INSTRUÇÃO CVM Nº 554/14: CLASSIFICAÇÃO DE INVESTIDORES. São Paulo, 18 de dezembro de 2014 Flavia Mouta

Documentos relacionados
INSTRUÇÃO CVM Nº 554, DE

Painel 2: 11h30 12h30. SUITABILITY - ICVM 539 e Roteiro. Marcos Galileu Lorena CVM Marcos José Rodrigues Torres - BSM.

EDITAL DE AUDIÊNCIA PÚBLICA SDM Nº 03/14 Prazo: 30 de junho de 2014

Suitability. Verificação da adequação de produtos e serviços ao perfil do cliente

INSTRUÇÃO CVM Nº 539, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2013, COM AS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA INSTRUÇÃO CVM Nº 554/14.

Índice. 015/1 - Classificação de Investidores versão 1.0 Página 1 de 9

POLÍTICA DE SUITABILITY

O questionário é composto por 12 questões de múltipla escolha para Pessoas Físicas (Anexo I), de tal forma que seja possível definir:

Instruções CVM 554 e 555

A RESPONSABILIDADE DOS AGENTES DE FUNDOS DE INVESTIMENTO

investimentos dos RPPS

TENDÊNCIAS DA REGULAÇÃO NO MERCADO DE BALCÃO. 1º Seminário Internacional sobre Renda Fixa em Mercado de Balcão São Paulo 29 de setembro de 2006

Aspectos regulatórios da Instrução CVM nº 558/15. Daniel Maeda CVM/SIN Vera Simões CVM/SIN/GIR

CONSELHO DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO DE INSTRUMENTOS FINANCEIROS DELIBERAÇÃO Nº 15

Apresentação: Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros

Política de Investimentos de Pessoas Vinculadas

NORMAS DE CONDUTA PARA OS ANALISTAS DE INVESTIMENTOS DA SOLIDUS S.A. CCVM

EDITAIS DE AUDIÊNCIA PÚBLICA CVM/SDM Nº. 03 E 04, DE

O questionário é composto por 12 questões de múltipla escolha para Pessoas Físicas (Anexo I), de tal forma que seja possível definir:

Política de Suitability Objetivo SR Consultoria de Valores Mobiliários Empresa

Política de suitability

As Novas Regras de Depósito Central, Custódia e Escrituração de Valores Mobiliários

POLÍTICA DE SUITABILITY

Política de Suitability

Ao senhor Fábio Henrique de Sousa Coelho Diretor-superintendente Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc)

Pró Gestão ICVM PRÓ-GESTÃO. Aspectos Relevantes

MANUAL DE ENVIO DE INFORMAÇÕES E CONTROLES INTERNOS

POLÍTICA DE SUITABILITY

M3 CAPITAL PARTNERS GESTORA DE RECURSOS LTDA. POLÍTICA DE NEGOCIAÇÃO PESSOAL DE VALORES MOBILIÁRIOS. São Paulo, Junho de 2016

ARAMUS GESTORA DE ATIVOS LTDA. Política de Gerenciamento de Risco de Liquidez

Política de Suitability e Distribuição Lavoro Asset

MANAGER TRUXT LONG SHORT FIC FI MULTIMERCADO

REUNIÃO DO ADVISORY BOARD. CFA Society, Março 2015

POLÍTICAS DE INVESTIMENTOS PESSOAIS. Última atualização: 07/02/2017

METODOLOGIA DE SUITABILITY PARA DISTRIBUIÇÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO

Fundo de Investimento em Participações

Fundos de Investimento em Direitos Creditórios - FIDC

P3 Código MANUAL DE CONTROLES INTERNOS FATOR CORRETORA COR-MOC.013. Atividade de Analista de Valores Mobiliários - Inst.

SAFRA MULTIDIVIDENDOS PB FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO EM AÇÕES

MORE INVEST GESTORA DE RECURSOS

CPP 027 REGIME DE ATUAÇÃO E REMUNERAÇÃO DOS AGENTES AUTÔNOMOS DE INVESTIMENTOS Maio de 2017

Antonio Carlos Berwanger Superintendente de Desenvolvimento de Mercado da Comissão de Valores Mobiliários

INSTRUÇÃO CVM Nº 476, DE 16 DE JANEIRO DE 2009

POLÍTICA DE RATEIO E DIVISÃO DE ORDENS. Abril 2018

MANUAL DE GERENCIAMENTO DE RISCO DE LIQUIDEZ

FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO - OURINVEST CYRELA - FII CNPJ/MF N.º /

Ao senhor Antonio Carlos Berwanger Superintendente de Desenvolvimento de Mercado (SDM) Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

Brazilian Depositary Receipt BDR Patrocinado

Ofertas Públicas de Distribuição e Ofertas Públicas de Aquisição. Flavia Mouta Diretora de Emissores da B3

SAFRA MIX AÇÕES FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO EM AÇÕES

Operações de Pessoas Vinculadas

PROPOSTA DA CREDIT SUISSE HEDGING-GRIFFO CORRETORA DE VALORES S.A.

Manual de Gerenciamento de Risco de Liquidez de Fundos de Investimento da Sparta Administradora de Recursos Ltda.

INSTRUÇÃO CVM Nº 539, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2013, COM AS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA INSTRUÇÃO CVM Nº 554/14.

POLÍTICA DE COMPRA E VENDA DE VALORES MOBILIÁRIOS (INVESTIMENTOS PESSOAIS)

DE REGRAS, PROCEDIMENTOS

SAFRA INFRAESTRUTURA PROFIT FIC FIM CRÉDITO PRIVADO

POLÍTICA DE APROVAÇÃO DE MATERIAIS DE MARKETING E COMUNICAÇÃO COM INVESTIDORES

SAFRA PREV FIX VIP FIC FI RENDA FIXA PREVIDENCIÁRIO

POLÍTICA DE FISCALIZAÇÃO DE PRESTADORES DE SERVIÇOS

Custódia de Ativos Visão de Guarda, Segregação e Conciliação

DMIGROUP MANUAL DE LIQUIDEZ FUNDOS DE INVESTIMENTO

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS PESSOAIS E NEGOCIAÇÃO COM VALORES MOBILIÁRIOS SUMÁRIO

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS PESSOAIS

Aplicação dos Ativos Garantidores em FIP

Workshop da Supervisão do Código de Fundos de Investimento para Administradores, Gestores e Distribuidores. Novembro/2013

SAFRA EXECUTIVE MAX RENDA FIXA FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO

JIVE Asset Gestão de Recursos Ltda.

FATOR PORTFOLIO PLUS-FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO MULTIMERCADO - CNPJ: /

CONSELHO DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO DELIBERAÇÃO Nº 78

CROWDFUNDING DE INVESTIMENTO INSTRUÇÃO CVM Nº 588/17 - DISCIPLINA A OFERTA PÚBLICA DE VALORES MOBILIÁRIOS POR MEIO DE CROWDFUNDING

Senhores Cotistas do Fundo de Investimento Imobiliário Shopping Pátio Higienópolis

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O CITIFIRST CAPITAL PROTEGIDO II FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO MULTIMERCADO CNPJ:

Política de Alocação de Ordens Vinci Gestora de Recursos

EDITAL DE AUDIÊNCIA PÚBLICA SDM Nº 14, DE MINUTA DE INSTRUÇÃO SOBRE A ADMINISTRAÇÃO DE CARTEIRAS DE VALORES MOBILIÁRIOS

POLÍTICA DE FISCALIZAÇÃO DE PRESTADORES DE SERVIÇOS

CAPITÂNIA SECURITIES II FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO FII CNPJ n / PROPOSTA DO ADMINISTRADOR

R$ ,00 (vinte e cinco milhões de reais)

Sumário. Introdução, 1

BRITCHAM MARIA HELENA SANTANA 16/08/2010

Certificados de Recebíveis do Agronegócio - CRA

POLÍTICAS DE COMPRA E VENDA DE VALORES MOBILIÁRIOS POR ADMINISTRADORES, EMPREGADOS E COLABORADORES

ANEXO SUGESTÕES DE PERGUNTAS E RESPOSTAS, PARA INCLUSÃO NA CARTILHA QUE ABORDARÁ AS MELHORES PRÁTICAS DE INVESTIMENTOS.

CMN altera as diretrizes para investimentos por fundos de pensão. Por Ana Carolina Lima Nomura, Luciana Dias Prado e Marina Procknor

Manual de Gerenciamento de Risco de Liquidez

RELATÓRIO DE COMPLIANCE GERENCIAL

FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO SHOPPING PÁTIO HIGIENÓPOLIS CNPJ/MF Nº / Proposta à Assembleia Geral Extraordinária

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O SANTANDER IRF-M 1 TÍTULOS PÚBLICOS RENDA FIXA / Informações referentes a Maio de 2018

NEWSLETTER SOCIETÁRIO MERCADO DE CAPITAIS

Transcrição:

INSTRUÇÃO CVM Nº 554/14: CLASSIFICAÇÃO DE INVESTIDORES São Paulo, 18 de dezembro de 2014 Flavia Mouta 1

Comissão de Valores Mobiliários Protegendo quem investe no futuro do Brasil. O conteúdo da apresentação é de responsabilidade exclusiva da palestrante. As opiniões aqui expressadas não refletem necessariamente as opiniões da CVM.

Agenda 1) Objetivo da categoria Investidor Qualificado (IQ) 2) Revisão da definição de IQ e criação da categoria Investidor Profissional (IP) 3) Fundos e Clubes de Investimento como IP/IQ 4) Mudança topológica e uniformização das definições 5) Eliminação das regras de investimento mínimo 6) Carteira administrada na instrução de suitability 7) Prazo de entrada em vigor e regras de transição

Processo de Elaboração de Normas Fase de Preparo Minuta Audiência Pública Relatório de Análise Edição da norma

Processo de Elaboração de Normas Maior número de comentários: a) Valores para enquadramento do IQ/IP b) Critérios de qualificação c) RPPS d) Instrução CVM nº 476/09

1) Objetivo da categoria Investidor Qualificado: impedir que investidores pouco sofisticados* adquiram valores mobiliários em situação de significativa assimetria informacional * Sofisticação = conhecimento do mercado de capitais e capacidade de precificar valores mobiliários complexos ou pouco transparentes

Como avaliar a sofisticação dos investidores? Investidores institucionais - são certamente qualificados porque (i) sua capacidade técnica é avaliada pelos órgãos supervisores competentes e (ii) atuam cotidianamente no mercado. RPPS: IP ou IQ de acordo com regulamentação específica ainda a ser criada pelo Ministério da Previdência Social.

Pessoas não especializadas no mercado financeiro há duas principais opções regulatórias: Australiana: o intermediário avalia a sofisticação do cliente com base em critérios próprios (ponto positivo: maior flexibilidade a cada caso concreto; ponto negativo: conflito de interesses do intermediário) Americana: patrimônio mínimo para o investidor ser considerado qualificado (ponto positivo: proxy imparcial da qualificação; ponto negativo: inflexível a casos concretos excepcionais)

2) Revisão da definição de IQ e criação da categoria Investidor Profissional: A opção regulatória americana foi preferida (i) por ser a mais aceita internacionalmente e (ii) por evitar, com a sua simplicidade, os custos de supervisão e compliance que seriam necessários para se implementar a opção regulatória australiana.

* Com base na AP, passou-se a reconhecer também como IQ pessoas naturais que tenham sido aprovadas em exames de qualificação técnica ou possuam certificações aprovadas pela CVM como requisitos para o registro de agentes autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de valores mobiliários, em relação a seus recursos próprios.

Investidor qualificado O valor de R$ 1 milhão parece adequado ao mercado brasileiro atual: com esse valor, o investidor tem uma renda financeira significativa em relação à renda laboral média e pode contratar consultoria de investimento relativamente sofisticada. A referência são os investimentos financeiros, e não o patrimônio do investidor, (i) pela relação direta entre investimentos financeiros e conhecimento sobre o mercado financeiro e (ii) pela maior facilidade de comprovação do montante de investimentos financeiros (em regra, registrados eletronicamente e negociados em mercados transparentes).

Investidor Profissional A categoria de IP segue a mesma lógica acima, mas possibilita que a CVM torne sua regulação mais proporcional, ou seja, quando a tutela é muito reduzida, apenas os IP podem negociar. O valor de R$ 10 milhões é aquele a partir do qual o investidor pode se dedicar quase exclusivamente a cuidar dos seus investimentos e tem acesso aos prestadores de serviços mais sofisticados do mercado financeiro.

3) Fundos e Clubes de Investimento como IP/IQ: Os fundos de investimento e os clubes de investimento geridos por administradores de carteira passarão a ser considerados, em regra, IP, porque: (i) as decisões de investimento são tomadas pelos administradores, que têm qualificação suficiente; e (ii) estes administradores devem respeitar o regulamento/estatuto e administrar adequadamente o risco de liquidez. * Na mesma linha, clubes de investimento geridos por IQ serão também considerados IQ.

3) Fundos de Investimento como IP (cont.): A previsão, na Nova 409, de que fundos de investimento não destinados exclusivamente a IQ não sejam considerados IQ/IP para fins da instrução significa que tais fundos poderão adquirir quaisquer valores mobiliários (por ex., aqueles ofertados pelo rito da ICVM 476), mas deverão respeitar os limites previstos pela Nova 409, tais como: 10% do PL do fundo em ativos de um mesmo emissor Cia. Aberta não financeira; 20% do PL do fundo em cotas de FIDC ou em CRI; e 20% do PL do fundo multimercado em ativos negociados no exterior.

É obrigação do intermediário verificar se o investidor tem os investimentos financeiros exigidos pela regra. As declarações dos anexos 9-A e 9-B podem ser utilizadas para essa verificação, mas, se houver indícios que possam levar ao entendimento de que a situação financeira declarada pelo cliente não corresponde à realidade, os intermediários não poderão se abster de verificar informações sobre a sua real situação financeira.

5) Eliminação das regras de investimento mínimo: A eliminação das regras de investimento mínimo tem dois benefícios: (i) aumento da liquidez do mercado secundário; e (ii) maior diversificação do portfólio dos investidores. É possível graças: (i) à criação da categoria IP e à redefinição dos IQ (valores mais significativos); (ii) à uniformização do conceito de IQ (compliance mais fácil); e (iii) regulamentação do suitability (maior proteção do investidor).

A substituição da regra de investimento mínimo pela restrição à negociação foi feita com base na regra simplificadora de que um ativo não pode representar mais do que 10% do patrimônio do investidor. Por exemplo, o ticket de R$ 1 milhão do FIDC-NP foi substituído pela restrição aos IP (patrimônio de R$ 10 milhões, ou seja, 10 vezes mais).

Especificamente em relação à ICVM 476, foi adotada a seguinte sistemática: 1) Na oferta, podem ser procurados apenas IP (em substituição à exigência de investimento mínimo de R$ 1 milhão); e 2) No mercado secundário, a negociação pode incluir IQ (como prevê atualmente a norma).

6) Carteira administrada na instrução de suitability Na ICVM 539, editada no final de 2013, determinou-se que o suitability é necessário para todas as pessoas naturais, mesmo se IQ. A Minuta dispensa o suitability de investidores cujos valores mobiliários sejam administrados discricionariamente por administradores de carteira registrados na CVM (em linha com o reconhecimento de que todos os fundos de investimento são IP).

7) Prazo de entrada em vigor e regras de transição A ICVM 539 e as novas regras de IP/IQ só entrarão em vigor a partir de 1º/7/2014. É permitida a permanência e a realização de novas aplicações, em fundos para investidores qualificados, de cotistas que não se enquadrem nos requisitos previstos em norma específica, desde que tais cotistas tenham ingressado em concordância com os critérios de admissão anteriormente vigentes.

A qualificação do cliente deve ser avaliada pelo intermediário quando da realização de negócio que seja restrito a determinada categoria de investidores. Não será necessário, portanto, que os intermediários reavaliem a condição de investidor qualificado de todos os seus clientes imediatamente depois que a Instrução CVM nº 539, de 2013, entrar em vigor.

Obrigada! Flavia Mouta sdm@cvm.gov.br +55 21 35548578