Cartilha Assédio Moral. Assédio moral ou Violência moral no trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho.

Documentos relacionados
Humilhação é o sentimento de ser ofendido, menosprezado, rebaixado, inferiorizado, submetido, vexado, constrangido e ultrajado pelo outro.

O que é assedio moral?

Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - ANDES-SN

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO

O que é e como combater

ASSEDIO MORAL Assedio Moral Assédio Moral

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO Violência Moral e Psicológica

Violência Moral e Psicológica no Trabalho: uma violência organizacional

Ficha Informativa + Segurança. Saúde no Trabalho. Edição N.º 14 Assédio Moral no Local de Trabalho. + Segurança. Saúde no Trabalho.

Sobre o assédio moral. pessoas. Adriana Cristina Guimarães

Guiade. Orientação Ética

Cartilha ASSÉDIO MORAL ASSÉDIO MORAL É CRIME NÃO ACEITE O INACEITÁVEL. Filiado à FASUBRA/CUT SINTEST. Seção Sindical Rio Grande

ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO. WorkShop Juridico SESCON-RJ Nov /2016

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO

JORNAL DO TRABALHADOR. nossa luta Campanha salarial Benefícios para o associado

ASSÉDIO MORAL UM INIMIGO SILENCIOSO UM INIMIGO SILENCIOSO. Heverton Renato M. Padilha

POLÍTICA POLÍTICA DE ANTIDISCRIMINAÇÃO E ANTIASSÉDIO Número MNV-POL-ADM Revisão 01. Departamento ADM. Aprovado em 20/02/2019

Cantinho do Brasil. Assédio Moral

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO INTRODUÇÃO

PROJETO DE LEI N.º 6.625, DE 2009 (Do Sr. Aldo Rebelo)

Principais reclamações de assédio moral, segundo MPT-SP

O QUE É O ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO?

Assédio Moral e Sexual

Assédio moral EDITORIAL INTRODUÇÃO EDITORIAL ÍNDICE DIGA NÃO AO ASSÉDIO MORAL

SINTRAPP SINDICATO DOS TRABALHADORES NO SERVIÇO PUBLICO MUNICIPAL DE PRESIDENTE PRUDENTE E REGIÃO.

Organização do texto: Leonor Costa. Diagramação: Ronaldo Alves. Ilustração: Kleber Marques. Impressão: Gráfica Teixeira. Tiragem: 30 mil exemplares

SINTEST/BA (UNEB-UEFS) SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO 3º GRAU DO ESTADO DA BAHIA PROJETO UNEB SEM ASSÉDIO:

TEMÁTICA ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

CEI CON O QUE É HUMILHAÇÃO? É um sentimento de ser. É sentir-se um ninguém, sem valor, inútil.

EXPEDIENTE. Organizadores da cartilha: Marcelo Serafim - Secretário de Imprensa e Divulgação

O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

ASSÉDIO MORAL O QUE VOCÊ DEVE SABER PARA EVITÁ-LO SINDICATO DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Assédio moral e sexual

ASSÉDIO MORAL: PERCEPÇÕES NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

AUTOR(ES): FERNANDA BAGGIO LANGER, LAIS CRISTINA OLIVEIRA SILVA, TATIANE DA SILVA GONÇALVES

(Lopes Neto, 2005) Manual adaptado por Prof. Ms. Maria Lucia Dondon

ASSÉDIO MORAL. Alexandre L. Ramos 23/07/07 22:40 1

Palavras-Chave: Assédio Moral. Maus-tratos. Ambiente de trabalho. Processos judiciais.

CONVITE. Atuação. Prezado (a),

Andréia de Conto Garbin

Diretoria EXECUTIVA SUPLENTES

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O desafio da Gestão de Recursos Humanos. Adriana Cristina Ferreira Caldana

CURSO DE ATUALIZAÇÃO. Gestão das Condições de Trabalho e Saúde dos Trabalhadores da Saúde ASSÉDIO MORAL: CONHECER, PREVENIR E COMBATER

Assédio moral e sexual Previna-se

ASSISTENTE SOCIAL E SUAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NO CAMPO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

O NOVO CENÁRIO DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS Tecnologia e stress

CONCEITO DE ASSÉDIO MORAL

Deve também ser aplicado aos prestadores de serviço que utilizam os recursos da empresa.

VAMOS PRAGA! ACABAR COM ESTA

PARECER CREMEB Nº 35/12 (Aprovado em Sessão Plenária de 31/10/2012)

C A R T I L H A S O B R E

DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO BULLYING IN THE WORKPLACE RESUMO

Revista Perspectiva em Educação, Gestão & Tecnologia, v.2, n.3, janeiro-junho/2013

Informações de Impressão

REAÇÃO AO ASSÉDIO SEXUAL

ASSÉDIO MORAL. A NECESSIDADE DE ROMPER-SE COM O SILÊNCIO

Assédio Sexual nas empresas

Darcy de Paula Ferreira da Silva

CARTILHA DE PREVENÇÃO AO ASSÉDIO SEXUAL E MORAL NO ESPORTE

O Assédio Moral nos Estabelecimentos Bancários

Assédio Moral no Trabalho

Circular CBCa 043/2018 Curitiba, 21 de maio de Assunto: COB Cartilha de prevenção ao assédio sexual e moral no esporte

ASSÉDIO MORAL: COMO SE DEFENDER DO ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO?

P-02 ASSÉDIO MORAL E SEUS IMPACTOS NO CLIMA INTERNO DA EMPRESA

III SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ. Assédio Moral: Conseqüências a Empresa e a Saúde do Trabalhador.

ASSÉDIO SEXUAL NA RELAÇÃO DE TRABALHO

HUMILHAÇÃO E VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA DE TRABALHADORES: os trabalhadores que valem nada

RELAÇÕES DE PODER, GÊNERO E TRABALHO: SUBJETIVIDADES EM. Departamento de Psicologia - Universidade Federal do Paraná Curitiba, PR, Brasil

SÍNDROME DE BURNOUT das causas ao cuidado

III Seminário Catarinense de Prevenção ao Assédio Moral no Trabalho. 30 de setembro e 01 de outubro de 2013

Acesse nosso site e facebook! Expediente

STJ Marcelo Rodrigues Prata ASSEDIO MORAL. SOB NOVO ENFOnUE. Cyberbullying, "Indústria do Dano Moral", Carga Dinâmica da Prova e o Futuro CPC

PROC. Nº 2498/13 PLCL Nº 031/13 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

II SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE

Sinttel-DF RESPEITA AS MINA. Assedio Sexual e caso de policia. Denuncie

ASSÉDIO MORAL: JUNTOS SOMOS MAIS FORTES

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE

ASSÉDIO SEXUAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

O desafio da Gestão de Recursos Humanos. Adriana Cristina Ferreira Caldana

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Essa cartilha poderá ser visualizada em nossa home page:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PAPEL DO RECURSOS HUMANOS PERANTE O ASSÉDIO MORAL NAS ORGANIZAÇÕES

CARTILHA CONTRA O ASSÉDIO MORAL NO SERVIÇO PÚBLICO 03 APRESENTAÇÃO

CARTILHA INFORMATIVA SOBRE ASSÉDIO MORAL NO MUNDO DO TRABALHO

Código de Ética e Conduta

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

O PAPEL DAS OUVIDORIAS FRENTE AO ASSÉDIO MORAL

Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) Câmara dos Deputados. Organização: CEFOR e CONOF

Fontes de pesquisa: Colaboração:

CASOS E ESTRATÉGIAS PARA O R.H.

Assédio Moral no Trabalho: Riscos, Efeitos na Saúde e Prevenção

ASSÉDIO MORAL NAS ORGANIZAÇÕES E SEUS EFEITOS PARA OS TRABALHADORES ÁREA TEMÁTICA: GESTÃO DE PESSOAS RESUMO EXPANDIDO

Uma Visão do Ministério Público do Trabalho. Patrícia de Mello Sanfelici Procuradora do Trabalho

ASSÉDIO MORAL TRABALHO E GÊNERO

Transcrição:

Cartilha Assédio Moral Introdução 1 O que é assédio moral? Assédio moral ou Violência moral no trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho. A novidade reside na intensificação, gravidade, amplitude e banalização do fenômeno e na abordagem que tenta estabelecer o nexo-causal com a organização do trabalho e tratá-lo como não inerente ao trabalho. A reflexão e o debate sobre o tema são recentes no Brasil, tendo ganhado força após a divulgação da pesquisa brasileira realizada por Dra. Margarida Barreto. Tema da sua dissertação de Mestrado em Psicologia Social, foi defendida em 22 de maio de 2000 na PUC/ SP, sob o título "Uma jornada de humilhações". A primeira matéria sobre a pesquisa brasileira saiu na Folha de São Paulo, no dia 25 de novembro de 2000, na coluna de Mônica Bérgamo. Desde então o tema tem tido presença constante nos jornais, revistas, rádio e televisão, em todo país. O assunto vem sendo discutido amplamente pela sociedade, em particular no movimento sindical e no âmbito do legislativo. Em agosto do mesmo ano, foi publicado no Brasil o livro de Marie France Hirigoyen "Harcèlement Moral: la violence perverse au quotidien". O livro foi traduzido pela Editora Bertrand Brasil, com o título Assédio moral: a violência perversa no cotidiano. Atualmente existem mais de 80 projetos de lei em diferentes municípios do país. Vários projetos já foram aprovados e, entre eles, destacamos: São Paulo, Natal, Guarulhos, Iracemápolis, Bauru, Jaboticabal, Cascavel, Sidrolândia, Reserva do Iguaçu, Guararema, Campinas, entre 1 A presente cartilha foi elaborada a partir da compilação das informações contidas nas Cartilhas da Fenajufe, Sindjustiça-RJ, APUFPR-SSIND, Wagner Advogados Associados e Portal Assédio Moral:<www.assediomoral.org>.

outros. No âmbito estadual, o Rio de Janeiro, que, desde maio de 2002, condena esta prática. Existem projetos em tramitação nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná, Bahia, entre outros. No âmbito federal, há propostas de alteração do Código Penal e outros projetos de lei. O que é humilhação? Conceito: É um sentimento de ser ofendido/a, menosprezado/a, rebaixado/a, inferiorizado/a, submetido/a, vexado/a, constrangido/a e ultrajado/a pelo outro/a. É sentir-se um ninguém, sem valor, inútil. Magoado/a, revoltado/a, perturbado/a, mortificado/a, traído/a, envergonhado/a, indignado/a e com raiva. A humilhação causa dor, tristeza e sofrimento. 1. Assédio moral no trabalho: De acordo com estudos publicados no sítio www.assediomoral.org, assédio moral pode ser definido como a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego. Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e reatualizam

ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o 'pacto da tolerância e do silêncio' no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, 'perdendo' sua auto-estima. O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do 'novo' trabalhador: 'autônomo, flexível', capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualificado e empregável. Estas habilidades o qualificam para a demanda do mercado que procura a excelência e saúde perfeita. Estar 'apto' significa responsabilizar os trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego, aumento da pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos trabalhadores um sofrimento perverso. A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental *, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho. A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos países desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do 'mal estar na globalização", onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais. (Fonte: www.assediomoral.org). 2. Condutas que caracterizam o assédio moral Dar instruções confusas ou imprecisas ao trabalhador; Designação de novas tarefas sem treinamento;

Designação de tarefas que são perigosas ou inadequadas à saúde do trabalhador; Bloquear o andamento do trabalho alheio; Atribuir erros imaginários ao trabalhador; Não repassar nenhum trabalho ao funcionário, provocando sensação de inutilidade e prejudicando as avaliações; Sobrecarga de trabalho com prazos de entrega impossíveis de serem cumpridos; Mudar turnos e horários de trabalho sem avisar com antecedência; Ignorar a presença do trabalhador na frente dos outros e/ou não cumprimentá-lo ou não dirigir a palavra; Fazer críticas ao trabalhador em público ou, ainda, brincadeiras de mau gosto; Impor-lhe horários injustificados; Fazer circular boatos maldosos e calúnias sobre o trabalhador; Forçar a demissão do trabalhador e/ou transferi-lo do setor só para isolálo; Retirar seus instrumentos de trabalho (computador, fax, telefone, etc.); Agredir o assediado somente quando o assediador e a vítima estão a sós; Advertência em razão de atestados médicos ou de reclamação de direitos; Proibir o trabalhador de ir ao banheiro quando tiver necessidade ou vigiar o tempo em que permanece no mesmo; Colocar um trabalhador vigiando o outro, fora do contexto da estrutura hierárquica da empresa; Proibir de tomar cafezinho ou redução do horário das refeições; Assédio sexual; Ameaças de violência. 3. Efeitos do assédio moral sobre a saúde: Dores generalizadas; Distúrbios digestivos;

Tremores; Palpitações; Depressão; Pensamentos ou tentativas de suicídio; Insônia ou sonolência excessiva; Aumento de peso ou emagrecimento exagerado; Angústia, estresse, crises de choro, mal-estar físico e mental; Cansaço exagerado, irritação constante; Aumento do consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas; Isolamento, tristeza, redução da capacidade de se relacionar com outras pessoas e fazer amizades. Importante salientar que, além desses efeitos, o assédio moral causa a perda do interesse pelo trabalho e do prazer de trabalhar, desestabilizando emocionalmente e provocando não apenas o agravamento de moléstias existentes, como também o surgimento de novas doenças. 4. O que as vítimas podem fazer: Segundo constatação dos estudiosos do tema, há um perfil das vítimas muito marcante: são pessoas que resistem às investidas dos chefes, trabalham mesmo doentes, são capazes e criativas, e em sua maioria mulheres. As pessoas que se sentem vítimas de assédio devem agir com cautela, evitando decisões precipitadas e sob pressão das emoções. As seguintes iniciativas devem ser consideradas: Resistir: desenvolver comportamento afirmativo, evitando auto culpabilidade, mantendo os contatos sociais e procurando ajuda entre familiares e amigos sem descontar sobre eles as raivas e ressentimentos decorrentes da situação; Juntar evidências do assédio: deve-se anotar tudo o que acontece, fazer um registro diário do dia-a-dia do trabalho, procurando, ao máximo, coletar e guardar provas do assédio (bilhetes do assediador, documentos que provem a conduta do assediador);

Conversar com o agressor sempre na presença de testemunhas; Denunciar: contactar supervisores que tenham responsabilidade sobre a saúde e bem estar dos trabalhadores; Procurar seu sindicato e relatar o acontecido. 5. O assédio moral ocorre apenas entre superior e subordinado? Não. Embora a situação mais comum seja a do assédio moral partir de um superior para um subordinado, muitas vezes pode ocorrer entre colegas de mesmo nível superior, sendo este último caso, entretanto, mais difícil de se configurar. O que é importante para configurar o assédio moral, dessa forma, não é o nível hierárquico do assediador ou assediado, mas as características de conduta: a prática de situações humilhantes no ambiente de trabalho, de forma repetida. 6. Há proteção legal para as vítimas: A legislação específica sobre assédio moral no Brasil ainda está em fase de elaboração. Segundo informações publicadas no sítio www.assediomoral.org, no Brasil, há, atualmente, mais de 80 projetos de lei, em diferentes regiões do país. Diversos projetos que visam combater a prática do assédio moral já foram aprovados e outros estão em tramitação. Entre as localidades que já possuem legislação sobre o tema, estão as cidades de São Paulo, Natal, Guarulhos, Iracemápolis, Bauru, Jaboticabal, Cascavel, Sidrolândia, Reserva do Iguaçu, Americana, Guararema, Campinas e Maceió/AL e o Estado de Pernambuco. O Rio de Janeiro já condena a prática desde 2002. Há também, em âmbito federal, entre outras propostas, sugestões de alteração no Código Penal, a fim de se incluir punições efetivas aos assediadores. Nas localidades que já existem condenações, as

penalidades prevêem: multa, advertência, suspensão e até demissões dos assediadores. No entanto, nos estados que não há legislação específica, é possível pleitear a tutela dos direitos do trabalhador com base no dano moral trabalhista e no direito ao meio ambiente de trabalho saudável, garantidos pela Constituição Federal. No campo da previdência (para trabalhadores celetistas), a luta é para fazer com que o assédio moral seja reconhecido como causador da doença relacionada ao trabalho. 7. Quem pode ser responsabilizado pelo assédio moral? O assediador e o empregador (ou órgão público) podem ser responsabilizados, solidariamente, na esfera civil (indenização por danos materiais e morais) e o assediador pode sofrer punição na esfera administrativa/ laboral (desde advertência até a demissão). 8. Indenização Os danos sofridos pela vítima de assédio moral podem gerar perdas de caráter material e moral, surgindo o direito à indenização. Em muitos casos, a vítima acaba pedindo demissão e, no caso do servidor público, exoneração ou abandona o cargo. Isto tudo dá ao trabalhador o direito de ser indenizado. 9. Quem deve provar o assédio moral e que tipo de prova pode ser usada? O ônus da prova incumbe a quem alega, ou seja, do assediado. O assediado pode usar como provas bilhetes, mensagens eletrônicas e testemunhas. Destaca-se que a indenização por danos materiais depende da comprovação do fato (assédio), do prejuízo e da relação de causalidade entre eles. No caso de danos morais, a prova é o próprio sofrimento, a humilhação

que vem sendo causada ao trabalhador. 10. Como prevenir o assédio moral: Realização de campanhas nas empresas ou nos órgãos públicos para a divulgação das informações sobre o assunto; Treinamento dos funcionários, ressaltando os valores éticos e sociais que devem ser adotados no ambiente profissional; Reuniões mensais com toda a equipe profissional; Ouvidoria: com a implementação de caixa de sugestões, onde cada funcionário poderá expor, anonimamente, sua situação, não se intimidando com possíveis represálias. Dessa forma, a conscientização e a divulgação de informações sobre a prática do assédio moral são os primeiros passos para poder lutar contra ele. Fontes de pesquisa: Portal Assédio Moral: www.assediomoral.org Cartilhas da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná APUFPR, Fenajufe, Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro.