CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM SEMENTES DE MELANCIA 1

Documentos relacionados
TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM DIFERENTES ESTRUTURAS DE SEMENTES DE SOJA 1. INTRODUÇÃO

Influência do número de horas de envelhecimento acelerado sobre o vigor de sementes de cenoura.

TESTE DE VIGOR EM SEMENTES DE CEBOLA. Apresentação: Pôster

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA A AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE ABOBRINHA 1

Germinação e vigor de sementes de Moringa oleifera Lam. procedentes de duas áreas distintas

Avaliação do vigor de sementes de abobrinha (Cucurbita pepo) pelo teste de tetrazólio.

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA INDIVIDUAL NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA*

ENVELHECIMENTO ACELERADO EM LOTES DE SEMENTES DE CENOURA ENVOLVENDO TEMPERATURA E TEMPOS DE EXPOSIÇÃO Apresentação: Pôster

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR NORDESTINA, SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO.

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA A AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE BRÓCOLIS

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MELANCIA EM DIFERENTES TEMPERATURAS 1. INTRODUÇÃO

CURVA DE ABSORÇÃO DE ÁGUA EM SEMENTES DE MAMONA.

AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE MELÃO PELO TESTE DE DETERIORAÇÃO CONTROLADA 1 VIGOR EVALUATION OF MELON SEEDS BY CONTROLLED DETERIORATION TEST

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 2165

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM SEMENTES DE GERGELIM 1

Revista Agrarian ISSN: Adequação da metodologia do teste de condutividade elétrica para sementes de cubiu (Solanum sessiliflorum DUNAL)

Germinação de Sementes de Milho, com Diferentes Níveis de Vigor, em Resposta à Diferentes Temperaturas

TÍTULO: PRECOCIDADE DE EMISSÃO RAIZ PRIMÁRIA NA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE MILHO

Teste de condutividade elétrica na avaliação do potencial fisiológico de sementes de berinjela

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM SEMENTES DE AVEIA PRETA 1

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA PRODUZIDAS NO MUNICÍPIO DE FREDERICO WESTPHALEN-RS

CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM SEMENTES DE RÚCULA 1

CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM DOIS LOTES DE SEMENTES DE Moringa oleífera Lam. EM DIFERENTES TEMPOS DE EMBEBIÇÃO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA CONVENCIONAL COLETADAS EM TRÊS POSIÇÕES DA PLANTA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL

ENVELHECIMENTO ACELERADO COMO TESTE DE VIGOR PARA SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI

Envelhecimento acelerado tradicional e alternativo em sementes de melancia

TESTES DE LIXIVIAÇÃO DE ÍONS INORGÂNICOS E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE CEBOLA

Efeito do estresse hídrico e térmico na germinação e crescimento de plântulas de cenoura

Palavras-chave: lentilha; vigor; germinação.

Atividade de iniciação científica, do curso de Agronomia da UNIJUÍ. 2. Aluno do Curso de Graduação em Agronomia da UNIJUÍ,

Palavras Chaves: Comprimento radicular, pendimethalin, 2,4-D

Revista Ciência Agronômica ISSN: Universidade Federal do Ceará Brasil

AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE MELANCIA (Citrullus lunatus Schrad.) PELO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO 1

em função da umidade e rotação de colheita

Palavras chave: resfriamento; germinação; testes de vigor.

NOTA CIENTÍFICA ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE BERINJELA 1

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE FEIJÃO-COMUM CULTIVADAS EM VITÓRIA DA CONQUISTA

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO PARA AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE RABANETE 1

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS PARA REMOÇÃO DA MUCILAGEM DE SEMENTES DE TOMATE (Lycopersicon esculentum, MILL.)

ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE BRÓCOLIS (Brassica oleracea L. var. italica Plenk)

GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DA COLORAÇÃO DO TEGUMENTO

EXECUÇÃO DO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM PROCEDIMENTO TRADICIONAL E COM USO DE SOLUÇÃO SATURADA DE SAIS EM SEMENTES DE ALGODÃO

PRÉ-HIDRATAÇÃO EM SEMENTES DE ALGODÃO E EFICIÊNCIA DO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO 1

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE CENOURA ACCELERATED AGING ON THE PHYSIOLOGICAL QUALITY OF CARROT SEEDS

ÊNFASE À CONDUTIVIDADE ELÉTRICA

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE PIMENTA 1

EFEITO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris L.

TESTE DE DETERIORAÇÃO CONTROLADA PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE PIMENTÃO

Envelhecimento acelerado como teste de vigor para sementes de milho e soja

RELAÇÃO ENTRE O TAMANHO E A QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE SOJA (Glycine max (L.) Merrill)

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA SEMENTES DE FEIJÃO-MUNGO-VERDE 1

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE BRACATINGA POR MEIO DO TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA THIAGO SOUZA CAMPOS

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FISIOLÓGICAS DE SEMENTES DE MAMONA CV. AL GUARANY 2002 COLHIDOS EM DIFERENTES ALTURAS DE RACEMO

Diferentes ambientes de semeadura para a germinação de cultivares de Citrullus lanatuão

COMPARAÇÃO ENTRE TESTES DE VIGOR PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE TOMATE

PESQUISAS EM SEMENTES DE HORTALIÇAS (FAMÍLIA CUCURBITACEAE): REVISÃO DE LITERATURA 1

HIDROCONDICIONAMENTO E RECOBRIMENTO DE SEMENTES DE CEBOLA COM POLÍMEROS, MICRONUTRIENTES, AMINOÁCIDO E FUNGICIDA. 1. INTRODUÇÃO

Ciência Rural ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

Universidade Estadual de Londrina (UEL),Centro de Ciências Agrárias, Cep , Londrina-PR,

Qualidade fisiológica de sementes de jiló pelo teste de envelhecimento acelerado

REVISTA CAATINGA ISSN X UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO (UFERSA) Pro-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

SIMP.TCC/Sem.IC. 2018(13); FACULDADE ICESP / ISSN:

GERMINAÇÃO E EMERGÊNCIA DE SEMENTES DE HORTALIÇAS (FAMÍLIA BRASSICACEAE) REVISÃO DE LITERATURA 1

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE SORGO PELO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO 1

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES MÉTODOS DE SEMEADURA PARA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE CORIANDRUM SATIVUM L.

Semina: Ciências Agrárias ISSN: X Universidade Estadual de Londrina Brasil

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE SOJA TRATADAS COM O MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO Cuprum metallicum

CARACTERIZAÇÃO FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI COMERCIALIZADAS EM VITÓRIA DA CONQUISTA

EFEITOS DA GIBERELINA E DA SECAGEM NO CONDICIONAMENTO OSMÓTICO SOBRE A VIABILIDADE E O VIGOR DE SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.

Avaliação do desenvolvimento inicial de milho crioulo cultivados na região do Cariri Cearense através de teste de germinação

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE AZEVÉM (Lolium multiflorum L.) 1

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA AS SEMENTES DE PIMENTÃO 1

RECOBRIMENTO DE SEMENTES DE SOJA COM AMINOÁCIDO, FUNGICIDA, INSETICIDA E POLÍMERO E MASSA SECA DE PARTE AÉREA E RADICULAR 1.

Teste de condutividade elétrica para avaliação do potencial fisiológico de sementes de canola

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE LOTES COMERCIAS DE SEMENTES DE ABOBRINHA (Cucurbita pepo L).

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE QUIABO ACCELERATED AGING TEST IN OKRA SEEDS

Comunicado 17 Técnico ISSN ISSN

Condutividade elétrica da solução de embebição de sementes e emergência de plântulas de soja

CORRELAÇÃO ENTRE TESTES DE VIGOR EM SEMENTES DE MAXIXE 1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE ACADÊMICA DE SERRA TALHADA PROGRAMA PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL

TESTES DE VIGOR 22/05/ INTRODUÇÃO O QUE É A QUALIDADE DAS SEMENTES? É CARACTERIZADA PELOS ATRIBUTOS GENÉTICO, FÍSICO, FISIOLÓGICO E SANITÁRIO

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM SEMENTES DE MARACUJAZEIRO-AMARELO 1

Revista Caatinga ISSN: X Universidade Federal Rural do Semi-Árido Brasil

VIGOR DE SEMENTES DE CENOURA DETERMINADO PELO software SVIS. CARROT SEEDS VIGOR DETERMINED BY SVIS software. Apresentação: Pôster

Revista Ceres ISSN: X Universidade Federal de Viçosa Brasil

DESEMPENHO DE SEMENTES DE ALGODÃO SUBMETIDAS A DIFERENTES TIPOS DE ESTRESSES 1

INFLUÊNCIA DA COLORAÇÃO DA EMBALAGEM NA VIABILIDADE DE SEMENTES ORGÂNICAS DE Solanum lycopersicum var. cerasiforme DURANTE O ARMAZENAMENTO

COMPARISON OF METHODS FOR ASSESSING THE VIGOR OF COTTON SEEDS

ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA DO TESTE DE DETERIORAÇÃO CONTROLADA PARA SEMENTES DE BRÓCOLIS (Brassica oleracea L. - var. Itálica) 1

Avaliação da qualidade fisiológica e vigor de sementes de tomate Ramon Macêdo de Sousa 1, Paulo de Sousa Loura Júnior; Marlei Rosa dos Santos 2.

3 Universidade Federal de Pelotas- RS.

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE LENTILHA 1

ENVELHECIMENTO ACELERADO COMO TESTE DE VIGOR PARA SEMENTES DE ARROZ

ADEQUAÇÃO DO TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA PARA DETERMINAR A QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE BRÁSSICAS

Transcrição:

CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM SEMENTES DE MELANCIA 1 CHERUBIN, M. R. 2 ; MORAES, M. T. 2 ; FABBRIS, C. 2 ; WEIRICH, S. W. 2 ; DA ROCHA, E. M. T. 2 ; KULCZYNSKI, S. M. 3 1 Trabalho de Iniciação Científica Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) 2 Curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Frederico Westphalen, RS, Brasil 3 Professora do departamento de Agronomia da UFSM,Frederico Westphalen, RS, Brasil E-mail: mauricio_eafs@yahoo.com.br; moacir.tuzzin@hotmail.com; cristianofabbris@yahoo.com.br; sidiww@haormail.com; editelles@hotmail.com; stelamk@terra.com.br RESUMO O trabalho teve por objetivo adequar à metodologia do teste de condutividade elétrica em sementes de melancia. Para tanto, o experimento foi conduzido utilizando dois lotes de sementes. Inicialmente, realizou-se a caracterização dos lotes e a curva de embebição das sementes. Em seguida realizou-se o teste de condutividade elétrica utilizando quatro repetições de 25 sementes, em BOD a 25 C. A adequação da metodologia do teste procedeu-se em duas etapas, onde na primeira variou-se o volume de água destilada; e na segunda os períodos de embebição. Verificou-se através da caracterização que a qualidade fisiológica do lote 1 é superior a do lote 2 e a curva de embebição é do modelo trifásico. O teste de condutividade elétrica foi eficiente na detecção de diferença de qualidade fisiológica entre os lotes de sementes, sendo o período de seis horas de embebição com 50 ml de água destilada indicado para a realização do teste. Palavras-chave: Citrullus lanatus; Adequação de metodologia; Qualidade fisiológica; Vigor; Germinação. 1. INTRODUÇÃO A cultura da melancia (Citrullus lanatus Thunb.) pertencente à família das Curcubitaceae é considerada uma das mais importantes olerícolas produzidas e comercializadas no Brasil. A propagação ocorre por sementes, sendo semeadas diretamente no campo ou em substratos para produção de mudas (NERY, et al., 2007). Desta forma, a utilização de sementes de alta qualidade propicia não só uma emergência satisfatória como também o estabelecimento de plântulas vigorosas, que garantem o estande mais uniforme da cultura, a eliminação de operações de desbaste e a maturação uniforme das plantas (BHERING et al., 2003). No Brasil, a baixa qualidade das sementes de melancia é um dos principais problemas que afetam a cultura (NASCIMENTO, 1991). Diante disso, o conhecimento da qualidade de um lote de sementes depende da disponibilidade de metodologias precisas, que levem a obtenção de resultados confiáveis (McDONALD, 1998). Assim, o aprimoramento dos testes de vigor empregados para diferenciar variações sutis na qualidade de sementes de espécies olerícolas, se faz necessário (MENDONÇA, 2003). Dentre os testes rápidos de vigor, o de condutividade elétrica tem sido bastante utilizado para a avaliação do vigor das sementes (HAMPTON, 1992). 1

Neste contexto, diversos trabalhos têm sido realizados visando adequar a metodologia do teste de condutividade elétrica para avaliação da qualidade de sementes de várias espécies olerícolas, como em sementes de couve-flor, cebola e cenoura (DIAS et al., 1996; ANDRADE et al., 1995), tomate (SÁ, 1999), rúcula ( ALVES et al., 2009). Por outro lado, o teste de CE, ainda apresenta deficiência na adequação de metodologia para inúmeras espécies olerícolas (LIMA, 1993; TORRES, 2002; CARPI, 2005). Assim o trabalho teve por objetivo avaliar o efeito do volume de água e o tempo de imersão sobre a condutividade elétrica da solução, na avaliação do potencial fisiológico de lotes de sementes de melancia. 2. METODOLOGIA O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes da Universidade Federal de Santa Maria, Campus de Frederico Westphalen RS. Foram utilizados dois lotes de sementes de melancia (Citrullus lanatus) cv. Fairfax da empresa ISLA Sementes Ltda. Para caracterização dos lotes foram realizadas as seguintes avaliações: a) Peso de mil sementes (P1000), realizado conforme recomendações da Regras de Análises de Sementes RAS (BRASIL, 2009); b) Teste de germinação (G), utilizou-se quatro repetições de 100 sementes para cada lote, sendo semeadas em rolos de papel germitest, previamente umedecidos com quantidade de água equivalente a 2,5 vezes a massa do papel e postas para germinar em câmera de germinação tipo BOD, a temperatura de 25ºC. As avaliações foram realizadas aos 5 e 14 dias, onde os resultados de cada lote foram expressos em porcentagem de plântulas normais (BRASIL, 2009); c) Primeira contagem (PC), realizada juntamente com o teste de germinação, computando-se a porcentagem média de plântulas normais, obtidas aos 5 dias após a semeadura; d) Comprimento de parte aérea (CPA) e comprimento radicular (CR), aos 14 dias após a semeadura foram selecionadas aleatoriamente 20% das plântulas germinadas de cada lote, avaliando separadamente o comprimento da parte aérea das plântulas e da raiz primária, com auxílio de um paquímetro digital; e) Massa verde (MV) e massa seca (MS) de plântulas, depois de mensurado o comprimento das plântulas, estas foram pesadas para determinação da massa verde e levadas para secar em estufa de circulação forçada de ar, regulada a 65ºC, durante 24 horas, onde posteriormente determinou-se a massa seca das plântulas, através de uma balança de precisão; f) Emergência à campo, foram semeadas quatro repetição de 25 sementes por lote em canteiro sob condições de campo. A avaliação da emergência das plântulas foi efetuada aos 21 dias após a semeadura, mediante a contagem de plântulas normais emergidas (BRASIL, 2009); g) Comprimento de parte aérea à campo (CPAC), aos 2

21 dias após a semeadura foram selecionadas aleatoriamente 20% das plântulas emergidas de cada lote, sendo cortadas rente ao solo e avaliado o comprimento da parte aérea das plântulas, com auxílio de um paquímetro digital; h) Massa verde à campo (MVC) e massa seca à campo (MSC), depois de mensurado o comprimento das plântulas emergidas, estas foram pesadas para determinação da massa verde e levadas para secar em estufa de circulação forçada de ar, regulada a 65ºC, durante 48 horas, onde posteriormente determinou-se a massa seca das plântulas; e i) Curva de embebição: utilizaram-se quatro repetições de 10 sementes para cada lote, sendo postas para embeber em copos plásticos contendo 150 ml de água destilada a 25 C. Após intervalos de tempo pré-determinados (6, 12, 18 e 24 horas), as sementes foram retiradas da água, secas superficialmente em papel filtro, pesadas em balança de precisão de 0,001g e colocadas novamente para embeber. O procedimento realizado para determinação da metodologia de condução do teste de condutividade elétrica (CE) em sementes de melancia dividiu-se em duas etapas: I Etapa: Na primeira etapa do experimento, foi utilizado o Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), fatorial 2X3 ( lotes X volumes de água), com quatro repetições.foram utilizados dois lotes e três volumes de água destilada (50, 100 e 150 ml), com 25 sementes de melancia. As sementes foram pesadas, imersas nos diferentes volumes de água e mantidas em câmera BOD a 25 C, por 24 horas. Após a imersão a CE da solução foi determinada por meio de leituras em condutivímetro digital, modelo CD 4303. Os valores foram expressos em μs cm -1 g -1 de sementes. II Etapa: Na segunda etapa do experimento, foi utilizado o DIC, fatorial 2X4 (lotes X períodos de embebição), com quatro repetições, onde foram utilizados dois lotes e quatro períodos de embebição (6, 12, 18 e 24 horas). Nesta etapa, o melhor tratamento obtido na etapa I, 50 ml de volume de água com 25 sementes, foi utilizado na determinação do período de embebição necessário para diferenciar os lotes através dos valores de CE. As sementes foram pesadas e colocadas para embeber, sendo acondicionadas em BOD, a 25 C. Ao completar os períodos de embebição, procedeu-se às leituras de CE, sendo os valores calculados da mesma forma que na etapa I. Em todos os testes realizados as médias foram individualmente comparadas entre si, utilizando o teste de Tukey a 1% de probabilidade, com exceção da curva de embebição, onde os dados foram submetidos à análise de variância Teste F, a 5% de probabilidade.. 3

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados obtidos nos testes realizados para caracterização dos lotes estão expressos na Tabela 1. Quanto ao de peso de mil sementes (P1000), o lote 1 e o lote 2 apresentaram 112,70g e 106,49g, respectivamente, diferindo estatisticamente entre si. Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), sementes de mesma espécie de maior peso apresentam quantidade de tecidos de reservas superior, conferindo assim, maior vigor às sementes. Os resultados da primeira contagem (PG) e germinação (G), apresentaram o lote 1 com melhor desempenho em relação ao lote 2, demonstrando que o mesmo possui melhor qualidade fisiológica. Estes resultados discordam de Behring et al., (2003), demonstrando que tais avaliações tem sensibilidade para separar lotes de sementes de melancia em diferentes níveis de qualidade fisiológica. Quanto ao desempenho das plântulas (comprimento de parte aérea (CPA), comprimento radicular (CR), massa verde (MV) e massa seca (MS)) no teste de germinação, não ocorreu diferença significativa entre os lotes, demonstrando que depois de germinadas as plântulas se desenvolveram da mesma forma nos dois lotes. Tabela 1. Caracterização de dois lotes de melancia (Citrullus lanatus), quanto ao Peso de 1000 sementes (P1000), Primeira Contagem (PC), Germinação (G), Comprimento de Parte Aérea (CPA), Comprimento Radicular (CR), Massa Verde (MV), Massa Seca (MS), Emergência à Campo aos 21 dias (EC), Comprimento de Parte Aérea à Campo (CPAC), Massa Verde à Campo (MVC) e Massa Seca à Campo (MSC) (UFSM/CESNORS, 2009). LOTES P 1000 PC G CPA CR --(g)-- ------ (%) ----- ------ (mm) ----- 1 112,70 a* 96,5 a 95,0 a 99,11 a 93,81 a 2 106,49 b 40,0 b 38,5 b 104,50 a 82,57 a CV (%) 0,96 12,24 10,92 7,08 14,41 LOTES MV MS EC CPAC MVC MSC -----(g)----- --(%)-- --(mm)-- ------- (g) ------ 1 93,81 a 0,38 a 95 a 67,90 a 1,03 a 0,17 a 2 82,57 a 0,39 a 45 b 56,43 b 0,73 b 0,13 b CV (%) 1,7 5,76 15,02 2,94 11,8 9,04 *As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si nos tratamentos pelo Teste de Tukey. * significativo ao nível de 1% de probabilidade e ns não significativo ao nível de 1% de probabilidade. No teste de emergência de plântula a campo, confirmaram-se os resultados obtidos no teste de germinação, onde o lote 1 com 95% das plântulas emergidas diferiu estatisticamente do lote 2, que apresentou 45%. Quanto aos resultados das avaliações do desempenho de plântulas a campo (comprimento de parte aérea a campo (CPAC), massa verde a campo (MVC) e massa seca a campo (MSC)), verificou-se que o lote 1 diferiu significativamente do lote 2 em todas as avaliações, demonstrando que o lote 1 possui maior qualidade fisiológica das sementes e conseqüentemente maior vigor das plântulas. Desta 4

forma, o teste de emergência de plântulas e as avaliações de desempenho a campo constituem um parâmetro indicador da eficiência dos testes em laboratório, para avaliação do potencial fisiológico de lotes de sementes (MARCOS FILHO, 1999). A curva de embebição das sementes de melancia obedeceu a um padrão trifásico (BEWLEY & BLACK, 1985). Desta forma, nas primeiras seis horas do teste (fase I), ocorreu a liberação de açúcares, aminoácidos e eletrólitos em quantidades variáveis com o estado de organização do sistema de membranas das sementes. Simon & Raja-Harun, (1972); Bewley & Black, (1985), destacaram que a taxa de liberação de eletrólitos é muito elevada no início do processo de embebição, contudo, com o decorrer do tempo esta situação se altera, à medida que ocorre a reorganização das membranas celulares. Das seis às 18 horas (fase II), a curva se estabilizou e próximo das 24 horas (fase III), ocorreu aumento na velocidade de absorção, quando se iniciou o desencadeamento dos processos bioquímicos de germinação. Figura 1: Curvas de embebição dos dois lotes de melancia (Citrullus lanatus) em água destilada por diferentes períodos (UFSM/CESNORS, 2009). Os resultados do teste de condutividade elétrica, obtidos na Etapa 1 (Tabela 2), onde foram avaliados diferentes volumes de água, demonstram que o aumento do volume de água destilada utilizada na solução de embebição das sementes proporcionou uma diluição dos eletrólitos liberados pela membrana do interior das sementes, sendo que os maiores valores de condutividade elétrica foram apresentados para ambos os lotes com a utilização de 25 sementes em 50 ml de água destilada por um período de 24 horas em BOD a 25ºC. 5

Desta forma, foi possível proceder a separação dos lotes em diferentes níveis de qualidade somente com a utilização de 50 ml de água destilada, onde lote 2 apresentou os maiores valores de CE, demonstrando assim, que o mesmo possui uma qualidade fisiológica das sementes inferior ao lote 1. De acordo com Loeffler et al., (1988) e Vieira e Krzyzanowski, (1999), a perda do potencial fisiológico da semente está ligada diretamente às maiores quantidades de solutos lixiviados, resultantes de uma perda da integridade das membranas celulares. Os resultados de CE confirmam os resultados do teste de germinação, de primeira contagem e emergência a campo propiciando assim, a separação dos lotes em dois níveis de qualidade fisiológica. Com a utilização de 100 e 150 ml de água destilada não houve distinção em relação ao potencial fisiológico dos lotes, demonstrando que tais volumes de água não são indicados para diferenciação de lotes de sementes de melancia. Tabela 2. Valores médios de condutividade elétrica (µs cm -1 g -1 ) de dois lotes de sementes de melancia (Citrullus lanatus), em função de diferentes volumes de água (UFSM/CESNORS, 2009). Lotes Volumes de Água 50 ml 100 ml 150 ml 1 43,35 a* 26,26 a 16,71 a 2 49,46 b 28,29 a 18,09 a CV (%) 6,3 9,27 12,59 * As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si nos tratamentos pelo Teste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade. Tabela 3: Valores médios de condutividade elétrica (µs cm -1 g -1 ) de dois lotes de sementes de melancia (Citrullus lanatus), em função de diferentes períodos de embebição em água, referente a etapa II (UFSM/CESNORS, 2009). Lotes Períodos de Embebição 6 horas 12 horas 18 horas 24 horas 1 45,88 b* 49,77 a 50,59 a 42,55 b 2 49,81 a 48,21 a 53,93 a 50,81 a CV (%) 3,1 4,11 3,4 3,96 * As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si nos tratamentos pelo Teste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade. Os resultados obtidos na Etapa 2 (Tabela 3) onde foi avaliado o período de embebição necessário para diferenciação dos lotes através do teste de CE, podemos observar que no período de seis e 24 horas os valores de condutividade elétrica dos dois lotes diferiram estatisticamente entre si. Assim, com a utilização de seis horas de embebição foi possível separar os lotes em diferentes níveis de vigor, com redução significativa no período de embebição das sementes, em relação ao período padrão de 24 horas. Estes resultados concordam com os obtidos por Vanzolini & Nakagawa (1999); Sá, (1999); Novembre et al., (2002); Oliveira & Novembre (2005); Alves et al., (2009), que também verificaram a 6

possibilidade da redução do tempo de embebição para 6 horas, em sementes de diferentes hortaliças. Os períodos de embebição intermediários (12 e 18 horas) não permitiram a separação dos lotes em níveis de vigor, não se constituindo, portanto, em opções adequadas para condução do teste de condutividade elétrica em sementes de melancia. 4. CONCLUSÃO Diante do exposto, conclui-se que o teste de condutividade elétrica é eficiente na separação dos lotes de melancia com relação ao potencial fisiológico, sendo que a metodologia mais adequada para a realização do teste de Condutividade Elétrica com 25 sementes é de 50 ml de água destilada por 6 horas de embebição à 25ºC. REFERÊNCIAS ALVES, C.Z.; SÁ, M.E. Teste de condutividade elétrica na avaliação do vigor de sementes de rúcula. Revista Brasileira de Sementes, vol. 31, nº 1, p.203-215, 2009. ANDRADE, R.N. et al. Correlação entre testes de vigor em sementes de cenoura armazenadas por diferentes períodos. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, v.1, n.2, p.153-162, 1995. BEWLEY, J.D. & BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. New York, Plenum Press. 1985. 367p. BHERING, M. C. et al. Avaliação do vigor de sementes de melancia (Citrullus lunatus Schrad.) pelo teste de envelhecimento acelerado. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v.25, n.2, p.1-6, 2003. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília: MAPA/ACS, 2009. 399p. CARPI, V.A.F. Avaliação do potencial fisiológico de sementes de rabanete (Raphanus sativus L.). 2005. 77p. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba. CARVALHO, N.M. de; NAKAGAWA, J. (Ed.). Sementes: ciência, tecnologia e produção. Jaboticabal: FUNEP, 588 p., 2000. DIAS, D.C.F.S.; VIEIRA, A.N.; BHERING, M.C. Estudo dos testes de condutividade elétrica e lixiviação de potássio para avaliação do vigor de sementes de hortaliças: couve-flor, cebola e cenoura. In: SEMINARIO PANAMERICANO DE SEMILLAS, 15., Gramado, 1996. Anais... Gramado: CESM: FELAS, 1996. p.28. HAMPTON, J.G. Vigor testing within laboratories of the International Seed Testing Association: a survey. Seed Science and Technology, Zürich, v.20, n.1, p.199-203, 1992. 7

LIMA, D. Avaliação da viabilidade e vigor de sementes de cebola (Allium cepa L.). 1993. 61p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. LOEFFLER, T.M.; TEKRONY, D.M.; EGLI, D.B. The bulk conductivy test as an indicator of soybean seed quality. Journal of Seed Technology, v.12, n.1, p.37-53,1988. MARCOS FILHO, J. Testes de vigor: importância e utilização. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. (Ed.). vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. p.1-21. McDONALD, M. B. Improving our understanding of vegetable and flower seed quality. Seed Technology, Springfield, v.20, n.2, p.121-124, 1998. MENDONÇA, E.A.F.; RAMOS, N.P.; FESSEL, S.A. Adequação da metodologia do teste de deterioração controlada em sementes de brócolis (Brassica oleracea L. var. italica). Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v.25, n.1, p. 18-24, 2003. NASCIMENTO, W. M. Avaliação da qualidade de sementes de melancia. Horticultura Brasileira, Botucatu, v.9, n.1, p.26, 1991. NERY, M. C.; CARVALHO, M. L. M.;OLIVEIRA, L. M. Teste de tetrazólio para avaliação da qualidade fisiológica de sementes de melancia. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 28, n. 3, p. 365-372, jul./set. 2007. NOVEMBRE, A.D.L.C. et al. Teste de condutividade elétrica para estimar o potencial fisiológico de sementes de berinjela. Horticultura Brasileira, v. 20, n.2, p.293-298, 2002. OLIVEIRA, S.R.S.; NOVEMBRE, A.D.L.C. Teste de condutividade elétrica para as sementes de pimentão. Revista Brasileira de Sementes, v.27, n.1, p.31-36, 2005. SÁ, M.E. Condutividade elétrica em sementes de tomate (Lycopersicum lycopersycum L.) Scientia Agrícola, 56: 13-20, 1999. SIMON, E.W.; RAJA-HARUN, R.M. Leakage during seed imbibition. Journal of Experimental Botany, v.23, n.77, p.1076-1085, 1972. TORRES, S.B. Métodos para avaliação do potencial fisiológico de sementes de melão. 2002. 103f. Tese (Doutorado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba. VANZOLINI, S.; NAKAGAWA, J. Teste de condutividade elétrica em sementes de amendoim: Efeitos de temperatura e períodos de embebição. Revista Brasileira de Sementes, v. 21, n.1, p. 41-45, 1999. VIEIRA, R.D.; KRZYZANOWSKI, F.C. Teste de condutividade elétrica. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. (Ed.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: Abrates, 1999. p.1-26. 8