Maurício Tadeu da Silva O CABO FERNANDES. 1ª Edição

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Transcrição:

1

Maurício Tadeu da Silva O CABO FERNANDES 1ª Edição São Paulo 2013 2

Copyright By Maurício Tadeo da Silva Direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão, por escrito, do autor. Printed in Brazil/Impresso no Brasil Preparação de originais INSTITUTO EDUCACIONAL LER robertoserqueira@yahoo.com.br Revisão ROBERTO CERQUEIRA DAUTO Capa MAURÍCIO E ROBERTO DAUTO Edição Editora Perse www.perse.com.br 1ª Edição Setembro/2013 SILVA, Maurício Tadeu da. / O Cabo Fernandes. São Paulo: Perse, 2013 Índice para catálogo sistemático: Literatura Brasileira. I. Título 3

Para os meus pais, com muito carinho e gratidão. 4

Dedico aos meus amigos, que são tantos! 5

Uma breve mensagem 6

O QUE É SUCESSO? 7

DEPOIMENTO Como explicar o que senti no momento em que descobri o problema do Maurício? Não sei. Só posso dizer num breve resumo que Deus faz tudo em sua perfeita sabedoria e que tudo tem um motivo para ser e acontecer. É por isso que ele me deu o Maurício para cuidar. Porque ele sabia que eu iria conseguir e também aprender com ele muitas coisas. Ele é muito especial para nós (seus pais) e com toda sua dificuldade ele nos surpreende a cada dia. Demonstrando força e determinação. Apesar de um pouco de preguiça ele aprende muito rápido. Ele se esforça muito e nem sempre consegue, mas quando consegue é PERFEITO. 8

Agradeço a Deus por ter sido escolhida para ser a mãe do Maurício. Assim, como eu, o escolhido para ser o pai. O Maurício é um jovem muito elétrico e também muito nervoso, quando se vê contrariado. Mas também é muito amoroso quando está feliz. Gosta muito de comer bem, de fazer esportes e passear em baladas. Adora dançar e sair, na maioria das vezes, sozinho porque as pessoas deixam-no de lado. Mas ele, sempre se supera, e sai assim mesmo e lá faz novas amizades e se sobressai, com seu jeito de ser. Rosemeire Soares da Silva Maurício Stephano da Silva Depoimento de pais orgulhosos do progresso do filho 9

ELES TAMBÉM AMAM E APRENDEM O mundo cinza que rodeia ou permeia a vida escolar de uma criança/adolescente que apresenta o que eu, particularmente, chamo de DELL Distúrbio Linguístico e Linguagem, de origem neurológica foi o que nos moveu para elaborarmos, junto ao paciente, uma obra literária, de cunho psicopedagógico. Pois, na verdade o resultado final nasceu das nossas práticas psicopedagógicas, na Clínica de Psicopedagogia Instituto Ler. Conhecida, também, como transtorno genético e hereditário da linguagem, que se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico. Em 10

diferentes graus, os portadores de Dislexia aprendem, vivem, sonham, amam e fazem a diferença. Com o Maurício não foi diferente. Ele, sempre, se demonstrou um menino carinhoso, afetivo e esperto nos atendimentos. Seu mundo cinzento foi recheado de uma aquarela cheia de cores vivas e movidas a esperança. A esperança que vence qualquer obstáculo. A esperança que suporta qualquer desafio. A esperança que move montanhas. A esperança que trás fé. A esperança de dias melhores. Enfim, o Projeto Literário Psicopedagógico, é uma ação que procura acima de tudo valorizar a vida e o paciente em si. Maurício, hoje, é um menino mais ativo cognitivamente, mais carinhoso e mais calmo (depois de compreender 11

que era preciso controlar sua ansiedade). O enredo do Cabo Fernandes surge com a familiaridade que o paciente tem com mundo policial. E como gostamos de aproveitar o mundo em que nossos pacientes habitam ou vivenciam, procuramos respeitar sua vontade. Assim nasce, com todo carinho e dedicação, o primeiro livro do Maurício Tadeu da Silva. Inclusive, as ilustrações feitas no interior da obra, foram realizadas e construídas pelo próprio autor. Foi um trabalho muito gostoso de fazer e que, agora, temos a honra de compartilhar com você, leitor amigo. Boa leitura a todos nós Prof. Roberto Cerqueira Dauto Psicopedagogo 12

DISLEXIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL Vicente Martins Estima-se que, no Brasil, cerca de 15 milhões de pessoas têm algum tipo de necessidade especial. As necessidades especiais podem ser de diversos tipos: mental, auditiva, visual, físico, conduta ou deficiências múltiplas. Deste universo, acredita-se que, pelo menos, noventa por cento das crianças, na educação básica, sofram com algum tipo de dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem: dislexia, disgrafia e disortografia. Entre elas, a dislexia é a de maior incidência e merece toda atenção por parte dos gestores de política educacional, especialmente a de educação especial. A dislexia é a incapacidade parcial de a criança ler compreendendo o que se lê, apesar da inteligência normal, audição ou visões normais e de serem oriundas de lares adequados, isto é, que não passem privação 13

de ordem doméstica ou cultural. Encontramos disléxicos em famílias ricas e pobres. Enquanto as famílias ricas podem levar o filho a um psicólogo, neurologista ou psicopedagogo, uma criança, de família pobre, estudando em escola pública, tende a asseverar a dificuldade persistir com os transtornos de linguagem na fase adulta. Talvez, por essa razão, isto é, por uma questão de classe social, a dislexia seja uma doença da classe média, exatamente porque, temporão, os pais conseguem diagnosticar a dificuldade e partir para intervenções médicas e psicopedagógicas. No âmbito das instituições de ensino, relatos de professores registram situações em que crianças, aparentemente brilhantes e muito inteligentes, não podem ler, escrever nem têm boa ortografia para idade. Nos exames vestibulares, as comissões executivas descrevem casos "bizarros" (às vezes, motivo de chacotas) em que candidatos apresentam baixo nível de compreensão leitora ou a 14

ortografia ainda é fonética (baseada na fala) e inconstante. Assim, urge a realização de testes de leitura nas escolas públicas e privadas, desde cedo, de modo a diagnosticar e avaliar a dificuldade de leitura. Por trás do fracasso escolar ou da evasão escolar, sempre há fortes indícios de dificuldades de aprendizagem relacionadas à linguagem. Nos casos de abandono escolar, em geral, também, verificamos crianças que deixam a escola por enfrentarem dificuldades de leitura e escrita. A dispedagogia, isto é, o desconhecimento por parte dos professores, pais e gestores educacionais, do que é a dislexia e suas mazelas na vida das crianças e dos adultos também só pioram a aprendizagem da leitura de seus alunos. Infelizmente, a legislação educacional (CF, LDB, resoluções etc) não trata as diversas necessidades especiais dos educandos de forma clara, objetiva, pragmática e programática. Sua omissão tem de certa forma dificultado ações governamentais por parte dos gestores, do professor ao secretário 15