PARECER Nº 3 / 2012 MESA DO COLÉGIO DE ESPECIALIDADE EM ENFERMAGEM CONSULTA DE ENFERMAGEM DE SAÚDE INFANTIL ESPECIALIZADA

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PARECER Nº 3 / 2012 CONSULTA DE ENFERMAGEM DE SAÚDE INFANTIL ESPECIALIZADA 1. A questão colocada ( ) Sendo eu enfermeira especialista em Saúde Infantil, aplico os meus conhecimentos específicos na consulta de enfermagem da UCSP onde exerço funções, tendo mesmo programado um dia semanal especifico previsto para a consulta de enfermagem de Saúde Infantil especializada. O que quero saber é se em termos legais os colegas que não têm esta especialidade, também podem vigiar e avaliar os parâmetros que eu vigio e avalio, pois têm manifestado essa vontade e interesse. 2. Fundamentação 2.1. A Consulta de Saúde Infantil A Consulta de Enfermagem é uma atividade autónoma com base em metodologia científica, que permite ao Enfermeiro formular um diagnóstico de enfermagem baseado na identificação dos problemas de saúde em geral e de enfermagem em particular, elaborar e realizar planos de cuidados de acordo com o grau de dependência dos utentes em termos de enfermagem, bem como a avaliação dos cuidados prestados e respetiva reformulação das intervenções de enfermagem (Ministério da Saúde, 1999). A Consulta de saúde Infantil do Programa-tipo de atuação em Saúde Infantil e Juvenil é uma consulta destinada à vigilância, manutenção e promoção da saúde da criança e do jovem, desde o nascimento até à adolescência. Esta consulta tem os seguintes objetivos: o Avaliar o crescimento e desenvolvimento e registar, nos suportes próprios, nomeadamente no Boletim de Saúde Infantil e Juvenil; o Estimular a opção por comportamentos saudáveis, adequada às diferentes idades e às necessidades individuais; o Promover o cumprimento do Programa Nacional de Vacinação; o Detetar precocemente e encaminhar situações que possam afetar negativamente a vida ou a qualidade de vida da criança e do adolescente; o Prevenir, identificar e saber como abordar as doenças comuns nas várias idades, nomeadamente reforçando o papel dos pais e alertando para os sinais e sintomas que justificam o recurso aos diversos serviços de saúde; o Sinalizar e proporcionar apoio continuado às crianças com doença crónica/deficiência e às suas famílias, bem como promover a eficaz articulação com os vários intervenientes nos cuidados a estas crianças; o Identificar, apoiar e orientar as crianças e famílias vítimas de violência ou negligência; o Promover a autoestima do adolescente e a sua progressiva responsabilização pelas escolhas relativas à saúde; o Prevenir situações disruptivas ou de risco acrescido e Apoiar e estimular a função parental e promover o bem-estar familiar (Saúde Infantil e Juvenil: Programa Tipo de Atuação, 2005). Parecer MCEESIP 3 / 2012-1 de 5

2.2. Enquadramento do exercício profissional do enfermeiro A clarificação do espaço de intervenção de Enfermagem, no âmbito dos cuidados de saúde, tem por base um quadro de referência, orientador do exercício profissional dos Enfermeiros em qualquer contexto de ação e que está assente nos seguintes pilares: o Código Deontológico do Enfermeiro, os Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem e as Competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais. Para além destes documentos constitutivos do quadro de referência, o Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros (REPE) constituise como um documento essencial para a prática do exercício profissional de Enfermagem, porque salvaguarda, no essencial, os aspetos que permitem a cada enfermeiro fundamentar a sua intervenção enquanto profissional de saúde, com autonomia (DL N.º 161/96, de 4 de Setembro). Na gestão dos recursos de saúde, os enfermeiros promovem, paralelamente, a aprendizagem de forma a aumentar o reportório dos recursos pessoais, familiares e comunitários para lidar com os desafios da saúde (OE, 2001). À Ordem dos Enfermeiros (OE) cabe definir as competências dos enfermeiros responsáveis por cuidados gerais e especializados e definir estratégias que permitam assegurar aos cidadãos cuidados gerais e especializados de qualidade. Nas Competências do enfermeiro de Cuidados Gerais importa realçar no art. 8º Exercício profissional dos enfermeiros que no exercício das suas funções os enfermeiros deverão adotar uma conduta responsável e ética e actuar no respeito pelos direitos e interesses, legalmente protegidos, dos cidadãos, enquanto no art. 9º ( ) que os enfermeiros devem intervir... em conformidade com o diagnóstico de Enfermagem... de acordo com as suas qualificações profissionais (OE, 2003). No mesmo documento identificam-se competências indispensáveis ao Enfermeiro de Cuidados Gerais no exercício da profissão: 2 Reconhece os limites do seu papel e da sua competência; 3 Consulta peritos em enfermagem, quando os cuidados de enfermagem requerem um nível de perícia que está para além da sua competência atual ou que saem do âmbito da sua área de exercício; 64 Responde apropriadamente às questões, solicitações e problemas dos clientes e/ou dos cuidadores, no respeito pela sua competência (OE, 2003). Também, no Código Deontológico o enunciado dos deveres para com a profissão artigo 90º alínea a) manter no desempenho das suas atividades, em todas as circunstâncias, um padrão de conduta pessoal que dignifique a profissão esclarecendo que para confiar num profissional, um cliente precisa de acreditar que aquele individuo tem o conhecimento necessário para o ajudar (e isto implica os saberes e as competências) e que essa pessoa agirá no sentido dos seus melhores interesses (e isto envolve o compromisso profissional que pode ser sintetizado em promover a qualidade de vida daqueles a que se prestam cuidados) (Nunes et al, 2005). A OE atribui o título de enfermeiro especialista e reconhece competência científica, técnica e humana para prestar, além de cuidados gerais, cuidados de enfermagem especializados na área clínica da sua especialidade aos profissionais que, já detentores do título de enfermeiro, possuam um Curso de pós-licenciatura que confira competência para a prestação de cuidados especializados. O Enfermeiro Especialista é o Enfermeiro habilitado com um curso de especialização em enfermagem ou com um curso de estudos superiores especializados em enfermagem a quem foi atribuído um título profissional que lhe reconhece competência científica, técnica e humana para prestar, além de cuidados de enfermagem gerais, cuidados de enfermagem especializados na área da sua especialidade (REPE, 1996). A estas competências, necessárias ao exercício profissional, estão subjacentes os conhecimentos e capacidades adquiridas na sua formação graduada e pós-graduada e no seu percurso experiencial significativo. Ao enfermeiro especialista em ESIP e de acordo com a Matriz de análise dos Cursos de Pós-Licenciatura em Especialização de Parecer MCEESIP 3 / 2012-2 de 5

Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria (CPLEESIP) definida pela Ordem, têm de ser facultados, para além de outros, conhecimentos profundos em diagnósticos e intervenções de enfermagem, processos familiares, parentalidade, vinculação, crescimento e desenvolvimento infantil. Um enfermeiro especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica (EESIP) é um Enfermeiro que presta cuidados à criança saudável ou doente e trabalha em parceria com a criança e família para promover o mais elevado estado de saúde possível para cada criança, proporciona educação para a saúde e suporte à família/cuidadores de modo a otimizar a saúde e mantê-la; desenvolvendo a sua atividade em todos os contextos onde é requerido pelas crianças, jovens e suas famílias (em hospitais, cuidados continuados, centros de saúde, comunidade, casa, ) (Drew et al, 2002; Serota, 2006). 2.3. O papel do Enfermeiro Especialista em ESIP na Consulta de Saúde infantil Os limites das competências dos profissionais são, em determinadas circunstâncias, ténues, havendo territórios cinzentos, em que não está assim tão claro a quem compete fazer o quê. Não parece que a resolução passe por estabelecer uma hierarquia assente no poder formal, mas na hierarquia científica e técnica, na complementaridade e solidariedade, onde a tomada de decisão, no melhor interesse e benefício do cliente, é tomada por quem, em determinado momento, está melhor preparado para intervir (Nunes et al, 2005). O trabalho de equipa coloca a ênfase no desenvolvimento de competências profissionais, na capacidade de problematizar, de refletir, de debater em conjunto no que se pode designar por inteligência coletiva, tão necessária à ação em saúde. As relações profissionais em saúde que enfatizam a comunicação, a articulação, a complementaridade e co-responsabilidade enfatizam o coletivo, a cidadania, e significam coesão, cooperação e convergência em torno de objetivos. No global, o trabalho no mesmo espaço institucional pode apresentar constrangimentos (assimetrias, protagonismo, etc.), mas também abertura aos métodos e áreas de competência de cada grupo profissional e/ou de cada interveniente. Os deveres e as responsabilidades dos profissionais centram-se na garantia dos direitos da pessoa assistida, com respeito pela dignidade do colega da equipa multiprofissional, numa assunção partilhada de responsabilidades e riscos (Nunes et al, 2005: 152-155). O EESIP na Consulta de Saúde Infantil apropria os cuidados ao estádio de desenvolvimento, do nascimento até à juventude, e à dinâmica familiar, particularmente no que concerne à adequação da comunicação e educação para a saúde, e ao estabelecimento da apropriada relação de ajuda e de parcerias negociadas com as famílias para a eficácia do desempenho do seu papel parental. São áreas de atuação particular, a avaliação e promoção do crescimento e desenvolvimento da criança e do jovem, com orientação antecipatória às famílias para a maximização do potencial de desenvolvimento infantil; a gestão do bem-estar e da dor na criança; a deteção precoce e encaminhamento de situações que possam afetar negativamente a vida ou qualidade de vida, nomeadamente de uso de drogas, suicídio, violência e gravidez; a promoção da auto-estima do adolescente e a sua progressiva responsabilização pelas escolhas relativas à saúde; etc (ACPCHN, 2006). De acordo com o referencial das competências comuns do enfermeiro especialista, compete lhe no domínio da Gestão de Cuidados Realizar a gestão dos cuidados, otimizando as respostas de enfermagem e da equipa de saúde, garantindo a segurança e qualidade das tarefas delegadas tendo como Unidades de Competência Otimizar o processo de cuidados ao nível da tomada de decisão e Orientar e supervisionar as tarefas delegadas, garantindo a segurança e a qualidade. Também no domínio do Desenvolvimento das aprendizagem profissional, o enfermeiro especialista Responsabiliza-se por ser facilitador da aprendizagem, em contexto de trabalho, na área da especialidade (OE, 2011). Daqui decorre que a intervenção dos Enfermeiros de Cuidados Gerais na Consulta de Saúde Infantil se insere num trabalho de equipa que se desenvolve sob orientação e coordenação do Enfermeiro Especialista em ESIP. Parecer MCEESIP 3 / 2012-3 de 5

3. Conclusão Na sequência do pedido, é parecer desta Mesa: 3.1. De entre as diversas áreas de intervenção na consulta de saúde infantil, avaliar o desenvolvimento; prevenir, identificar e saber como abordar as doenças comuns nas várias idades; sinalizar e proporcionar apoio continuado às crianças com doença crónica/deficiência e às suas famílias, são competências do enfermeiro especialista de ESIP. 3.2. Compete ainda ao Enfermeiro Especialista em ESIP efetuar o diagnóstico de situação das crianças com as suas famílias, prescrever e executar as intervenções efetivas para a resolução dos problemas detetados, podendo delegar nos enfermeiros generalistas e avaliar a eficácia das suas decisões em continuidade, prevendo a utilização de indicadores de ganhos em saúde dos indivíduos e das populações. 3.3. O desempenho das funções do Enfermeiro de Cuidados Gerais em Saúde Infantil desenvolve-se em equipa sob orientação e coordenação do Enfermeiro Especialista em ESIP, tendo como princípios enformadores as Competências dos Enfermeiros de Cuidados Gerais nomeadamente as que são do domínio da responsabilidade profissional, ética e legal: - Reconhece os limites do seu papel e da sua competência; - Consulta peritos em enfermagem, quando os cuidados de enfermagem requerem um nível de perícia que está para além da sua competência atual ou que saem do âmbito da sua área de exercício. (OE, 2011). Nomeadamente os grupos vulneráveis e de maior risco de dependência funcional... famílias de risco, crianças institucionalizadas, pobres, migrantes, portadores de VIH/SIDA... assim como projectos de intervenção para reduzir factores de risco associados a estilos de vida ou promover a adesão ao regime terapêutico (CE 2008). 3.4. O Enfermeiro EESIP deve ser responsável pela qualidade técnica e científica das consultas de enfermagem na sua área específica (S. Infantil e Pediátrica) recorrendo a material de apoio construído (procedimentos, guias de boas práticas, folhetos), bem como a formação em serviço no âmbito da sua especialidade (CE 2008). Nos termos do n.º 6 do Artigo 31º -A do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros publicado no Decreto-Lei nº 104/98, de 21 de Abril, alterado e republicado em Anexo à Lei nº 111/2009 de 16 de Setembro, este parecer é vinculativo. Parecer MCEESIP 3 / 2012-4 de 5

BIBLIOGRAFIA Araújo, M.J. (2008). O enfermeiro e os cuidados de saúde á criança e adolescente. Comissão Nacional da Saúde da Criança e do Adolescente, acedido a 13 de Maio, em: www.acs.min-saude.pt/wp-content/uploads/2008/04/enfermeiros-e-cuidadosde-saude-crianca-e-adolescente.pdf Australian Confederation of Paediatric and Child Health Nurses (ACPCHN) (2006): Competencies for the specialist paediatric and child health nurses. Diário da República I Série A, (1991), Decreto - Lei n.º 437/91, de 8 de Novembro, Carreira profissional de enfermagem. Portugal: Ministério da Saúde. Diário da República I Série A, (2009), Decreto - Lei n.º 111/2009, de 16 de Setembro, Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros. Portugal: Ministério da Saúde. Drew, J.; Nathan, D.; Hall, D. (2002). Role of a paediatric nurse in primary care. British Journal of nursing. Vol. 11, Nº 22. Jesus, Élvio (2006). Consulta de Enfermagem. Acedido em 18 de Junho em: http://www.ordemenfermeiros.pt/index.php?page=103&view=news:print&id=349&print=1 Mano, M.J. (2002). Cuidados em parceria às crianças hospitalizadas: predisposição dos enfermeiros e dos pais. In Referência: Revista de educação e formação em enfermagem, 8: 53-61. Nunes, L.; Amaral, M.; Gonçalves, Rogério (2005). Código Deontológico do Enfermeiro: dos comentários à análise de casos. Lisboa: Ordem dos enfermeiros. Ordem dos enfermeiros (2006). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE), Versão 1.0. Lisboa. Ordem dos Enfermeiros (2001). Padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem: enquadramento conceptual; enunciados descritivos. Lisboa. Ordem dos Enfermeiros (2005). Um Olhar sobre a Criança. Acedido a 26 de Maio, em: URL:http://www.ordemenfermeiros.pt/ Ordem dos Enfermeiros (2011). Regulamento do perfil de competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais. Serota (2006). The National Association of Pediatric Nurse Practitioners. Acedido a 26 de Maio, em: http://www.ganapnap.com/napnap_vision_response.htm Ordem dos Enfermeiros. Conselho de Enfermagem (2008). Unidade de Cuidados na Comunidade. Dotações e Proporções. Ordem dos Enfermeiros (2011). Regulamento das Competências Comuns do Enfermeiro Especialista Direcção-Geral da Saúde (2005). Divisão de Saúde Materna, Infantil e dos Adolescentes Saúde Infantil e Juvenil: Programa Tipo de Actuação. 2.ª edição. Lisboa Relatores(as) MCEESIP Aprovado em 26.06.2012 Pl A Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica Enf.ª Amélia Monteiro Presidente Parecer MCEESIP 3 / 2012-5 de 5