SELEÇÃO DE FAMÍLIAS DE MEIOS IRMÃOS DE MILHO PIPOCA COM ENFASE NA PRODUTIVIDADE E NA CAPACIDADE DE EXPANSÃO. Wilma Dias Santana 1, Aurélio Vaz-de-Melo ², Rubens Ribeiro da Silva 3 1 Aluno do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi-TO; wilmadsgta@gmail.com; Permanência/UFT 2 Orientador; Curso de Biotecnologia; Campus de Gurupi-TO; aureliovazdemelo@gmail.com 3 Co-orientador; Curso de Agronomia; Campus de Gurupi-TO; rrs2002@uft.edu.br Resumo O número de cultivares de milho pipoca de alta qualidade no Brasil, ainda é limitado. Pensando nisso, foram avaliadas seis marcas comerciais de milho pipoca, na UFT-Gurupi, em 2011-2012. Duas delas ganharam destaque ao longo da pesquisa: Produtos Paulista e Yoki. 40 famílias foram obtidas do cruzamento desses dois produtos, as quais foram consideradas no resultado e discussão. O objetivo do trabalho foi fazer a seleção de famílias de meios irmãos de milho pipoca com ênfase na produtividade e na capacidade de expansão. A correlação negativa entre a capacidade de expansão e produtividade de grãos foi visível nos resultados e mostraram a dificuldade da seleção simultânea para as duas características. O ganho de seleção para capacidade de expansão foi maior que para produtividade, demonstrando a probabilidade de sucesso na seleção de genótipos superiores para essa característica. Os resultados foram satisfatórios e demonstraram que as famílias de meios irmãos de milho pipoca avaliadas são fontes promissoras para o programa de melhoramento. Palavras-chave: Popcorn; capacidade de expansão; melhoramento genético. INTRODUÇÃO O milho pipoca é um alimento bastante apreciado no Brasil. Embora seu cultivo ainda esteja restringido a pequenas áreas, este apresenta boas perspectivas de expansão. Alguns fatores positivos contribuem para isso: a cultura pode ser totalmente mecanizada, é pouco suscetível ao ataque de pragas e doenças e seus preços não são controlados pelo governo. Além disso, é uma cultura rendosa. O seu preço tem sido, no mínimo, três vezes superior ao do milho comum. Em contrapartida, há um fator que limita essa expansão: a falta de cultivares bem adaptados às nossas condições de clima e solo (COOPERCITRUS, 2012). Grande parte do milho pipoca encontrado no mercado ainda é importado, devido
principalmente, à limitação de cultivares de alta qualidade e à tecnologia de produção inadequada. Um dos principais objetivos do melhoramento do milho pipoca é a obtenção de cultivares que apresentem alta produtividade e qualidade. Ao produtor interessa a alta produtividade e boas características agronômicas, e ao consumidor, a alta capacidade de expansão que confere melhor textura, maciez e sabor a pipoca. E quanto maior a capacidade de expansão, melhor preço é agregado ao produto, uma vez que a mesma é sinônimo de qualidade. O melhoramento genético do milho pipoca voltado para as condições edafoclimáticas do Tocantins é de fato, uma ferramenta que pode melhorar a produção deste grão no Estado e diminuir a importação. Sendo assim, objetivou-se nesse trabalho, avaliar as possibilidades de êxito no melhoramento dessa população pela predição de ganhos genéticos e inter-relações das variáveis analisadas pela resposta correlacionada. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Federal do Tocantins, TO, (280 m de altitude, nas coordenadas 11 43 45 S e 49 04 07 W), no Campus Universitário de Gurupi, em Gurupi TO. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualisados, com duas repetições. A parcela experimental foi constituída de duas linhas de quatro metros de comprimento, espaçadas em 0,70 m. A adubação de plantio, que foi feita de acordo com as análises de solo, segundo a recomendação para a cultura (RIBEIRO et. al, 1999). Os tratos culturais foram realizados sempre que necessário, de acordo com as recomendações técnicas à cultura do milho (GALVÃO e MIRANDA, 2004). O plantio foi realizado em 20/12/2011. Duas marcas comerciais de milho pipoca foram utilizadas na presente pesquisa: produtos Paulista e Yoki. Por meio de uma recombinação desses dois genitores comerciais foram obtidas 40 famílias. As características avaliadas nas 40 famílias foram: Capacidade de expansão (CE); Peso de grãos/ Espiga (PE); e Produção de grãos por hectare (PROD). A CE foi mensurada pelo cálculo da razão entre o volume da pipoca expandida e o peso de cem grãos crus. Para estourar cada amostra adotou-se tempo (3 minutos e 50 segundos) temperatura (230 C) e quantidade de óleo (4ml), critérios esses, padrões na análise de todas as famílias avaliadas. Cada família, por sua vez representada por 100 grãos. O volume da pipoca expandida foi medido em uma proveta graduada de 1000 ml.
Para a realização das análises estatísticas referentes a cada característica foi utilizado o Aplicativo Computacional em Genética e Estatística Programa Genes versão Windows (CRUZ, 2005). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 encontram-se as estimativas dos valores e as significâncias dos quadrados médios, bem como as médias e os coeficientes percentuais de variação experimental das três características avaliadas. Verificou-se a existência de variabilidade genética significativa em relação às características estudadas (Tabela 1), pelo teste F a 1%. TABELA 1-Resumo da análise de variância; em blocos ao acaso; de características avaliadas em famílias de meio- irmãos de milho pipoca; em experimento conduzido em UFT-Gurupi TO no ano de 2011-2012. FV GL Quadrado Médio PE PROD CE BLOCO/AMB 1 9,38 41505,16 0,1445 TRATAMENTO 39 139,78** 1397262,7** 532,46** RESÍDUO 39 0,477015 2187,50 0,219 Média 18,39 1803,65 34,34 CV (%) 3,76 2,59 1,36 ESTIMADORES Estimativas dos parâmetros genéticos PGE PROD CE âvariância fenotípica 69,891816 698631,367564 266,228872 âvariância ambiental 0,238508 1093,753712 0,109429 âvariância genotípica 69,653308 697537,613853 266,119442 Herdabilidade (%) 99,6587 99,8434 99,9589 Coeficiente de variação genético (%) 45.3844 46,3054 47,5049 Razão CVg/CVe 12.0838 17,857 34,8703 PGE- peso de espigas, em kg.ha -1 ; PROD- produtividade de espigas, expresso em kg.ha -1 ; CE- capacidade de expansão, expressa pelo volume de pipoca expandido pelo peso de cem grãos (ml.g -1 ); CVg/CVe- índice de variação; ** e * significativos a 1% e 5% de probabilidade; respectivamente; pelo teste F,ns nãosignificativo pelo teste F.
Os coeficientes de variação foram baixos pela classificação de Scapim et al.; (1995), o que indica precisão nos dados e qualidade no experimento. A média da capacidade de expansão esteve acima da média mínima para a comercialização que é 15 ml.ml -1 (Pacheco et al., 1996). Rangel et al., (2007) constataram em seus trabalhos que o melhor resultado para CE foi de 26,54 ml. g -1, valor esse, bem abaixo da média verificada na tabela (34,34). Para a herdabilidade, a capacidade de expansão apresentou o maior valor, que pode ser considerado um bom percentual (Pereira e Amaral Júnior, 2001), segundo esses autores, essa é uma característica comandada por efeito aditivo e controlada por vários genes, com herdabilidade variando de 70% a 90%, por essa razão é bem mais fácil de ser trabalhada no programa de melhoramento do que a produtividade de grãos. Entretanto, como as estimativas de herdabilidade encontradas para todas as características avaliadas foram bem semelhantes, pode-se considerar que a seleção com base nas características avaliadas tende a ser eficiente. Os valores de produtividade do presente trabalho não foram tão satisfatórios, levando em consideração os bons resultados obtidos por Galvão et al., (2000) para produtividade de grãos. Nesses ensaios, a produtividade média de grãos ficou acima de 4.000 kg.ha -1, cujos resultados se aproximam dos melhores híbridos norte-americanos. Galvão (2000) destacou ainda, que a capacidade de expansão média variou de 32 a 36 ml.g -1, enquanto a média (Tabela 1) para CE da presente pesquisa, foi 34.34. Ou seja, de acordo com esses autores citados anteriormente a produtividade não foi satisfatória, porém a média da CE está entre as médias verificadas. A característica PROD, foi a que apresentou maiores valores para variância fenotípica, ambiental e genotípica. Já o maior coeficiente de variação genético foi observado em CE. De maneira geral, altos valores de coeficiente de variação genético, denota ampla variação genética entre os genótipos estudados. Variação essa, que pode ser aproveitada em programas de melhoramento, visando à formação de composto para seleção recorrente. Os valores observados para o coeficiente de variação genético no experimento estudado, levam a crer que genótipos superiores para produtividade e capacidade de expansão podem ser encontrados. O CV g /CV e foi maior para CE do que para PRODU e PE, logo a probabilidade de maior facilidade e sucesso na seleção para CE é bem maior. Entretanto, os valores CV g /CV e para PRODU e PGE demonstram que mesmo apresentando valores inferiores à CE pode-se esperar obtenção de ganhos na seleção de genótipos superiores, quando o interesse é produtividade.
LITERATURA CITADA CRUZ, C. D. 2005. Programa Genes-versão Windows: aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa. Universidade Federal de Viçosa. GALVÃO, J. C. C. & MIRANDA, G. V. Tecnologias de Produção de Milho. Viçosa: UFV, 2004, 336p. GALVÃO, J. C. C.; SAWAZAKI, E.; MIRANDA, G. V. Comportamento de híbridos de milho pipoca em Coimbra, Minas Gerais. Revista Ceres, Viçosa, v. 47, n. 270, p. 201-218, 2000. PACHECO, C. A. P.; CASTOLDI, F. L.; ALVARENGA, E. M. Efeito do dano mecânico na qualidade fisiológica e na capacidade de expansão de sementes de milho-pipoca. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 7, n. 2, p. 267-270, 1996. PEREIRA, M. G.; AMARAL JÚNIOR, A. T. Estimation of genetic components in popcorn based on the nested design. Crop Breeding and Applied Biotechnology, n. 1 p. 3-10, 2001. RANGEL, R. M.; AMARAL JÚNIOR, A. T.; VIANA, A. P.; FREITAS JÚNIOR, S. P.; PEREIRA, M. G. Prediction of popcorn hybrid and composites means. Crop Breeding and Applied Biotechnology, Viçosa, v. 7, n. 3, p. 287-295, 2007. REVISTA COOPERCITRUS. Disponível em: <http://www.revistacoopercitrus.com.br/?pag=materia&codigo=3047>. Acesso em: 24 de agosto de 2012. RIBEIRO, A. C.; GUIMARÂES, P. T. G.; ALVAREZ V. V. H. 1999. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais 5 a Aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT.