Razão emancipatória VS Razão instrumental 1

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Transcrição:

Razão emancipatória VS Razão instrumental 1 Mariana Costa CASTRO 2 Bianca Rêgo d AQUINO 3 Gabriela dos Santos AMORIM 4 Lorena Saraiva da SILVA 5 Natália Helena Araújo COSTA 6 Thaíssa Sisnando Costa SOBRAL 7 Célia Regina Trindade Chagas AMORIM 8 Universidade Federal do Pará, Belém, PA RESUMO Baseado em estudos sobre a Teoria Crítica foi desenvolvido um vídeo sobre a razão, desde sua conceituação como emancipatória pelo filósofo Kant, passando por sua transformação (distorção) pelo sistema capitalista e pela indústria cultural em razão instrumental (um meio de manipulação dos indivíduos), até o resgate de seu valor libertário pelos teóricos de Frankfurt. No vídeo utilizam-se a técnica da colagem animada e a narração como recursos, pois a estética da primeira reforça com humor e com símbolos diversos as ideias expressas na segunda, de modo que tanto acadêmicos quanto leigos sejam capazes de compreender a teoria e sua importância para sociedade como um todo. PALAVRAS-CHAVE: Teoria Crítica; Kant; Razão emancipatória; Razão Instrumental; Colagem. 1 - INTRODUÇÃO A teoria crítica surge em 1923, sofrendo grande influência Marxista, Hegeliana, Freudiana e Kantiana e tendo como proposta política a reorganização racional da sociedade, em condição de superar a crise da razão (Wolf, 2005, p.73). 1 Trabalho submetido ao XIX Prêmio Expocom 2012, na Categoria Produção Editorial e Produção Transdisciplinar em Comunicação, modalidade Charge/ caricatura /ilustração. 2 Aluna líder do grupo e estudante do 3º semestre de Comunicação Social Jornalismo, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, email: marianacocastro@gmail.com. 3 Estudante do 3 semestre de Comunicação Social Publicidade e Propaganda, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, email: biancaquino@yahoo.com.br. 4 Estudante do 3 semestre de Comunicação Social Jornalismo, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, email: gaby_samorim@hotmail.com. 5 Estudante do 3 semestre de Comunicação Social Jornalismo, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, email: lorena.saraiva@hotmail.com. 6 Estudante do 3 semestre de Comunicação Social Jornalismo, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, email: natalia_araujo4@hotmail.com 7 Estudante do 3 semestre de Comunicação Social Jornalismo, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, email: thata_sobral@hotmail.com 8 Orientadora do trabalho. Professora do curso de Comunicação Social, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, email: celia.trindade.amorim@gmail.com. 1

Sob este aspecto, os estudiosos da Teoria Crítica irão se interessar pelo conceito de Esclarecimento kantiano. Tal apropriação, ou seja, o regate da razão enquanto esclarecimento e libertação, irá constituir, nas palavras de Bruno Pucci, a utopia desses pensadores. Segundo Kant é muito cômodo manter-se na menoridade abster-se e delegar a outros a responsabilidade pelos próprios ato. Ele propunha que é dever do homem libertar-se desse pensamento e elevar-se a condição de senhor de si, assumindo os riscos provenientes dessa escolha. O meio a ser utilizado para isso é a razão em sua qualidade emancipatória. Não vivemos em uma época de esclarecimento (...) Somente temos claros indícios de que agora lhes foi aberto o campo no qual podem lançar-se livremente a trabalhar e tornarem progressivamente menores os obstáculos ao esclarecimento geral ou à saída deles, homem, de sua menoridade, da qual são culpados (IMMANUEL, Kant o que é esclarecimento 1988p. 20 apud PUCCI, Bruno p. 22. 1988 ) Entretanto, a razão, a ciência e a tecnologia que no inicio da era moderna tinham como principio a emancipação e a libertação do homem, agora com o avanço do capitalismo, com o surgimento da indústria cultural e da consequente massificação da vida, foram, juntamente com a razão, transformadas em instrumentos que alienam e inferiorizam o homem. Através de uma produção audiovisual pretende-se trazer para a prática o que foi estudado na disciplina Teorias da Comunicação, ministrada pela Prof a Dr a Célia Trindade Chagas Amorim, no 2 semestre de 2011, na universidade federal do Pará, a respeito da teoria crítica. Logo, pretende-se demonstrar o resgate da razão emancipatória iluminista, bem como o legado do filósofo Kant para os teóricos de Frankfurt e a transformação da razão emancipatória em razão instrumental no capitalismo, utilizando para tanto a animação de recortes, ou colagem animada. Nesta perspectiva: A técnica da colagem é a exploração sistemática do encontro casual ou artificialmente provocado de duas ou mais realidades estranhas entre si sobre um plano aparentemente inadequado, e um cintilar de poesia que resulta da aproximação dessas realidades (Ernst, 1974, p. 49 apud. PASSETTI, Dorothea; Colagem: arte e antropologia 2007, p.18-19). 2

Priorizou-se a colagem como método de apresentação do vídeo para a disciplina Teorias da comunicação, por se entender que tal linguagem representaria melhor a teoria crítica, já que o posicionamento vanguardista de ambas foi fortemente influenciado pelo contexto das guerras, do totalitarismo e das transformações tecnológicas e sociais do início do século XX. Sendo assim, tanto a teoria crítica quanto o uso da colagem se constituíram como meios de manifestar o inconformismo dentro da realidade que vivenciaram. Para os Dada[istas], a colagem faz parte da negação radical da razão associada à academia, à ciência, à religião e ao Estado. Em plena Primeira Guerra Mundial, nada é satisfatório, nada é suportável, muito menos a guerra. A grande ideia da humanidade vencedora ruiu.. (Passetti, Dorothea; Colagem: arte e antropologia 2007, p. 3-4) A teoria crítica pressupõe o aprisionamento do homem pela técnica e a dificuldade que este encontra para superar essa limitação, mesmo possuindo as ferramentas necessárias para tanto. Procurou-se mostrar e encontrar a liberdade preconizada pela teoria e ao mesmo tempo apresentar seu lado mais instrumental que manipula este homem e o faz menor, através da colagem e de todo o processo de construção do produto audiovisual. 2 - OBJETIVO O objetivo deste paper é demonstrar, que, a partir do produto audiovisual, é possível a união entre a teoria e a prática de maneira didática e dinâmica. A intenção é abordar o pensamento da escola Frankfurtiana tornando tal processo prazeroso e acessível, tanto para os alunos enquanto produtores, quanto para o público em geral. Buscamos também, através de associações com figuras, grandes personalidades e acontecimentos históricos e cotidianos em geral, instigar uma reflexão sobre o homem, a sociedade e a teoria estudada. 3 - JUSTIFICATIVA A teoria crítica possuiu um papel de extrema importância para o estudo da sociedade sendo o pensamento Kantiano um ponto chave em todo o processo de 3

construção dessa teoria, uma vez que é por meio dele que os Frankfurtianos estruturam seu olhar crítico frente à sociedade. Portanto, mostrar o percurso, a construção desse olhar é essencial para se entender não apenas a dinâmica da teoria e sua aplicação na comunicação, mas também mostrar como suas análises acerca das relações sociais que se fazem, mais do que nunca, pertinentes. 4 - MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS A técnica escolhida para apresentar a teoria foi a animação de recortes. Esta técnica consiste em colagens que, em sequência, proporcionam a ideia de movimento. É uma forma de animação pouco usada devido à dificuldade na realização e a limitação de movimentos que o próprio método impõe. Com paciência, o exame minucioso dos papéis e outros materiais coletados possibilita descobrir associações imprevistas, sugerindo novos significados ao que já havia sido transformado em lixo. (Passetti, Dorothea; Colagem: arte e antropologia 2007, p. 5) Um dos métodos mais utilizado para simular o efeito da animação de recortes é a montagem feita em Corel Draw. Entretanto, optou-se pelo modo artesanal de produção, pois se acredita que assim como na colagem o conhecimento é construído passo a passo. Para a realização desse vídeo foram realizados inúmeros recortes de revistas, jornais, livros e imagens retiradas da internet além de imagens desenhadas pelas próprias integrantes do grupo para a construção dos cenários. Estes foram montados em papel A3 e fotografados quadro a quadro. Para fotografar cada cena foram utilizadas câmeras digitais (Nikon D300s, Kodak compacta e Canon 50D). Cerca de 1300 fotos foram resultantes desse processo. Os movimentos fotografados foram agrupados no editor Vegas Movie Studio HD Platinum 10.0, este por sua vez possibilitou a movimentação dos recortes de cada quadro. A pouca utilização de textos no vídeo se deu justamente para promover a associação entre o off e as imagens, com a proposta de conduzir o público pela história narrada. Dessa forma, procura-se instigar a curiosidade do público e reter sua atenção para a teoria estudada. 4

5 - DESCRIÇÃO DO VÍDEO O vídeo está dividido em três momentos (séculos XVIII, XIX e XX). Estes são considerados essenciais a fim de que ocorra o entendimento do percurso da razão emancipatória enquanto peça chave para a construção da teoria crítica. A abertura apresenta três dos membros da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno, Max Horkheimer e Herbert Marcuse, como forma de ilustrar o envolvimento de tais teóricos com a temática do vídeo: a Teoria Crítica. A trilha utilizada na cena é Jeuxd Enfants, pertencente ao espetáculo Alegría, do Cirque Du Soleil. Esta música foi escolhida porque a intenção era relacionar a alegria de um espetáculo de circo com movimento das cabeças dos frankfurtianos. E o coro presente na música remete a ideia de que os frankfurtianos estão cantando. Figura 1: Teóricos da Escola de Frankfurt Em seguida, há uma breve apresentação do filósofo alemão Kant em sua terra natal, Konigsberg, e do contexto histórico revolucionário pelo qual a Europa então passava. O fundo musical escolhido para esse momento é Fight fire with fire, da banda Apocalyptica. Através desta música foi buscado retratar o momento de esclarecimento vivido no período, e relacionar seu ritmo com a narração do vídeo. Também foi escolhida por remeter o espectador ao período Renascentista, e por ser mais suave que a música seguinte, criando um contraste entre o momento de iluminação e o momento de escuridão. 5

5.1 - SÉCULO XVIII Figura 2: filosofo Kant em sua terra natal No primeiro momento, século XVIII, há a demonstração do conceito de razão emancipatória Kantiano o qual está dividido de acordo com seu uso podendo ser este público ou privado. O primeiro consiste em ser livre para expressar opiniões enquanto membro da sociedade, o segundo, todavia refere-se à utilização da razão de acordo com a função do indivíduo na sociedade. Ambas são devidamente exemplificadas através dos exemplos citados pelo próprio Kant de um sacerdote e de um oficial militar. Figura 3: Divisão de Kant para os usos da razão emancipatória 6

5.2 - SÉCULO XIX No segundo momento, a transformação da razão emancipatória em razão instrumental é demonstrada no contexto da revolução industrial, ressaltando a influência do positivismo para reforçar esse acontecimento. A trilha é então mudada para ilustrar a transformação. A música escolhida para esse momento é Harmageddon, também da banda Apocalyptica. Suas batidas marcadas e o destaque do violoncelo deixam o som mais pesado, associando à ideia do momento de escuridão vivido após o surgimento do capitalismo, com a transformação da razão emancipatória em razão instrumental. Figura 4: Elementos da Revolução industrial Segundo Bruno Pucci a emancipação do homem estava vinculada a emancipação da natureza, sob orientação da razão. Neste momento, a razão tem sua extensão emancipatória menos perceptível ao passo que a sua extensão instrumental emerge com os ideais capitalistas. 7

Figura 5: Transformação da Razão emancipatória em Razão instrumental 5.3 - MOMENTO FINAL O último momento evidencia o resgate da razão em seu caráter libertador pelos Frankfurtianos e seu pessimismo ao se depararem com a indústria cultural, que nada mais é do que a transformação da cultura em uma mercadoria, que ao invés de ser uma expressão do povo e uma forma de conhecimento torna-se um meio de dominação, sendo notório o pessimismo que permeia os escritos de tais teóricos.. Figura 6: Resgate da Razão emancipatória Kantiana pelos Frankfurtianos 8

Neste momento também se alude à crítica que a escola sofreu de aparentemente ignorar a práxis e não apresentar instrumentos suficientes para solucionar os problemas criticados, ainda que se defendesse relatando a complexidade e o reducionismo que seria apresentar tais soluções. Por fim, é feita uma síntese de todo o conteúdo trabalhado. Figura 7: Criticas à Teoria Frakfurtiana Nos créditos e agradecimentos foi escolhida a música Televisão, da banda Titãs. Essa escolha se deve à alusão que faz a letra da música à alienação do homem após a transformação da razão emancipatória em razão instrumental. 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o estudo da teoria crítica pode-se ter um entendimento maior acerca da sociedade e seu comportamento perante tudo que lhe é oferecido. Através desse vídeo constatou-se que é possível transmitir conhecimentos acadêmicos, no âmbito da comunicação, a diversos públicos de modo simples, porém não simplório. Encontrou-se na animação de recortes uma forma divertida e envolvente de passar esse conteúdo teórico tão complexo, o que possibilitou algo difícil no âmbito acadêmico: a união entre teoria e prática. 9

O conceito de razão emancipatória consistiu em apenas parte dos estudos realizados para a concretização do vídeo, visto que o recorte temático foi estabelecido para fins didáticos, inúmeros aspectos da Teoria Crítica foram discutidos e analisados a fim de se buscar uma consistência e qualidade do trabalho. Tão importante quanto o produto foi constatação de que a construção do conhecimento de fato liberta o homem da prisão e do conformismo ou nas palavras de Kant: todas as ficções desaparecem diante da verdade, e todas as loucuras se aquietam diante da razão. (IMMANUEL, Kant o que é esclarecimento 1988p. 20 apud PUCCI, Bruno p. 20. 1988) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PASSETTI, Dorothea Voegeli. Colagem: arte e antropologia. Ponto-e-vírgula, 1: 11-24, 2007. PUCCI, Bruno (org.). Teoria Crítica e Educação: A questão da formação cultural na Escola de Frankfurt. 4 a Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998; São Carlos, SP: EDUFSCAR, 2007. TRINDADE, Denise Jorge. Por onde os signos escapam. Artigo. Faculdade de Design e Comunicação, Universidade de Palermo, Argentina, 2007. Disponível em: http://fido.palermo.edu/servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicaciones/actas _diseno/articulos_pdf/a086.pdf. Acesso em: 15 nov. 2011. WOLF, Mauro. Teorias das Comunicações de Massa. São Paulo: Martins Fontes, 2005. FONTES UTILIZADAS PARA AS IMAGENS SCHIDT, Mario Furley. Nova História Crítica. 2 a Ed. Vol. 2, Vol. 3 e Vol. 4. São Paulo: Nova Geração, 2002. www.google.com.br Revista Contigo Revista Istoé Revista Veja 10