em busca de trabalho e de uma vida melhor. Os imigrantes destes países são indivíduos qualificados ao contrário dos provenientes dos países africanos que têm poucas qualificações (idem, 1991). A principal razão para a vinda dos imigrantes de Leste para Portugal deve-se à facilidade em obter os documentos legais necessários ao exercício de uma profissão e/ou à menor capacidade inspectiva das autoridades portuguesas (Lages, 2006). Estes imigrantes são indivíduos jovens e do sexo masculino, logo tratase de fluxos migratórios de natureza económica, ou seja, predominantemente laboral (Lages, 2006). 5

3.4. A importância dos imigrantes na demografia portuguesa Portugal era um país de emigração, contudo a partir de meados de 1970 com os imigrantes dos Países Angolanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e com imigrantes brasileiros, e com a entrada de Portugal na UE em 1986, Portugal torna-se num pais de imigrantes (Peixoto, 2002). Para além disto, a origem dos imigrantes é diferente, ou seja, tem nacionalidades diferentes, pois neste momento são essencialmente imigrantes de Leste Europeu (idem, 2002; Rosa et al, 2004). Esta imigração é sobretudo para o sector da construção civil e das obras públicas, visto que a mão-de-obra no país é diminuta. Como na maioria dos países ditos desenvolvidos, em Portugal a natalidade e a mortalidade estagnaram, fazendo com que haja cada vez menos jovens e cada vez mais população envelhecida. Contudo esta situação seria mais acentuada sem os fluxos migratórios que ocorrem no nosso país. Em 2001, 8% dos nascimentos ocorridos em Portugal foram de imigrantes (Rosa et al, 2004). Quanto à distribuição demográfica, no que diz respeito ao trabalho, de acordo com Roberto Carneiro (2006): Verifica-se uma tendência natural de deslocação dos trabalhadores imigrantes para regiões adjacentes. Os imigrantes a norte de Lisboa têm como segunda melhor opção o Norte Litoral, ao passo que os de Lisboa têm como segunda melhor opção o Algarve. Os trabalhadores do Brasil são aqueles que se revelam mais uniformemente disseminados ao longo do país. Todos os PALOP apresentam taxas de fixação em Lisboa e Vale do Tejo superiores a 90%. Os trabalhadores da Europa de Leste e países aderentes denotam estratégias de penetração (fixação) fora da Grande Lisboa e Grande Porto. 6

A mobilidade geográfica registada pela população imigrante somente abrange uma parcela de cerca de 12% do total, uma vez que 88% desta população se mantém na mesma região desde o primeiro momento de emprego em Portugal até ao emprego actual. Apesar da importância da imigração na sociedade portuguesa, na opinião de diversos autores, a tendência para o envelhecimento da população é cada vez maior. 7

4. Avaliação de uma página da WEB A página da Internet que escolhi para analisar foi a página do ACIDI Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (http://www.acidi.gov.pt), Optei por analisar esta página porque nas diversas pesquisas que fiz na Internet ela apareceu na maioria delas. Para além desta razão, a página pareceu-me ser fiável nas suas informações, visto ser uma instituição governamental gov.pt. Em relação à apresentação da página, apresenta pouca diversidade de cores, à base de verde-claro, os títulos encontram-se a preto, o que facilita a sua visualização e posterior acesso. No seu conteúdo, mostra inúmeras notícias que podem ser facilmente consultadas, mostra também a legislação do país, dá resposta às perguntas mais frequentes colocadas pelos migrantes, faz o convite aos visitantes do site para que se registem nele, estabelece ligações com outras páginas relacionadas com a Imigração, apresenta uma série de destaques relacionados com o tema e estudos realizados pelos diversos organismos que cooperam com o ACIDI, entre outras coisas. Após a análise da página, recomendo-a a quem quiser saber mais sobre imigração a visitá-la. 8

5. Ficha de leitura Titulo da publicação: A imigração em Portugal: Os movimentos humanos e culturais em Portugal Autores: Equipa do SOS Racismo Local onde se encontra: Biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Data da publicação: Novembro de 2002 Local de Edição: Lisboa Editora: SOS Racismo Titulo dos capítulos: Circulação: fluxos e refluxos; Asilo e imigração económica ou a fronteira indefinida Nº de páginas: 60-80 Assunto: Imigração e Racismo Cota: 314 IMI Palavras-chave: Imigração; Racismo; Minorias Étnicas Área Cientifica: Sociologia Data da leitura: Novembro de 2007 9

Pontos Fortes: Apresenta diversos materiais relacionados com o tema da imigração, não somente sobre o racismo, logo, representa uma boa base para se ficar a conhecer diferentes aspectos do panorama actual da imigração. Pontos fracos: Por se tratar de um livro elaborado no âmbito do combate ao racismo, não é um livro isento, antes pelo contrário serve a causa que os autores defendem. Logo, quando se lê, fica-se com a ideia um pouco ilusória do assunto. Nota sobre o autor: O SOS RACISMO foi criado em 10 de Dezembro de 1990. A sua criação partiu da iniciativa de um grupo de pessoas que se propôs lutar contra o Racismo e a Xenofobia em Portugal, contribuindo para a formação de uma sociedade em que todos tenham os mesmos direitos. O SOS RACISMO constitui uma associação sem fins lucrativos, tendo-lhe sido atribuído o estatuto de utilidade pública em 1996. Desde a data da sua criação, tem vindo a desenvolver diversas actividades, que abrangem cada vez mais áreas de intervenção, de forma a tornar possível uma acção conjunta nos vários sectores da sociedade portuguesa. Há também um esforço no sentido de cooperar com outras associações anti racistas e de imigrantes a nível nacional e internacional. A associação tem vindo a crescer e, apesar de a maioria do trabalho realizado ser feito por voluntários, dispõe já de um número significativo de núcleos espalhados por diversos pontos do país. 10

Resumo: A primeira parte deste resumo corresponde ao capítulo Circulação: fluxos e refluxos Desta forma começamos por perceber que as migrações são das tradições mais antigas da humanidade. Mas na realidade, a busca e melhores condições de vida é o principal motivo das migrações, este fenómeno não é apenas o resultado de uma decisão particular, mas também devido às assimetrias existentes a nível global e que estão presentes no dia-a-dia. As disparidades são o resultado dos interesses económicos dos países desenvolvidos, e de uma economia globalizada, que tem na mão-de-obra barata dos indivíduos do terceiro mundo uma fonte de riqueza. Contudo, através do exemplo da União Europeia (UE), constatamos que, através das suas políticas, controla os fluxos migratórios para os países que dela fazem parte. Estas políticas fortalecem-se através de tratados e acordos, tais como o Acordo de Shengen (1985) e a Tratado de Amesterdão (1998), que auxiliam a banalização da lógica repressiva e de suspeição, favorecendo comportamentos conservadores e fascizantes de diferentes sectores da população (SOS Racismo, 2002). Juntamente com as novas formas de dominação, que permitem o controlo das fronteiras para além da UE, na denominada luta anti-terrorista, que desrespeita os direitos humanos essenciais. Na segunda parte, Asilo e imigração económica ou fronteira indefinida, há um reforçar das ideias do capítulo anterior. Assim, reforçam a ideia que muitos países se desenvolvem devido aos fluxos migratórios existentes. A decisão de imigrar está sempre dependente da conjuntura social, económica e política do seu país de origem. Portugal, ao longo do séc. XX, deparou-se com uma emigração em massa, quer por motivos políticos, quer por dificuldades económicas. Os países que acolhem os imigrantes beneficiam imenso com a sua chegada pois são eles que fazem os trabalhos menos qualificados, o que os torna mais facilmente exploráveis. Para além disto, os imigrantes asseguram o aumento da taxa de natalidade dos países de acolhimento. 11

O direito de circular livremente não é igual para todos, apesar da Declaração Universal dos Direitos garantir que sim. As migrações são o espelho dos desequilíbrios mundiais, provocados em grande parte pelos países ditos desenvolvidos. Um facto criticado pelos autores está relacionado com as razões de imigração, muitas vezes se considera como principal motivo para imigrar as dificuldades económicas, quando na realidade são uma série de factores que estão interligados entre si. Os imigrantes quando se deslocam para a Europa, têm de apresentar um pedido de asilo ou então regularizar a sua condição num contexto de imigração económica. Em Portugal, os pedidos de asilo são muito baixos em relação aos restantes países europeus. O número de refugiados e de beneficiários de protecção humanitária é igual baixo. Para estes valores tão baixos são apresentadas razões de localização geográfica, o pouco desenvolvimento do país no contexto da UE, etc. O capítulo termina, com uma mensagem dos autores, para a necessidade da tomada de consciência dos governos para a situação que se está a verificar. 12

6. Conclusão Com a realização deste trabalho, foi-me possível aprofundar conhecimentos sobre a imigração. Permitindo-me aplicar os conhecimentos que adquiri no decorrer das aulas de Fontes de Informação Sociológica, tais como: fazer pesquisa, avaliar uma fonte, se é fiável ou não, trabalhar com fontes especializadas, consultar catálogos bibliográficos, saber lidar com a elevada informação, para a saber organizar de forma coerente e lógica. Posso concluir que a imigração é um fenómeno recente no nosso país, pois anteriormente, Portugal era um país de emigrantes. Considero que a imigração é recente no país, visto que só a partir da década de 1970 com a descolonização, tal como a entrada de Portugal na União Europeia em 1986, estes fluxos se fizeram sentir no país com maior intensidade. A globalização da economia também tem influência nos fluxos migratórios, pois possibilitou que houvesse uma maior mobilização de mão-deobra, transformando as migrações que anteriormente eram migrações sem qualquer tipo de qualificações em imigrações com elevadas qualificações, no que diz respeito aos indivíduos que as praticam. Assim como, a importância que as migrações têm na sociedade, no caso especifico da imigração em Portugal, que contribuiu para que o envelhecimento populacional não fosse e não seja tão acentuado. Para finalizar este trabalho devo dizer que julgava que fosse mais difícil a sua execução, mas apesar das dificuldades considero que a sua elaboração me permitiu adquirir conhecimentos que futuramente irão ser necessários para outras cadeiras. 13

7. Referências bibliográficas Baganha, Maria Ioannis (2001), A cada Sul o seu Norte: Dinâmicas migratórias em Portugal in Boaventura de Sousa Santos (org.), Globalização Fatalidade ou Utopia? Porto: Edições Afrontamento, 135-157. Bandeira, Mário Leston (2004), Demografia: Objecto, teorias e métodos. Lisboa: Escolar Editora. Carneiro, Roberto; Almeida, André Correia de (2006), A mobilidade ocupacional do trabalhador imigrante em Portugal. Lisboa: DGEEP/MTSS. Castles, Stephen (2000), Ethnicity and Globalization. London: SAGE Publications. Esteves, Maria do Céu (1991), Portugal, País de Imigração. Lisboa: Instituto de Estudos para o Desenvolvimento. Lages, Mário F. et al (2006), Os imigrantes e a população portuguesa imagens recíprocas. Lisboa: Alto comissariado para a imigração e minorias étnicas (ACIME). 14

SOS Racismo (2002), A imigração em Portugal: Os movimentos humanos e culturais em Portugal. Lisboa: SOS Racismo Rosa, Maria João Valente; Seabra, Hugo; Santos, Tiago (2004), Contributos dos imigrantes na demografia portuguesa: o papel das populações de nacionalidade estrangeira. Observatório da Imigração, ACIME. Páginas consultadas da Internet Fundo das Nações Unidas para a População Página consultada em 20 de Outubro de 2007,disponível em http://www.unfpa.orf/french/about/index.htm. Observatório da Imigração. Página consultada a 20 de Novembro de 2007, disponível em http://www.oi.acidi.gov.pt Peixoto, João (2002). Associação portuguesa de demografia. Página consultada a 20 de Novembro de 2007, disponível em http://www.apdemografia.pt/boletim3.pdf SOS Racismo (2004), página consultada em 20 de Novembro de 2007, disponível em http://www.sosracismo.pt Wikipédia (2006), Imigração" página consultada em 20 de Outubro de 2007,disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/imigra%c3%a7%c3%a3o 15

Anexo I Avaliação: Pagina do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural 16

Anexo II Texto de suporte da ficha de leitura: Circulação: fluxos e refluxos e Asilo e Imigração económica ou a fronteira indefinida, capítulos da obra A imigração em Portugal: movimentos humanos e culturais em Portugal, da equipa do SOSRacismo. 17