Ao abrigo das disposições regimentais o Grupo Parlamentar do CDS/PP
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1 Reslão Autónoma da Madeira -Assembleia Les slâtlva Presidênèia Ne 4077 Pe.7,2,21P Data: 14-fev-17 Grupo Parlamentar \> q,/ o r Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira Excelência, Ao abrigo das disposições regimentais o Grupo Parlamentar do CDS/PP requere a Vossa Excelência a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito "À coordenação pelo Serviço Regional de Protecção Civil no combate aos incêndios e ao socorro às vítimas em Agosto de207.6", cuja fundamentação se anexa. Com os melhores cumprimentos, Funchal, t4 de fevereiro de Presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP (Rui Barreto) CDS - Partido Popular. Grupo Parlamentar Assembleia Legislativa da Madeira - 9oo4-5o6 Funchal Telefs: z9r 21o5o5 - Fax: z9r cds-pp@alram. pt -
2 Comissão de Inquérito "À coordenação pelo Serviço de Protecção Civil Regional no combate aos incêndios e ao socorro às vitimas em Agosto de2ol.6" Fundamento; 0s incêndios que assolaram a Região nos dias de B, 9, 10 e 11 de Agosto de 2076 devastaram uma grande área florestal e habitacional, nomeadamente nos concelhos do Funchal, Calheta e Ponta do Sol. No concelho do Funchal, os incêndios tiveram origem na zona alta da freguesia de São Roque e propagaram-se para as zonas altas das freguesias de Santo António, Monte, Santa Maria Maior e São Gonçalo. Para além destas zonas foram também afectadas zonas urbanas da cidade, incidindo nas freguesias de São Pedro, Santa Luzia e Imaculado Coração de Maria, No rescaldo da tragédia foram contabilizadas três vítimas mortais, dois feridos graves e mais de 170 feridos ligeiros. Centenas de famílias ficaram desalojadas e uma vasta área florestal foi consumida pelo fogo. No Funchal foram consumidos pelas chamas I.666 hectares de área, o que representa 22o/o de todo o concelho, causando uma destruição ou danificação de 300 edifícios, entre moradias e comércio e serviços, 777 totalmente destruídos e!23 parcialmente. Após terem sido contabilizados os estragos o Governo Regional estimou ser necessário um financiamento de L7, ,00 destinado à recuperação das habitações danificadas e ao realojamento provisório e definitivo. Por seu lado, a Câmara Municipal do Funchal, no seu levantamento, apontava que o valor total de custos de construção para o concelho atingisse um total de ,06. O Governo Regional da Região Autónoma da Madeira tem a tutela da Protecção Civil Regional. O Decreto Regulamentar ne I5/20I5/M que aprovou a Orgânica da Secretaria Regional da Inclusão e dos Assuntos Sociais (SRIAS), define que "A SRIAS tem por missão promover, coordenar e executar a política regional nos sectores da segurança social, emprego, protecção civil [...)" e na sua alínea k) do artigo 3a estabelece que a SRIAS deve " Promover e adotar as ações necessárias de protecção 2
3 civil para a segurança das pessoas e bens, em articulação com as demais entidades com competência nesta matéria". O Serviço Regional e Protecção Civil, IP -RAM ISRPC, IP-RAM) é a entidade regional com estas competências e tem por missão "prevenir os riscos inerentes a situações de acidente grave ou catástrofe, bem como resolver os efeitos decorrentes de tais situações, socorrendo pessoas e protegendo bens, São ainda atribuições genéricas do SRPC, IP -RAM orientar, coordenar e fiscalizar as actividades exercidas pelos corpos de bombeiros, bem como todas as actividades de protecção civil e socorro." À data dos incêndios os titulares responsáveis pela SRIAS e pelo SRPC, IP-RAM eram respectivamente a Dra. Rubia Leal e o Coronel Luís Neri. Durante os meses de Outubro e Novembro decorreram um conjunto de audições parlamentares sobre "Catástrofes Naturais e Incêndios" nas quais foram ouvidos, entre outros, responsáveis pela Protecção Civil Regional e Municipais, autarcas dos concelhos afectados, as organizações representativas das diferentes corporações de bombeiros e forças de segurança, bem como os responsáveis políticos das secretarias da Inclusão e dos Assuntos Sociais e do Ambiente. Destas audições resultaram um conjunto de informações que interessa confirmar e contextualizar, aferir responsabilidades e concluir sobre o que se pode melhorar no apoio e na coordenação em eventuais futuros incêndios na Região. Na audição parlamentar ao Dr. Vítor Prior, Presidente da Delegação Regional do Instituto do Mar e da Atmosfera, apurou-se que a situação climatérica aquando destes incêndios era previsível e foi efectivamente prevista tanto pelo Instituto como por outras entidades internacionais que lazem previsão meteorológica para a Região Autónoma da Madeira. Em concreto, foi previsto a passagem de uma massa de ar quente e seca pela Região, vinda do norte de África, situação essa habitual entre uma a três vezes por ano mas que nestes dias de Agosto atingiu um carácter extremo, situação só equiparável à de I976. Por exemplo, verificaram-se temperaturas máximas no Funchal de37,6 graus Celsius no dia 5 de Agosto chegando a38,2 no dia 9 de Agosto, enquanto a humidade J
4 relativa do ar foi prevista como estando abaixo de 20o/o, situação que igualmente se confirmou. 0 vento foi igualmente previsto com sucesso sendo que as rajadas de vento atingiram 60 km por hora no dia 7 e B0 km por hora na tarde do dia 9. Em conjunto e em conclusão, o Dr. Vítor Prior afirmou que estas condições climatéricas eram previsíveis, foram efectivamente previstas e classificou-as como "explosivas". Outras entidades internacionais responsáveis por previsão meteorológica, entre as quais a BBC Weather e o Accuweather previram igualmente com sucesso a situação nos dias de incêndio referidos, confirmando a exactidão das previsões efectuadas pelo Instituto do Mar e da Atmosfera. De facto, tal como referido pelo Dr. Vítor Prior a previsão meteorológica de temperatura, vento e humidade é actualmente eficaz e certeira quando efectuada com curta antecipação, ao contrário da previsão da pluviosidade, esta menos certeira. Foi igualmente apurado nas audições que o SRPC faz um briefing semanal todas as Segundas-Feiras com a planificação das actividades da Protecção Civil, briefing esse que existiu igualmente no dia B de Agosto de O SRPC foi informado com detalhe destas condições atmosféricas. Durante as audições a Protecção Civil Regional foi questionada sobre um eventual aconselhamento feito por responsáveis do Serviço de Emergência Médica de Intervenção Rápida (EMIR) no sentido de evacuar a população idosa ou incapacitada, nomeadamente nas casas existentes nas ribeiras onde decorriam os incêndios, mas os responsáveis afirmaram desconhecer o facto e a EMIR não ter sido ouvida. As audições parlamentares permitiram igualmente apurar que o SRPC assumiu a coordenação de todas as acções de protecção civil nas Região pelas 16 horas do dia B de Agosto, tomando essa responsabilidade às entidades de protecção civil Municipais, Foi igualmente apurado que não estiveram disponíveis durante, pelo menos, os dias B e 9 todos os meios humanos e materiais necessários no combate aos incêndios, 4
5 nomeadamente, no Funchal, No que diz respeito aos recursos humanos nos bombeiros foi referido o cansaço acumulado dos profissionais o que impediu nestes dias de existirem os destacamentos de bombeiros em número necessário para acorrer a todas as situações solicitadas. 0s parlamentares foram informados que existem problemas com os recursos humanos dos bombeiros no Funchal em virtude de não terem sido feitas novas contratações de bombeiros nos últimos 15 anos, a faixa etária dos bombeiros é superior a 43 anos, o que poderá dificultar parcialmente a eficácia das operações. Adicionalmente foi apurado que faltaram postos de abastecimento de água perto dos locais de combate ao incêndio nas zonas atas do Funchal, Foi apurado que o Ministério da Administração Interna disponibilizou na tarde do dia B ajuda à Região Autónoma da Madeira, nomeadamente em recursos humanos, para combate aos incêndios. No entanto esta ajuda só foi solicitada pelo Governo Regional mais de 24 horas depois, quando já havia fatalidades a registar e o incêndio alastrava pela generalidade do concelho do Funchal e surgiam outros incêndios nos concelhos a Oeste. Foram igualmente relatados aos parlamentares dificuldades nas comunicações entre a Protecção Civil Municipal do Funchal e a Protecção Civil Regional, tendo autarcas inclusive afirmado que nunca conseguiram contactar telefonicamente do SRPC, situação de todo incompreensível, tanto mais que tal terá condicionado a melhor operacionalidade dos meios no terreno. 0 contacto entre as chefias das duas entidades passou a ser feito só presencialmente e num só local, na freguesia de São Roque. Os deputados nunca foram esclarecidos sobre arazão técnica de tal decisão dos responsáveis da Protecção Civil Regional. Os autarcas municipais do Funchal classificaram a coordenação como tendo "corrido mal". Por estes e outros factos apurados fica uma sustentada dúvida de que a coordenação pelo Serviço de Protecção Civil Regional no combate aos incêndios e ao socorro às vítimas em Agosto de 20L6 não foi a correcta. 5
6 Assim encontra-se plenamente justificada a necessidade de uma Comissão de Inquérito que apure com rigor e objectividade as responsabilidades e as lições para o futuro que ficam destes trágicos incidentes, De forma a aclarar as dúvidas suscitadas, solicita-se, ao abrigo das disposições regimentais, que seja constituída uma Comissão de Inquérito Parlamentar na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. Funchal, L4 de fevereiro de2017 O Grupo Parlamentar do CDS/PP 6
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