O Direito de Autor na Sociedade da Informação



Documentos relacionados
DIREITOS CONEXOS. António Paulo Santos Advogado especialista em propriedade intelectual Sócio da APSMAR Advogados

O DIREITO DE AUTOR E A DISPONIBILIZAÇÃO DE OBRAS AO PÚBLICO ATRAVÉS DAS REDES DIGITAIS. Cláudia Trabuco

SEMINÁRIO DIREITO DE AUTOR E BIBLIOTECAS

Directiva 91/250/CEE do Conselho, de 14 de Maio de 1991, relativa à protecção jurídica dos programas de computador

(85/577/CEE) Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia e, nomeadamente, o seu artigo 100º,

DIRECTIVAS. DIRECTIVA 2009/24/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 23 de Abril de 2009 relativa à protecção jurídica dos programas de computador

2 - Aos programas de computador que tiverem carácter criativo é atribuída protecção análoga à conferida às obras literárias.

Proposta de Lei n.º 247/XII

Convenção nº 146. Convenção sobre Férias Anuais Pagas dos Marítimos

L 306/2 Jornal Oficial da União Europeia

Resolução da Assembleia da República n.º 56/94 Convenção n.º 171 da Organização Internacional do Trabalho, relativa ao trabalho nocturno

directamente o estabelecimento e o funcionamento do mercado interno; Considerando que é pois necessário criar um certificado complementar de

1.A Execução Pública da Música/Sociedade Moçambicana de Autores

PENSAR O LIVRO 6. Legal modelos desenvolvidos na Europa para a digitalização, armazenamento, o registo e acesso a material digital em bibliotecas

PREÂMBULO AS PARTES CONTRATANTES,

O Direito de Autor e o Mundo das Empresas

Licença Pública da União Europeia

Perspectiva da Autoridade de Fiscalização de Mercado

PROTECÇÃO DAS MARCAS, PARA DEFESA DAS EMPRESAS ÍNDICE. Introdução. Terminologia e informações úteis

O MARKETING DIRECTO POR

TOTAL IMMERSION PROGRAMA D FUSION CONTRATO DE LICENÇA DE UTILIZADOR FINAL

LEGALIZAÇÃO DO COMPARTILHAMENTO DE ARQUIVOS DIGITAIS

ICAP GRUPO DMC OBA Proposto como normativo a integrar futuramente no CC ICAP

MANUAL DE NORMAS. 1. Fonogramas para TV, TV por assinatura, Cinema, Rádio, Internet e Mídia Alternativa

CAPÍTULO I- Recomendação da Comissão aos mediadores de seguros REQUISITOS PROFISSIONAIS E REGISTO DOS MEDIADORES DE SEGUROS

Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia e, nomeadamente, o n. o 1 do seu artigo 95. o,

Constituição da República Disposições relevantes em matéria de Comunicação Social

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS BÁSICA E SECUNDÁRIA DR. VIEIRA DE CARVALHO SERVIÇO DE PSICOLOGIA E ORIENTAÇÃO

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS. Proposta de REGULAMENTO DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO

ARTIGO 29.º - Grupo de Protecção de Dados Pessoais

INDÚSTRIA DA COMUNICAÇÃO SOCIAL CONTRIBUTO DA CPMCS PROPOSTA AO GOVERNO E AOS PARTIDOS POLÍTICOS

1.1. O objectivo do presente passatempo, a ser realizado pela marca Roger&Gallet Portugal na rede social Facebook, é promover os produtos marca.

Agrupamento de Escolas Dr. Vieira de Carvalho SERVIÇO DE PSICOLOGIA E ORIENTAÇÃO

PARECER N.º 51/CITE/2007

PARECER N.º 26/CITE/2007

As necessidades dos utilizadores

DOCUMENTO DE TRABALHO

Proposta de adesão ao Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde 2012

Comissão dos Assuntos Jurídicos PROJETO DE PARECER. dirigido à Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia

Decreto-Lei n.º 111/2000 de 4 de Julho

DECRETO N.º 418/XII. Cria o Inventário Nacional dos Profissionais de Saúde

Ministério da Ciência e Tecnologia

Direito de Empréstimo Público: a Directiva Comunitária e suas Transposições Helena Simões Patrício

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR. VIEIRA DE CARVALHO SERVIÇO DE PSICOLOGIA E ORIENTAÇÃO

carácter intencional ou não intencional da sua violação.

Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia, nomeadamente o terceiro parágrafo do artigo 159º,

DIREITO AO ESQUECIMENTO NA INTERNET / / LIBERDADE DE INFORMAÇÃO (CASO PORTUGUÊS)

ENTENDENDO O TRABALHO TEMPORÁRIO NO BRASIL

27. Convenção da Haia sobre a Lei Aplicável aos Contratos de Mediação e à Representação

PARECER N.º 37/CITE/2007

A REGULAÇÃO PETROLÍFERA EM ANGOLA E O PROCESSO DE LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO 30/05/12

DOMíNIO PÚBLICO E DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL

ECAD E OS NOVOS CONTORNOS DA GESTÃO COLETIVA NO BRASIL. Guilherme Coutinho Silva guilhermecoutinho@usp.br

Direitos Autorais e Patrimônio Cultural

Legislação Farmacêutica Compilada. Portaria n.º 377/2005, de 4 de Abril. B, de 20 de Maio de INFARMED - Gabinete Jurídico e Contencioso 59-C

L 343/10 Jornal Oficial da União Europeia

Jornal Oficial nº L 018 de 21/01/1997 p

DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO RESUMO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO. que acompanha a. Proposta de

Assim: Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: CAPÍTULO I. Disposições gerais. Artigo 1.

DELIBERAÇÃO Nº 72 / I - Introdução

18. Convenção sobre o Reconhecimento dos Divórcios e das Separações de Pessoas

DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO. Resumo da Avaliação de Impacto. que acompanha o documento

Parecer: Direito do Trabalho / transmissão de estabelecimento

Diretiva 1/2014. Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social

3º A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.

Secção II 1* Fundos e sociedades de investimento imobiliário para arrendamento habitacional

ORIENTAÇÃO DE GESTÃO N.º 1/2010


COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS. Proposta de DIRECTIVA DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO

Princípios ABC do Grupo Wolfsberg Perguntas Frequentes Relativas a Intermediários e Procuradores/Autorizados no Contexto da Banca Privada

Lei n.º 133/99 de 28 de Agosto

PROJECTO DE RESOLUÇÃO N.º 254/IX CONTRA AS PATENTES DE SOFTWARE NA UNIÃO EUROPEIA EM DEFESA DO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO

AGÊNCIA DE REGULAÇÃO ECONÓMICA MODELO DE GOVERNAÇÃO

Certificação de Software. Impacto nas operações das empresas

ACORDO ENTRE A REPÚBLICA PORTUGUESA E A REPÚBLICA DA LETÓNIA SOBRE COOPERAÇÃO NOS DOMÍNIOS DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA.

L 129/52 Jornal Oficial da União Europeia

Sistema de Informação Schengen - acesso pelos serviços de emissão de certificados de matrícula dos veículos ***II

PROJECTO DE RELATÓRIO

Proposta de REGULAMENTO DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO

MARKT/2094/01 PT Orig. EN COMÉRCIO ELECTRÓNICO E SERVIÇOS FINANCEIROS

REGULAMENTO DE UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO INTERNET DE MOURA I - DISPOSIÇÕES GERAIS CAPÍTULO I. Artigo 1º. Definição

Princípios de Bom Governo

Ministério do Comércio

REGULAMENTO DAS BOLSAS DE INVESTIGAÇÃO PARA PÓS-GRADUAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO DESTINADAS A ESTUDANTES AFRICANOS DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE TIMOR LESTE

PROJECTO DE REGULAMENTO PROCEDIMENTOS DE COBRANÇA E ENTREGA AOS MUNICÍPIOS DA TMDP (TAXA MUNICIPAL DE DIREITOS DE PASSAGEM)

Aplicação do Direito da Concorrência Europeu na UE

CONDIÇÕES GERAIS DE VENDA ONLINE Artigo 1.º. (Âmbito e Definições)

REGULAMENTO DE PARTICIPAÇÃO Concurso Barbot Apoia a Arte Pública

Transcrição:

Leis Portuguesas na Sociedade da Informação 5, 6 e 7 de Dezembro de 2005 Ordem dos Advogados O Direito de Autor na Sociedade da Informação Dr. Victor Castro Rosa Organização Apoio

O DIREITO DE AUTOR NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO PERSPECTIVA DE UM GRUPO DE FORNECEDORES DE CONTEÚDOS APDSI/ ORDEM DOS ADVOGADOS 07/12/2005 Victor Castro Rosa

O Grupo Media Capital compreende, entre outras empresas: Uma operadora de televisão (TVI); Quatro rádios nacionais; (Cidade FM, Comercial, RCP e Best Rock FM) Uma operadora de rede de teledifusão (RETI); Uma produtora audiovisual (NBP/FEALMAR/MULTICENA); Uma editora discográfica (FAROL); Uma produtora de espectáculos (MC Entertainment) Uma editora (Expansão). Situa-se na origem da cadeia de valor dos conteúdos audiovisuais Como tal, é criador e utilizador de obras e prestações audiovisuais Como organismos de radiodifusão, a TVI e as Rádios beneficiam dos direitos previstos no art.º 187, que advém da Convenção de Roma (1961) e das Directivas locação e comodato (92/100/CE) cabo e satélite ( 93/83/CE) Como produtoras audiovisuais, as empresas do Grupo NBP são autoras de obras audiovisuais para televisão, trabalhando sob encomenda ( art.º 14.º)

As obras audiovisuais regem-se pelo disposto no art.º 34.º;são autores: a) O realizador; b) O autor do argumento ou da adaptação; c) O autor dos diálogos; d) O autor das composições musicais criadas especialmente para a obra. Em regra, todos trabalham por conta da produtora (alíneas a), b) e c) ou mediante encomenda (caso típico da alínea d)); Os contratos entre a TVI e a Produtora também são de encomenda, e prevêem, em regra todos os direitos de exploração patrimonial actualmente previstos na lei; Inclui-se o direito de comunicação ao público (art.º 13.º da Convenção de Roma) e a colocação das emissões à disposição do público, por fio ou sem fio ( introduzido pelo artº 3.º n.º 2 d) Directiva 2001/29/CE) como direito exclusivo relativo às fixações das emissões (em simultâneo=retransmissão)

o Direito de Autor caminha a largos passos para uma aproximação com o Direito de Propriedade Industrial A clássica figura do Autor individual e independente tem vindo a ser substituída pela do Autor inserido em equipa; Na esmagadora maioria dos casos, exerce a sua actividade ao abrigo de um contrato de trabalho; Como diz Bernard Edelman na obra «Le droit d Auteur et le Marché», o direito de Autor de inspiração individualista deslocou-se para o direito do trabalho de forte contratação colectiva; O próprio estatuto dos autores assemelha-se ao de assalariados supondo interesses colectivos e assumindo uma defesa corporativa desses interesses; Nos sistemas de copyright, a produção audiovisual traduz-se numa presunção de cessão de todos os direitos ao produtor; Nos sistemas continentais, continua a ser pela via contratual; O risco de eventual lacuna e consequente inviabilização dos actos de exploração económica é considerável, com eventual prejuízo para a oferta de produtos audiovisuais ao público seu destinatário.

O art.º 187º ainda se encontra na pré-história porque: Só prevê um direito de autorizar ou proibir a retransmissão por ondas radioeléctricas; Só prevê um direito de autorizar ou proibir a comunicação ao público das emissões quando feita em lugar público e com entradas pagas ( confronte-se com o art.º 149.º por exemplo, que considera lugar público todo aquele a que seja oferecido o acesso, implicita ou explicitamente, mediante remuneração ou sem ela ) A distribuição de televisão por cabo, por ADSL, por Powerline, não são previstas. A distribuição de televisão por telemóveis = comunicação em lugar público pago? Outras disposições do CDADC importantes não foram ainda actualizadas: O art.º 152.º n.º 4 menciona ainda os arquivos da Radiotelevisão Portuguesa RTP,EP e Radiodifusão Portuguesa RDP, EP as operadoras privadas não têm arquivos? O art.º 176.º não consagra a figura do produtor cinematográfico (está na Directiva 2001/29/CE); a futura Lei das Artes Cinematográficas e Audiovisuais distingue-os; O art.º 182.º não está de acordo com o art.º 5.º do Tratado da OMPI de 1996 sobre Interpretações ou Execuções e Fonogramas porque os artistas, intérpretes ou executantes só deveriam ter o direito de se oporem a qualquer deformação, mutilação ou outra modificação das suas prestações quando estas possam afectar a sua reputação (confirmado pelas versões francesa e inglesa do Tratado).

Excepções/Limitações com impacto na actividade do Grupo: Art.º 52.º n.º 2 : Fixação efémera apenas para as emissões (já se referiu que só a RTP-EP e a RDP-EP podem constituir arquivos); Art.º75.ºn.º2 a): Uso privado: qualquer um pode fixar/reproduzir as emissões; a compensação é incluída no preço do equipamento e cobrada pela AGECOP, de que a TVI não faz parte (nem sabe se funciona); Art.º 75.º n.º 2 b): Fins de informação: reprodução e colocação à disposição do público de discursos, alocuções e conferências ( só por extracto e em forma de resumo); Art.º 75.º n.º 2 c): Revista de imprensa: selecção regular de artigos da imprensa periódica só é válida para o domínio analógico (art.º 5.ºn.º 3 o) Dir.); Art.º 75.º n.º 2 d): Fins de informação: fixação, reprodução e comunicação pública de fragmentos de obras literárias ou artísticas quando a sua inclusão em relatos de actualidade for justificada pelo fim de informação prosseguido; Art.º 75.º n.º 2 m) Reprodução, comunicação ao público ou colocação à disposição do público de artigos de actualidade, de discussão económica, política ou religiosa, de obras radiodifundidas ou materiais da mesma natureza, se não tiver sido expressamente reservada inverte a presunção de protecção e permite a exploração de arquivo digital/base de dados de obras radiodifundidas; esteve quase para não abranger as obras radiodifundidas!

Não se consagrou a excepção da caricatura, paródia ou «pastiche» por se entender que a sua protecção resulta já do art.º 2.º n) (obras originais), mas como diz Luís Francisco Rebello, só as paródias «stricto sensu» estão abrangidas ( obras que decalcam outras com fim satírico e jocoso); Trata-se de obras originais que não se confundem com a obra inspiradora; Mas não deverá colocar-se a questão da autorização para «caricaturar»? Em França e Espanha a excepção é consagrada como limitação ao direito de autor e tem grande aplicação prática; André Bertrand faz corresponder à paródia, as obras musicais; à caricatura, as obras de arte, à pastiche as obras literárias; os três são arranjos ou adaptações com o objectivo de fazer rir, mas enquanto obras derivadas, necessitam de autorização do autor da obra original, se não estiver dispensada pela lei. Nos sistemas do Copyright, está abrangida pelo «fair use» ou «fair practice» que é uma forma de fazer prevalecer o interesse público sobre o particular. Todas as excepções/limitações traduzem a dicotomia direitos privativos/direito de fruição pública = democratização dos objectos culturais

Compatibilização das excepções/limitações com as medidas de protecção tecnológicas: A Directiva 2001/29/CE protege as MPT e estas servem para assegurar o Digital Rights Management (DRM); Para serem protegidas, as MPT não podem: Impedir o legítimo exercício de direitos; Impedir o funcionamento efectivo normal de dispositivos e equipamentos electrónicos ou o desenvolvimento tecnológico; Impedir dispositivos com fins comerciais distintos da neutralização de protecções tecnológicas; Prejudicar a investigação criptográfica. Por outro lado, as MPT têm de ser eficazes, proporcionais e dissuasivas

No caso de não haver acordo quanto às condições de acesso e uso legítimo de obras devido a MPT, o Estado deve intervir; A Directiva 2001/29/CE é muito precisa neste ponto: os Estados-Membros devem assegurar que os titulares de direitos coloquem à disposição dos beneficiários de excepções os meios que lhes permitam beneficiar efectivamente, ultrapassando as limitações; A transposição da Directiva faz intervir uma Comissão de Mediação e Arbitragem para este efeito, quando o legislador devia ter obrigado a que uma entidade representativa dos titulares de direitos em causa facultasse directamente as «passwords», chaves de desencriptação ou outros meios de contornar licitamente as MPT que obstam ao uso legítimo; A negociação de tarifários ou tabelas de remuneração equitativa seria então competência da Comissão de Mediação e Arbitragem, mediante procedimentos céleres e assegurando a igualdade de oportunidades de intervenção das partes através das suas entidades representativas. As tabelas deveriam ser homologadas pelo membro do Governo com a tutela da Cultura e pelo responsável governativo pela tutela dos Consumidores.

Citando Anne Marie Pecoraro, numa conferência sobre este tema, em Londres, a 07/07/2005: A tecnologia DRM parece ser a mais adequada à garantia de uma remuneração adequada para os criadores e de acesso para os utilizadores; Nos EUA foram introduzidas na legislação pelo Serial Copyright Management System ( SCMS) parte do Home Recording Act de 1922; O DRM pode permitir ou não o acesso às obras, e pode controlar o seu uso; O DRM permite ainda a repartição de direitos pelos seus titulares; O DRM não parece pôr em causa a gestão colectiva dos direitos, porque, em regra, os titulares de direitos associam-se para licenciar via DRM; Os acordos de licenciamento com entidades de gestão colectiva são uma necessidade absoluta em ambiente digital ( ex. França, SESAM); Por seu turno, os utilizadores querem um «guichet único» que estabeleça a ponte com os titulares de direitos; No futuro, todos os terminais (PC, telemóvel, PDA, Media Centers, etc) serão equipados de série com um sistema de DRM caso contrário, os titulares de direitos sobre os conteúdos não permitirão a transmissão; O acesso à tecnologia DRM utilizada pode ser considerado um recurso essencial, e fundamentar uma ordem de licenciamento compulsivo se necessário para um concorrente poder oferecer aparelhos, produtos ou serviços que o detentor de posição dominante não oferece ( neste sentido Ac.TJCE de 19/04/2004).

Actualmente, o DRM está ainda a enfrentar reacções negativas, especialmente por causa de casos recentes como a retirada do mercado de 3 milhões de CDs por parte da SONY BMG, já que permitiam actos de pirataria; Por outro lado, associações de utilizadores têm alegado que restringe o direito à cópia privada, e a reprodução noutros leitores; Mas o DRM é a única forma de evitar os abusos e assegurar a integridade das obras e da informação para a gestão que contém; A jurisprudência NAPSTER, e o caso MGM v Grokster, para além de ter despoletado uma ofensiva generalizada por parte da indústria discográfica, contra os utilizadores do P2P filesharing demonstra que a Internet não é uma terra sem lei: dezenas de milhões de utilizadores de ficheiros MP3 não podem continuar a invocar a excepção de uso privado; A responsabilização do prestador do serviço por «contributory infringement», que o US Copyright Act permitiu e os Tribunais definiram claramente, é um exemplo que não foi ainda seguido pelo legislador comunitário, já que só a produção, importação, comercialização, promoção de dispositivos mas não a transmissão de soluções intelectuais, conselhos ou instruções que facultem a infracção são puníveis como actos preparatórios.

O Direito de Autor na Sociedade da Informação - Perspectiva MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO DISPENSADA