CLASSIFICAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DOS ESTUÁRIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (BRASIL) COM BASE EM IMAGENS DE SATÉLITE

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Transcrição:

CLASSIFICAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DOS ESTUÁRIOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (BRASIL) COM BASE EM IMAGENS DE SATÉLITE Janaina Barbosa da Silva 1 Danielle Gomes da Silva 1 ; Célia Cristina Clemente Machado 3 ; Josiclêda Domiciano Galvíncio 2 1 Alunas de Doutorado em Geografia UFPE (janainasimov@yahoo.com.br) 3 Bolsista de Apoio Técnico CNPq UFPE 2 Profª.Drª. Adjunto do Departamento de Ciências Geográfica UFPE (josicleda@hotmail.com) RESUMO O presente estudo visou classificar, tomando como base as características geomorfológicas, os estuários do Estado de Pernambuco. Na zona costeira pernambucana encontram-se treze estuários, ocupando uma área de aproximadamente 17.372ha, apresentando baixas altitudes, chegando a atingir, em vários pontos, cotas inferiores ao nível do mar. A base de dados utilizado para a classificação foram as imagens de satélites do Landsat-TM. Foram realizadas análises visuais das imagens de satélite e posteriormente foram efetuados trabalhos de campo a fim de validar as interpretações realizadas. Na zona costeira pernambucana são encontradas três classificações de estuários: Planície costeira (vale inundado), formado por barras e por outros processos. As interações espaço-temporal dos processos ambientais durante o Quaternário foi de fundamental importância para a atual configuração das áreas estuarinas classificadas, tendo em vista que tectonismo, erosão e sedimentação recorrente das regressões e transgressões marinhas foram processos recursivos durante a formação dos estuários e que deixaram registros na paisagem. Palavras-chave: Estuários, Zona Costeira Pernambucana, Quaternário. INTRODUÇÃO Os estuários são ambientes transicionais entre o continente e o oceano, nas áreas de foz resultando na diluição mensurável da água salgada do mar pelas águas doces do rio. Estudos sobre as áreas estuarinas foram iniciados por cientistas escandinavos há mais de um século (KJERFVE et al, 2002). Apenas nas últimas cinco décadas, esses ambientes passaram a ser pesquisados de forma mais intensa para entendimento de seu funcionamento como resposta as apropriações e intervenções humanas, tendo em vista que aproximadamente sessenta por cento das grandes cidades se desenvolvem no entorno dos estuários, como exemplo as capitais nordestinas de Recife, Aracaju e Maceió. Várias são as condicionantes atuantes na evolução dos estuários e a diversidade entre estes ensejaram estudos puramente locais. À medida que as pesquisas pontuais sobre esses ambientes foram ampliadas, estabeleceu-se a necessidade de comparação entre diferentes estuários, para tanto, critérios de classificação foram sendo estabelecidos. Inicialmente as características físicas de movimento e mistura das águas doces e salino foi o primeiro esquema de classificação proposto por Stommel em 1951. Este ainda classificou os estuários com base na distribuição da salinidade em: cunha salina, fiordes, moderada mistura e intensa mistura. Pritchard (1955) e Cameron & Pritchard (1963) refinaram tal classificação incluindo aspectos relacionados à estratificação vertical. Vários foram os pesquisadores envolvidos no aprimoramento de uma metodologia geral a fim de classificar os estuários como Harleman & Abraham (1966), Pandle (1985) entre outros. Para este trabalho o sistema classificatório utilizado foi aquele desenvolvido por Pritchard (1952), que tem por base as características geomorfológicas agrupando-os em quatro tipos: Planície costeira (vale inundado), fiorde (altas latitudes), formado por barras e por outros processos, de acordo com eventos geológicos e geomorfológicos que ocorreram durante a sua formação. A base de dados foram as imagens de satélites gratuitas do Landsat-TM disponíveis no site do INPE. A fotointerpretação foi realizada seguindo as características geomorfológicas já citadas. METODOLOGIA Área de Estudo A Zona Costeira do Estado de Pernambuco estende-se do município de Goiana, ao norte, no limite com o Estado da Paraíba, até o município de São José da Coroa Grande, ao sul, na divisa com o Estado de Alagoas. Corresponde a uma faixa de 187 km de extensão e abrange vinte e um municípios, constituindo- 76

se no mais importante aglomerado populacional do Estado, onde se concentra cerca de 44% de sua população (CPRH, 2001). Na zona costeira pernambucana encontram-se treze estuários (Figura 01), ocupando uma área de aproximadamente 17.372ha (COELHO & TORRES, 1982), apresentando baixas altitudes, chegando a atingir, em vários pontos, cotas inferiores ao nível do mar. Figura 1 Áreas estuarinas de Pernambuco Imagens de Satélite As imagens utilizadas foram adquiridas gratuitamente no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Os satélites foram o Landsat 5 e 7. O software utilizado para o tratamento e recorte da imagem foi o Erdas Image 9.3 (Licença do grupo de pesquisa Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento SERGEO, Departamento de Ciências Geográficas UFPE). Classificação dos Estuários com Base na Interpretação das Imagens Foram realizadas análises visuais das imagens de satélite com base na metodologia de classificação de Pritchard (1952) e posteriormente foram efetuados trabalhos de campo a fim de validar as interpretações realizadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com Pritchard (1952) existem quatro tipos de estuários, classificados de acordo com as suas características geomorfológicas, sendo elas: Planície costeira (vale inundado), fiorde (altas latitudes), formado por barras e por outros processos. Esta classificação leva em consideração os eventos geológicos 77

e geomorfológicos que ocorreram durante o processo de sua formação. Entretanto, Pritchard (op.cit) classifica os estuários do tipo fiorde como típicos de regiões que foram cobertas por calotas de gelo durante as glaciações do Pleistoceno, logo esta classificação não se aplica a nenhum estuário brasileiro. Na zona costeira pernambucana são encontradas três classificações de estuários: 1- Estuário do tipo Planície Costeira Dentro dessa classificação se encontram os estuários Goiana-Megaó, Timbó, Paratibe, Sirinhaém/Maracaípe e Formoso (Figuras 02 a 06). Estes estuários encontram-se nas planícies costeiras que se formaram durante a transgressão marinha no Holoceno, inundando os vales dos rios. O processo de inundação foi mais acentuado que o de sedimentação, tornando a topografia atual dos estuários semelhantes ao vale do rio (a). Eles são geralmente rasos, raramente ultrapassando os 30 m de profundidade. Sua seção transversal na maioria das vezes aumenta em direção à foz (b). Figura 02: Imagem do estuário rio Goiana Figura 03: Imagem do estuário rio Timbó Figura 04: Imagem do estuário do rio Paratibe Figura 05: Imagem do estuário Sirinhaém/Maracaípe 78

Figura 06: Imagem do estuário do rio Formoso 2- Estuário Construído por Barra Dentro dessa classificação encontram-se os estuários Beberibe, Jaboatão/Pirapama, Mamucabas/Ilhetas e Uma (Figuras 07 a 10). Estes também foram formados com a inundação de vales primitivos, contudo, a sedimentação recente ocasionou a formação de barras em sua foz (a). Devido aos processos erosivos, grandes quantidades de sedimentos são retrabalhados pelas ondas e transportados por correntes litorâneas formando canais e lagunas extensas no seu interior (b). O rio ou sistema de rios que nutrem estes estuários apresentam variação na descarga fluvial variando com a estação do ano, podendo transportar grande concentração de sedimentos em suspensão, modificando a geometria da barra ou de sua entrada. Em alguns sistemas observam-se a erosão da barra em função do aumento da descarga, até mesmo completamente, restabelecendo-se quando cessa o período de chuvas mais intensas, como foi observado no estuário do Mamucabas, entretanto, este processo não será tratado neste trabalho. Figura 07: Imagem do estuário do Beberibe Jaboatão/Pirapama Figura 08: Imagem do estuário Figura 10: Imagem do estuário do Una 3- Estuários Restantes 79

Estuários que não são classificados como Planície Costeira e Construídos por Barra, são genericamente colocados na categoria Restantes. Vários são os processos costeiros formadores desses estuários: Falhas tectônicas, erupção vulcânica, tremores e deslizamento de terras. Ainda são incluídos nessa classificação aqueles cuja morfologia foi modificada significativamente por processos sedimentológicos recentes, como rias e deltas. a) O estuário tipo ria Dentro dessa classificação se encontram os estuários de Itapessoca, Jaguaribe e Canal de Santa Cruz (Figuras 11 e 12). De origem tectônica, estes estuários foram formados por elevação de blocos onde se localizavam o vale interior dos rios, constituindo assim a ria uma morfologia irregular (a) onde seus tributários drenam regiões adjacentes (b). Figura 11: Imagem estuário de Itapessoca Figura 12: imagem estuário Jaguaribe/Canal Stª Cruz b) Estuário tipo laguna costeira estuarina é um sistema marinho raso, geralmente orientado paralelamente à costa (a), separado do oceano por uma barreira, interligado pelo menos intermitentemente ao oceano por um ou mais canais (b) (KJERFVE, 1994 in KJERFVE et al, 2002. p123). Contudo para esta classificação não há aporte hídrico que alimente a laguna, portanto foi acrescentado o termo estuário para que a formação geomorfológica fosse aceita, mas sem desprezar o aporte de água doce dos rios que drenam a área. Afinal ao acrescentar o termo estuarino conclui-se que há rios que encontram o mar e dilui mensuravelmente a água salgada. Nesta definição encontra-se o Rio Capibaribe e o Rio Ipojuca (Figuras 13 e 14). Figura 13: Imagem do estuário do Capibaribe Figura 14: Imagem do estuário do Ipojuca 80

CONCLUSÕES A tentativa inicial de classificação dos estuários do Estado de Pernambuco foi realizada a fim de fornecer subsídios à gestão ambiental destas parcelas do território já bastante urbanizada. Os principais agentes identificados como responsáveis pela evolução da zona costeira foram: os ventos, que geram o transporte eólico; as ondas e correntes costeiras, que controlam o transporte de sedimentos ao longo da costa; e as marés que influenciam a dinâmica dos estuários. As interações espaço-temporal dos processos ambientais durante o Quaternário foi de fundamental importância para a atual configuração das áreas estuarinas classificadas, tendo em vista que tectonismo, erosão e sedimentação recorrente das regressões e transgressões marinhas foram processos recursivos durante a formação dos estuários e que deixaram registros na paisagem. Por fim, as geotecnologias têm se tornado uma importante ferramenta para elaboração de produtos que visem auxiliar na compreensão de processos de ordem espacial, como é o caso da metodologia adotada por este trabalho, já que esta vem se tornando uma importante fonte de informações da superfície terrestre para estudos de características geomorfológicas. REFERÊNCIAS COMPANHIA PERNAMBUCANA DO MEIO AMBIENTE (CPRH). Diagnóstico Sócioambiental do Litoral Sul de Pernambuco. Recife: CPRH/GERCO, 2003. 87 p. FIDEM. Proteção das Áreas Estuarinas, Série de Desenvolvimento e Meio Ambiente, Recife, 1987, 40p. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE. www.inpe.br (acesso em março de 2009). KOENING, M. L., ESKINAZI-LEÇA, E., NEUMANN-LEITÃO, S, MACÊDO, S. J.. Impactos da construção do Porto de Suape sobre a comunidade fitoplanctônica no estuário do rio Ipojuca (Pernambuco-Brasil) http://74.125.47.132/search?q=cache:m0yqm1nyhkyj:www.scielo.br/pdf/abb/v16n4/a04v16n4.pdf+po RTO+SUAPE&cd=7&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br em 10 de abril de 2009. MIRANDA, L. B.; CASTRO, B. M.; KJERFVE, B.. Princípios de oceanografia Física de estuários. Edusp, 2002. PERILLO, G. M. E.. Geomorphology and sedimentology and estuaries in http://books.google.com.br/books?id=xwkt81jtfp0c&printsec=frontcover#ppp1,m1 em 10 de abril de 2009. SILVA, M. H., PSSAVANTE, J. Z. O.. Fitoplâncton do estuário do rio Formoso (Rio Formoso, PE, BR): Biomassa, taxonomia e ecologia. http://lakh.unm.edu/handle/10229/3720 em 10 de abril de 2009. wikipédia. HTTP://pt.wikipedia.org acesso em 30 de abril de 2009. 81