PROPOSTAS PARA UM OUTRO MUNDO POSSIVEL

Documentos relacionados
FITOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

BENS. São todas as coisas materiais produzidas para satisfazer as necessidades das pessoas.

BRASIL: ESPAÇO AGRÁRIO E PROBLEMAS SÓCIOAMBIENTAIS

ATIVIDADES ECONÔMICAS NO ESPAÇO RURAL

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE MERCADO E SISTEMA PRODUTIVO

Direito à Cidade e Justiça Ambiental

ORIGEM DA AGRICULTURA E DA PECUÁRIA

25/03/2011. Prof. M.Sc. Maron Stanley Silva O. Gomes

PRINCÍPIOS ÉTICOS FUNDAMENTAIS Fábio Konder Comparato. I Introdução

Fórum Social Mundial Memória FSM memoriafsm.org

As Diferenças Sociais

BAIXA DENSIDADE ATIVIDADES PRIMÁRIAS CONCENTRADO HABITAT RURAL DISPERSO A REVOLUÇÃO DA AGRICULTURA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL RESULTADO:

RESOLUÇÕES DE QUESTÕES- TEMÁTICA DE GÊNERO, RAÇA E ETNIA, CONFORME DECRETO /2011

Fluxos migratórios e estrutura da. população. IFMG - Campus Betim Professor Diego Alves de Oliveira Disciplina de Geografia - 3º Ano 2016

TRABALHO E SISTEMAS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

"Hoje nos encontramos numa fase nova na humanidade. Todos estamos regressando à Casa Comum, à Terra: os povos, as sociedades, as culturas e as

SÉRIE UES: COMPARTILHANDO CONHECIMENTO OS 17 OBJETIVOS PARA DESENVOLVIMENTO AGENDA SUSTENTÁVEL

O desenvolvimento rural brasileiro cenário atual e desafios. Movimento dos Pequenos Agricultores MPA. Raul Ristow Krauser

NATUREZA E BIODIVERSIDADE. Que vantagens lhe trazem?

A GLOBALIZAÇÃO. Esse processo se torna mais forte a partir de 1989 com o fim do socialismo na URSS.

DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL E AGRICULTURA FAMILIAR

17 Objetivos para Transformar o Mundo: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro 14 de março de 2019

Marco Abreu dos Santos

Seminário Políticas Públicas para Agroecologia na ALC RED PPAL

Jimboê. Geografia. Avaliação. Projeto. 4 o ano. 2 o bimestre

AGRICULTURA FAMILIAR E ESTRATÉGIAS DE REPRODUÇÃO SOCIAL

UNESP AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE EXTENSÃO RURAL. Antonio Lázaro Sant Ana (Prof. Unesp Ilha Solteira)

Pobreza e exclusão Ciências Sociais Prof. Guilherme Paiva

ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP, 2015) Colégio Sta. Clara Prof. Marcos N. Giusti

GLOBALIZAÇÃO NO BRASIL CAPÍTULO 2 PROFESSOR LEONAM JUNIOR

ORIGEM DA AGRICULTURA E DA PECUÁRIA

Sustentabilidade Ambiental e Trabalho Digno na Agricultura. Mariangels Fortuny Sectoral Policies Department ILO, Geneva

A ATIVIDADE AGRÍCOLA

Biodiversidade. Sociobiodiversidade

3. (G1 - ifsp 2012) Leia o texto a seguir. 1. (Uerj 2013)

CONFERÊNCIA NACIONAL ESTATUTO DA AGRICULTURA FAMILIAR PORTUGUESA. ESAC - Escola Superior Agrária de Coimbra 23 e 24 de Junho 2017

IDH e Globalização. Uma longa viagem começa com um único passo (Lao Tsé).

BRASIL: CAMPO E CIDADE

Direito Humano à Alimentação Adequada

Áreas contaminadas, avaliação de risco e as gerações futuras São Paulo, 1 de outubro de 2013.

GESTÃO AMBIENTAL GLOBAL E REGIONAL

O COOPERATIVISMO E A REFORMA AGRÁRIA POPULAR

ESTADOS UNIDOS: superpotência mundial. Capítulo 9 Educador: Franco Augusto

A FORMAÇÃO DO CAPITALISMO E SUAS FASES MÓDULO 02

A BIODIVERSIDADE NA ENCÍCLICA DO PAPA FRANCISCO LAUDATO SI

LEMARX CURSO DE ECONOMIA POLÍTICA


SOJA TRANSGÊNICA NO ESTADO DO PARANÁ

Epagri. Conhecimento para a produção de alimentos. Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

CARTA CONVOCATÓRIA AO IV ERA

Declaração de Princípios - Declaração de Princípios - Partido Socialista

Alimentação e Nutrição na 5ª CNSAN. Encontro com Referências Nacionais de Alimentação e Nutrição Junho 2015

PROFESSOR: ADRIANO RAMALHO DISCIPLINA: GEOGRAFIA CONTEÚDO: FASES DO CAPITALISMO TEMA GERADOR: ARTE NA ESCOLA

Esta cartilha explica os princípios que orientam a FOB, a maneira como nos organizamos e como se filiar ao Sindicalismo Revolucionário.

Requisitos para o Escopo do Certificado sob a Norma de Produção Agrícola

Aula Ao Vivo(18/04/2013) - Geografia Agrária do Brasil

PLANEJAMENTO ANUAL / TRIMESTRAL 2014 Conteúdos Habilidades Avaliação

Agronegócio é uma palavra nova, da década de 1990, e é também uma construção ideológica para tentar mudar a imagem latifundista da agricultura

A organização do espaço Rural

A ESTRUTURA FUNDIÁRIA E A REFORMA AGRÁRIA ESTRUTURA FUNDIÁRIA É A FORMA COMO AS PROPRIEDADES AGRÁRIAS DE UMA ÁREA OU PAÍS ESTÃO ORGANIZADAS, ISTO É,

DISCURSO DO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM SESSÃO PLENÁRIA

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. O BRDE Novas exigências da RSA O PCS BRDE e os ODS

Parceria pelo Desenvolvimento Sustentável Projeto pelo Fortalecimento dos Municípios para a promoção da Agenda 2030 e Nova Agenda Urbana

Definição Compreende-se por o processo de integração e interdependência entre países em seus aspectos comerciais, financeiros, culturais e sociais. A

O ESPAÇO GEOGRÁFICO MUNDIAL. Profª. Naiane Rocha GEOGRAFIA

Prof. Marcos Colégio Sta. Clara ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP, 2014)


Economia e ideologia em contexto moçambicano. O caso dos modelos agrários

UM DICIONÁRIO CRÍTICO DE EDUCAÇÃO 1

REFORMA AGRÁRIA PRECISA ESTAR NA AGENDA PRIORITÁRIA DO GOVERNO - CUT Qua, 06 de Março de :30

PRODUTO ORGÂNICO. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

CAPÍTULO 3 - AGROPECUÁRIA E AGRONEGÓCIO PROFESSOR LEONAM JUNIOR COLÉGIO ARI DE SÁ 7º ANO

REFORMA SINDICAL E TRABALHISTA: EM ANÁLISE E DEBATE Rio de Janeiro, 11 de Maio de 2013

UNESP AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE EXTENSÃO RURAL. Antonio Lázaro Sant Ana (Prof. Unesp Ilha Solteira)

JORNADA NACIONAL DE LUTA DO MCP EM DEFESA DA AGRICULTURA CAMPONESA PELA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS

HISTÓRIA E DIREITO. DIREITOS PARA QUEM? Profa. Me. Érica Rios

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E INDUSTRIALIZAÇÃO

Contribuição dos Alimentos Orgânicos para a Segurança Alimentar e Nutricional

Globalização e o Meio-Técnico-Científico- Informacional. (Parte I Unidade 1 Capítulo 5 e Parte III Unidade 9 - Capítulo 40)

1º ano. Cultura, Diversidade e o Ser Humano

Da Modernidade à Modernização. Prof. Benedito Silva Neto Teorias e experiências comparadas de desenvolvimento PPGDPP/UFFS

Microcrédito e Comércio Justo

Jornadas de Sustentabilidade: circuitos curtos agroalimentares e redes colaborativas

ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL MÓDULO 6

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL QUESTÕES COMENTADAS

Gestão Ambiental MEIO AMBIENTE. Prof.ª Yngrid Nantes.

Economia Rural: Agricultura

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO.

Calendário Temático Aprovação da Política Nacional do Idoso (Lei n 8.442/1994)

CONTEÚDOS GEOGRAFIA - 4º ANO COLEÇÃO INTERAGIR E CRESCER

Imperialismo. Estudo dos Capítulos 9 e 10 da obra Economia Política: uma introdução Crítica para o Curso de Economia Política

GEOGRAFIA AGRÁRIA GERAL

O que são Direitos Humanos? DIREITOS HUMANOS Profa. Rosana Carneiro Tavares. Principal instrumento legal

DISCIPLINA DE CIÊNCIAS SOCIAIS (FILOSOFIA) OBJETIVOS: 6º Ano

Movimento dos Pequenos Agricultores MPA. Apresentação - Embrapa. Movimento dos Pequenos Agricultores. Brasilia, 18 de Dezembro 2013 MENSAGEM

Departamento do Agronegócio Segurança Alimentar: O Desafio de Abastecer o Mundo com Sustentabilidade

AGRICULTURA BRASILEIRA:EXPANSÃO DA FROTEIRA AGRÍCOLA, CONFLITOS FUNDIÁRIOS E O NOVO RURAL. MÓDULO 14 GEOGRAFIA I

- Avanço das técnicas 2 Revolução industrial Impulso para o comércio internacional. - Ideologia do desenvolvimento positivismo e liberalismo

LES 213 FUNDAMENTOS DE ECONOMIA, POLÍTICA E DESENVOLVIMENTO. Harcourt Brace & Company

Transcrição:

PROPOSTAS PARA UM OUTRO MUNDO POSSIVEL 1. A NATUREZA. João Pedro STÉDILE MST, Brasil Nosso planeta está a perigo, nos alertam os cientistas e os filósofos. O capitalismo Estadunidense está impondo um modus de vida consumista que está inviabilizando a renovação dos recursos naturais do planeta. Menos de 10% dos mais ricos do mundo, que vivem no hemisfério norte se deram o direito de se adonar de todos os recursos e os utilizarem a seu bel prazer. A prosseguir assim, não haverá outro mundo para ninguém. Por isso, é urgente defendermos a biodiversidade de nosso planeta, que incluem todos os bens da natureza, os ecossistemas e as culturas dos povos. A Biodiversidade inclui todas as diferentes formas de vida vegetal, animal, as relações humanas e econômicas, os hábitos e culturas das pessoas, as formas de governo. A diversidade é nossa própria forma de vida. E devemos defendê-la. Devemos respeitar e proteger para as gerações futuras, todos os recursos naturais de nosso planeta como a terra, a água, a fauna e flora. E utilizar técnicas de cultivos agrícolas que produzam alimentos sadios e respeitem o meio ambiente. É preciso reduzir os níveis estúpidos de consumo dos países ditos desenvolvidos, e usar de forma mais igual os recursos para que todos os seres vivos de nosso planeta: os humanos, animais e vegetais tenham uma vida mais saudável e longa. 2. O USO DA TERRA A terra é um bem da natureza e deve servir em primeiro lugar para atender a vida e em beneficio da sociedade. Por isso defendemos a democratização de sua posse e uso. Somos contra a concentração da propriedade da terra e o seu uso para explorar outras pessoas ou outros povos. Defendemos uma reforma agrária que garanta a todos o direito de trabalhar na terra e democratize sua propriedade, priorizando as formas familiares, sociais e cooperativas. Defendemos o direito dos camponeses se organizarem das mais diferentes formas em suas comunidades e locais de moradia. Defendemos a necessidade dos governos e estados protegerem e estimularem agricultura familiar, camponesa e cooperativada, com políticas agrícolas adequadas de preços, assistência técnica, seguro, e garantia de comercio, como forma de produzir alimentos e preservar nossa cultura. E sobre a posse e uso da terra pesa uma responsabilidade social, que devemos usá-la para produzir alimentos e matérias primas em beneficio de todos em respeito a renovação dos recursos naturais, como diz o ditado Hindu Nós não herdamos a terra de nossos país, apenas a tomamos emprestado de nossos filhos. 3. SOBERANIA ALIMENTAR Há 900 milhões de seres humanos que passam fome todos os dias. Em especial mulheres e crianças, que vivem no hemisfério sul do planeta. E o seu contigente em vez de diminuir, como nos prometiam os governos cada vez mais gordos dos paises ricos e seus organismos internacionais, ao contrário, aumenta a cada ano. Cerca de 80 milhões de pessoas passam a ser famintos a cada ano.

Todas as doutrinas e ensinamentos nos ensinaram que um povo somente é livre, soberano e digno se tiver o direito e a capacidade de produzir seus próprios alimentos. Como imaginar uma comunidade, um povo, uma nação, que para se alimentar e sobreviver depende de outros. Ao longo da história da humanidade todos os povos e comunidades aplicaram esse principio. Mas agora, no capitalismo, a sanha monopólica das empresas transnacionais quer nos impor o controle sobre nossos alimentos para que o povo se torne escravo de seu lucro. Defendemos a soberania alimentar como um direito que cada povo e todos os povos tem de produzir seus próprios alimentos, de forma independente, sadios, com qualidade para atender a toda sociedade. Os alimentos não são uma mercadoria e sua produção e distribuição não devem se submeter às regras do mercado capitalista. Nenhum povo é livre, se não produzir seus próprios alimentos. Só haverá povos livres, soberanos e dignos, se tiverem o direito de produzirem seus próprios alimentos. 4. AS SEMENTES SÃO UM PATRIMONIO DA HUMANIDADE A humanidade chegou aonde estamos graças a forma democrática de produção e uso das sementes. Mas estamos enfrentando um grave risco. Cerca de oito grandes empresas transnacionais, como a Cargill, a Monsanto, a Du Pont, a Bungi, a Sygenta, etc.. querem controlar e impedir que os camponeses produzam suas próprias sementes. Para isso querem impor, as sementes transgênicas. Fazem mutações genéticas em laboratórios e campos experimentais, para casar a produtividade com uso intensivo de agrotóxico, cujo único objetivo é o lucro. Já desenvolveram inclusive duas técnicas satânicas, que é incorporar nas sementes o efeito Terminator, que esteriliza o fruto da semente transgênica e com isso obriga o agricultor a comprar todo ano, novamente as sementes da empresa. E também o componente traitor que condiciona o crescimento da planta a aplicação de determinado agrotóxico, vendido pela mesma empresa. As empresas capitalistas querem transformar a agricultura em produtora de dólares, apenas. Nós precisamos de uma agricultura que produza alimentos! Lucro versus alimentos. Exploração versus vida. Essa é nossa batalha atual. Por isso defendemos o principio de que os agricultores e suas comunidades tem o direito e o dever de produzir as sementes. Defendemos a biotecnologia como um processo permanente de melhoria de variedades e raças de animais, respeitando a natureza. Somos contra a utilização de sementes transgênicas, sobre as quais não haja segurança para a saúde dos agricultores, dos consumidores e do meio ambiente. Somos contra o monopólio do comercio de sementes por empresas trasnacionais. 5. IGUALDADE DE GENERO

A face humana da injustiça, da desigualdade e da pobreza é de uma mulher negra, analfabeta, com seis filhos, abandonada pelo marido, morando no meio rural do terceiro mundo. A desigualdade social e a pobreza se tornam ainda mais insuportáveis quando acrescidas pela discriminação social que sofrem as mulheres. Os homens e as mulheres somos seres iguais. Devemos combater todas as formas de preconceitos culturais e sexistas. Defendemos o direito de igualdade das mulheres e jovens, sem nenhuma discriminação de gênero, sexista, de idade ou de cor da pele. E deveríamos combater isso em todos os espaços sociais. Começando por nossos movimentos sociais, sindicatos, pelas igrejas, clubes, partidos, organismos públicos, e por todos ambientes de nossa sociedade. 6. DIREITOS HUMANOS As pessoas que vivem no meio rural de nosso planeta sofrem ainda muitos tipos de violência. Violência da exclusão que os impede de ter acesso aos direitos fundamentais, como comida, trabalho, moradia digna, educação e cultura. Violência física que os condena a sacrifícios, trabalho forçado sem remuneração, torturas, prisões, migrações, exílios e até assassinatos. Lutamos para que os direitos humanos, sociais e individuais sejam respeitados em todas as comunidades, em todos os grupos sociais e por todos os regimes políticos e por todos os governos. Precisamos denunciar que os verdadeiros responsáveis são os exploradores, os ricos, seus governos opressores, suas leis discriminadores. Seus parlamentares cada vez mais fedidos. E seus poderes judiciários cada vez mais cegos. Suas cadeias cada vez mais injustas. 7. AGROINDUSTRIA O processo de urbanização de nosso planeta levou a necessidade de industrialização dos alimentos. É o progresso técnico aplicado à conservação dos alimentos, para garantir seu transporte a longas distancias e garantir o abastecimento da população que vivem empilhada nas cidades e a armazenagem por longos períodos, já que os produtos do período da colheita, não conseguem mais alimentar a toda população. Mas a agroindústria vem sendo utilizada pelas grandes empresas como uma forma de exploração dos trabalhadores, concentração de poder econômico e poder político. Defendemos que as agroindústrias sejam distribuídas pelo interior dos países e estejam organizadas em formas associativas e cooperativadas, para que seus trabalhadores e agricultores se beneficiem de seu progresso técnico. A agroindústria pode ser um instrumento de distribuir o progresso territorialmente em nossos países, levar trabalho para imensos contingentes de jovens do interior que desejam empregos mais qualificados e querem seguir aperfeiçoando seus conhecimentos. As agroindústrias podem ser um instrumento de distribuição de riqueza, de renda, para que o valor agregado nos alimentos seja distribuído aos verdadeiros produtores da riqueza e não aos intermediários, e muito menos aos grandes grupos multinacionais que querem

controlar o comercio dos alimentos em todo mundo. Não é por acaso, que durante o ano de 2003, no ranking das maiores empresas do mundo, não está mais uma automobilística, uma petroleira, mas sim a rede de supermercados Estadunidense Wal-Mart! 8. COMERCIO AGRICOLA Nossos amigos Hindus contam de que no passado não havia fome, quando o estado comprava as colheitas, armazenava e vendia na entre-safra para a população. Agora, a fome voltou na Índia, depois que o governo neoliberal retirou o Estado do comercio agrícola e o entregou às empresas transnacionais de origem estadunidense, que vão a Índia, não para ajudar a combater a fome e a pobreza. Vão a Índia apenas para aumentar os seus lucros. E como fazem? Na safra, compram as colheitas dos agricultores Hindus e as exportam para países que estão na entre-safra, e assim obtém lucros. Na entre-safra da Índia, compram a preços baixos em países vizinhos que estão colhendo e os revendem aos Hindus a preços altos. Assim, a fome voltou aos campos da Índia, pelo progresso que dizem ser a globalização do comercio agrícola manipulado por algumas empresas transnacionais. O comércio agrícola não pode ser instrumento de exploração dos agricultores, dos consumidores ou de um país pelo outro. O comércio agrícola deve estar baseado em relações de igualdade e de intercambio justo. Os alimentos não podem ser comercializados como meras mercadorias para obter vantagens econômicas e políticas. Os alimentos não são mercadorias. São alimentos! E a regra de compra e venda deve estar subordinada a segurança social das populações. O comercio agrícola deve estar submetido a relações de troca justas entre os povos. 9. ORGANISMOS INTERNACIONAIS Os organismos internacionais em funcionamento em nosso planeta como a ONU, o FMI, a OMC, o BANCO MUNDIAL, tem sido utilizados apenas como instrumentos de dominação das grandes empresas, corporações trasnacionais e pelos governos dos paises ricos contra os povos dos paises pobres. As propostas de regular as relações comerciais através de planos como da OMC, da ALCA, etc. são meros instrumentos de dominação e exploração do capital, contra os povos e os trabalhadores. O capital tomou conta também da ONU. Impõe restrições e até guerras a quem fugir das regras maquiavélicas do capital. Todas as causas evocadas para justificar sanções militares aplicadas contra os países e seus povos nos últimos 40 anos, foram também cometidas pelo Governo dos Estados Unidos, e jamais a ONU teve a coragem e o poder de sancioná-los. Não é mais uma organização de nações, de povos. Agora é apenas de governos que representam os capitalistas. Por isso perderam a legitimidade e a representatividade. Defendemos a reformulação de todos os organismos internacionais e a reconstrução de outros, baseados na igualdade, na justiça e na representação dos povos e não dos governos e Estados. 10. OS VALORES HUMANISTAS E SOCIALISTAS

O capitalismo está impondo falsos valores. Prega e pratica o individualismo, o egoísmo e o consumismo como se fossem valores. Não são valores, são desvios burgueses de superindividualismo anti-social que impede o desenvolvimento harmônico de qualquer sociedade. Por isso trazem dentro de si, a violência, a desigualdade, a injustiça, a revolta, o crime. As relações sociais em nossas sociedades devem ser baseadas no cultivo de valores, que a humanidade vem construindo ao longo de milênios, como a SOLIDARIEDADE, A JUSTIÇA SOCIAL E A IGUALDADE. Esses valores não são apenas declarações de princípios, mas devem nortear nosso comportamento quotidiano, nos nossos movimentos, organizações, regimes políticos e Estados. A Sociedade só terá futuro se cultivar os valores históricos, humanistas e socialistas. Todas as demais sociedades baseadas no individualismo estão condenadas ao fracasso. Cedo ou tarde! Origem do texto: Agenda Latino-americana Mundial 2007. http://latinoamericana.org/ Terra, Sociedade e Agricultura. http://latinoamericana.org/2004/textos/portugues/stedileamplo.htm