POLÍTICAS PÚBLICAS E ECONOMIA CRIATIVA Cláudia Sousa Leitão O ESTADO DA ARTE DA ECONOMIA CRIATIVA NO MUNDO 1
PANORAMA INTERNACIONAL DA ECONOMIA CRIATIVA EUROPA Criatividade como insumo para sistemas de inovação. Sinônimos de industrias criativas: indústrias de conteúdo, indústrias culturais digitais e indústrias das Telecomunicações, Informação, Mídia, Entretenimento e Software. AMÉRICA DO NORTE Nos EUA o termo indústrias criativas é empregado como sinônimo de indústria do entretenimento. No Canadá as novas tecnologias e o audiovisual são estratégias essenciais de desenvolvimento. ÁSIA Investimento em grandes infra-estruturas (clusters de negócios criativos, cidades criativas, redes de alta velocidade etc.). O foco é a cultura digital (design, TICs, produções de animação, filmes, TV, games etc.) AMÉRICA DO SUL PANORAMA INTERNACIONAL DA ECONOMIA CRIATIVA Promoção da inovação e da criação de pequenos empreendimentos no campo criativo; facilitação do acesso a mercados e ao financiamento; melhoria da infra-estrutura disponível; garantia do acesso da produção nacional aos meios de difusão existentes (jornal, radio, televisão e cinema); proteção dos direitos dos autores ao mesmo tempo que se permita maior acesso aos conteúdos, bens e serviços criativos; educação, a capacitação e a assistência técnica às indústrias criativas. 2
PANORAMA INTERNACIONAL DA ECONOMIA CRIATIVA ÁFRICA Reconhecimento dos setores criativos como um veículo importante para a promoção do desenvolvimento econômico local, do turismo cultural e da promoção da identidade nacional em toda sua diversidade. DADOS DA ECONOMIA CRIATIVA NO MUNDO 3
COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS E SERVIÇOS CRIATIVOS Comércio mundial de produtos criativos - um dos mais dinâmicos; Entre 2000 e 2005, cresceu 8,7% ao ano, mais de US$ 424,4 bilhões; Os bens criativos atingiram US$ 335,5 bilhões em 2005, 47% mais que em 2000; Os países desenvolvidos dominam o comércio internacional : União Européia, Estados Unidos e Japão; As exportações dos países em desenvolvimento cresceram, dada a posição dominante da China. Indústrias Criativas (Total) EXPORTAÇÃO MUNDIAL (bens e serviços criativos) Design Publicidade Serviços Criativos 1996 2005 SITUAÇÃO NOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO Apesar da abundância de talentos criativos a maioria dos países tem potencial criativo sub-utilizado; Somente na Ásia e no Oriente Médio a economia criativa está crescendo rapidamente; América Latina tem fraca participação no mercado mundial; O Brasil esta fora da lista dos 20 principais exportadores de bens criativos, e dos top 10 dentre os exportadores dos países em desenvolvimento. 4
INDÚSTRIAS CRIATIVAS : PARTICIPAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES MUNDIAIS, 2005 Economias Desenvolvidas Economias em Desenvolvimento Economias em transição Fonte: UNCTAD ECONOMIA CRIATIVA X INDÚSTRIAS CRIATIVAS 5
ECONOMIA CRIATIVA X SETORES / INDÚSTRIAS CRIATIVAS A Economia Criativa corresponde aos ciclos de criação, produção, circulação/ distribuição, consumo/ fruição de bens e serviços cujo insumo principal é a criatividade e conhecimento. Indústrias criativas são os segmentos ou setores produtores de bens e serviços criativos caracterizados pela propriedade intelectual (UNCTAD). Indústrias Culturais CLASSIFICAÇÕES DOS SETORES CRIATIVOS UNCTAD (2008) Sítios Culturais Manifestações Tradicionais Patrimônio Visuais Performáticas Publicações e Mídias Impressas Setores Criativos Audiovisual Mídias Design Serviços Criativos Novas Mídias Criações Funcionais 6
CLASSIFICAÇÕES DOS SETORES CRIATIVOS UNCTAD (2008) Sítios Culturais - Patrimônio edificado - Sítios arqueológicos - Museus - Galerias etc. PATRIMÔNIO Manifestações Tradicionais - Celebrações - Festejos - anato - Saberes e Fazeres CLASSIFICAÇÕES DOS SETORES CRIATIVOS UNCTAD (2008) Visuais - Pintura - Escultura - Fotografia ARTES Performáticas - Música - Teatro - Dança - Circo - Ópera etc. 7
CLASSIFICAÇÕES DOS SETORES CRIATIVOS UNCTAD (2008) Audiovisual - Cinema - Vídeo - TV - Rádio MÍDIAS Publicações e Mídias Impressas - Livros - Revistas - Jornais etc. CLASSIFICAÇÕES DOS SETORES CRIATIVOS UNCTAD (2008) Design - Moda - Jóias - Gráfico - Móveis - Interiores etc. CRIAÇÕES FUNCIONAIS Serviços Criativos - Arquitetura - Publicidade - Marketing - Produção cultural etc. Novas Mídias - Softwares - Games eletrônicos - Internet etc. 8
ECONOMIA CRIATIVA: UM CONCEITO EM CONSTRUÇÃO ECONOMIA CRIATIVA X ECONOMIA TRADICIONAL A distinção dessa nova economia não deve ser feita em função dos insumos mas pelo processo produtivo, a criatividade é o elemento central, onde predomina o valor simbólico(elemento central da formação do preço); O resultado do processo criativo é a produção de riqueza cultural (valor, fruição, utilidade etc) O Patrimônio Cultural é insumo e resultado da economia criativa. Enquanto a Economia Tradicional tem por princípio a acumulação e a exploração, a Economia Criativa se fundamenta na inclusão e na sustentabilidade. 9
Ativo Patrimônio Cultural Existente Processo Economia Criativa (Produtores) Ativo Patrimônio Cultural Ampliado Setores Criativos Bem/Serviços Criativos Riqueza Cultural Suportes (Infra-estrutura) Mercados Classificações dos Setores Criativos PROPOSTA DA SEC Visuais - Pintura - Escultura - Fotografia EXPRESSÕES CULTURAIS Performáticas - Música - Teatro - Dança - Circo - Ópera etc. Manifestações Populares - Celebrações - Festejos - anato 10
Classificações dos Setores Criativos PROPOSTA Audiovisual - Cinema - Vídeo - TV - Rádio INDÚSTRIAS CULTURAIS Publicações e Mídias Impressas - Livros - Revistas - Jornais etc. Produção de conteúdos p/ a indústria de informática e redes - Redes sociais - Games eletrônicos - softwares p/ a produção de conteúdos etc. Classificações dos Setores Criativos PROPOSTA SERVIÇOS CRIATIVOS - Design - Moda - Jóias - Gráfico - Móveis - Interiores etc. - Arquitetura - Publicidade - Realização cultural etc. 11
Classificações dos Setores Criativos PROPOSTA Expressões Culturais Manifestações Populares Visuais Performática s Criações Funcionais Serviços Criativos Setores Criativos Audiovisual Publicações e Mídias Impressas Produção de Conteúdos Indústrias Culturais CONCEITOS PROPOSTOS (EM CONSTRUÇÃO) A economia criativa compreende os ciclos de criação, produção, distribuição/ difusão e consumo/ fruição de bens e serviços caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica. Os setores criativos correspondem às atividades econômicas que tem como principal processo um ato criativo, gerador de valor simbólico, elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de riqueza cultural. PRINCÍPIOS DA ECONOMIA CRIATIVA: SUSTENTABILIDADE / DIVERSIDADE / INCLUSÃO 12
ECONOMIA CRIATIVA OBSTÁCULOS PARA O DESENVOLVIMENTO DESTA NOVA ECONOMIA 1. Ausência de pesquisas que contemplem de modo amplo os diversos setores desta economia, permitindo conhecer e reconhecer dados relativos às vocações e oportunidades de empreendimentos criativos para a definição de políticas públicas; 2. baixa disponibilidade de recursos financeiros para o financiamento de negócios desta natureza; 3. baixo investimento em capacitação dos agentes atuantes na cadeia produtiva destas indústrias, agentes que cuja atuação exige visão de mercado, de gestão de empreendimentos e de conhecimentos técnicos e artísticos; 4. pouca infra-estrutura no que se refere à distribuição e difusão dos bens e serviços. DADOS DA ECONOMIA CRIATIVA NO BRASIL 13
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE BENS CRIATIVOS BENS, EXPORTADOS POR CATEGORIAS, 2002 E 2008 anato Audiovisual Design Novas Mídias Performáticas Publicidade Visuais EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE SERVIÇOS CRIATIVOS SERVIÇOS CRIATIVOS, EXPORTADOS POR CATEGORIAS, 2002 E 2008 Propaganda e serviços relacionados Pesquisa e desenvolvimento de serviços Arquitetura e serviços relacionados Serviços pessoais, culturais e de lazer Audiovisual e serviços relacionados Outros serviços pessoais, culturais e de lazer Fonte : UNCTAD 14
PLANO NACIONAL DE CULTURA SECRETARIA DA ECONOMIA CRIATIVA PLANO NACIONAL DE CULTURA Lei Nº 12.343 (03/12/2010) ESTRATÉGIAS 1. Fortalecer a ação do Estado no planejamento e na execução das políticas culturais. 2. Incentivar, proteger e valorizar a diversidade artística e cultural brasileira. 3. Universalizar o acesso dos brasileiros à fruição e à produção cultural. 4. Ampliar a participação da cultura no desenvolvimento socioeconômico sustentável. 5. Consolidar os sistemas de participação social na gestão das políticas culturais. 15
AMPLIAR A PARTICIPAÇÃO DA CULTURA NO DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO SUSTENTÁVEL DIRETRIZES 1. Capacitação e assistência ao trabalhador da cultura 2. Estímulo ao desenvolvimento da Economia da Cultura 3. Turismo Cultural 4. Regulação Econômica OBJETIVOS DA SEC EM FUNÇÃO DAS DIRETRIZES PACTUADAS NO PLANO NACIONAL DE CULTURA CAPACITAÇÃO E ASSISTÊNCIA AO TRABALHADOR DA CULTURA (TRABALHADOR CRIATIVO) 1. Promover a educação para as competências criativas através da qualificação de profissionais capacitados para a criação e gestão de empreendimentos criativos; 2. Gerar conhecimento e disseminar informação sobre economia criativa; 16
OBJETIVOS DA SEC EM FUNÇÃO DAS DIRETRIZES PACTUADAS NO PLANO NACIONAL DE CULTURA ESTÍMULO AO DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA DA CULTURA (ECONOMIA CRIATIVA) 3. Conduzir e dar suporte na elaboração de políticas públicas para a potencialização e o desenvolvimento da economia criativa brasileira; 4. Articular e conduzir o processo de mapeamento da economia criativa do Brasil com o objetivo de identificar vocações e oportunidades de desenvolvimento local e regional; 5. Fomentar a identificação, a criação e o desenvolvimento de pólos criativos com o objetivo de gerar e potencializar novos empreendimentos, trabalho e renda no campo dos setores criativos; 6. Promover a articulação e o fortalecimento dos micro e pequenos empreendimentos criativos; OBJETIVOS DA SEC EM FUNÇÃO DAS DIRETRIZES PACTUADAS NO PLANO NACIONAL DE CULTURA ESTÍMULO AO DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA DA CULTURA (ECONOMIA CRIATIVA) 7. Apoiar a alavancagem da exportação de produtos criativos; 8. Apoiar a maior circulação e distribuição de bens e serviços criativos; 9. Desconcentrar regionalmente a distribuição de recursos destinados a empreendimentos criativos, promovendo um maior acesso a linhas de financiamento (incluindo o microcrédito); 10. Ampliar a produção, distribuição/difusão e consumo/fruição de produtos e serviços da economia criativa; 17
OBJETIVOS DA SEC EM FUNÇÃO DAS DIRETRIZES PACTUADAS NO PLANO NACIONAL DE CULTURA TURISMO CULTURAL (DESENVOLVIMENTO INTERINSTITUCIONAL PARA A ECONOMIA CRIAT 11. Promover o desenvolvimento interinstitucional para a Economia Criativa (Continua) Ministério do Turismo (Turismo cultural / cidades criativas/ bairros criativos) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Design de produto, design de moda, artesanato etc.) Ministério das Comunicações (TVs, rádios, novas mídias etc.) Ministério do Trabalho (Capacitação e assistência ao trabalhador criativo) OBJETIVOS DA SEC EM FUNÇÃO DAS DIRETRIZES PACTUADAS NO PLANO NACIONAL DE CULTURA TURISMO CULTURAL (INTERFACES DA ECONOMIA CRIATIVA) 11. Promover o desenvolvimento interinstitucional para o fomento da Economia Criativa Ministério da Justiça (marcos regulatórios) Ministério da Integração Nacional (bacias e territórios criativos) Ministério da Educação (Capacitação do trabalhador criativo) Ministério das Relações Exteriores (ONU, OMC, OMPI etc) Ministério da Ciência e Tecnologia (Softwares, games eletrônicos, projetos de inovação tecnológica etc) 18
OBJETIVOS DA SEC EM FUNÇÃO DAS DIRETRIZES PACTUADAS NO PLANO NACIONAL DE CULTURA REGULAÇÃO ECONÔMICA 12. Efetivar mecanismos direcionados à consolidação institucional de instrumentos regulatórios (marcos trabalhistas, fiscais, intelectuais) No momento cultural que atravessamos, em que se sente um desejo imperioso, uma aspiração coletiva por uma afirmação categórica de independência política e econômica de nação os estudos (sobre a cultura) devem ser estimulados e recebidos jubilosamente porque constituem as balizas do roteiro de nossa futura política de uma política consciente, realmente identificada com as aspirações e as singularidades regionais de nosso povo. Política que se pressente para os próximos dias como uma benéfica e irremovível contingência do impulso criador de nossa cultura. Josué de Castro- Documentário do Nordeste (1937) 19