CURSO DE RESOLUÇÃO DE QUESTÕES DE PROCESSO CIVIL PONTO A PONTO PARA TRIBUNAIS. Curso Agora eu passo (www.cursoagoraeupasso.com.br)

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Transcrição:

CURSO DE RESOLUÇÃO DE QUESTÕES DE PROCESSO CIVIL PONTO A PONTO PARA TRIBUNAIS MÓDULO 2 LITISCONSÓRCIO E ASSISTÊNCIA Professora: Janaína Noleto Curso Agora eu passo () Olá, pessoal! Chegamos ao nosso terceiro módulo. Veremos os institutos do litisconsórcio e da assistência. Não abordaremos questões sobre intervenção de terceiros (oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo), por não serem comuns em concursos para tribunais. Como dissemos anteriormente, o objetivo é resolver questões dos pontos mais comuns nos editais de concursos para tribunais. Mãos à obra! A nossa primeira questão trata do litisconsórcio multitudinário. Aproveite! Questão 1 - (CESPE ANALISTA JUD JUD/TRT 15ª REGIÃO/2008) Mesmo ocorrendo litisconsórcio multitudinário, o juiz não poderá limitar o número de litigantes, pois, agindo assim, estará cerceando o livre acesso ao Poder Judiciário, já que toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo. Comentário ao item: item incorreto. A questão trata do litisconsórcio multitudinário. Mas o que seria isso? Antes de conceituar litisconsórcio multitudinário, procuremos entender o que é litisconsórcio.

Como o própria etimologia da palavra indica, o litisconsórcio nada mais seria que um consórcio na lide. Ou seja, mais de uma pessoa ou ente num dos polos da ação. Ex.: duas pessoas propõem ação contra outras três (litisconsórcio ativo e passivo, ou misto). O litisconsórcio está disciplinado no CPC nos artigos 46 a 49. A limitação do litisconsórcio multitudinário está prevista expressamente no art. 46, parágrafo único, do CPC, in verbis: Art. 46. Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão. Litisconsórcio multitudinário é aquele em que há várias pessoas em um ou em ambos os polos da demanda. Ex.: Diversos candidatos de um concurso público (imaginem mais de 100) propõem ação contra a União Federal pleiteando a revisão de suas provas subjetivas. O litisconsórcio multitudinário é plenamente possível e legal. A lei previu, no entanto, que, quando houver risco de comprometimento à rápida solução do litígio ou dificuldade para a defesa, é possível ao juiz limitar o número de litisconsortes, desde que se trate de litisconsórcio facultativo. Clássico exemplo de comprometimento à rápida solução do litígio é o número exacerbado de réus, com evidente dificuldade para citação de todos eles e prosseguimento nas fases seguintes do processo. É que o prazo para contestar somente se iniciaria quando todos os litisconsortes fossem citados. Se qualquer deles não fosse encontrado, o processo não poderia prosseguir para a fase seguinte. Portanto, fica evidente a incorreção do item, ao negar a possibilidade de o juiz limitar o número de litigantes. Observe que a possibilidade de limitação do litisconsórcio multitudinário somente ocorre se o litisconsórcio é facultativo. No caso de litisconsórcio obrigatório, não existe a possibilidade de limitação, ainda que o grande número de pessoas torne lenta a marcha processual. Mas o que seria litisconsórcio facultativo? E obrigatório/necessário?

Diz-se necessário ou obrigatório o litisconsórcio por expressa disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica. Ocorre o litisconsórcio necessário pela natureza da relação jurídica por ser a relação jurídica de direito material deduzida em juízo (res in judicium deducta) da titularidade de mais de uma pessoa, embora una e incindível. É, portanto, obrigatória a presença no processo de todos que serão diretamente atingidos pela decisão judicial 1. A não promoção do litisconsórcio necessário implica na não regular formação da relação jurídica processual, devendo ser o processo extinto por falta de pressuposto processual de validade (art. 267, IV, do CPC). Diz-se facultativo o litisconsórcio quando houver: - comunhão de direitos ou de obrigações (Ex.: devedores solidários no pólo passivo). - obrigações derivadas do mesmo fundamento de fato ou de direito (Ex.: acidente provocado por mais de um veículo causa danos a mais de uma pessoa. Nesse caso, poderíamos ter litisconsórcio misto). - conexão entre as causas (Ex.: conexão pelo objeto credor executa devedor principal e avalista pela mesma dívida; conexão pela causa de pedir vítimas de um mesmo acidente propõem ação em litisconsórcio em face do causador do dano). - afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito (art. 46) (Ex.: rebanhos de vários proprietários, sem qualquer ajuste, mas simultaneamente, invadem uma fazenda. O dono da fazenda poderia optar por colocar os proprietários dos rebanhos em litisconsórcio passivo). Não havendo lei que obrigue a formação do litisconsórcio, e presente uma das hipóteses acima elencadas, diz-se facultativo o litisconsórcio. Por facultativo, entende-se que é faculdade do autor vir acompanhado, no polo ativo, de outros autores (litisconsórcio 1 Exemplo de litisconsórcio necessário por expressa previsão de lei ocorre nas ações reais imobiliárias quando os cônjuges sejam réus (art. 10, 1º, do CPC). Também é o caso das ações de usucapião, em que a lei exige a presença no pólo passivo de todos os proprietários de imóveis confinantes (art. 942 do CPC). Exemplo de litisconsórcio necessário pela natureza da relação jurídica ocorre no caso de ação declaratória de nulidade da relação jurídica matrimonial proposta pelo Ministério Público em face dos cônjuges. Como a relação jurídica discutida no processo é una e indivisível, os participantes dessa relação devem estar todos presentes no pólo passivo como litisconsortes.

facultativo ativo) ou demandar em face de vários réus (litisconsórcio facultativo passivo). Nada impede ainda que ocorra litisconsórcio facultativo em ambos os polos da demanda (litisconsórcio facultativo misto). A nossa segunda questão trata do litisconsórcio multitudinário. Aproveite! (CESPE ANALISTA PROCESSUAL TJ/RR 2006) Tratando-se de litisconsórcio passivo necessário, seja simples, seja unitário, quando houver um número muito grande de litisconsortes no processo, o juiz poderá recusar a formação do litisconsórcio ou limitar o número de litigantes e determinar o desdobramento das ações. Resposta: item incorreto. Comentário ao item: item incorreto Como vimos nos comentários à questão anterior, o juiz não pode limitar o litisconsórcio necessário, mas apenas o facultativo. O item está, portanto, incorreto. Torna-se, então, irrelevante para a questão o conhecimento sobre o que seria litisconsórcio simples e unitário. Todavia, aproveitamos para falar dos dois conceitos (litisconsórcio simples e unitário) em linhas gerais. Litisconsórcio simples é aquele em que o juiz pode julgar de forma diferente para cada um dos litisconsortes, por não serem eles co-titulares da mesma relação jurídica. No litisconsórcio unitário, o juiz deve julgar da mesma forma para todos os litisconsortes, por serem os mesmos cotitulares de uma mesma relação. A nossa terceira questão trata da assistência. Aproveitamos para diferenciar assistência simples e litisconsorcial. Questão 4 - (CESPE ANALISTA JUD JUD/TRT 5ª REGIÃO/2008) A assistência litisconsorcial ocorre quando um terceiro vem a juízo afirmando ter interesse imediato na causa, pois a decisão poderá afetar seu patrimônio jurídico, haja vista se relacionar

juridicamente com a parte que litiga contra aquela a quem deseja assistir. Comentários ao item: item correto. A assistência está regulada no CPC nos artigos 50 a 55. O assistente é um auxiliar da parte, que tem interesse em que o assistido saia vencedor. O interesse capaz de legitimar a intervenção do assistente é o interesse jurídico, e não o meramente econômico. Há dois tipos de assistência: Simples Litisconsorcial (= litisconsórcio) Na assistência simples, o terceiro que quer ingressar como assistente não é titular da relação jurídica deduzida em juízo. Mas é titular de uma relação jurídica subjacente, que pode ser atingida pelo resultado do processo. Caso clássico é o do sublocatário. O sublocatário, João, tem relação jurídica com José, sublocador. José, sublocador, é locatário de Maria, locadora. Se Maria propõe uma ação anulatória do contrato de locação contra José, João não é parte do processo, nem é parte da relação jurídica deduzida em juízo, pois seu contrato é outro (é o de sublocação, e não o de locação). Todavia, tem interesse em que José vença a demanda, a fim de que seu contrato (de sublocação) não seja atingido pela anulação do contrato de locação entre Maria e José. Pode, então, pedir seu ingresso em juízo como assistente de José. Eis o que dispõe o CPC sobre a assistência: Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra. Na assistência litisconsorcial, existe, em verdade, um litisconsórcio ulterior. Nos termos do art. 54 do CPC:

Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sentença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de intervenção, sua impugnação e julgamento do incidente, o disposto no art. 51. O CPC então diferenciou assistência simples e litisconsorcial. Na assistência litisconsorcial, o terceiro que pretende ingressar na lide é titular da relação jurídica deduzida em juízo, ou seja, tem relação jurídica com o adversário do assistido. Poderia ter ingressado como litisconsorte desde o início do processo, mas deixou para fazêlo depois. Ex.: Condômino que pede seu ingresso no processo em que outro condômino reclama a coisa comum. Note-se que o condômino que ingressou posteriormente (assistente litisconsorcial) é co-titular da relação jurídica deduzida em juízo. Portanto, o item está correto. Questão 2 - (FCC ANALISTA JUD ADM/TRE MS/2007) Em matéria processual civil, no que concerne ao instituto da assistência é correto afirmar que, dentre outras situações: a) Impugnado o pedido do assistente, o juiz deverá decidir o incidente, sendo vedada a produção de provas. b) Ela só é admitida em primeira instância, em qualquer tipo de procedimento. c) O pedido do assistente pode ser impugnado pelas partes no prazo de 10 dias. d) O assistente recebe o processo no estado em que se encontra. e) O assistente deve agir como auxiliar da parte assistida, mas não se sujeita aos mesmos ônus processuais que ela. Resposta: item d. Comentários ao item a: item incorreto

Nos termos do art. 51, II, do CPC, se qualquer das partes alegar que falece ao assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz, então, determina o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem autuadas em apenso. Em seguida, autoriza a produção de provas. Ressalte-se que o incidente não ocasiona a suspensão do processo (art. 51, I, CPC). Comentário ao item b: item incorreto. Nos termos do art. 50, parágrafo único do CPC, a assistência é admitida em todos os graus de jurisdição. Comentário ao item c: item incorreto. Nos termos do art. 51, caput, do CPC, o prazo para impugnação do pedido do assistente é de 5 dias, e não 10. Comentário ao item d: item correto. Nos termos do art. 50, parágrafo único, do CPC, o assistente recebe o processo como está, não tendo direito a repetição de atos processuais já praticados. Comentário ao item e: item incorreto. Nos termos do art. 52, parágrafo único, do CPC, o assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido. Curiosidade: Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de negócios (art. 52, parágrafo único, do CPC). O assistente pode contrariar a vontade do assistido? Por exemplo, recorrer, mesmo que o assistido tenha expressamente concordado com a decisão judicial? Não. Veja o que diz o art. 53 do CPC: Art. 53. A assistência não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou transija sobre direitos controvertidos; casos em que, terminando o processo, cessa a intervenção do assistente. Nesse caso, só resta ao assistente lamentar...

Ficamos por aqui! Esperamos vocês na próxima semana, com o nosso terceiro módulo! Até mais!