Variáveis Meteorológicas e Produtividade Agroindustrial da Cana de-açúcar

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Transcrição:

Variáveis Meteorológicas e Produtividade Agroindustrial da Cana de-açúcar Anderson R. A. Gomes*,*Pedro L. V. S. Sarmento * ; Carlos A. Diniz * ; Marcos A. L. dos Santos*; Leopoldo A. Sá*, Adriano B. Moura*, Ivanise Tavares*, Iêdo Teodoro**, José L. Souza**, José R. T. Santos * Graduando em Agronomia - UFAL email: anderson_ravanny@hotmail.com **Professor da Universidade Federal de Alagoas 1 - ABSTRACT The industrial and agricultural productivity of sugar cane is directly related to climatic factors such as air temperature and rainfall. Therefore, a search was conducted in the Rio Largo-AL Region, aimed to examine the meteorological variables and agricultural and industrial yield of eight varieties of sugar cane (RB931003, RB863129, RB941541, RB971755, RB92579, RB93509, RB72454 e RB867515). In 430 days of cultivation rained 1,943 mm and reference evapotranspiration (ETo) totaled 1.854 mm. The average temperature ranged from 26,9 to 33 ºC and the agroindustrial yield average was 11,1 tons of sugar per hectare. The air temperature was not a limiting factor for the cultivation of sugar cane. It rained more than evapotranspiration but there were periods when the ETo was higher than the rainfall. The most productive varieties were RB92579, RB93509 and RB867515 that produced 99, 98 and 94 tons of sugar per hectare, respectively. Key Words: Temperature, rainfall, agricultural and industrial productivity, 2 - INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar é matéria prima para vários produtos como açúcar, álcool energia, cachaça, mel e outros, destacando a alta produção de açúcar e de álcool que tem grande importância para o Brasil. Dentre os principais produtores de cana-de-açúcar brasileiros, São Paulo destaca-se por ser responsável pela produção de 65% de açúcar e 61% de álcool de todo o País (UNICA, 2010). A cana-de-açúcar é uma planta C4 e isso indica que ela tem capacidade de formar compostos com quatro carbonos, conferindo à mesma, alta taxa fotossintética e ótima eficiência no resgate de dióxido de carbono da atmosfera ( Segato et al., 2006). Por ser uma cultura perene, a cana-de-açúcar, sofre a influência das variações climáticas no decorrer do ano. Para a cana atingir a produção potencial de sacarose precisa ser cultivada nas épocas com temperaturas e umidade do ar e do solo em condições adequadas em que a mesma possa crescer ao máximo durante a fase vegetativa. Contudo, uma restrição hídrica de aproximadamente trinta dias antes da colheita, estimula a maturação dos colmos e aumenta o acúmulo de sacarose nos mesmos (Alfonsi et al., 1987). A temperatura do ar é um dos fatores climáticos determinantes para produção de cana-de-açúcar. Conforme Doorembos & Kassan (1979) a temperatura basal para essa cultura fica em torno de 20 C e a faixa ótima, na qual a cultura apresenta crescimento máximo, situase entre 22 e 30 C. Acima de 38 C a planta entra em estresse agudo e o crescimento torna-se impossível, podendo até morrer. Em Alagoas, a precipitação pluvial na zona canavieira, está na média de 1.937 mm por ano (SINDAÇUCAR-AL, 2010), situando-se dentro da faixa de 1.500 a 2.000 mm anuais que é suficiente para atender à demanda hídrica da cultura da cana-de-açúcar (Doorembos & Kassan, 1979). Entretanto, ocorre uma má distribuição hídrica porque grande quantidade de

chuva, 72 % (1.397 mm), se concentra no período chuvoso de abril a agosto, ficando apenas 28% (540 mm) desta chuva para os outros seis meses de período seco, entre setembro e março. Essa má distribuição hídrica é um dos grandes fatores limitantes na produtividade agrícola da cultura de cana-de-açúcar. Por isso, para contornar esse problema em cultivo de sequeiro é necessário manejar a cultura de modo que os períodos de maior disponibilidade água no solo coincidam com as fases de maior necessidade hídrica da cultura. As variedades de cana-de-açúcar possuem diferentes níveis de tolerância ou resistência a secas por isso, algumas cultivares que produzem bem nos plantios irrigados ou em regiões com melhores disponibilidades hídricas não são recomendadas para o cultivo de sequeiro em localidades com chuvas mais desuniformes por as características genéticas das mesmas não toleram estresse hídrico. Este trabalho objetiva estudar as variáveis agrometeorológicas e a produtividade agroindustrial de variedades de cana-de-açúcar em cultivo de sequeiro na região de Rio Largo AL. 3 - MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas (09 28 02"S; 35 49 43"W; 127m) em Rio Largo -AL. O estudo foi baseado numa cultura de cana-de-açúcar de quarta folha, em um Latossolo amarelo coeso argissólico de textura média/argilosa, no período de 22 de Novembro de 2008 a 22 Janeiro de 2010. Usando o delineamento estatístico de blocos casualizados com quatro repetições em parcelas de 11 linhas de 21 m de comprimento, num espaçamento de 1,0 m entre linhas, foram plantadas oito variedades de cana-de-açúcar: RB931003, RB863129, RB941541, RB971755, RB92579, RB93509, RB867515 e RB72454. A adubação foi realizada em cobertura, trinta dias após a colheita, com 720 kg por hectare da formula 12 03 21. A evapotranspiração de referência ( ETo) foi estimada pelo método de Perman- Monteith FAO, com os dados obtidos numa estação automática de aquisição de dados localizada a 300 metros do experimento. 900 0,408 ( ) + ( ) 0 = + 273 + [ (1 + 0,34 )] Rn=Saldo de radiação (MJ.m -2 dia -1 ), G=Fluxo de calor no solo (MJ.m -2 dia -1 ), U 2 =Velocidade do vento a 2 m de altura (m s -1 ), es=pressão de saturação do vapor d água do ar (kpa), e s =pressão do vapor d água do ar (kpa), =Inclinação da curva da pressão do vapor saturado x temperatura do ar (kpa C -1 ), γ = Coeficiente psicométrico, T = temperatura média do ar. 4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO A precipitação pluvial durante o ciclo da cultura (do terceiro decêndio de novembro de 2008 ao segundo decêndio de janeiro de 2009) foi 1.935 mm, sendo que 1.452 mm (75 %) ocorreu entre segundo decêndio de abril ao segundo decêndio de setembro de 2009 e no restante do ciclo de cultivo ( de novembro de 2008 a março de 2009 e de outubro de 2009 a janeiro de 2010 - oito meses) choveu apenas 483 mm, correspondente a 25 % da chuva total. Isso caracteriza a má distribuição da precipitação pluvial (Figura 1). Durante os 430 dias de cultivo, a evapotranspiração de referência foi 1.854 mm, media de 4,3 mm dia -1. Os maior valor decendial da ETo foi registrado no terceiro decêndio de novembro de 2008 (61 mm, média de 6,1 mm dia -1 ) e o menor valor aconteceu no segundo decêndio de junho de 2009 (22,8 mm, média de 2,3 mm dia -1 )

Na figura 1 é possível observar também que em alguns períodos a evapotranspiração de referência foi superior à precipitação pluvial, principalmente nos meses já caracterizados pela estação seca. Nesses períodos a cana passou por estresses hídricos que prejudicaram o crescimento vegetativo da mesma, principalmente na fase inicial de desenvolvimento, entre o segundo decêndio de novembro de 2008 e o primeiro decêndio de janeiro de 2009. No segundo decêndio de janeiro de 2009 teve uma chuva equivalente à ETo e em janeiro de 2010 ocorreu uma chuva anômala de aproximadamente 100 mm. Figura 1: Precipitação pluvial (chuva) e evapotranspiração de referência (ETo), no período de novembro de 2008 a janeiro de 2010, na região de Rio Largo AL. A temperatura do ar média, no decorrer da pesquisa, foi 30,1 ºC, variando de 26,9 a 33 ºC, no terceiro decêndio de março de 2009 e segundo decêndio de agosto de 2009, respectivamente (Figura 2). A temperatura mínima em nenhum momento foi inferior a 19 ºC e a temperatura média variou de 23,2 a 27,7 ºC. Esses valores da temperatura média estão dentro da faixa estabelecida por Doorembos & Kassan (1979) como adequada para o crescimento e desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar. Figura 2: Temperatura mínina do ar (Tn),temperatura máxima do ar (Tm), temperatura media do ar (Tx) e umidade relativa do ar média (URm), no período de novembro de 2008 a janeiro de 2010, na região de Rio Largo AL.

A produtividade agroindustrial média do experimento foi 11,1 toneladas de açúcar por hectare. Na figura 3 observa-se que as variedades mais produtivas foram a RB92579 com média de 99 toneladas de colmos por hectare (TCH) e 14,6 toneladas de açúcar por hectare (TAH), seguida pelas RB867515 e RB93509 que produziram 98 e 94 toneladas de colmos por hectare e 14,3 e 13,4 toneladas de açúcar por hectare, respectivamente. Gava et al. (2008), trabalhando com a RB867515 em cultivo de sequeiro, na região de Jaú SP conseguiu uma média de 15,8 toneladas de açúcar por hectare, valor muito próximo dos rendimentos agroindustriais das variedades RB92579 e RB867515. As variedades menos produtivas foram RB72454 e a RB971755. Fugura 3: Isoquantas de toneladas de açúcar por hectare (TAH), açúcares totais recuperáveis (ATR) e toneladas de colmos por hectare (TCH) da 4 folha de variedades de cana de açúcar em cultivo de sequeiro, na região de Rio Largo-AL. 5 - CONCLUSÃO A temperatura do ar não foi fator limitante para a produtividade da cultura da cana de açúcar. Durante o ciclo de cultivo choveu mais do à evapotranspiração de referência, mas em alguns períodos a ETo foi superior a precipitação pluvial, caracterizando a má distribuição da chuva. As variedades mais produtivas e recomendadas para o cultivo de sequeiro, conforme essa pesquisa, são: RB92579, RB867515 e RB93509. 6 - AGRADECIMENTOS CNPq (CT -hidro 504068/03-2, Universal 479143/2007-2) UFAL. FAPEAL E USINAS ASSOCIADAS. /RIDESA-PMGCA-

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALFONSI, R.R.; PEDRO JUNIOR, M.J.; BRUNINI, O.; BARBIERI, V. Condições climáticas para cana-de-açúcar In: PARANHOS, S.B. (Coord.). Cana-de-açúcar: Cultivo e Utilização Campinas: Fundação Cargill, 1987. v. I, P. 42-55. DOOREMBOS, J.; KASSAN, A. H. Las necessidades de água de los cultivos. Roma: FAO 1979. 193p. (Estud ios FAO: Yield response to water, paper 33). GAVA, G.J.G.; SILVA, M.A.; CRUZ, J.C.S.; JERÔNIMO, E.M.; OLIVEIRA, M.W.; KRONTAL, Y.; VERED, E.; AGUIA, F.E.; PEDROSO, D.B. Produtividade e atributos tecnológicos de três cultivares de cana de açúcar irrigadas por gotejamento subsuperficial.anais do 9º Congresso Nacional da STAB.2008,P.751-755. SEGATO, S. V.; PINTO, A. S. JENDEIROBA, E.; NÓBREGA, J. C. M. atualização em produção de cana-de-açúcar: SINDAÇUCAR SINDICATO DA INDÚSTRIA DO AÇUCAR E DO ÁLCOOL NO ESTADO DE ALAGOAS 2009. Boletim da safra 2008/2009 http://www.sindacucaral.com.br/www/precipt.htm Acesso em: 09/05/2010. UNICA UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR http://www.unica.com.br/faq/ Acesso em: 09/05/2010.