RISCOS DA INTERAÇÃO ENTRE BENZODIAZEPÍNICOS E ETANOL EM USUÁRIOS DE FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS DA CIDADE DE MILAGRES- CEARÁ

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RISCOS DA INTERAÇÃO ENTRE BENZODIAZEPÍNICOS E ETANOL EM USUÁRIOS DE FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS DA CIDADE DE MILAGRES- CEARÁ Anna Daianny Belém de Oliveira 1 ; daianny.belem@hotmail.com; Maria Odaléia Crisóstomo de Aquino 1; leia_quimica@hotmail.com 1 ; Maria do Carmo Alustau Fernandes 2 ; karminha@gmail.com 2 1 Acadêmicos do curso de Bacharelado em Farmácia da Faculdade Santa Maria 2 Professora da Faculdade Santa Maria 1 INTRODUÇÃO Os benzodiazepínicos estão entre os medicamentos mais prescritos e utilizados no mundo (COELHO et al., 2005). São drogas de ação direta no sistema nervoso central (SNC) e seu efeito farmacológico resulta nas seguintes ações: redução da ansiedade; sedação; indução do sono; diminuição do tônus muscular e da coordenação; além de serem anticonvulsivantes (FORSAN, 2010). Quando utilizados sozinhos, os benzodiazepínicos apresentam baixos riscos de intoxicação aguda. Entretanto, vários são os casos de utilização concomitante com outros tipos de medicamentos ou, até mesmo, com outras drogas capazes de causar dependência, como o etanol. Esses aumentam o risco de uma intoxicação por benzodiazepínicos (GARCIA et al.,2008). Os benzodiazepínicos agem seletivamente nos receptores GABA A, e num sítio alostérico ao do ácido gama-aminobutírico (GABA). Essa ação facilita a abertura desse canal ao aumentar a frequência de abertura do mesmo, o que leva ao influxo de cloreto e, consequentemente, à hiperpolarização neuronal. De maneira semelhante, o etanol também age deprimindo o SNC, ao agir sobre os receptores GABA A e potencializar a ação do ácido gama-aminobutírico,. Entretanto, o etanol atua em um sítio diferente e seu efeito é menor (RANG et al., 2011). Existem muitas falhas na utilização dos benzodiazepínicos. Estas englobam processo de dispensação, prescrição indiscriminada, além da carência de informação por parte dos usuários a respeito das possíveis intoxicações desta classe de fármaco. Estes fatores caracterizam um grande

problema, pois o uso indevido de benzodiazepínicos, somado à falta de informação, é um fator que favorece a intoxicação (FORSAN, 2010). Este trabalho propõe coletar informações e analisar os dados obtidos por meio da aplicação de questionários, em usuários que consomem benzodiazepínicos concomitante com etanol, além de investigar os eventuais prejuízos e as consequências deste uso, propõe relatar os principais efeitos adversos desta interação, já que ambas são substâncias depressoras bastante consumidas no Brasil e que possuem várias reações adversas perigosas. 2 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de natureza aplicada, do tipo exploratóriadescritiva. Foi realizado uma pesquisa bibliográfica e um de campo, com abordagem quantiqualitativa. O instrumento de coleta de dados foi feito por meio da análise de questionários, que foram aplicados a usuários de benzodiazepínicos, das farmácias comunitárias da cidade de Milagres, estado do Ceará, que consomem bebidas alcoólicas. A amostra deste projeto foi de 42 usuários (SIENA, 2007). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com os resultados obtidos, observou-se que há um aumento progressivo do uso de benzodiazepínicos com a idade. O predomínio dessa utilização está na faixa etária entre 30 e 40 anos, seguido pela faixa entre 40 e 50 anos. Uma provável justificativa para esses dados pode estar associado aos seguintes fatores: é na faixa etária entre 30 e 50 anos que acontecem várias mudanças importantes na vida, como: iniciar um novo emprego ou perder um emprego; casar-se ou separar-se; nascimento filhos; problemas familiares; ou até mesmo sofrer um acidente. Esses acontecimentos podem gerar resposta de estresse aos indivíduos expostos. (MARGIS et al., 2003). A resposta de estresse pode ser caracterizada pelos transtornos de ansiedade ou distúrbios do sono, muito frequentes em indivíduos nessa faixa etária. Os motivos de uso de benzodiazepínicos estão relacionados, predominantemente, a problemas de insônia, com 38% dos pacientes relatando

dificuldades para dormir ou manter o sono. Já 28% dos pacientes relataram a ansiedade como causa principal para a insônia situações estressantes, como: brigas familiares; problemas relacionados ao trabalho; sintomas de pânico; causavam ansiedade que dificultava o sono do paciente. Outros 26% dos usuários afirmaram utilizar benzodiazepínicos para controlar a ansiedade, um transtorno muito frequente, que pode ser resultado de um período agitado característico das últimas décadas da humanidade. Esse estado clínico deve ser tratado para não ocasionar prejuízos individuais sociais e afetivos, em vários contextos. Os benzodiazepínicos estão entre os medicamentos mais prescritos e utilizados em todo o mundo, estima-se que 1% a 3% de toda a população ocidental já os tenha consumido regularmente por mais de um ano (COELHO et al., 2005). Fato que é comprovado neste estudo, no qual onde 48% dos usuários consomem benzodiazepínicos há mais de um ano e 19% dos usuários consomem estes medicamentos na faixa entre seis meses e um ano. Dessa forma, mais da metade dos pacientes (67%) são usuários crônicos de benzodiazepínicos. A queixa de insônia é um dos motivos de destaque para o uso prolongado de benzodiazepínicos. Esse fato pode levar a várias consequências sérias e deletérias para o organismo, tais como: efeitos colaterais, riscos de dependência e custos socioeconômicos (maior riscos de acidentes doméstico, tráfego e ocupacional, maior risco de overdose em combinação com outras drogas, riscos aumentado de tentativas de suicídio, riscos de atitudes antissociais, redução da capacidade de trabalho). Também há evidências de que doses terapêuticas podem prejudicar as funções cognitivas, mesmo após a interrupção do medicamento (CARVALHO, 2006). Como a duração do tratamento com benzodiazepínicos geralmente é longo, faz com que o consumo de etanol torne-se um hábito frequente entre os usuários. Poucos usuários compreendem os riscos dessa interação. Essa carência de informação a respeito das possíveis intoxicações por esta classe de fármaco é um fator que contribui para um maior número de intoxicações (FORSAN, 2010). Este estudo revela dados preocupantes, pois 47% dos pacientes afirmaram nunca terem sido informados sobre os riscos dessa interação. Os

outros 53% afirmaram saber que não poderia consumir bebidas alcoólicas durante o tratamento, no entanto não conheciam os reais motivos. Benzodiazepínicos são considerados seguros quando usados sozinhos. Entretanto, tornam-se bastante perigosos quando utilizados com outros depressores do SNC, como o etanol. Um dado bastante relevante deste trabalho foi o fato de que 76% dos usuários de benzodiazepínicos relataram consumir etanol durante o tratamento. O desfecho dessa interação torna-se perigosa uma vez que amas substâncias possuem ações farmacológicas similares e, nesse caso, o efeito depressor e /ou sedativo dos benzodiazepínicos é potencializado pelo etanol. Os riscos desse tipo de intoxicação vão desde a diminuição da coordenação muscular, fraqueza, fala arrastada, até casos de perda da consciência, depressão respiratória grave, coma e morte, causadas pela intensificação do efeito depressor (RANG et al., 2011; GARCIA et al., 2008). Todos os usuários de benzodiazepínicos devem compreender as consequências médicas claramente deletérias desse tipo de interação. As informações sobre os riscos do uso dessas duas substâncias devem ser mencionadas e esclarecidas ao paciente pelo médico prescritor e pelo farmacêutico. A orientação médica relacionada ao uso racional de benzodiazepínicos é um fator importante para diminuir a incidência de intoxicações e efeitos colaterais (GARCIA et al.,2008). 4 CONCLUSÃO O estudo nos revela um alto índice de consumo de etanol entre os usuários de benzodiazepínicos, mostrando-se relevante. Consequentemente, esta pesquisa pode contribuir favoravelmente para a ampliação da discussão acerca desse tema, focando na relevância do uso correto de benzodiazepínicos visando a melhoria da qualidade de vida do paciente. Os principais motivos da utilização dos benzodiazepínicos são insônia e ansiedade. A maioria são usuários crônicos de benzodiazepínicos. Esse estudo revela que grande parte dos usuários de benzodiazepínicos não conhecem os riscos e/ou consequências deletérias do uso concomitante com o etanol, por isso fazem uso inadequado.

Como exposto, esse estudo sugere a necessidade de um aperfeiçoamento da atenção farmacêutica e da orientação médica, além de uma mobilização de todos os profissionais de saúde para orientar os pacientes sobre todos os riscos de intoxicações e interações medicamentosas perigosas. REFERÊNCIAS CARVALHO, A. L.; COSTA, M. R.; FAGUNDES, H. 2006- O ano da promoção do Uso Racional de Benzodiazepínicos. Uso Racional de Psicofármacos, a. 1, v. 1, p.1-6. 2006 COELHO, F. M. S.; ELIAS, R. M.; POYARES, D.; HALLIMAN, M. P.; BITTENCOURT, L. R. A.; TUFIK, S. Benzodiazepínicos: uso clínico e perspectivas. UNIFESP, Moreira Jr Editora, São Paulo,2005, p. 196-200. FIRMINO, K. F. ; ABREU, M. H. N. G.; PERINI, E; MAGALHÃES, S. M. S. Fatores associados ao uso de benzodiazepínicosno serviço municipal de saúde da cidade de Coronel Fabriciano, Minas Gerais, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v. 27, n.6, p. 1223-1232, Rio de Janeiro, 2011. FORSAN, M. A. Uso indiscriminado de benzodiazepínicos: uma análise crítica das práticas de prescrição, dispensação e uso prolongado. Monografia: Universidade Federal de Minas Gerais, 2010. GARCIA, J. O.; MACEDO, K. M. P.; GARCIA, F. A. O.; NEVES, S. A. Uso indevido de benzodiazepínicos. Faculdade de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio; Juazeiro do Norte, 2008. MARGIS, R.; PICON, P.; COSNER, A. F.; SILVEIRA, R. O. Relação entre estresse e ansiedade. Revista psiquiátrica, v.25, n.1, p.65-74, 2003. MARQUES, A. C. P. R.; CRUZ, M. S. O adolescente e o uso de drogas. Revista Brasileira de Psiquiatria, 2000. RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J. M.; FLOWER, R. J. Farmacologia. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. SIENA, O. Metodologia da pesquisa científica: Elementos para Elaboração e Apresentação de Trabalhos Acadêmicos. Porto Velho. 2007.