Senhor Representante da República para a Região Autónoma da Madeira, Excelência, Senhor Secretário Regional da Economia, Turismo e Cultura, Senhor Presidente da Câmara Municipal do Funchal, Senhor Presidente da Assembleia Municipal do Funchal, Senhor Deputado à Assembleia da República, Senhor General Comandante Operacional e da Zona Militar da Madeira, Senhores Deputados à Assembleia Legislativa da Madeira, Senhor Reitor da Universidade da Madeira, Senhoras e Senhores Autarcas, Demais Autoridades Civis, Militares e Religiosas, Minhas Senhoras e meus Senhores, Comemoramos hoje 508 anos da elevação do Funchal a cidade. Um longo caminho percorrido que permitiu à nossa bonita capital afirmar-se no panorama nacional e internacional como uma cidade moderna, cosmopolita, atrativa para a sua população e para quem a visita. Nos 40 anos da nossa autonomia política, que igualmente neste ano celebramos, o Funchal registou um notável crescimento e desenvolvimento de que nos podemos orgulhar. De alto a baixo, a cidade foi infra estruturada e equipada, tornando-se mais dinâmica, funcional e inclusiva. 1
Daí que seja mais do que justo, no dia de hoje, realçar o contributo e empenho de todos aqueles que, na nossa história recente, transformaram o Funchal na cidade que é hoje: um dos destinos de eleição em termos de turismo entre as cidades europeias e um grande contributo para que a Madeira tenha ganho o galardão de melhor destino turístico insular do mundo em 2015. O percurso da nossa cidade é marcado por bons e maus momentos. Os incêndios em alguns concelhos da nossa Região Autónoma no início deste mês, com especial gravidade no Funchal, tiveram origem em mãos criminosas e pintaram a negro uma das páginas da sua história. Perante uma tragédia desta dimensão, entendi que o presidente do principal órgão de governo próprio desta Região Autónoma tinha o dever de associar-se a esta sessão solene para expressar, de viva voz, a sua solidariedade para com a população afetada, o reconhecimento a todos quantos corajosamente combateram os incêndios e transmitir esperança na rápida recuperação da nossa cidade. Uma palavra especial às famílias enlutadas, às quais manifesto profundo pesar. Uma palavra de conforto às famílias que perderam as suas habitações ou que ficaram com as mesmas danificadas, vendo destruído em poucos minutos o esforço de uma vida inteira. Aos empresários que perderam as instalações e produções, palavras de ânimo e incentivo para recuperarem os seus negócios As temperaturas elevadas, a baixa humidade e os fortes ventos, sem direção definida, constituíram uma combinação de condições atmosféricas altamente desfavoráveis, poucas vezes registada na nossa ilha, e que fizeram deste combate, um combate desigual. A orografia da Madeira e a quase indiferenciação entre a mancha urbana e a mancha florestal na cidade do Funchal, que tanto nos particulariza e identifica como destino turístico de excelência, acabaram por se transformar em fatores 2
exponenciais, alimentadores das chamas que se haviam instalado nas nossas serras. Os incêndios não deram tréguas, alcançaram proporções e locais inimagináveis à partida, ao ponto de terem atingido a zona histórica da freguesia de São Pedro, e os danos só não foram superiores devido à resposta pronta e inexcedível das forças que os combateram. Não posso deixar de sublinhar e de agradecer o trabalho heróico das corporações de bombeiros, bem como das forças militares e policiais, que em condições totalmente adversas e arriscando as próprias vidas, tudo fizeram em prol da segurança da população e da defesa do nosso património natural e edificado. Sublinho ainda o trabalho incansável do Governo Regional, da Câmara Municipal, das Juntas de Freguesia, da Cruz Vermelha e das instituições de solidariedade social no combate aos incêndios e, em particular, no apoio às vítimas. Cumpre ainda registar a solidariedade nacional para com a tragédia que se abateu sobre a nossa ilha, operacionalizada através do envio pela República e pela Região Autónoma dos Açores de meios humanos para auxílio no combate aos fogos. Manifestou-se igualmente nas prontas visitas à Região do Senhor Presidente da República e do Senhor Primeiro-Ministro. Deixaram-nos palavras de apoio e de motivação e a promessa de que o País participará no esforço de recuperação das zonas afetadas, para o que foram já iniciadas negociações com o Governo Regional e o Município do Funchal. Este também é o momento de relevar o trabalho de todos aqueles anónimos cidadãos que se empenharam solidariamente no combate aos fogos. Foram horas e horas de trabalho incessante no combate às chamas, horas de incerteza e de medo, mas também horas de determinação e de espontânea colaboração entre todos. 3
São muitas as histórias de coragem, histórias de cidadãos comuns que se transformaram em heróis improváveis ao salvar da fúria dos incêndios pessoas e bens. Destaco a enorme onda de solidariedade que se gerou na sociedade em redor das vítimas deste infortúnio. Estas manifestações espontâneas de altruísmo fazem-nos acreditar que a cidade renascerá em todo o seu fulgor e ainda mais unida. Minhas Senhores e meus Senhores, O Parlamento Regional acompanhou e acompanha de perto toda esta situação e aqui manifesto a plena disponibilidade da nossa Assembleia Legislativa para, nos limites das sua atribuições, prestar às entidades competentes toda a colaboração que se revelar útil e necessária, particularmente ao nível de soluções legislativas que venham a ser consideradas oportunas para fazer face a esta tragédia. O Parlamento, enquanto principal órgão de governo próprio, desempenha, para além das suas funções de legitimação e de fiscalização políticas, um importante papel na aprovação de instrumentos legislativos para melhoria da qualidade de vida da população, instrumentos esses que se poderão revelar essenciais para minorar as consequências negativas dos incêndios e para prevenir a ocorrência de situações de cariz semelhante. Se é verdade que a combinação de condições atmosféricas desfavoráveis que há pouco referi, contribuíu em grande escala para a propagação dos incêndios, não é menos verdade que é necessário efetuar um estudo rigoroso e aprofundado das restantes causas, mas sobretudo haverá que reponderar os meios e procedimentos atualmente instituídos para o seu combate. 4
Mais do que procurar bodes expiatórios para o que aconteceu convém não esquecermos que se tratou de fogo posto o que é realmente importante é proteger a população, adotando ou reforçando as soluções que para o efeito se revelem como as tecnicamente mais adequadas. Não é momento de utilizar este triste acontecimento como arma de arremesso político. O discurso político deverá ser elevado e traduzir-se na apresentação de propostas concretas, exequíveis e financeiramente sustentáveis. É do interesse geral que as propostas sobre estratégias de prevenção se alicercem em estudos técnicos fundamentados, que tenham como pressuposto não só a realidade física do nosso arquipélago, mas também o fenómeno das alterações climáticas que hoje afeta o mundo inteiro. O nosso Parlamento tudo fará para que as propostas dessa natureza sejam tramitadas e apreciadas com a celeridade que se impõe. A governação regional e a local, não obstante a saudável dialética política entre ambas que emana da legitimação democrática e da autonomia de cada uma, não são conflituantes mas sim complementares. São poderes de grande proximidade aos cidadãos e, por isso, sujeitos a um escrutínio muito direto e exigente. Ninguém compreenderia, nem aceitaria, que perante a dimensão da tragédia vivida, a lógica e a exigência da complementaridade cedessem a outros interesses e objetivos que não a rápida recuperação da nossa cidade. Estou convicto que todos vamos estar à altura deste enorme desafio. Funchal, 21 de agosto de 2016 O Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira Jose Lino Tranquada Gomes 5