O Impacto das Novas Regras de Tarifas Bancárias para o Consumidor Laura Schertel Mendes Coordenadora Geral de Supervisão e Controle Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor Brasília Agosto 2009
Introdução: Principais Direitos do Consumidor de Serviços Financeiros Análise da Efetividade das Novas Regras Lacunas da Atual Regulamentação
Introdução: Principais Direitos do Consumidor de Serviços Financeiros A regulamentação do setor deve assegurar, especialmente, os seguintes direitos: Informação Transparência Boa-fé COMPARAÇÃO Liberdade de Escolha Equilíbrio
Análise da Efetividade das Novas Regras Reclamações Referentes a CET e Tarifas Bancárias (Fonte: SINDEC)
Análise da Efetividade das Novas Regras- Resolução CMN 3518 Avanços Proporcionados (serviços prioritários): Delimitação das tarifas que podem ser cobradas nos serviços prioritários Padronização das tarifas e dos seus respectivos fatos geradores e criação do pacote padronizado» Objetivo: facilitar a comparação de preços e estimular a concorrência e a mobilidade Obrigação de divulgação das tarifas sobre serviços prioritários e seus respectivos fatos geradores» Objetivo: aumentar a qualidade da informação transmitida ao consumidor e propiciar maior transparência
Análise da Efetividade das Novas Regras Falhas / Sugestões: Grande quantidade de reclamações sobre cobranças indevidas Obstáculos práticos à comparação, à concorrência e à livre escolha Pacote padronizado em regra é menos vantajoso que utilizar os serviços de forma avulsa Pacote padronizado não inclui operações com cheques: grande parte dos consumidores não se interessa Pacote padronizado em regra é menos vantajoso que os demais pacotes oferecidos por cada instituição Dificuldade para o consumidor de enquadrar seu perfil nos pacotes oferecidos por cada instituição Dificuldade para o consumidor de comparar os pacotes não padronizados entre instituições
Análise da Efetividade das Novas Regras Falhas / Sugestões: Alta progressiva e generalizada das tarifas praticadas por todas as instituições (inclusive superior ao índice de inflação) Assimetria de informação persiste Não se identifica de maneira clara nas tabelas dos bancos quais serviços são gratuitos (Sugestão: obrigatoriedade da divulgação sobre a gratuidade dos serviços essenciais) Assimetria de informação sobre os pacotes, sobre quais são os serviços gratuitos e em que quantidade o consumidor pode utilizá-los; Problemas com tarifas específicas Renovação de Cadastro A resolução autoriza o BACEN a instituir tarifas não previstas Sugestão: transparência e publicidade por meio de diálogo com o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e de consultas públicas;
Lacunas da Atual Regulamentação Serviço de Cartão de Crédito: A Resolução omitiu-se de delimitar e padronizar as tarifas Proliferação e fragmentação de tarifas Inviabilidade de comparação e concorrência Informação deficiente: divulgam-se as tarifas, mas não os fatos geradores Elevada proporção de tarifas com indícios de abusividade Classificado como diferenciado Sugestão: reclassificação dos serviços relativos a cartão de crédito e definição de tabela com as tarifas e respectivos fatos geradores, a exemplo dos serviços prioritários
Exemplos de tarifas cobradas no cartão de crédito Aumento de limite por solicitação do cliente Cadastro Cash by phone Consulta de saldos em rede de terceiros no exterior Consulta de saldos no exterior Consulta na rede Banco 24 Horas Cópia de comprovante de compra Cópia de comprovante de venda Custo de utilização no exterior Despesas de cobrança Emissão de 2ª via de cartão
Exemplos de tarifas cobradas no cartão de crédito Emissão de 2ª via de cartão adicional Emissão de cartão acessório a pedido do cliente Emissão de cartão minicard antes da renovação Exclusão Serasa/SCPC 2ª via de extrato e fatura 2ª via de senha Adesão ao programa de vantagens Adesão ao programa de fidelidade de companhia aérea Adiantamento e bônus Adicional sobre o valor da anuidade do cartão do titular Aditamento de contrato Antecipação de pontos Anuidade
Exemplos de tarifas cobradas no cartão de crédito Express cash Extrato detalhado anual Fatura inteligente Fornecimento de comprovante Limite diferenciado para cartões adicionais Limite excedido Pacote de serviços Pagamento automático de contas Pagamento de títulos Pague cartão Pague fácil Parcelamento da fatura Pesquisa cadastral Serasa/SCPC Photo card Renovação de cadastro
Exemplos de tarifas cobradas no cartão de crédito Renovação de pontos Resgate do programa de pontos Saque parcelado Saque realizado no Brasil Saque realizado no exterior em dólar Saque realizado no exterior em outra moeda Serviço de entrega de prêmio Serviço de proteção perda e roubo Serviço de recebimento por cartão Serviço de mensagens de utilização do cartão Tarifa de pulo de fatura Taxa de conversão de outra moeda para o dólar americano Taxa de inatividade Transferência de pontos entre participantes Transferência de pontos para outros programas de fidelidade Troca de pontos por prêmio
Lacunas da Atual Regulamentação Serviços Prestados por Terceiros: Art. 1o. 1o., III. Não se caracteriza como tarifa o ressarcimento de despesas decorrentes de prestação de serviços por terceiros, podendo seu valor ser cobrado desde que devidamente explicitado no contrato de operação de crédito ou de arrendamento mercantil. Termo aberto e indeterminado Necessidade de especificá-los para evitar abusos
Conclusão Apesar dos avanços da Resolução 3518, é necessário ainda progredir nos seguintes pontos: Diminuição da assimetria de informação sobre: o pacote padronizado; os demais pacotes oferecidos; quais são os serviços gratuitos e em que quantidade o consumidor pode utilizá-los; Realização de consultas públicas para a autorização de novas tarifas; Restrição e delimitação das despesas decorrentes de prestação de serviços de terceiros; Delimitação e padronização das tarifas de cartão de crédito;
Conclusão O aprimoramento do quadro normativo pode contribuir para a transparência nas relações de consumo, prevenindo e reduzindo a judicialização dos conflitos. Transparência e informação são fundamentais para a confiança do consumidor e, conseqüentemente, para o funcionamento sustentável e adequado do mercado, pautado nos princípios da dignidade e da boa-fé.
Muito obrigada! laura.mendes@mj.gov.br