ESTADO DA ARTE DAS PRÁTICAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM PME

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Transcrição:

ESTADO DA ARTE DAS PRÁTICAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM PME

02 PREFÁCIO

PREFÁCIO A AEP - Associação Empresarial de Portugal, como entidade representativa do tecido empresarial nacional e atenta ao imperativo da competitividade das empresas, tem promovido várias iniciativas nas áreas da competitividade/produtividade, energia, ambiente e responsabilidade social. Umas das mais recentes iniciativas foi o Projecto Futur-Compet Competências Empresariais para o Futuro que teve como objectivo potenciar a competitividade das empresas, principalmente das PME, mediante um conjunto integrado de acções colectivas que pretendem sensibilizar os empresários para as vantagens competitivas que uma actuação socialmente responsável pode representar, promovendo o desenvolvimento sustentável. A AEP - Associação Empresarial de Portugal pretende actuar como agente de mudança da cultura empresarial, contribuindo para a consciencialização da necessidade das empresas adoptarem estratégias de gestão pertinentes, que integrem os três pilares, económico, sociocultural e ambiental, estimulando assim uma economia mais competitiva, num mundo melhor. Uma das actividades previstas no Projecto intitula-se Estudo do Estado da Arte das Práticas de Desenvolvimento Sustentável em PME, em Portugal, elaborado com base em resultados obtidos através dum questionário enviado às empresas. Com o Estudo Estado da Arte das Práticas de Desenvolvimento Sustentável em PME, a AEP - Associação Empresarial de Portugal pretendeu avaliar como se movimentam as empresas portuguesas, em matéria de sustentabilidade, que práticas adoptaram ou pretendem adoptar. Por outro lado, a necessidade de responder às questões levantadas no Questionário enviado às empresas potencia momentos de reflexão, por parte dos seus responsáveis, sobre a necessidade que têm de mudar de paradigma. De uma postura de desenvolvimento a qualquer custo para a do crescimento sustentável. O Questionário enviado aborda as três vertentes do desenvolvimento económica, ambiental e social. AEP - Associação Empresarial de Portugal está convicta que, com esta iniciativa, deu um precioso e incontornável contributo para a promoção do Desenvolvimento Sustentável no Universo Empresarial. José António Ferreira de Barros Presidente AEP-Associação Empresarial de Portugal 03

04

Índice 1. INTRODUÇÃO 2. AS PME E A ACTIVIDADE ECONÓMICA 2.1 Caracterização das PME 2.2 Caracterização Sectorial 3. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 3.1 Introdução 3.2 Modelo de Negócios 3.3 Governo das Organizações Adaptação da Estrutura da Empresa Transparência e Carácter Ético das Actividades Informação, Consulta e Participação das Partes Interessadas Relação com os Fornecedores Relação com os Clientes/Consumidores Relação com os Investidores/Accionistas Relação com Fontes de Conhecimento Relevantes 3.4 Direitos Humanos 3.5 Práticas Laborais Trabalho e Emprego Formação Profissional e Valorização dos Recursos Humanos Saúde e Segurança no Trabalho 3.6 Práticas Operacionais Cadeia de Valor Concorrentes Fornecedores 3.7 Consumidores/Clientes 3.8 Desenvolvimento da Sociedade 3.9 Ambiente 4. CONCLUSÃO ANEXO: QUESTIONÁRIO 16 18 19 24 31 32 34 41 41 42 47 49 50 51 52 53 55 55 57 59 66 66 68 70 71 73 76 82 85 05

06

Índice De Quadros Quadro 1 - Peso das PME na Economia Nacional, no ano de 2008 Quadro 2 - Caracterização das PME não financeiras nacionais, no ano de 2008 Quadro 3 - Distribuição geográfica das PME não financeiras nacionais, no ano de 2008 Quadro 4 - Caracterização das PME não financeiras nacionais por Actividade Económica, no ano de 2008 Quadro 5 - Caracterização da Indústria da Alimentação e Bebidas, no ano de 2008 Quadro 6 - Caracterização da Indústria da Borracha e das Matérias Plásticas, no ano de 2008 Quadro 7 - Caracterização da Indústria Têxtil e do Vestuário, no ano de 2008 Quadro 8 - Caracterização da Indústria do Vidro e da Cerâmica, no ano de 2008 Quadro 9 - Caracterização da Indústria da Madeira e do Mobiliário, no ano de 2008 Quadro 10 - Caracterização da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, no ano de 2008 Quadro 11 - Caracterização da Indústria da Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria, no ano de 2008 Quadro 12 - Caracterização da Indústria Química, no ano de 2008 Quadro 13 - Caracterização da Indústria da Construção, no ano de 2008 Quadro 14 - Caracterização do Sector das TIC, no ano de 2008 19 21 23 24 25 25 26 26 27 27 28 28 29 30 07

Índice De Figuras Figura 1 - Distribuição das empresas da amostra por CAE 32 Figura 2 - Distribuição geográfica das empresas 32 Figura 3 - Distribuição percentual das empresas em função do número de trabalhadores 33 Figura 4 - Distribuição percentual das empresas em função do volume de negócios 33 Figura 5 - Distribuição percentual das empresas em função da presença em mercados externos 33 Figura 6 - Distribuição percentual das empresas em função do imperativo da sustentabilidade integrar a estratégia de negócios 34 Figura 7 - Distribuição percentual das empresas em função da utilização de indicadores qualitativos na medição do desempenho da sustentabilidade nas vertentes ambiental, social e económica 35 Figura 8 - Distribuição percentual das empresas em função da utilização de indicadores quantitativos na medição do desempenho da sustentabilidade nas vertentes ambiental, social e económica 36 Figura 9 - Distribuição percentual das empresas em função do cumprimento de todas as disposições legais obrigatórias, instrumentos de regulamentação colectiva e regulamentos aplicáveis 36 Figura 10 - Distribuição percentual das empresas em função da publicação de relatórios de sustentabilidade empresarial 36 Figura 11 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de uma Política Integrada de Gestão que contemple compromissos de responsabilidade ambiental, social e segurança e saúde no trabalho 37 Figura 12 - Distribuição percentual das empresas em função da certificação de um Sistema de Gestão 38 Figura 13 - Distribuição percentual das empresas em função da monitorização da produtividade através de indicadores 39 Figura 14 - Distribuição percentual das empresas em função da definição regular de metas de produtividade 39 Figura 15 - Distribuição percentual das empresas em função da adopção de métodos inovadores que tenham impacto relevante na competitividade 40 Figura 16 - Distribuição percentual das empresas em função da integração das questões da sustentabilidade na selecção de processos inovadores 40 Figura 17 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de mecanismos que assegurem a sua actualização tecnológica 40 Figura 18 - Distribuição percentual das empresas em função da definição de um índice de rotação de stocks com periodicidade anual 41 08

Figura 19 - Distribuição percentual das empresas em função da adopção de boas práticas de governança com base na transparência, equidade e prestação de contas, envolvendo os membros da Direcção/Administração, accionistas, empregados e todos os demais públicos de interesse 41 Figura 20 - Distribuição percentual das empresas em função do estímulo à gestão responsável em todos os níveis da empresa como um exercício diário 42 Figura 21 - Distribuição percentual das empresas em função da definição de valores e princípios éticos 42 Figura 22 - Distribuição percentual das empresas em função da consulta das partes interessadas na definição dos seus valores e princípios éticos 43 Figura 23 - Distribuição percentual das empresas em função da documentação dos seus valores e princípios éticos numa Carta de Princípios 43 Figura 24 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de um Código de Ética 44 Figura 25 - Distribuição percentual das empresas em função de as partes interessadas estarem contemplados no Código de Ética 45 Figura 26 - Distribuição percentual das empresas em função de o Código de Ética proibir expressamente a utilização de práticas ilegais para obtenção de vantagens comerciais 46 Figura 27 - Distribuição percentual das empresas em função da exposição pública dos seus compromissos éticos por meio de material institucional, internet ou outra forma adequada às partes interessadas 46 Figura 28 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de uma cultura baseada em princípios de transparência e ética 46 Figura 29 - Distribuição percentual das empresas em função do tratamento anterior dado a este assunto 47 Figura 30 - Distribuição percentual das empresas em função de terem já procedido à identificação das partes interessadas 47 Figura 31 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos que assegurem que os canais de comunicação e discussão com as partes interessadas são acessíveis e eficientes, de modo a garantir a informação, consulta e participação das mesmas 48 Figura 32 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos que permitam ter em conta as expectativas das partes interessadas 48 Figura 33 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos que permitam monitorizar a satisfação das partes interessadas 48 Figura 34 - Distribuição percentual das empresas em função de terem sido estabelecidas relações comerciais duradouras com os fornecedores, como meio de alcançar níveis elevados e consistentes de desempenho 49 09

Figura 35 - Distribuição percentual das empresas em função da procura de um diálogo saudável com os fornecedores 49 Figura 36 - Distribuição percentual das empresas em função do incentivo dado aos fornecedores para que estes assumam compromissos de responsabilidade social 50 Figura 37 - Distribuição percentual das empresas em função da atenção prestada aos seus clientes/consumidores, de modo a melhor compreender as suas expectativas e necessidades 50 Figura 38 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de mecanismos que garantam a equidade dos direitos dos accionistas, nomeadamente, a participação de pequenos accionistas 51 Figura 39 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos de ausculta das expectativas dos investidores/accionistas 51 Figura 40 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos de monitorização da satisfação dos investidores/accionistas 52 Figura 41 - Distribuição percentual das empresas em função do estabelecimento de ligações com fontes de conhecimento relevantes (e.g. Universidade, Centros Tecnológicos, Centros I&D) 52 Figura 42 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos que assegurem o respeito integral da Declaração Universal dos Direitos Humanos 53 Figura 43 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos de monitorização do cumprimento dos Direitos Humanos dos trabalhadores envolvidos em toda a cadeia de valor da empresa 53 Figura 44 - Distribuição percentual das empresas em função da definição e implementação de procedimentos que assegurem a igualdade de oportunidades 54 Figura 45 - Distribuição percentual das empresas em função da definição e implementação de procedimentos que promovam a conciliação da vida profissional e da vida familiar 54 Figura 46 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de medidas que assegurem o combate e o não envolvimento em qualquer forma de descriminação (raça, cor, sexo, idade, religião, opinião, política, nacionalidade, origem social, condição física) 54 Figura 47 - Distribuição percentual das empresas em função de terem estabelecido mecanismos de apoio à erradicação efectiva de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório, quer nas suas actividades, quer na sua cadeia produtiva 55 Figura 48 - Distribuição percentual das empresas em função de terem estabelecido mecanismos de apoio à erradicação efectiva do trabalho infantil, tanto nas suas actividades como na sua cadeia produtiva 56 10

Figura 49 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos de apoio à erradicação efectiva de qualquer forma de assédio sexual 56 Figura 50 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos de apoio à erradicação efectiva de qualquer forma de assédio moral 56 Figura 51 - Distribuição percentual das empresas em função da identificação periódica das necessidades de formação dos seus trabalhadores 57 Figura 52 - Distribuição percentual das empresas em função da realização de acções de formação como resultado do levantamento das necessidades de formação dos seus trabalhadores 57 Figura 53 - Distribuição percentual das empresas em função de assegurarem a qualificação das competências dos seus trabalhadores 58 Figura 54 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de procedimentos de gestão e desenvolvimento de carreiras dos seus trabalhadores 58 Figura 55 - Distribuição percentual das empresas em função de potenciarem a realização de estágios profissionais e curriculares 58 Figura 56 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de Serviços de Segurança organizados 59 Figura 57 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de Serviços de Saúde organizados 59 Figura 58 - Distribuição percentual das empresas em função de efectuarem uma avaliação periódica dos riscos dos Postos de Trabalho em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho 60 Figura 59 - Distribuição percentual das empresas em função de terem implementado medidas correctivas/ preventivas em matéria de SST, atendendo ao resultado da avaliação de riscos 60 Figura 60 - Distribuição percentual das empresas em função de efectuarem uma avaliação estatística dos acidentes de trabalho 61 Figura 61 - Distribuição percentual das empresas em função de terem implementado um procedimento para a investigação das causas dos acidentes 61 Figura 62 - Distribuição percentual das empresas em função de efectuarem uma avaliação estatística das doenças profissionais 61 Figura 63 - Distribuição percentual das empresas em função de terem implementado um procedimento para a investigação das causas das doenças profissionais 62 Figura 64 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de um procedimento que permita avaliar os custos directos dos acidentes de trabalho 62 Figura 65 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de um procedimento que permita avaliar os custos indirectos dos acidentes de trabalho 63 11

Figura 66 - Distribuição percentual das empresas em função do cumprimento da legislação em Segurança e Saúde no Trabalho aplicável Figura 67 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de avaliações periódicas de Ruído, Iluminação, Qualidade do Ar e Contaminantes Químicos Figura 68 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de medidas correctivas/ preventivas, atendendo aos resultados das avaliações de Ruído, Iluminação, Qualidade do Ar e Contaminantes Químicos Figura 69 - Distribuição percentual das empresas em função da promoção de acções de sensibilização/formação em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho Figura 70 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de medidas que assegurem uma protecção eficaz contra incêndios (extintores, bocas de incêndio, detectores de incêndio, etc) Figura 71 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de uma estrutura interna que assegura as actividades de combate a incêndios e de evacuação das instalações em situação de perigo grave e iminente Figura 72 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de uma estrutura interna que assegure as actividades de primeiros socorros Figura 73 - Distribuição percentual das empresas em função dos trabalhadores responsáveis pelas actividades de primeiros socorros estarem identificados Figura 74 - Distribuição percentual das empresas em função da promoção de parcerias para o desenvolvimento de novos produtos Figura 75 - Distribuição percentual das empresas em função de terem estabelecido mecanismos que garantam práticas de comércio justo Figura 76 - Distribuição percentual das empresas em função de utilizarem as suas influências para obter benefícios nos seus negócios Figura 77 - Distribuição percentual das empresas em função de estarem implementados mecanismos que assegurem o exercício da actividade de forma concorrencial, dentro do quadro legal e regulamentar em vigor Figura 78 - Distribuição percentual das empresas em função do apoio aos poderes constituídos e às entidades privadas no combate a todas as formas de concorrência desleal, inclusive a comercialização ilegal de produtos e a adulteração de marcas Figura 79 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de mecanismos que assegurem comportamentos anti-cartel 63 64 64 64 65 65 66 66 67 67 67 68 68 69 12

Figura 80 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de uma cultura que assegure a protecção da propriedade intelectual Figura 81 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de uma cultura que impeça a prática de espionagem industrial pelos seus colaboradores Figura 82 - Distribuição percentual das empresas em função da valorização ou preferência dada a fornecedores que mantenham práticas de responsabilidade social Figura 83 - Distribuição percentual das empresas em função da realização de visitas aos fornecedores para verificar se os direitos humanos são respeitados e as condições de trabalho adequadas Figura 84 - Distribuição percentual das empresas em função do desenvolvimento de acções de responsabilidade social em parceria com os seus fornecedores Figura 85 - Distribuição percentual das empresas em função da pesquisa e divulgação dos riscos que os seus produtos/serviços podem causar à saúde ou à segurança dos seus consumidores/clientes Figura 86 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de medidas que assegurem que todas as referências comerciais feitas aos produtos e/ou serviços são claras, especificas e correctas Figura 87 - Distribuição percentual das empresas em função de os produtos/serviços trazerem sempre instruções claras sobre como entrar em contacto com a empresa Figura 88 - Distribuição percentual das empresas em função da execução de uma avaliação de satisfação dos seus consumidores, de forma a implementar melhorias nos seus produtos/serviços Figura 89 - Distribuição percentual das empresas em função da análise e utilização de dúvidas, sugestões e reclamações recebidas como instrumento para aperfeiçoar as suas actividades Figura 90 - Distribuição percentual das empresas em função do conhecimento em profundidade dos seus impactos na comunidade local Figura 91 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de indicadores que monitorizem os impactos causados pelas suas actividades Figura 92 - Distribuição percentual das empresas em função de terem recebido reclamações ou manifestações da Sociedade Civil ao longo dos últimos três anos Figura 93 - Distribuição percentual das empresas em função de efectuarem doações de produtos e/ou recursos financeiros, cederem instalações e/ou desenvolverem projectos sociais próprios Figura 94 - Distribuição percentual das empresas em função de uma participação activa na comunidade em que se insere tendo em vista a melhoria da qualidade de vida da mesma Figura 95 - Distribuição percentual das empresas em função da mobilização do seu potencial financeiro, tecnológico e humano na ajuda à construção de uma sociedade melhor 69 69 70 70 70 71 71 72 72 72 73 73 74 74 74 75 13

Figura 96 - Distribuição percentual das empresas em função do incentivo dado aos colaboradores a participarem de forma voluntária em iniciativas da comunidade Figura 97 - Distribuição percentual das empresas em função de privilegiarem as estratégias preventivas da poluição na origem Figura 98 - Distribuição percentual das empresas em função de considerarem os passivos ambientais nas análises financeiras Figura 99 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação da eco-eficiência nos seus processos de gestão Figura 100 - Distribuição percentual das empresas em função da definição e monitorização de indicadores de eco-eficiência Figura 101 - Distribuição percentual das empresas em função das áreas abrangidas pelos indicadores de eco-eficiência definidos Figura 102 - Distribuição percentual das empresas em função de terem sido estabelecidas metas anuais para os indicadores de eco-eficiência Figura 103 - Distribuição percentual das empresas em função das áreas em que foram estabelecidas metas para os indicadores de eco-eficiência definidos Figura 104 - Distribuição percentual das empresas em função da adopção de medidas para mitigar os impactos ambientais dos seus serviços Figura 105 - Distribuição percentual das empresas em função da definição ou implementação de estratégias e programas, actuais e futuros, de gestão de impactos na Biodiversidade Figura 106 - Distribuição percentual das empresas em função da promoção da utilização de energias renováveis Figura 107 - Distribuição percentual das empresas em função da contabilização das suas emissões (directa e indirectas) de Gases com Efeito de Estufa Figura 108 - Distribuição percentual das empresas em função da promoção frequente de acções de sensibilização/formação sobre as questões ambientais aos seus trabalhadores 75 76 76 77 77 78 78 79 79 80 80 80 81 14

15

16 1.INTRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO O presente estudo almeja realizar uma avaliação adequada das práticas implementadas pelas pequenas e médias empresas nacionais (PME), em matéria de desenvolvimento sustentável. A definição comummente aplicada em Portugal para caracterizar as PME é a preconizada pela União Europeia, através da recomendação 2003/361/CE, de 6 de Maio, que define no seu artigo 2º do Anexo PME como empresas que empregam menos de 250 pessoas e cujo volume de negócios anual não excede 50 milhões de euros ou cujo balanço total anual não excede 43 milhões de euros. Adicionalmente, segundo o mesmo diploma, uma micro empresa é definida como sendo uma empresa que emprega menos de 10 pessoas e cujo volume de negócios anual ou balanço total anual não excede 2 milhões de euros e uma pequena empresa é definida como sendo uma empresa que emprega menos de 50 pessoas e cujo volume de negócios anual ou balanço total anual não excede 10 milhões de euros. As PME nacionais foram, então, o foco do estudo, tendo sido convidadas a participar no mesmo, empresas das mais variadas áreas de actividade económica. Nesse sentido, foi enviado um questionário a cada uma das cerca de 500 empresas participantes, com o intuito de caracterizar, de forma realista e fundamentada, o estado da arte das práticas de desenvolvimento sustentável nas pequenas e médias empresas portuguesas. O questionário enviado é apresentado em anexo. Antes de dar a conhecer os resultados do tratamento estatístico elaborado e tendo como objectivo contextualizar o objecto de estudo, é feita uma abordagem a certos aspectos relevantes do Universo das PME. Primeiramente, apresenta-se, então, uma caracterização das PME, com o objectivo de melhor se perceber as suas especificidades, real peso e preponderância na economia nacional. Feita esta análise, é oferecida também uma caracterização de algumas áreas de actividade económica seleccionadas como alvo primordial do estudo, uma vez terem sido consideradas de especial relevância tanto para a economia nacional, como em contexto de PME. Assim, as Indústrias Alimentares e das Bebidas, Indústria da Borracha e das Matérias Plásticas, Indústria Têxtil e do Vestuário, Indústria do Vidro e da Cerâmica, Indústria da Madeira e do Mobiliário, Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, Indústria da Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria, Indústria Química, Indústria da Construção, Indústria do Turismo e Indústria das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são caracterizadas recorrendo a alguns dos principais indicadores utilizados, nomeadamente, número de empresas, número de pessoal ao serviço, produção, volume de negócios e valor acrescentado bruto gerado. De seguida, são então apresentados os resultados do estudo, comentados os resultados encontrados e retiradas as devidas conclusões relativamente ao estado da arte das práticas de desenvolvimento sustentável nas PME. 17

18 2. AS PME E A ACTIVIDADE ECONÓMICA

2. AS PME E A ACTIVIDADE ECONÓMICA 2.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PME É amplamente reconhecido que, as pequenas e médias empresas assumem um papel de especial relevo no panorama nacional, sendo vulgarmente definidas como o motor da economia, pelo que é importante perceber as suas especificidades e comportamento. Assim, apresenta-se de seguida uma breve caracterização das PME nacionais, evidenciando a sua importância para a economia, para o volume de negócios gerado e para o valor acrescentado e emprego criados e ainda a forma como se distribuem pelo País e pelos diferentes sectores de actividade económica. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), e seguindo a definição de PME estabelecida anteriormente, existiam em Portugal, no ano de 2008, 1.096.255 empresas, sendo que 1.095.334 das mesmas, o correspondente a 99,9%, se enquadram na tipologia de pequena e média empresa. As pequenas e médias empresas a operar na Indústria Transformadora, que constituem o principal objecto de análise neste estudo, representavam 99,7% do tecido empresarial da Indústria Transformadora, no mesmo ano. As PME nacionais são ainda responsáveis por 79% do emprego e 71% do volume de negócio gerado, em 2008. Recorrendo aos dados mais recentes disponibilizados pelo INE, que permitem cruzar o número de empresas por tipologia com a sua localização geográfica, conclui-se que em 2007, 32,4% das PME estavam sedeadas na região Norte, 21,8% na região Centro, 30,5% na região de Lisboa, 6,2% na região do Alentejo, 5,3% na região do Algarve, 1,8% na Região Autónoma dos Açores e 2% na Região Autónoma da Madeira. A distribuição geográfica foi feita de acordo com a Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas (NUTS), de nível dois (NUTS II). O quadro que se segue caracteriza as PME, tanto a nível da Economia como um todo, como ao nível da Indústria Transformadora, em termos de número, pessoal e volume de negócios. Quadro 1 - Peso das PME na Economia Nacional, no ano de 2008 Empresas (nº) Volume % Pessoal (nº) % Negócios % (Milhões ) Indústria Transformadora Micro Empresas Pequenas Empresas Médias Empresas 65 048 11 883 2 386 81,7% 14,9% 3% 152 840 243 338 232 876 19,8% 31,5% 30,1% 6 592 15 805 25 412 8% 19% 30,6% Total Economia Micro Empresas Pequenas Empresas Médias Empresas 1 046 592 42 629 6 113 95,4% 3,9% 0,6 1 659 462 806 047 590 415 43% 20,9% 15,3% 92 387 89 711 81 042 25,1% 24,4% 22% Fonte: Instituto Nacional de Estatística Portugal 19

O INE conduziu ainda, para o mesmo ano de 2008, um estudo mais específico, cingindo neste caso o objecto de estudo às PME não financeiras sedeadas em Portugal, constituídas sob a forma jurídica de sociedade, excluindo assim as empresas em nome individual por considerar que estas, uma vez que são em 99,9% dos casos microempresas, se caracterizam por si só. Os dados encontrados revelam que existiam em 2008 cerca de 350 000 pequenas e médias empresas, seguindo estes critérios, sendo representativas de 99,7% das sociedades do sector não financeiro. Estas PME contribuíram com 72,5% do emprego, 57,9% do volume de negócios e 59,8% do valor acrescentado bruto (VAB) gerados. O quadro 2 ilustra a estatística elaborada pelo INE relativa a esta matéria, caracterizando as PME em termos de empresas, pessoal ao serviço, custos com o pessoal, volume de negócios, valor acrescentado bruto e formação bruta de capital fixo, apresentando a taxa de variação percentual entre 2007 e 2008. 20

QUADRO 2 - Caracterização das PME não financeiras nacionais, no ano de 2008 Indicador PME Micro Pequenas Médias Total Grandes Total de Sociedades Sociedades (N.º) Peso no total de sociedades (%) Tx. Var. 07/08 (%) Pessoal ao serviço (N.º) Peso no total de sociedades (%) Tx. Var. 07/08 (%) Custos com o pessoal (10 3 euros) Peso no total de sociedades (%) Tx. Var. 07/08 (%) Volume de negócios (10 3 euros) Peso no total de sociedades (%) Tx. Var. 07/08 (%) Valor acrescentado bruto ao custo de factores (10 3 euros) Peso no total de sociedades (%) Tx. Var. 07/08 (%) Formação bruta de capital fixo (10 3 euros) Peso no total de sociedades (%) Tx. Var. 07/08 (%) 300 228 85,6 0,8 808 951 26,9 0,3 8 567 266 17,4 4,4 52 858 521 15,2-0,4 12 165 782 15,2-0,5 5 397 598 21,7-0,2 42 960 12,2-0,5 785 638 26,1-0,4 11 932 986 24,2 4,5 73 453 427 21,1 0,5 17 917 969 22,3 1,5 4 512 676 18,2-0,1 6 568 1,9 1,2 583 904 19,4 1,0 11 177 710 22,7 4,4 75 453 437 21,6 4,6 17 929 588 22,3 3,0 5 199 891 20,9-5,6 349 756 99,7 0,6 2 178 493 72,5 0,2 31 677 962 64,2 4,4 201 765 385 57,9 1,7 48 013 339 59,8 1,5 15 110 165 60,9-2,1 1 115 0,3 0,7 826 667 27,5 6,6 17 649 492 35,8 7,0 146 787 250 42,1 7,5 32 250 963 40,2 2,9 9 719 026 39,1 34,8 350 871 100,0 0,6 3 005 160 100,0 1,9 49 327 455 100,0 5,3 348 552 634 100,0 4,1 80 264 301 100,0 2,1 24 829 192 100,0 9,6 Dimensão média (N.º pessoas) Custos com o pessoal per capita (10 3 euros/pessoa) Peso dos custos com o pessoal no VAB cf (%) Volume de negócios per capita (10 3 euros por pessoa) Produtividade aparente do trabalho (10 3 euros/pessoa) Taxa de Investimento (%) 2,7 10,6 70,4 55,3 15,0 44,4 18,3 15,2 66,6 93,5 22,8 25,2 88,9 19,1 62,3 129,2 30,7 29,0 6,2 14,5 66,0 92,6 22,0 31,5 741,4 21,4 54,7 177,6 39,0 30,1 8,6 16,4 61,5 116,0 26,7 30,9 Sociedades por 10.000 habitantes (N.º) 282,5 40,4 6,2 329,1 1,0 330,2 Fonte: Instituto Nacional de Estatística Portugal 21

O estudo revela ainda que, para este período temporal, o VAB e o volume de negócios das PME cresceram abaixo do nível da média nacional. O INE chegou ainda, ao longo do mesmo estudo, a variadas conclusões relativas às PME não financeiras nacionais, designadamente: Comparando as PME com as grandes empresas, as PME apresentam piores índices de produtividade mas custos com o pessoal per capita mais baixos. Já no que diz respeito à forma de financiamento, verifica-se que 72% do financiamento das PME tem origem em endividamento, sendo que apenas 28% tem origem em capitais próprios, revelando uma grande dependência das empresas face aos credores. Os rácios de endividamento e autonomia financeira para 2008 foram assim de 0,72 e 0,28 respectivamente, enquanto o rácio de solvabilidade encontrado foi de 0,39. Os rácios de autonomia financeira e solvabilidade são superiores nas microempresas, o que é explicado pela tradicional dificuldade de acesso ao crédito nas unidades de reduzida dimensão. Quanto à rendibilidade dos capitais investidos, denota-se uma grande discrepância entre PME e grandes empresas: se a rendibilidade dos capitais próprios, investidos pelos sócios ou accionistas foi de cerca de 8,2% nas grandes empresas, este valor não ultrapassou os 0,3% nas PME. Em termos dos capitais totais investidos, a rendibilidade do Activo Líquido cifrou-se nos 2,3% nas grandes empresas e apenas em 0,1% nas PME. É importante ainda caracterizar as PME em termos de distribuição geográfica, seguindo alguns dos principais indicadores (número de empresas, pessoal ao serviço, volume de negócios e valor acrescentado bruto). O quadro seguinte é ilustrativo desta situação. 22

QUADRO 3 - Distribuição geográfica das PME não financeiras nacionais, no ano de 2008 Regiões NUTS II PME Pessoal ao serviço Volume de negócios VAB cf PME Pessoal ao serviço Volume de negócios N.º 10 3 euros Peso das PME na região (%) VAB cf Total Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Açores Madeira 349 756 113 757 70 210 115 857 18 100 17 683 3 969 10 130 2 178 493 796 019 138 213 656 575 101 052 98 632 33 008 54 964 201 765 385 62 733 883 39 991 873 73 813 440 9 521 705 7 416 161 3 441 862 4 846 450 48 013 339 15 049 399 9 200 254 17 670 577 2 080 751 1 987 983 726 686 1 207 680 99,7 99,8 99,8 99,5 99,8 99,8 99,5 99,7 72,5 80,5 84,9 57,0 83,5 88,4 74,4 78,0 57,9 69,5 78,4 42,2 75,2 91,9 72,9 68,0 59,8 71,1 77,1 45,1 73,0 89,3 68,6 68,5 Regiões NUTS II Volume de negócios per capita (10 3 euros/pessoa) Produtividade aparente do trabalho (10 3 euros/pessoa) Custos com o pessoal per capita (10 3 euros/pessoa) Peso dos custos com o pessoal no VAB cf (%) PME Grandes PME Grandes PME Grandes PME Grandes Total Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Açores Madeira 92,6 78,8 91,3 112,4 94,2 75,2 104,3 88,2 177,6 142,4 142,0 203,6 157,1 50,2 113,0 141,1 22,0 18,9 21,0 26,9 20,6 20,2 22,0 23,6 39,0 31,6 35,0 43,3 38,6 18,4 29,3 38,4 14,5 12,8 13,5 17,9 13,4 13,1 13,2 13,4 21,4 19,6 20,2 22,2 22,3 15,8 23,5 23,0 66,0 67,5 64,4 66,6 65,2 65,1 59,8 56,7 54,7 62,0 57,6 51,3 57,9 86,0 80,0 60,0 Fonte: Instituto Nacional de Estatística Portugal O Instituto Nacional de Estatística procedeu igualmente a uma caracterização em termos da distribuição das PME por actividade económica, tendo chegado aos resultados apresentados no quadro seguinte Caracterização das PME nacionais por Actividade Económica, no ano de 2008. Como se pode ver, Comércio, Construção e Indústrias Transformadoras são as áreas de actividade que albergam mais pequenas e médias empresas, em Portugal. 23

QUADRO 4 - Caracterização das PME não financeiras nacionais por Actividade Económica, no ano de 2008 Secções da CAE Rev.3 PME Pessoal ao serviço Volume de negócios VAB cf PME Pessoal ao serviço Volume de negócios N.º 10 3 euros Peso das PME na região (%) VAB cf Total A (parte) - Pesca e aquiculura B - Indústrias Extractivas C - Indústrias Transformadoras D - Electricidade E - Água F - Construção G - Comércio H - Transportes e armazenagem I - Alojamento e restauração J - Act. de Informação e comunicação L - Actividades imobiliárias M - Actividades de consultoria N - Actividades administrativas P - Educação Q - Actividades de saúde humana R - Actividades artísticas S - Outras actividades de serviços 349 756 532 933 41 183 599 850 48 980 99 486 19 686 31 560 7 249 23 708 31 499 11 496 4 558 15 777 3 838 7 822 2 178 493 4 862 11 519 565 115 2 222 17 601 354 818 502 419 97 485 179 396 44 541 46 800 119 113 91 128 35 740 62 217 15 110 28 407 201 765 385 244 398 317 634 40 942 437 2 074 820 2 132 302 24 070 234 83 863 944 9 602 742 6 282 035 4 373 905 5 362 718 9 057 797 6 485 228 947 885 3 543 863 1 099 605 763 837 48 013 339 92 858 283 550 11 173 924 728 982 755 957 7 014 133 11 161 699 2 869 141 2 277 020 1 536 650 1 748 118 3 399 428 1 978 438 686 440 1 541 478 440 062 325 462 99,7 99,8 99,8 99,2 97,4 97,8 99,8 99,8 99,6 99,8 99,4 100,0 99,9 98,5 99,8 99,6 99,8 100,0 72,5 90,3 90,7 78,8 21,8 63,3 84,5 78,9 58,6 82,6 63,2 99,0 90,7 31,6 89,6 37,4 77,9 97,1 57,9 89,5 72,5 50,1 10,1 75,6 71,0 64,8 53,0 81,1 31,3 84,7 84,9 64,9 87,9 42,7 70,4 95,6 59,8 84,5 55,5 60,4 20,6 65,0 76,3 69,4 43,3 77,6 28,0 92,1 85,0 46,0 85,4 37,5 69,2 95,0 Fonte: Instituto Nacional de Estatística Portugal 2.2 CARACTERIZAÇÃO SECTORIAL O presente estudo centrou-se nas principais actividades económicas consideradas essenciais ao funcionamento da economia nacional, bem como em áreas em que a actividade das PME assume particular relevância e peso. Assim, foram primeira e maioritariamente convidadas a participar no estudo, cerca de 500 empresas a operar nas Indústrias Alimentares e das Bebidas, Indústria da Borracha e das Matérias Plásticas, Indústria Têxtil e do Vestuário, Indústria do Vidro e da Cerâmica, Indústria da Madeira e do Mobiliário, Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, Indústria da Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria, Indústria Química, Indústria da Construção, Indústria do Turismo e Indústria das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Os quadros seguintes oferecem uma breve caracterização destas áreas de actividade económica, em termos do número de empresas, pessoal ao serviço, produção, volume de negócios e valor acrescentado bruto e apresentam uma quantificação do seu peso ao nível do subsector e dentro da secção de actividade em que operam. 24

QUADRO 5 - Caracterização da Indústria da Alimentação e Bebidas, no ano de 2008 SUBSECTOR Empresas Nº % Pessoal ao Serviço Nº % Produção Milhões % Volume de Negócios Milhões % VAB Milhões % Indústrias Alimentares (CAE 10) 9 886 91 97 329 87 10 698 80 12 188 80 2 157 76 Indústria das Bebidas (CAE 11) 949 9 14 079 13 2 757 20 2 993 20 665 24 Peso na Indústria Transformadora (Secção C) 79 589 13,6 773 090 14,4 78 956 17 83 071 18,3 18 923 14,9 Fonte: Instituto Nacional de Estatística QUADRO 6 - Caracterização da Indústria da Borracha e das Matérias Plásticas, no ano de 2008 SUBSECTOR Empresas Nº % Pessoal ao Serviço Nº % Produção Milhões % Volume de Negócios Milhões % VAB Milhões % Fabricação de artigos de borracha (CAE 22 1) 220 18 4 791 19 684 31 704 23 256 31 Fabricação de artigos de matérias plásticas (CAE 22 2) 1 016 82 19 971 81 2 229 69 2 380 77 559 69 Peso na Indústria Transformadora (Secção C) 79 589 1,6 773 090 3,2 78 956 3,7 83 071 3,7 18 923 4,3 Fonte: Instituto Nacional de Estatística 25

QUADRO 7 - Caracterização da Indústria Têxtil e do Vestuário, no ano de 2008 SUBSECTOR Empresas Nº % Pessoal ao Serviço Nº % Produção Milhões % Volume de Negócios Milhões % VAB Milhões % Indústria Têxtil (CAE 13) 3 897 26 54 637 33 2 948 48 3 047 48 867 43 Indústria do Vestuário (CAE 14) 11 290 74 112 681 67 3 177 52 3 298 52 1 161 57 Peso na Indústria Transformadora (Secção C) 79 589 19,1 773 090 21,6 78 956 7,8 83 071 7,6 18 923 10,7 Fonte: Instituto Nacional de Estatística QUADRO 8 - Caracterização da Indústria do Vidro e da Cerâmica, no ano de 2008 SUBSECTOR Empresas Nº % Pessoal ao Serviço Nº % Produção Milhões % Volume de Negócios Milhões % VAB Milhões % Indústria do Vidro (CAE 23 1) 517 26 7 079 25 913 44 1 000 46 337 43 Indústria da Cerâmica (CAE 231) (CAE 232) (CAE 23 4) 1 443 74 21 793 75 1 151 56 1 187 54 453 57 Peso na Indústria Transformadora (Secção C) 79 589 2,5 773 090 3,7 78 956 2,6 83 071 2,6 18 923 4,2 Fonte: Instituto Nacional de Estatística 26

QUADRO 9 - Caracterização da Indústria da Madeira e do Mobiliário, no ano de 2008 SUBSECTOR Empresas Nº % Pessoal ao Serviço Nº % Produção Milhões % Volume de Negócios Milhões % VAB Milhões % Indústria da Madeira (CAE 16) 7 312 53 40 446 50 3 181 67 3 531 68 777 59 Fabricação de Mobiliário (CAE 31) 6 390 47 40 449 50 1 553 33 1 657 32 538 41 Peso na Indústria Transformadora (Secção C) 79 589 17,2 773 090 10,5 78 956 6 83 071 6,2 18 923 7 Fonte: Instituto Nacional de Estatística QUADRO 10 - Caracterização da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, no ano de 2008 SUBSECTOR Empresas Nº % Pessoal ao Serviço Nº % Produção Milhões % Volume de Negócios Milhões % VAB Milhões % Indústria Metalúrgica (CAE 24) (CAE 25) 14 990 85 103 483 60 9 252 51 9 506 51 2 610 56 Indústria Metalomecânica (CAE 28) (CAE 29) (CAE 30) 2 729 15 69 423 40 9 002 49 9 246 49 2 028 44 Peso na Indústria Transformadora (Secção C) 79 589 22,3 773 090 22,4 78 956 23,1 83 071 22,6 18 923 24,5 Fonte: Instituto Nacional de Estatística 27

QUADRO 11 - Caracterização da Indústria da Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria, no ano de 2008 SUBSECTOR Empresas Nº % Pessoal ao Serviço Nº % Produção Milhões % Volume de Negócios Milhões % VAB Milhões % Indústria da Joalharia e da Ourivesaria (CAE 32 1) 1 144 98 3 021 93 131,8 96 165,3 97 36,2 94 Indústria da Relojoaria (CAE 26 520) 21 2 234 7 5,2 4 5,4 3 2,5 6 Peso na Indústria Transformadora (Secção C) 79 589 1,5 773 090 0,4 78 956 0,2 83 071 0,2 18 923 0,2 Fonte: Instituto Nacional de Estatística QUADRO 12 - Caracterização da Indústria Química, no ano de 2008 SUBSECTOR Empresas Nº % Pessoal ao Serviço Nº % Produção Milhões % Volume de Negócios Milhões % VAB Milhões % Indústria Química (CAE 20) 876 100 14 218 100 3 965 100 4 204 100 765 100 Peso na Indústria Transformadora (Secção C) 79 589 1,1 773 090 1,8 78 956 5 83 071 5,1 18 923 4 Fonte: Instituto Nacional de Estatística Como foi já referido, para além das actividades económicas referenciadas nos quadros anteriores, pertencentes à Secção C Indústrias Transformadoras, segundo a Classificação das Actividades Económicas, Revisão 3 (CAE Rev.3), foram também convidadas a participar no estudo empresas a operar na áreas da Construção, Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e Turismo. No quadro seguinte, apresenta-se um tratamento estatístico referente ao sector da Construção, em tudo similar aos efectuados anteriormente. O sector Construção engloba diversas actividades como promoção imobiliária ou actividades especializadas de construção (como demolições, instalações eléctricas, etc.), tendo sido aqui consideradas apenas a CAE 41 2, Construção de edifícios (residenciais e não residenciais) e a CAE 42, Engenharia Civil. 28

QUADRO 13 - Caracterização da Indústria da Construção, no ano de 2008 SUBSECTOR Empresas Pessoal ao Serviço Produção Volume de Negócios VAB Nº % Nº % Milhões % Milhões % Milhões % Construção de edifícios (CAE 41 2) 56 518 94 256 726 75 16 670 63 16 764 64 4 675 66 Engenharia Civil (CAE 42) 3 922 6 85 342 25 9 749 37 9 458 36 2 370 34 Peso no Sector Construção (Secção F) 117 027 52 513 205 67 35 462 75 33 988 77 10 319 68 Fonte: Instituto Nacional de Estatística O sector do Turismo é mais complexo de caracterizar e quantificar, uma vez que inclui diversas áreas de actividade, a ele ligadas, directa ou indirectamente, pelo que é difícil aferir o que é turismo e o que não é. Por actividades características do turismo entende-se, actividades produtivas cuja produção principal é identificada como sendo característica do Turismo e que servem os visitantes, admitindo-se uma relação directa do fornecedor com o consumidor. Incluem-se, neste grupo, as actividades: alojamento (hotéis e similares, residências secundárias utilizadas para fins turísticos por conta própria ou gratuitas), restauração, transportes de passageiros, serviços auxiliares aos transportes de passageiros, aluguer de equipamento de transporte de passageiros, agências de viagens, operadores turísticos e guias turísticos, serviços culturais, recreação e lazer. Recorrendo a dados constantes na Conta Satélite do Turismo (CST), o consumo turístico interno, em 2009, terá tido um peso de cerca de 10% no Produto Interno Bruto, tornando o sector ligado ao Turismo um dos maiores contributores para o PIB nacional. Para o mesmo ano, o valor acrescentado gerado pelo turismo (VAGT), contribuiu em 4,8% para o VAB da economia. A quota de emprego das actividades características do turismo na economia nacional atingiu os 7,9%, em 2007, ano para o qual existem os dados mais recentes nesta matéria. Finalmente, relativamente ao sector de actividade ligado às Tecnologias de Informação e Comunicação, foi também considerado como sendo de especial importância assegurar a sua presença no estudo, através da participação de diversas empresas a ele ligado, dado ser uma área em clara expansão no nosso país e tão importante para a desejada modernização das nossas empresas. Para o efeito, foram convidas a participar empresas com as CAE 61, 62 e 63, pertencentes à secção J da Lista da Classificação de Actividades Económicas Portuguesas, revisão 3. O quadro que se segue oferece uma breve caracterização deste sector. 29

QUADRO 14 - Caracterização do Sector das TIC, no ano de 2008 SUBSECTOR Empresas Pessoal ao Serviço Produção Volume de Negócios VAB Nº % Nº % Milhões % Milhões % Milhões % Telecomunicações (CAE 61) 357 4 14 012 28 7 408 73 7 761 70 3 229 71 Consultoria e programação informática (CAE 62) 8 422 89 33 464 66 2 496 24 2 975 27 1 214 26 Actividades dos Serviços de Informação (CAE 63) 678 7 3 331 6 320 3 337 3 142 3 Peso no Sector Actividades de Informação e Comunicação (Secção J) 14 559 65 77 792 65 13 097 78 14 080 79 5 481 84 Fonte: Instituto Nacional de Estatística Adicionalmente, no Estudo sobre Estatísticas Estruturais das Empresas 2008, o INE refere que cerca de 1,7% das PME não financeiras nacionais são empresas de TIC, e que esta tipologia empresarial é representativa de 99,3% das empresas do sector das Tecnologias de Informação e Comunicação. As PME associadas às TIC empregaram, em 2008, cerca de 50 000 pessoas, registando-se um aumento de 6,9% face ano de 2007. O VAB das PME a operar no sector cresceu ainda 5,9% para o mesmo período. A dimensão média das PME afectas às TIC é de 7 trabalhadores e estas apresentam uma produtividade aparente do trabalho acima da média registada pela globalidade das PME nacionais. 30

3. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 31

3. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 3.1 INTRODUÇÃO Na elaboração deste estudo foi dada particular atenção à necessidade de se obter um número elevado de respostas aos inquéritos enviados às empresas. Neste contexto, procedeu-se a um contacto telefónico e pessoal, no sentido de dinamizar e agilizar o preenchimento dos inquéritos. Tendo por base as respostas obtidas aos inquéritos, por parte das empresas dos diferentes sectores inquiridos, foram elaborados vários gráficos, apresentados nas figuras que se seguem e que traduzem a situação existente nas empresas relativas às questões levantadas. Na figura 1 apresenta-se a distribuição das empresas da amostra por classificação de actividade económica Figura 1 - Distribuição das empresas da amostra por CAE 28% 17% 11% 10% 10% 24% Também relativamente à distribuição geográfica das empresas houve uma preocupação em tornar o estudo o mais abrangente possível, de forma a ser representativo das diferentes áreas geográficas que compõem o nosso país, que, naturalmente, apresentam algumas diferenciações no que toca à tipologia, características, modelo e estratégia das empresas. A organização geográfica das empresas foi efectuada de acordo com a Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas (NUTS), de nível dois (NUTS II). Na figura seguinte, constata-se que as regiões com maior presença na amostra são as regiões Norte e Centro, que são, aliás, representativas de cerca de 55% do tecido empresarial nacional (dados INE referentes a 2008). Infelizmente não foi possível contar com a participação de empresas da região do Algarve bem como da Região Autónoma dos Açores. Figura 2 - Distribuição geográfica das empresas 45% 38% 3% 4% 10% 32

Em termos do número de trabalhadores, mais de 70% da amostra conta com uma força de trabalho inferior a 100 pessoas (figura 3). Figura 3 - Distribuição percentual das empresas em função do número de trabalhadores Relativamente ao volume de negócios, em cerca de 60% das empresas este não atingiu a meta dos cinco milhões de euros, como se pode ver na figura seguinte (dados recolhidos referentes ao ano de 2009). Figura 4 - Distribuição percentual das empresas em função do volume de negócios A presença em mercados externos faz parte da estratégia da grande maioria das empresas inquiridas, correspondendo a 76% do total da amostra. Cerca de 24% das empresas optam por uma estratégia que não contempla a internacionalização. Figura 5 - Distribuição percentual das empresas em função da presença em mercados externos 33

3.2 MODELO DE NEGÓCIO O modelo de negócio de uma empresa é, dito de uma forma simplista, o modo como a empresa irá criar riqueza, crescer economicamente e gerar valor para todas as partes interessadas, para todos os stakeholders. Este modelo integra a parte estratégica da empresa bem como a forma como esta estratégia deverá ser operacionalizada com vista a atingir os objectivos propostos. Cada vez mais, a parte da definição de modelo de negócios que se encontra destacada assume maior relevância e um significado mais amplo. As empresas contemplam cada vez mais todas as partes interessadas no seu processo de criação de valor e esse conceito de valor tem um significado cada vez mais abrangente. Valor não será apenas criação de valor monetário quantificável, mas também a criação de valor por vezes intangível, através de práticas que promovam o desenvolvimento sustentável. A figura 6 apresenta a distribuição percentual das empresas da amostra relativamente à integração, ou não, do imperativo da sustentabilidade na estratégia de negócios. Neste caso, 76% das empresas mostram preocupação em integrar as questões relacionadas com a sustentabilidade nas suas estratégias negociais. Figura 6 - Distribuição percentual das empresas em função do imperativo da sustentabilidade integrar a estratégia de negócios Uma ferramenta básica para a avaliação e gestão do desenvolvimento sustentável nas empresas consiste no estabelecimento de indicadores qualitativos e quantitativos que possam dar a medida de quanto se progride em direcção aos objectivos estabelecidos. Neste contexto, as empresas da amostra foram inquiridas acerca da utilização de indicadores qualitativos e quantitativos de medição do desempenho da sustentabilidade nas vertentes ambiental, social e económica. Como se pode ver na figura seguinte, mais de metade das empresas utilizam indicadores qualitativos para a vertente ambiental e mais de três quartos utilizam-nos na medição da vertente económica. A vertente social é a mais negligenciada, uma vez que apenas 38% das empresas afirmam utilizar indicadores qualitativos na monitorização do desempenho da sustentabilidade em termos sociais. 34

Figura 7 - Distribuição percentual das empresas em função da utilização de indicadores qualitativos na monitorização do desempenho da sustentabilidade nas vertentes ambiental, social e económica Ambiental Social Económica Já no que diz respeito aos indicadores quantitativos verifica-se que, de forma análoga ao resultado registado relativamente ao uso de indicadores qualitativos, a grande maioria das empresas recorre a este tipo de indicadores na medição do desempenho económico da sustentabilidade. A vertente social volta a ser a menos cuidada, com menos de um quarto das empresas a optarem pelo uso de indicadores quantitativos nesta vertente. Neste caso, menos de metade das empresas utilizam indicadores quantitativos na medição do desempenho da sustentabilidade na vertente ambiental, como se pode ver nos gráficos presentes na figura 8. 35

Figura 8 - Distribuição percentual das empresas em função da utilização de indicadores quantitativos na avaliação do desempenho da sustentabilidade nas vertentes ambiental, social e económica Ambiental Social Económica Quando questionadas se cumprem todas as disposições legais obrigatórias, instrumentos de regulamentação colectiva e regulamentos aplicáveis, a esmagadora maioria das empresas respondeu. Figura 9 - Distribuição percentual das empresas em função do cumprimento de todas as disposições legais obrigatórias, instrumentos de regulamentação colectiva e regulamentos aplicáveis O resultado é o oposto quando questionadas sobre a publicação de relatórios de sustentabilidade empresarial apenas 24% das empresas afirmam fazê-lo (figura 10). Figura 10 - Distribuição percentual das empresas em função da publicação de relatórios de sustentabilidade empresarial 36

Naturalmente, a publicitação dos resultados é importante, bem como a manifestação de vontade da prossecução de um desenvolvimento sustentável ou a criação de indicadores que permitam avaliar o desempenho das empresas nesta área. Mas a montante de todo este processo estará necessariamente o modelo de gestão adoptado, que ditará em grande medida o sucesso ou insucesso da empresa neste campo. Assim, a criação de uma política de gestão que contemple a vertente ambiental, social, da qualidade ou da segurança e saúde no trabalho, preferencialmente de forma integrada, permitirá às empresas prosseguir com a sua actividade com a garantia de que em toda a sua cadeia de valor, haverá uma constante monitorização e intervenção, de forma a que as melhores práticas sejam adoptadas e os princípios de responsabilidade social, ambiental e procura da qualidade sejam respeitados. Como se pode ver na figura seguinte, 52% das empresas da amostra afirmam ter implementado uma Política Integrada de Gestão que contemple a vertente ambiental, em 38% das empresas a vertente social é contemplada e cerca de dois terços das empresas optaram por uma Política Integrada de Gestão que contemple a vertente da Segurança e Saúde no Trabalho. Figura 11 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de uma Política Integrada de Gestão que contemple compromissos de responsabilidade ambiental, social e segurança e saúde no trabalho Ambiental Social Segurança e Saúde no Trabalho 37

Adicionalmente, é importante referir que 28% das empresas conjugam estas três vertentes, ambiental, social e segurança e saúde no trabalho, na sua Política Integrada de Gestão, 31% conjugam a vertente ambiental e a vertente social, 34% conjugam a vertente segurança e saúde no trabalho e a vertente social e 41% agregam as vertentes ambiental e segurança e saúde no trabalho. Já a análise da figura que se segue, figura 12, permite avaliar a situação das empresas no que diz respeito à certificação dos diferentes Sistemas de Gestão. Os Sistemas de Gestão sobre os quais as empresas foram inquiridas são o Sistema de Gestão da Qualidade (segundo a norma NP EN ISO 9001), o Sistema de Gestão Ambiental (segundo a norma NP EN ISO 14001), o Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (segundo a norma NP 4397) e o Sistema de Gestão da Responsabilidade Social (segundo a norma NP 4469). O sistema mais presente é o Sistema de Gestão da Qualidade, tendo 69% das empresas da amostra optado por implementar e certificar um sistema deste tipo. Apenas 24% das empresas possuem Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho e 17% um Sistema de Gestão Ambiental. Nenhuma das empresas inquiridas optou pela implementação e certificação de um Sistema de Gestão da Responsabilidade Social. Figura 12 - Distribuição percentual das empresas em função da certificação de um Sistema de Gestão Sistema de Gestão da Qualidade NP EN ISO 9001 Sistema de Gestão Ambiental NP EN ISO 14001 Sistema de Gestão da SST NP 4397 Sistema de Gestão da Responsabilidade Social NP 4469 Do mesmo modo, um modelo de negócio deverá também estabelecer indicadores que permitam medir os factores críticos para obtenção de sucesso nas empresas, em termos de produtividade. 38 Naturalmente, é devido a uma mescla de factores internos como a qualificação da mão-de-obra, a política de preços ou a margem de lucro praticada, a política comunicacional ou o posicionamento no mercado, bem como factores externos como a concorrência, o comportamento dos consumidores ou o poder negocial dos fornecedores que a empresa se apresenta no mercado como competitiva ou não competitiva, mas não será menos verdade que uma empresa com maus índices de produtividade dificilmente conseguirá ser eficiente e competitiva. A produtividade está intimamente ligada à competitividade.

A figura seguinte apresenta a distribuição percentual das empresas em função de recorrerem, ou não, à monitorização da produtividade através de indicadores. Como facilmente se constata, a grande maioria das empresas, ciente da importância que a produtividade tem para o seu sucesso, definiu indicadores que permitam monitorizar os níveis de produtividade. Figura 13 - Distribuição percentual das empresas em função da monitorização da produtividade através de indicadores obstante a monitorização dos níveis de produtividade, a definição de metas de produtividade é fulcral para que a organização se mantenha motivada e focada nos seus objectivos e para a criação de uma mentalidade de responsabilidade entre colaboradores e gestão. A análise da figura 14 permite concluir que 79% das empresas da amostra opta por definir metas de produtividade numa base regular. Figura 14 - Distribuição percentual das empresas em função da definição regular de metas de produtividade A adopção de métodos inovadores que permitam significativos ganhos de competitividade é uma realidade em 93% das empresas inquiridas figura 15. 39

Figura 15 - Distribuição percentual das empresas em função da adopção de métodos inovadores que tenham impacto relevante na competitividade No momento da selecção de processos inovadores, 72% das empresas da amostra optam por integrar questões relacionadas com o desenvolvimento sustentável, como se pode ver na figura seguinte. Figura 16 - Distribuição percentual das empresas em função da integração das questões da sustentabilidade na selecção de processos inovadores Naturalmente, a utilização dos processos e métodos mais recentes permite às empresas obter ganhos de produção que poderão ser um factor de diferenciação face à concorrência. A actualização tecnológica é também importante em matérias de desenvolvimento sustentável, uma vez que se tenta produzir de forma cada vez mais eficiente, despendendo o mínimo de recursos e gerando o mínimo de desperdício. Cerca de 79% das empresas afirmam ter implementado um qualquer processo que assegure a sua actualização tecnológica (figura 17). Figura 17 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de mecanismos que assegurem a sua actualização tecnológica 40

Em termos da monitorização da rotação de stocks, mais de metade das empresas afirmam definir um índice de rotação de stocks anualmente. Figura 18 - Distribuição percentual das empresas em função da definição de um índice de rotação de stocks com periodicidade anual 3.3 GOVERNO DAS ORGANIZAÇÕES O segundo capítulo do estudo, Governo das Organizações, focaliza-se na qualidade das práticas de gestão das empresas, ao nível, dos valores e dos princípios éticos e na forma como interagem com as partes interessadas, particularmente com fornecedores, consumidores, clientes, investidores e accionistas. Adaptação da Estrutura da Empresa Evidentemente, a adopção de boas práticas em matéria de desenvolvimento sustentável, deve ser encarada como um imperativo para as empresas, já que contribui para uma economia mais competitiva num mundo melhor. Adicionalmente, nos dias de hoje, cada vez mais empresas vêem estas questões já não como ameaças, como custos, mas como oportunidades, enfim, como um investimento a longo prazo. O exemplo nesta matéria virá naturalmente, da gestão de topo, cabendo às lideranças adoptar boas práticas de governança, que promovam a transparência, equidade e responsabilidade, por forma a estabelecer esta cultura por toda a organização, fazendo com que esta se estenda a todas as partes interessadas. Como se pode ver na figura seguinte, é praticamente unânime a importância desta questão nas empresas da amostra, uma vez que 97% dos inquiridos optam por recorrer a essas mesmas boas práticas nas suas organizações. Figura 19 - Distribuição percentual das empresas em função da adopção de boas práticas de governança com base na transparência, equidade e prestação de contas, envolvendo os membros da Direcção/ Administração, accionistas, empregados e todos os demais públicos de interesse 41

A mesma percentagem de empresas admite incentivar a gestão responsável em todos os níveis do dia-a-dia da organização (figura 20). Figura 20 - Distribuição percentual das empresas em função do estímulo à gestão responsável em todos os níveis da empresa como um exercício diário Transparência e Carácter Ético das Actividades Neste ponto do estudo, tentaremos perceber até que ponto as questões relacionadas com a transparência e a ética na actividade diária da empresa assumem particular relevância. Aproximadamente 83% das empresas definiram os valores e princípios éticos pelos quais irão reger toda a sua actividade, como se pode ver na figura 21. Figura 21 - Distribuição percentual das empresas em função da definição de valores e princípios éticos Pela análise da figura 22, conclui-se que a maioria das empresas não ouve as partes interessadas no momento da definição dos seus valores e princípios éticos 52% das empresas dizem não o fazer. Apenas 31% das empresas tomam em consideração a opinião das partes interessadas nesta matéria e em 17% dos casos esta questão não se aplica, uma vez que ainda não foram definidos princípios ou valores éticos. 42

Figura 22 - Distribuição percentual das empresas em função da consulta das partes interessadas na definição dos seus valores e princípios éticos De igual forma, a maioria das empresas opta por não documentar os seus valores e princípios numa Carta de Princípios figura 23. Figura 23 - Distribuição percentual das empresas em função da documentação dos seus valores e princípios éticos numa Carta de Princípios Um Código de Ética ou uma carta de princípios é um documento em que a empresa estabelece objectivos de carácter ético que deseja alcançar e prosseguir, interna e externamente, abrangendo não só aqueles que serão directamente influenciados por esse código, como os trabalhadores ou a gestão, mas alargando o seu âmbito a todos os stakeholders da empresa. A elaboração de um documento deste tipo é importante na criação de uma cultura de exigência, transparência e responsabilidade, servindo de auxílio ao cumprimento das obrigações legais da empresa e contribuindo para uma melhor imagem da empresa no exterior. Naturalmente, há ainda alguma resistência nesta matéria, uma vez que em certa medida pode por vezes haver alguma contradição entre o objectivo de maximizar o lucro e alguns destes princípios de responsabilização, e também porque os resultados que advêm de uma política deste tipo são muitas vezes intangíveis e difíceis de mensurar. A existência de um Código de Ética é uma realidade em 24% das empresas figura 24. 43

Figura 24 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de um Código de Ética As empresas foram adicionalmente inquiridas se as partes interessadas estão contempladas nesse mesmo código de ética. As figuras seguintes apresentam o tratamento estatístico que foi feito relativamente a esta questão, dividindo as partes interessadas em empregados, fornecedores, consumidores/clientes, comunidade e accionistas minoritários. À luz da análise que foi feita anteriormente referente à existência de um Código de Ética nas empresas, deve ser tido em linha de conta que 76% das empresas não possuem o referido código, classificando-se assim como Aplicável nesta questão. Assim, conclui-se que em todas as empresas onde existe um Código de Ética, este contempla os empregados bem como os consumidores/clientes. Em 14% das empresas da amostra, há um Código de Ética que engloba tanto fornecedores, como a comunidade ou os accionistas minoritários. Isto é o mesmo que dizer que, em 57% das empresas onde efectivamente um Código de Ética foi definido e implementado, este contempla esses mesmos fornecedores, comunidade e accionistas minoritários. 44

Figura 25 - Distribuição percentual das empresas em função das partes interessadas estarem contempladas no Código de Ética Empregados Fornecedores Consumidores/Clientes Comunidade Accionistas minoritários De igual forma, e tendo presente que 76% das empresas não possuem Código de Ética, pela análise da figura seguinte facilmente se conclui que em todas as empresas onde existe o referido documento, este proíbe expressamente a utilização de práticas ilegais para obtenção de vantagens comerciais. 45

Figura 26 - Distribuição percentual das empresas em função de o Código de Ética proibir expressamente a utilização de práticas ilegais para obtenção de vantagens comerciais Seguindo o mesmo raciocínio, 14% das empresas da amostra expõem publicamente os seus compromissos éticos por meio de material institucional, internet ou qualquer outra forma adequada às partes interessadas, o correspondente a cerca de 57% das empresas que possuem um Código de Ética figura 27. Figura 27 - Distribuição percentual das empresas em função da exposição pública dos seus compromissos éticos por meio de material institucional, internet ou outra forma adequada às partes interessadas A existência de uma cultura baseada em princípios de transparência e ética é uma realidade em 90% das empresas inquiridas. Figura 28 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de uma cultura baseada em princípios de transparência e ética Apenas 24% das empresas já abordaram estes assuntos de alguma forma figura 29. 46

Figura 29 - Distribuição percentual das empresas em função do tratamento anterior dado a este assunto Informação, Consulta e Participação das Partes Interessadas Num mundo globalizado e em constante movimento, as empresas não podem isolar-se da sua envolvente ou perder o comboio relativamente às últimas inovações ou tendências, sob pena de se atrasarem irremediavelmente face à concorrência. Caberá à empresa, a todo o momento avaliar a sua envolvente, de modo a perceber rapidamente quais as necessidades daqueles que a rodeiam e fazem de alguma forma parte do seu funcionamento, ou seja, as partes interessadas, os stakeholders. Essas partes interessadas podem assumir as mais variadas identidades, como por exemplo, fornecedores, accionistas, investidores, consumidores, empregados, concorrentes, associações empresariais ou até mesmo governos. Conforme se pode ver na figura seguinte, um pouco mais de metade das empresas já procedeu à identificação das partes interessadas nos seus respectivos contextos. Figura 30 - Distribuição percentual das empresas em função de terem já procedido à identificação das partes interessadas Efectuada a identificação das partes interessadas, é necessário promover o diálogo e a comunicação entre estas e a empresa, de modo a que todos sejam escutados e sejam identificadas as necessidades e expectativas de cada um. Esta adaptabilidade, este contacto com o exterior, é crucial para a empresa se manter ligada à realidade, às tendências, às expectativas para o futuro. A criação de canais de comunicação privilegiados com os stakeholders pode ajudar a empresa na tomada de decisões estratégicas: perceber o que os consumidores pretendem do produto, o grau de satisfação dos investidores relativamente ao retorno de capital, a posição negocial dos fornecedores, etc. A análise da figura 31 permite concluir que 44% das empresas revelam preocupação em criar mecanismos que mantenham os canais de comunicação e discussão entre empresa e parte interessadas abertos e que estes sejam de fácil acesso e eficientes, de forma a assegurar a informação, consulta e participação dessas mesmas partes interessadas. 47

Figura 31 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos que assegurem que os canais de comunicação e discussão com as partes interessadas são acessíveis e eficientes, de modo a garantir a informação, consulta e participação das mesmas Perceber e respeitar as expectativas dos stakeholders é vital ao sucesso da organização se tivermos em atenção que, cada vez mais, estas partes interessadas vão assumindo maior poder sobre as organizações, sejam as partes interessadas investidores, accionistas, fornecedores, etc., o seu poder negocial é cada vez mais vincado. Como se pode concluir da figura 32, 52% das empresas garantem possuir mecanismos que permitam ter em linha de conta as expectativas das partes interessadas. Figura 32 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos que permitam ter em conta as expectativas das partes interessadas A forma mais óbvia de garantir a satisfação das partes interessadas é reduzir a distância entre os compromissos assumidos e as acções tomadas: será expectável que se a empresa encetar uma direcção radicalmente distinta à que terá acordado com os stakeholders haverá descontentamento. Por outro lado, é extremamente complexo manter todas as partes interessadas em consonância, uma vez que têm necessidade e expectativas distintas e, por vezes, contraditórias. Para uma eficaz avaliação da satisfação das partes interessadas, as empresas devem promover uma comunicação saudável e periódica com estas e promover entrevistas regulares, inquéritos, focus groups, etc. Visualizando a figura que se segue, é perceptível que 48% das empresas afirmam possuir mecanismos de controlo da satisfação das partes interessadas. Figura 33 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos que permitam monitorizar a satisfação das partes interessadas 48

Relação com os Fornecedores A importância dos fornecedores para o funcionamento das organizações é imensurável, uma vez que estes têm um impacto directo tanto na qualidade dos produtos comercializados pelas empresas, como na política de preços adoptada pela empresa, já que definem as regras a montante do processo produtivo. Esta situação é particularmente relevante no contexto nacional, onde, como é do conhecimento geral, devido às idiossincrasias do funcionamento da economia portuguesa, os fornecedores estão frequentemente dotados de grande poder negocial. Assim, a criação de relações privilegiadas com os fornecedores será à partida um garante de estabilidade e um factor de competitividade para as empresas. Cientes dessa mesma realidade, todas as empresas da amostra procuram estabelecer relações comerciais duradouras com os fornecedores, na tentativa de maximizar os seus níveis de desempenho, conforme se pode ver na figura 34. Figura 34 - Distribuição percentual das empresas em função de terem sido estabelecidas relações comerciais duradouras com os fornecedores, como meio de alcançar níveis elevados e consistentes de desempenho Paralelamente, a totalidade da amostra procura manter um diálogo saudável com os seus fornecedores. Figura 35 - Distribuição percentual das empresas em função da procura de um diálogo saudável com os fornecedores 49

Já 57% das empresas denotam especial preocupação em incentivar os fornecedores para que estes assumam compromissos de responsabilidade social. Naturalmente, em empresas que pretendam assumir compromissos de um desenvolvimento sustentável, haverá uma preocupação em pressionar os fornecedores a assumirem compromissos similares, uma vez que a economia está hoje completamente interligada e as opções tomadas pelos stakeholders têm uma influência directa ou indirecta nas empresas. O esforço de uma empresa na prossecução de um desenvolvimento sustentável não é compatível com fornecedores que não respeitem os princípios básicos de uma cultura de sustentabilidade que promova práticas ambientalmente conscientes e socialmente responsáveis. Figura 36 - Distribuição percentual das empresas em função do incentivo dado aos fornecedores para que estes assumam compromissos de responsabilidade social Relação com os Clientes/Consumidores Relacionamento com os clientes não é necessariamente marketing. É certo que ambos almejam o mesmo, que é vender os produtos da empresa, mas o primeiro foca-se mais em criar uma relação saudável com os clientes/consumidores. A gestão das relações com os clientes compõe uma estratégia a nível global, que visa atrair novos clientes, recuperar clientes perdidos e manter os clientes actuais. O que se pretende é que através de um funcionamento mais harmonioso de toda a organização, desde a pré-produção até ao serviço pós-venda seja possível gerir de forma mais eficaz as relações com os clientes, reduzindo, inclusivamente, os custos ligados ao marketing tradicional e a departamentos específicos de reclamações de clientes relacionados com má gestão de consumidores e clientes. Como seria expectável, todas as empresas da amostra percebem a importância de melhor entender os seus clientes e consumidores, tentando ir de encontro às suas expectativas e necessidades, uma vez que estes serão, em última instância, os garantes do escoamento dos seus produtos. Figura 37 - Distribuição percentual das empresas em função da atenção prestada aos seus clientes/consumidores, de modo a melhor compreender as suas expectativas e necessidades 50

Relação com os Investidores/Accionistas Os investidores e os accionistas têm um papel de relevo nas organizações, na medida em que são responsáveis pela injecção de capital nas mesmas e é natural que as empresas privilegiem as relações com esses mesmos actores. O que os investidores e accionistas esperam é uma informação financeira detalhada, atempada e de qualidade, que lhes permita tomar as decisões mais vantajosas. Relativamente à gestão das expectativas dos investidores e accionistas das empresas, o resultado é similar ao registado com os clientes/consumidores, com a esmagadora maioria das empresas a denotarem atenção, particularmente com os pequenos accionistas, no sentido de criar e implementar mecanismos que sirvam de garante à equidade de direitos entre os shareholders. Como se pode ver na figura 38, se centrarmos a atenção nas empresas em que esta questão se aplica, uma vez que efectivamente existem pequenos accionistas com participações na empresa, conclui-se que apenas uma pequena parte não denota preocupação em conceber mecanismos deste tipo. Ou seja, 92% das empresas onde existem pequenos accionistas que detêm participações de capital, procuram implementar mecanismos que protejam os seus direitos. Figura 38 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de mecanismos que garantam a equidade dos direitos dos accionistas, nomeadamente, a participação de pequenos accionistas Analogamente, a grande maioria das empresas criou mecanismos de ausculta das expectativas dos investidores e accionistas figura 39. Figura 39 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos de ausculta das expectativas dos investidores/accionistas 51

A situação não é tão positiva relativamente à existência de mecanismos de monitorização da satisfação dos investidores/accionistas. A figura 40 evidência que 29% das empresas em que esta situação é aplicável possui mecanismos deste tipo. Figura 40 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos de monitorização da satisfação dos investidores/accionistas Relação com Fontes de Conhecimento Relevantes Cerca de três quartos das empresas da amostra afirmam estabelecer ligações com fontes de conhecimento relevantes, como é o caso das Universidades, Centros Tecnológicos ou Centros de Investigação e Desenvolvimento (figura 41). Figura 41 - Distribuição percentual das empresas em função do estabelecimento de ligações com fontes de conhecimento relevantes (e.g. Universidade, Centros Tecnológicos, Centros I&D) 52

3.4 DIREITOS HUMANOS Os direitos humanos são os direitos e liberdades básicos conferidos a todos os seres humanos. Há duas grandes categorias de direitos humanos. A primeira categoria refere-se a direitos civis e políticos e inclui direitos como o direito à vida e à liberdade, igualdade perante a lei e liberdade de expressão. A segunda categoria refere-se a direitos económicos sociais e culturais e inclui direitos como o direito ao trabalho, o direito à alimentação, o direito à saúde, o direito à educação e o direito à segurança social. Diversas normas morais, legais e intelectuais baseiam-se na premissa que os direitos humanos transcendem as leis ou tradições culturais. A primazia dos direitos humanos tem sido salientada pela comunidade internacional na Declaração Internacional dos Direitos Humanos e nos instrumentos essenciais dos direitos humanos. O estado tem o dever e a responsabilidade de respeitar, proteger, cumprir e concretizar os direitos humanos. As empresas têm a responsabilidade de respeitar os direitos humanos, inclusive na sua esfera de influência. Relativamente às empresas da amostra, dois terços afirmam possuir mecanismos que assegurem o respeito integral da Declaração Universal dos Direitos Humanos, como se pode ver na figura seguinte. Figura 42 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos que assegurem o respeito integral da Declaração Universal dos Direitos Humanos A percentagem de empresas que alastra a sua monitorização do cumprimento dos Direitos Humanos dos trabalhadores a toda a sua cadeia de valor é um pouco mais baixa, não atingindo, neste caso, os 50% (figura 43). Figura 43 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos de monitorização do cumprimento dos Direitos Humanos dos trabalhadores envolvidos em toda a cadeia de valor da empresa Já no que diz respeito à definição e implementação de procedimentos que visem assegurar a igualdade de oportunidades, a figura 44 evidência que 52% das empresas inquiridas adoptaram essa prática. 53

Figura 44 - Distribuição percentual das empresas em função da definição e implementação de procedimentos que assegurem a igualdade de oportunidades Em 45% das empresas existe preocupação em facilitar aos trabalhadores a conciliação entre vida profissional e vida familiar, como se pode constatar observando a figura seguinte. Figura 45 - Distribuição percentual das empresas em função da definição e implementação de procedimentos que promovam a conciliação da vida profissional e da vida familiar A promoção de medidas de combate à discriminação racial, étnica, de género, etária, religiosa, social, física, com fundamentos políticos ou outras é uma realidade em 62% das empresas inquiridas. Figura 46 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de medidas que assegurem o combate e o não envolvimento em qualquer forma de discriminação (raça, cor, sexo, idade, religião, opinião, política, nacionalidade, origem social, condição física) 54

3.5 PRÁTICAS LABORAIS As práticas laborais das empresas incluem todas as políticas e procedimentos referentes ao trabalho realizado dentro, para e em nome da empresa. Vão para além da relação entre a empresa e os seus empregados directos ou das responsabilidades que a empresa tem num dado local de trabalho que possua ou controle directamente. Incluem ainda as responsabilidades das empresas pelo trabalho realizado em seu nome por outros, inclusive o trabalho subcontratado. O inquérito enviado às empresas focaliza as práticas laborais em três grandes eixos: a promoção de condições de trabalho saudáveis e equitativas respeitando as leis vigentes, a valorização e formação dos recursos humanos e o posicionamento das empresas face à área da saúde, higiene e segurança no trabalho. O tratamento estatístico realizado pretende aferir quais as práticas laborais usuais nas empresas, que relevo lhes é dado e de que forma tentam motivar e proteger a sua força de trabalho. A (boa) qualidade das práticas laborais adoptadas é indissociável do imperativo da sustentabilidade e é condição essencial para a criação de uma organização eficiente, produtiva e competitiva, num mundo que não se compadece com paradigmas económicos ultrapassados e redutores da importância dos recursos humanos numa empresa. Trabalho e Emprego A implementação de mecanismos com vista a uma erradicação efectiva de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório, não só na actividade da empresa como em toda a sua cadeia produtiva é uma preocupação para a grande maioria das empresas inquiridas, como se pode ver na figura 47. Figura 47 - Distribuição percentual das empresas em função de terem estabelecido mecanismos de apoio à erradicação efectiva de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório, quer nas suas actividades, quer na sua cadeia produtiva Do mesmo modo, a generalidade das empresas toma medidas no sentido de erradicar em definitivo o trabalho infantil nas suas actividades e na sua cadeia produtiva. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), estima que cerca de 215 milhões de crianças no mundo estejam nesta situação, 115 milhões das quais a exercer actividades perigosas. 55

Figura 48 - Distribuição percentual das empresas em função de terem estabelecido mecanismos de apoio à erradicação efectiva do trabalho infantil, tanto nas suas actividades como na sua cadeia produtiva O combate à erradicação de todas as formas de assédio sexual está presente em 59% das empresas inquiridas figura 49. Figura 49 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos de apoio à erradicação efectiva de qualquer forma de assédio sexual O combate ao assédio moral é um imperativo para 62% das empresas figura 50. Actualmente, há já em Portugal legislação que visa combater todas as formas de assédio, nomeadamente no Código de Trabalho, na Constituição da República Portuguesa e ainda na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O artigo 29º do Código de Trabalho, aprovado pela Lei nº 7/2009, de 12 de Fevereiro, define o conceito de assédio, especificando ainda o conceito de assédio sexual, havendo também referências no artigo 127º (Deveres do empregador) e no artigo 129º (Garantias do trabalhador a esta temática). Entende -se por assédio o comportamento indesejado, nomeadamente o baseado em factor de discriminação, praticado aquando do acesso ao emprego ou no próprio emprego, trabalho ou formação profissional, com o objectivo ou o efeito de perturbar ou constranger a pessoa, afectar a sua dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.. Transcrição do ponto 1, do artigo 29º do Código do Trabalho. Figura 50 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de mecanismos de apoio à erradicação efectiva de qualquer forma de assédio moral 56

Formação Profissional e Valorização dos Recursos Humanos Uma força de trabalho qualificada e motivada é factor chave para o sucesso das organizações. Nesse sentido, será do interesse da empresa assegurar que os seus trabalhadores possuem formação adequada às suas funções, bem como proporcionar-lhes perspectivas de futuro, de forma a manter o nível motivacional em patamares elevados. Paralelamente, é importante oferecer oportunidades a jovens trabalhadores, a iniciarem a sua vida laboral e naturalmente motivados, através de, por exemplo, estágios curriculares e profissionais. Como se comprova analisando a figura 51, 93% das empresas realizam uma avaliação periódica com vista a identificar as necessidades de formação dos seus colaboradores. Figura 51 - Distribuição percentual das empresas em função da identificação periódica das necessidades de formação dos seus trabalhadores Os mesmos 93%, ou seja, todas as empresas que implementaram processos que lhes permitam identificar as necessidades de formação dos seus colaboradores, procederam à realização de acções de formação junto dos seus trabalhadores, como resultado da avaliação efectuada. Figura 52 - Distribuição percentual das empresas em função da realização de acções de formação como resultado do levantamento das necessidades de formação dos seus trabalhadores 57

Todas as empresas afirmam assegurar a qualificação das competências dos seus trabalhadores figura 53. Figura 53 - Distribuição percentual das empresas em função de assegurarem a qualificação das competências dos seus trabalhadores Em 41% das empresas existem procedimentos de gestão com vista a assegurar o desenvolvimento de carreiras dos seus trabalhadores, como se pode ver na figura seguinte. A progressão e desenvolvimento de carreiras dos trabalhadores é uma ferramenta importante na criação de uma cultura de desempenho, focada em maximizar o potencial humano. Figura 54 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de procedimentos de gestão e desenvolvimento de carreiras dos seus trabalhadores Oitenta e seis por cento das empresas potenciam a realização de estágios profissionais e curriculares, dando assim um importante contributo na criação de oportunidades para jovens trabalhadores, particularmente, jovens trabalhadores com formação académica. Figura 55 - Distribuição percentual das empresas em função de potenciarem a realização de estágios profissionais e curriculares 58

Saúde e Segurança no Trabalho A melhoria da Segurança e Saúde no local de trabalho aporta às empresas, vantagens económicas. Os acidentes de trabalho e as doenças profissionais têm custos elevados. Mas para poder fazer uma gestão eficaz daqueles, é preciso conhecê-los e medi-los. Assim, é de esperar que a prevenção dos riscos profissionais e a vigilância e promoção da saúde dos Trabalhadores possam ser monitorizadas através de avaliações às condições de trabalho aos mais diversos níveis (ruído, iluminação, vibrações, qualidade do ar ambiente, contaminantes químicos, radiações, etc.). Adicionalmente, as empresas deverão implementar procedimentos que lhes permitam avaliar o seu desempenho em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho, de modo a identificar as áreas problemáticas e perceber onde há espaço a melhorias. Nos termos dos artigos 74º e 75º da Lei nº 102/2009, de 10 de Setembro, o empregador tem a obrigação de organizar os seus serviços de Segurança e Saúde no Trabalho. As modalidades adoptadas podem ser de Serviços Internos, Serviços Externos ou Serviços Comuns. Centrando agora a análise nas empresas em amostra, 93% têm os seus Serviços de Segurança organizados, como se pode ver na figura seguinte. Figura 56 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de Serviços de Segurança organizados O mesmo número de empresas tem os seus Serviços de Saúde organizados figura 57. Figura 57 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de Serviços de Saúde organizados 59

Independentemente da modalidade de serviços adoptada, as empresas têm o dever de assegurar que os seus postos de trabalho estão livres de risco ou, pelo menos, que todos os esforços são feitos no sentido de os minimizar. A avaliação de riscos constitui a base da abordagem de qualquer organização para prevenir acidentes e doenças profissionais. Uma avaliação periódica dos riscos dos postos de trabalho em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho é realizada na esmagadora maioria dos casos em 97% das empresas inquiridas (figura 58). Se o processo de avaliação de riscos não for bem conduzido ou não for de todo realizado, as medidas de prevenção adequadas não serão provavelmente identificadas ou aplicadas. A avaliação de riscos é um processo dinâmico que permite às organizações implementarem uma política pró-activa de gestão de riscos no local de trabalho. Figura 58 - Distribuição percentual das empresas em função de efectuarem uma avaliação periódica dos riscos dos Postos de Trabalho em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho Após a avaliação dos riscos, a etapa seguinte consiste na identificação de medidas de prevenção e de protecção. É necessário que o resultado dessa avaliação se traduza em medidas que se destinam efectivamente a modificar as situações de não conformidade e a prevenir a ocorrência de situações similares no futuro. Vejamos então de que forma se comportam as empresas da amostra nesta matéria. Facilmente se conclui, analisando a figura seguinte, que todas as empresas que efectuaram uma avaliação periódica dos riscos dos postos de trabalho em matéria de SST, procederam adicionalmente à implementação de medidas correctivas e/ou preventivas atendendo ao resultado dessa mesma avaliação, o correspondente a 97% do total das empresas participantes no estudo. Figura 59 - Distribuição percentual das empresas em função de terem implementado medidas correctivas/preventivas em matéria de SST, atendendo ao resultado da avaliação de riscos 60

Todas as empresas da amostra efectuam avaliação estatística dos acidentes de trabalho figura 60. Essa avaliação estatística poderá assumir as mais variadas formas, sendo muito popular o recurso a índices de sinistralidade como o Índice de Frequência ou o Índice de Gravidade. Figura 60 - Distribuição percentual das empresas em função de efectuarem uma avaliação estatística dos acidentes de trabalho Um qualquer procedimento para avaliação das causas de acidente é adoptado em 79% das empresas figura 61. Figura 61 - Distribuição percentual das empresas em função de terem implementado um procedimento para a investigação das causas dos acidentes Se 100% das empresas efectuam uma avaliação estatística dos acidentes de trabalho, a percentagem desce para os 64% quando inquiridas sobre se têm procedimentos similares para lidar com as doenças profissionais (figura 62). Figura 62 - Distribuição percentual das empresas em função de efectuarem uma avaliação estatística das doenças profissionais 61

Os acidentes de trabalho e as doenças profissionais estão regulamentados pelo Código de Trabalho e pelo Decreto-Lei nº 352/2007, que aprova a nova Tabela Nacional de Incapacidades por Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, revogando o Decreto-Lei n.º 341/93, de 30 de Setembro, e aprova a Tabela Indicativa para a Avaliação da Incapacidade em Direito Civil. E se 79% das empresas implementaram processos ou mecanismos que permitam investigar as causas de acidente, a percentagem desce para os 61% quando questionadas se possuem um procedimento para investigação das causas que potenciam o surgimento de doenças profissionais entre os colaboradores (figura 63). Figura 63 - Distribuição percentual das empresas em função de terem implementado um procedimento para a investigação das causas das doenças profissionais Visualizando as duas figuras que se seguem, as figuras 64 e 65, constata-se que igual percentagem de empresas, 38%, têm já implementados procedimentos que permitem avaliar os custos directos e indirectos dos acidentes de trabalho. Os custos directos associados aos acidentes de trabalho são os mais facilmente observáveis e quantificáveis e assumem normalmente a forma de indemnizações e assistência médica. Figura 64 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de um procedimento que permita avaliar os custos directos dos acidentes de trabalho Os custos indirectos estão relacionados com a quebra no funcionamento normal da organização, através de horas ou dias perdidos de trabalho, perda de oportunidades momentâneas, ou custos de oportunidade, alteração na imagem que passa para o exterior ou através do tempo perdido na investigação das causas do acidente. 62

Figura 65 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de um procedimento que permita avaliar os custos indirectos dos acidentes de trabalho Em matéria de legislação, todas as empresas cumprem com a legislação aplicável, em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho, sendo que 93% das empresas a cumprem na totalidade e 7% das empresas cumprem mas apenas em parte. Figura 66 - Distribuição percentual das empresas em função do cumprimento da legislação em Segurança e Saúde no Trabalho aplicável As empresas foram inquiridas sobre a monitorização das condições existentes em quatro áreas chave do ambiente de trabalho: Ruído, Iluminação, Qualidade do Ar e Contaminantes Químicos. Facilmente se percebe que os resultados encontrados são, de uma maneira geral, muito positivos, mas que há diferenças significativas entre as práticas existentes em cada uma destas áreas. Como se pode ver na figura 67, a totalidade das empresas da amostra efectua avaliações periódicas ao ruído no ambiente de trabalho. Somente 3% das empresas não efectuam avaliações periódicas às condições de iluminação e apenas 10% não realizam avaliações à qualidade do ar. Nos contaminantes químicos os resultados não são tão positivos, com cerca de dois terços das empresas a afirmarem proceder a avaliações periódicas nesta área, enquanto 28% dizem não o fazer. Este resultado é parcialmente explicado pelo facto que esta é uma problemática que não abrange todas as empresas da amostra, uma vez que há áreas de actividade em que a questão da contaminação química não faz parte do quotidiano. 63

Figura 67 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de avaliações periódicas de Ruído, Iluminação, Qualidade do Ar e Contaminantes Químicos Ruído Iluminação Qualidade do ar Contaminantes Químicos 28% Quando confrontadas com os resultados das avaliações periódicas, 97% das empresas agiram em conformidade, tendo implementado medidas preventivas e/ou correctivas, como se pode ver na figura 68. Figura 68 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de medidas correctivas/ preventivas, atendendo aos resultados das avaliações de Ruído, Iluminação, Qualidade do Ar e Contaminantes Químicos Todas as empresas levaram a cabo acções de informação e sensibilização em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho, junto dos seus colaboradores figura 69. Figura 69 - Distribuição percentual das empresas em função da promoção de acções de sensibilização/ formação em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho 64

A existência de procedimentos, regras ou instruções de prevenção de incêndios é fundamental para garantir a segurança dos trabalhadores, bem como proteger instalações, bens ou equipamentos das empresas, ou, em caso de impossibilidade, evacuar as instalações face ao perigo em questão. Para além destas acções, é necessário também que existam equipamentos que permitam um eficaz combate a incêndios, como é o caso dos extintores, bocas-de-incêndio, sistemas de detecção automática, etc. Observando a figura seguinte, consta-se que a quase totalidade das empresas participantes no estudo, 97% da amostra, procurou implementar medidas que garantam uma protecção eficaz contra incêndios. Figura 70 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de medidas que assegurem uma protecção eficaz contra incêndios (extintores, bocas de incêndio, detectores de incêndio, etc) Os incêndios provocam anualmente nas empresas enormes prejuízos materiais e muitas vítimas, quer por queimadoras e ferimentos, quer, sobretudo por intoxicação. Mesmo que não haja acidentes pessoais provocados pelo incêndio, resulta a maior parte das vezes para os trabalhadores a privação do seu trabalho habitual, durante um período de tempo apreciável. É pois necessário, assegurar medidas visando impedir que o fogo deflagre ou, quando tal acontece, impedir a sua propagação. Por outro lado, é necessário providenciar todos os meios materiais e humanos susceptíveis de controlar rapidamente um incêndio desde o seu início. A importância de ter trabalhadores com formação no manuseamento de meios de combate a incêndios é óbvia uma vez que são muitas vezes estes os primeiros a entrar em contacto com o fogo e uma resposta célere e atempada é de primordial importância para evitar danos severos neste tipo de situação. Observando a nossa amostra, 86% das empresas possuem uma estrutura interna que assegura as actividades de combate a incêndios e de evacuação das instalações em situação de perigo grave e iminente figura 71. Figura 71 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de uma estrutura interna que assegura as actividades de combate a incêndios e de evacuação das instalações em situação de perigo grave e iminente 65

Em 79% das empresas há uma estrutura interna capacitada para assegurar as actividades de primeiros socorros figura 72. O kit de primeiros socorros é o primeiro meio de assistência médica em caso de emergência e deve conter materiais diversos como luvas, tesoura, pinças, gaze, algodão, pensos rápidos, compressas esterilizadas, toalhetes anti-sépticos, adesivos, entre outros, e manual de primeiros socorros. Figura 72 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de uma estrutura interna que assegure as actividades de primeiros socorros Como se pode ver na figura seguinte, em 79% das empresas, os trabalhadores responsáveis pelas actividades de primeiros socorros estão convenientemente identificados. Figura 73 - Distribuição percentual das empresas em função dos trabalhadores responsáveis pelas actividades de primeiros socorros estarem identificados 3.6 PRÁTICAS OPERACIONAIS Cadeia de Valor Na economia global da actualidade, as empresas não podem cingir-se à sua organização interna e devem ter em linha de conta a sua envolvente externa e tudo o que possa contribuir para gerar valor e construir uma sociedade e uma economia mais sustentáveis. A figura seguinte evidencia a situação relativa à promoção de parcerias que visem o desenvolvimento de novos produtos. Verificando-se que 59% das empresas inquiridas implementaram essa prática. 66

Figura 74 - Distribuição percentual das empresas em função da promoção de parcerias para o desenvolvimento de novos produtos As práticas de comércio justo têm vindo a assumir maior protagonismo, particularmente ao longo das últimas duas décadas, e visam incentivar trocas comerciais mais justas para todos os envolvidos e padrões de comportamento respeitados pelos intervenientes, de modo a promover a equidade entre as partes e uma maior consciencialização social e ambiental. Nesta sociedade globalizada, com a cadeia de valor das empresas a abranger os quatro cantos do mundo, torna-se necessária uma maior preocupação com esta temática, uma vez que as acções das empresas se fazem sentir nas mais variadas regiões do mundo e as populações estão cada vez mais atentas e informadas. O paradigma está a mudar e cada vez mais as empresas estão a pensar global e a agir local. A figura 75 revela que 55% das empresas estabeleceram mecanismos que garantem práticas de comércio justo. Figura 75 - Distribuição percentual das empresas em função de terem estabelecido mecanismos que garantam práticas de comércio justo Cerca de um terço das empresas participantes no estudo admite ocasionalmente recorrer às suas influências para obter benefícios nos seus negócios. Figura 76 - Distribuição percentual das empresas em função de utilizarem as suas influências para obter benefícios nos seus negócios 67

No seu extremo, este recurso a influências para retirar benefícios nos negócios, pode constituir a prática de um crime, previsto no Código Penal como Tráfico de Influências. Concorrentes O factor concorrência é um dos grandes dinamizadores da actividade económica. Os mercados não são, naturalmente, concorrencialmente perfeitos, mas é salutar a existência de um ambiente de concorrência com o maior número de players possível, que respeite as regras do jogo, nomeadamente, no que concerne à concertação e concentração ilegais, políticas de comercialização ilegais (como o dumping, por exemplo) ou o abuso de informação privilegiada e propriedade intelectual alheia. A esmagadora maioria das empresas garante ter implementado mecanismos que visam assegurar o exercício da actividade de forma concorrencial, dentro do quadro legal e regulamentar em vigor, conforme se pode ver na figura 77. Figura 77 - Distribuição percentual das empresas em função de terem implementado mecanismos que asseguram o exercício da actividade de forma concorrencial, dentro do quadro legal e regulamentar em vigor De igual modo, a grande maioria das empresas afirma prestar o seu apoio aos poderes constituídos e entidades privadas com vista a um eficaz combate a todas as formas de concorrência desleal, nomeadamente, a comercialização ilegal de produtos e a adulteração de marcas. A concorrência desleal encontra-se prevista no quadro legal português, no Código da Propriedade Industrial. O tratamento estatístico resultante desta questão colocada às empresas é visível na figura 78. Figura 78 - Distribuição percentual das empresas em função do apoio aos poderes constituídos e às entidades privadas no combate a todas as formas de concorrência desleal, inclusive a comercialização ilegal de produtos e a adulteração de marcas 68

A implementação de mecanismos anti-cartel não é uma prioridade para a maioria das empresas, uma vez que para muitas delas esta situação não se aplica. Das que se encontram em situação considerada aplicável, a maioria também não implementou mecanismos anti-cartel. Apenas 14% da totalidade das empresas da amostra, um terço das empresas em situação considerada como aplicável, conceberam mecanismos nesse sentido (figura 79). Figura 79 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de mecanismos que assegurem comportamentos anti-cartel A protecção da propriedade intelectual é um factor importante para 65% das empresas. Cerca de 7% não consideram importante a existência de uma cultura de protecção da propriedade intelectual e em 28% das empresas esta questão não é aplicável. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial, ou INPI, é o organismo a quem compete a aplicação da legislação nacional, nomeadamente o Código da Propriedade Industrial, aprovado pelo Decreto-Lei nº 36/2003, de 5 de Março, que contêm disposições fundamentais ao nível dos Direitos de Propriedade Intelectual e, ainda, das Convenções, Tratados e Acordos Internacionais que Portugal ratificou. Figura 80 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de uma cultura que assegure a protecção da propriedade intelectual A maioria das empresas não promoveu a implementação de uma cultura de desincentivo à espionagem industrial por parte dos seus colaboradores figura 81. Figura 81 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de uma cultura que impeça a prática de espionagem industrial pelos seus colaboradores 69

Fornecedores As relações da empresa com os fornecedores em matéria de desenvolvimento sustentável podem ser um importante contributo para o objectivo da sustentabilidade. Ao adoptar boas práticas na sua organização, a empresa está a assumir um posicionamento que se apresenta como social e ambientalmente responsável, incompatível com práticas antiquadas e demasiado economicistas, e pode exercer pressão junto dos fornecedores para que estes sigam políticas similares. Na amostra, a percentagem de empresas que dá prioridade a relações com fornecedores que mantenham práticas de responsabilidade social é ligeiramente superior a 50%, como se pode ver na figura seguinte. Figura 82 - Distribuição percentual das empresas em função da valorização ou preferência dada a fornecedores que mantenham práticas de responsabilidade social Apenas uma reduzida quantidade de empresas realiza visitas aos fornecedores como forma de aferir se os direitos humanos são respeitados e as condições de trabalho são adequadas 10% no primeiro caso e 21% no segundo (figura 83). Figura 83 - Distribuição percentual das empresas em função da realização de visitas aos fornecedores para verificar se os direitos humanos são respeitados e as condições de trabalho adequadas Direitos Humanos Condições de Trabalho O número de empresas que desenvolve acções de responsabilidade social com os fornecedores é também muito baixo: apenas 17% da amostra figura 84. Figura 84 - Distribuição percentual das empresas em função do desenvolvimento de acções de responsabilidade social em parceria com os seus fornecedores 70

3.7 CONSUMIDORES/CLIENTES As empresas que oferecem produtos e serviços aos consumidores, assim como a outros clientes, têm responsabilidades para com esse público-alvo. As responsabilidades incluem fornecer informações precisas, usar técnicas de marketing e processos contratuais justos, transparentes, e promover o consumo sustentável. Abrangem ainda procedimentos de design, fabrico, distribuição, prestação de informação e serviços de suporte, que minimizem os riscos decorrentes do uso dos seus produtos e serviços. Das empresas participantes no estudo, 62% denotam preocupação em pesquisar e divulgar informação sobre os potenciais riscos à segurança e saúde dos seus consumidores/clientes, associados aos seus produtos, conforme se pode concluir da análise da figura 85. Figura 85 - Distribuição percentual das empresas em função da pesquisa e divulgação dos riscos que os seus produtos/serviços podem causar à saúde ou à segurança dos seus consumidores/clientes Naturalmente, a existência tanto de entidades públicas de defesa do consumidor, designadamente a Direcção Geral do Consumidor ou a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), bem como de entidade privadas como são o caso da DECO ou da Associação Portuguesa do Direito do Consumo, não substitui o papel das empresas nesta matéria, cabendo-lhes o dever de respeitar todas as obrigações legais aplicáveis, bem como de prestar todas as informações que possam ser consideradas relevantes acerca dos produtos/serviços que comercializam. Já, a figura 86, demonstra que 86% das empresas implementaram medidas que garantem que todas as referências comerciais feitas aos seus produtos e serviços são claras, específicas e correctas. Figura 86 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação de medidas que assegurem que todas as referências comerciais feitas aos produtos e/ou serviços são claras, específicas e correctas. 71

Informação sobre como entrar em contacto com a empresa está disponível nos produtos/serviços de 83% dos inquiridos (figura 87). Figura 87 - Distribuição percentual das empresas em função de os produtos/serviços trazerem sempre instruções claras sobre como entrar em contacto com a empresa A esmagadora maioria das empresas, 93%, leva a cabo avaliações de satisfação dos consumidores, com vista a implementar melhorias nos seus produtos e serviços, como se pode constatar na figura seguinte. Figura 88 - Distribuição percentual das empresas em função da execução de uma avaliação de satisfação dos seus consumidores, de forma a implementar melhorias nos seus produtos/serviços De igual modo, o mesmo número de empresas admite recorrer a reclamações, sugestões e dúvidas recebidas como forma de aperfeiçoar as suas actividades (figura 89). Figura 89 - Distribuição percentual das empresas em função da análise e utilização de dúvidas, sugestões e reclamações recebidas como instrumento para aperfeiçoar as suas actividades 72

3.8 DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE Todas as empresas, grandes ou pequenas, têm impacto nas comunidades onde exercem a sua actividade. Quando bem gerido esse impacto pode trazer grandes vantagens tanto para a comunidade como para as empresas. Os benefícios para as comunidades resultam das oportunidades de emprego que as empresas proporcionam assim como bens e serviços que as mesmas fornecem e que podem ser consumidos localmente. Como se pode ver na figura seguinte, a maioria das empresas denota já um profundo conhecimento dos seus impactos na comunidade local, mas há ainda uma significativa percentagem de empresas que desconhece o impacto que as suas acções produzem nas comunidades locais. Figura 90 - Distribuição percentual das empresas em função do conhecimento em profundidade dos seus impactos na comunidade local Se a maioria das empresas está a par dos impactos das suas actividades nas comunidades locais, nem todas essas empresas se socorrem de indicadores que permitam monitorizar esses mesmos impactos ao longo do tempo. Em 41% das empresas da amostra, foram criados indicadores que permitam monitorizar os impactos causados pelas suas actividades (figura 91). Figura 91 - Distribuição percentual das empresas em função da existência de indicadores que monitorizem os impactos causados pelas suas actividades Enquanto as empresas devem fazer todos os esforços para respeitar as comunidades em que se inserem, as populações não devem negligenciar o seu dever de cidadania, através de participação activa na vida da comunidade, fazendo sentir o seu descontentamento junto das empresas, por forma a poder também auxiliá-las na identificação de factores que possam ser melhorados. A grande maioria das empresas não recebeu reclamações ou qualquer tipo de manifestações por parte da sociedade civil, ao longo dos últimos três anos apenas em 14% dos casos, as empresas confessam ter recebido algum tipo de feedback por parte da sociedade civil, como se pode ver na figura seguinte. 73

Figura 92 - Distribuição percentual das empresas em função de terem recebido reclamações ou manifestações da Sociedade Civil ao longo dos últimos três anos Por outro lado, a esmagadora maioria das empresas afirma que contribui para a sociedade civil, através de doações de produtos ou recursos financeiros, cedência de instalações ou desenvolvimento de projectos sociais próprios. Figura 93 - Distribuição percentual das empresas em função de efectuarem doações de produtos e/ou recursos financeiros, cederem instalações e/ou desenvolverem projectos sociais próprios De igual modo, a maioria das empresas, mais precisamente, 76% da amostra, procura ter uma participação activa na comunidade em que está inserida, visando a melhoria da qualidade de vida local figura 94. Figura 94 - Distribuição percentual das empresas em função de uma participação activa na comunidade em que se insere tendo em vista a melhoria da qualidade de vida da mesma 74

Paralelamente, 72% das empresas inquiridas mobilizam os seus recursos financeiros, tecnológicos e humanos na ajuda à construção de uma sociedade melhor figura 95. Figura 95 - Distribuição percentual das empresas em função da mobilização do seu potencial financeiro, tecnológico e humano na ajuda à construção de uma sociedade melhor Em 59% das empresas, é incentivada a participação voluntária dos colaboradores em iniciativas da comunidade. A criação de laços entre a empresa e a comunidade é vital para um desenvolvimento sustentável, harmonioso, consciente e responsável. Figura 96 - Distribuição percentual das empresas em função do incentivo dado aos colaboradores a participarem de forma voluntária em iniciativas da comunidade 75

3.9 AMBIENTE Este ponto do estudo pretende compreender o posicionamento das empresas face às questões ambientais. Desde a estratégia empregue no combate à redução e eliminação de desperdícios e material poluente, aos instrumentos utilizados para atingir esse objectivo e à contabilização que é feita aos impactes provocados pela sua actividade. Relativamente ao controlo das emissões poluentes, a totalidade das empresas da amostra admite privilegiar estratégias preventivas da poluição na origem figura 97. Figura 97 - Distribuição percentual das empresas em função de privilegiarem as estratégias preventivas da poluição na origem A actividade produtiva dá origem a impactes negativos no meio ambiente, em maior ou menor escala, de sector de actividade para sector de actividade. Essa dívida para com o ambiente, para com as comunidades locais, é vulgarmente apelidada de Passivo Ambiental. O passivo ambiental traduz-se na obrigação que as empresas têm de mitigar os danos causados pela sua actividade através de contributos positivos para a sociedade. O passivo ambiental pode também ser percebido como um conceito puramente contabilístico, se analisarmos, por exemplo a situação do derrame de petróleo da BP no Golfo do México, que a responsabilizou directamente pela resolução do problema. A grande maioria das empresas da amostra (76%) ainda não inclui os passivos ambientais nas suas análises financeiras. Figura 98 - Distribuição percentual das empresas em função de considerarem os passivos ambientais nas análises financeiras 76

Naturalmente, o objectivo último de qualquer empresa é a maximização do lucro, produzindo da forma mais eficiente possível. Nesse sentido, o conceito da eco-eficiência poderá não ser contraditório com a bottom line da empresa. O que este conceito defende, genericamente, é a produção de forma eficiente, maximizando o output e minimizando o consumo de recursos, a produção de resíduos e desperdícios. Aliás, muitas empresas substituíram já o antigo conceito da bottom line, pelo conceito de triple bottom line, mais abrangente, que regista os resultados não só económicos mas também ambientais e sociais de uma empresa. Assim, podem ser tomadas medidas que visem a redução do consumo das fontes energéticas tradicionais em prol da utilização de energias verdes, renováveis, aumentar a durabilidade dos produtos, reduzir o consumo de matérias-primas, minimizar a dispersão de tóxicos ou promover acções de sensibilização junto dos consumidores sobre boas práticas na economia. A implementação de conceitos de eco-eficiência nos processos de gestão é uma prioridade para 45% das empresas da amostra, como se pode ver na figura seguinte. Figura 99 - Distribuição percentual das empresas em função da implementação da eco-eficiência nos seus processos de gestão Cinquenta e nove por cento das empresas inquiridas, já definiram indicadores de eco-eficiência e procedem à sua monitorização regular figura 100. Figura 100 - Distribuição percentual das empresas em função da definição e monitorização de indicadores de eco-eficiência 77

Adicionalmente, as empresas foram questionadas se incluem ou não diversas áreas pré-definidas no raio de acção desses mesmos indicadores de eco-eficiência. As áreas definidas foram o consumo de matérias-primas, consumo de água, consumo de energia, produção de resíduos perigosos, produção de resíduos não perigosos, emissão de gases com efeito de estufa, emissão de gases deflectores da camada do ozono, impactos ambientais nos transportes e biodiversidade. Analisando a figura seguinte, é perceptível que as empresas que adoptaram índices de eco-eficiência optaram primordialmente por definir indicadores que abrangem o consumo de energia (88%), o consumo de matérias-primas (82%), o consumo de água (82%) e a produção de resíduos não perigosos (71%). De salientar que nenhuma das empresas da amostra define indicadores abrangentes à biodiversidade ou aos impactos ambientais nos transportes. Figura 101 - Distribuição percentual das empresas em função das áreas abrangidas pelos indicadores de eco-eficiência definidos Da totalidade das empresas em amostra, 42% afirmam estabelecer metas anuais para os indicadores de eco-eficiência, enquanto 17% dizem não o fazer, o correspondente a 71% e 29%, respectivamente, das empresas que efectivamente definem indicadores de eco-eficiência. Figura 102 - Distribuição percentual das empresas em função de terem sido estabelecidas metas anuais para os indicadores de eco-eficiência 78

Realizando novamente uma análise por área de intervenção, observando a figura seguinte conclui-se que as empresas optam por estabelecer metas preferencialmente na área relativa ao consumo de água e na área ligada consumo de energia. Figura 103 - Distribuição percentual das empresas em função das áreas em que foram estabelecidas metas para os indicadores de eco-eficiência definidos Sessenta e dois por cento das empresas afirmam adoptar medidas no sentido de mitigar os impactos ambientais dos seus serviços, 21% das empresas dizem não o fazer e 17% consideram esta situação como não aplicável à sua realidade figura 104. Figura 104 - Distribuição percentual das empresas em função da adopção de medidas para mitigar os impactos ambientais dos seus serviços A esmagadora maioria das empresas não tem definidas ou implementadas estratégias e programas, actuais ou futuros, de gestão dos impactos da sua actividade na biodiversidade, como se pode visualizar na figura seguinte apenas 3% das empresas afirmam fazer algum tipo de planeamento relativamente a esta questão. 79