EFEITO DO TRATAMENTO QUÍMICO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA E NO RENDIMENTO FINAL DE GRÃOS 1 RESUMO

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Transcrição:

1 EFEITO DO TRATAMENTO QUÍMICO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA E NO RENDIMENTO FINAL DE GRÃOS 1 BECHE, Manoela 2 ; FUZZER, Fabricio Andrade 2 ; HUTH, Caroline 2 ; SEGALIN, Samantha Rigo 2 ; ZEN, Humberto Davi 2 ; CABRERA, Ingrid Cervo 2 ; CONCEIÇÃO, Gerusa Massuquini 2 ; MERTZ, Liliane Márcia 3. 1 Trabalho de Pesquisa UFSM 2 Curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria,UFSM, RS, Brasil 3 Professor adjunto da Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil E-mail: manubeche_vre@hotmail.com RESUMO O estudo foi conduzido com a finalidade de avaliar o efeito do tratamento químico com fungicida, inseticida e polímero na qualidade fisiológica de semente de soja e no rendimento final de grãos. Foram utilizadas sementes de três cultivares NA 4823 RG, BMX Turbo RR e Fundacep 62 RR, as quais foram submetidas aos seguintes tratamentos: T1: sem tratamento químico; T2: fungicida e inseticida e T3: fungicida, inseticida e polímero. Os testes realizados para avaliação da qualidade fisiológica em laboratório foram germinação, comprimento e biomassa seca de plântulas. Para avaliação do desempenho das sementes em campo foram observados o estabelecimento do estande inicial, peso de 100 grãos, número de grãos por legume e rendimento final. O tratamento químico não apresentou efeito fitotóxico quando se avaliou a qualidade fisiológica das sementes em laboratório e conferiu uma maior proteção das sementes e plântulas no campo resultando em um maior rendimento final de grãos. Palavras-chave: Glycine max, sementes, tratamento químico. 1. INTRODUÇÃO A soja é a principal oleaginosa cultivada no mundo, sendo o Brasil, o segundo maior produtor mundial, com mais de 66 milhões de toneladas do grão (Conab 2012). Durante o cultivo, a soja esta sujeita ao ataque de diferentes fitopatógenos que comprometem a produtividade final da cultura. A associação patógeno - semente representa a maneira mais evoluída e, portanto, segura e eficiente de garantir a sobrevivência dos fitopatógenos. Nesta associação, a continuidade do ciclo vital do fitoparasita é assegurada, pois não se separa do hospedeiro, de quem depende nutricionalmente (VALE et al., 2004). Dessa forma, a manutenção e o incremento de ganhos em rendimentos leva a necessidade do uso de tecnologias com reflexos diretos sobre a produtividade agrícola, dentre os quais se pode destacar a utilização de sementes de alta qualidade. A semente é

2 um dos principais insumos da agricultura e sua qualidade é um dos fatores primordiais ao estabelecimento de qualquer cultura. A qualidade de sementes é um somatório de todos os atributos genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários que afetam a capacidade da semente em originar plantas de alta produtividade (POPINIGIS, 1985). No Brasil, praticamente 100% das sementes de soja são tratadas com fungicidas, 30% com inseticidas, 50% com micronutrientes e produtos de recobrimento a base de polímeros que asseguram uma cobertura e aderência uniforme às sementes com o objetivo de proteger as sementes e aumentar o seu desempenho no campo, quer no estabelecimento inicial ou durante seu ciclo vegetativo (BAUDET E PESKE, 2006). Dessa forma o uso do tratamento em sementes torna-se fundamental para a obtenção de um estande de plântulas adequado, bem como rendimento final de grãos. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica das sementes de soja submetidas ao tratamento químico com fungicida, inseticida e polímero, bem como avaliar a influência desses tratamentos no rendimento final de grãos. 2. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi conduzida no Laboratório Didático e de Pesquisa em Sementes e na Área Experimental do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria. Foram utilizadas sementes de três cultivares de soja, NA 4823 RG, BMX Turbo RR e Fundacep 62 RR. Os tratamentos utilizados foram: T1: sem tratamento químico, T2: tratamento químico com fungicida e inseticida e T3: tratamento químico com fungicida, inseticida e polímero. Os produtos utilizados foram Derosal Plus (Carbendazim 30g i.a/kg + Thiram 70g i.a kg -1 ) como fungicida, inseticida Cropstar (Imidacloprido 90g i.a/kg + Tiodicarbe 30g i.a/kg) e polímero da marca LABORSAN corantes. As doses utilizadas foram as recomendadas pelos fabricantes. Para a realização do tratamento das sementes foram utilizados sacos plásticos com capacidade para 5L utilizando 1 kg de sementes por saco. Para avaliação da qualidade fisiológica das sementes foram utilizados os testes descritos a seguir: Germinação: foram utilizadas quatro repetições de 100 sementes, semeadas em rolos de papel umedecidos a 2,5 vezes o peso do papel seco e mantidos em germinador regulado a 25 o C. As avaliações foram realizadas aos quatro e oito dias, após início do teste, conforme as RAS (BRASIL, 2009), sendo os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais. Comprimento de plântulas: as sementes foram semeadas em papel toalha, previamente umedecido com água destilada, na proporção de 2,5 vezes o peso do papel

3 seco. Foram utilizadas quatro repetições de 20 sementes e as avaliações precedidas no sétimo dia após a semeadura com o auxílio de uma regra graduada em milímetros. Foram medidos o comprimento da raiz e da parte aérea e total de quinze plântulas normais tomadas ao acaso. O comprimento médio das plântulas foi obtido somando-se as medidas de cada repetição e dividindo pelo número de plântulas mensuradas, com resultados expressos em centímetros (cm). Massa seca de plântulas: foram utilizadas quinze plântulas retiradas durante a contabilidade do comprimento de plântulas, perfazendo quatro subamostras de quinze plântulas para cada repetição. As plântulas foram separadas dos cotilédones que foram eliminados, e as radículas e os hipocótilos foram colocados dentro de sacos de papel, que posteriormente passaram para a estufa com ventilação forçada à temperatura de 60 C, durante 48 horas. Posteriormente, foi realizada a pesagem em balança analítica. Análise estatística: Foi utilizado delineamento inteiramente casualizado fatorial 3x3 (cultivares x tratamento de sementes) e os dados foram submetidos ao teste Scott Knott a 5% de probabilidade de erro utilizando o software Sisvar. Para a avaliação do estabelecimento do estande inicial de plantas no campo e rendimento final de grãos foram utilizados os três tratamentos descritos anteriormente. Adubação, manejo de pragas, doenças e plantas daninhas foram realizados conforme as recomendações técnicas da cultura para a região. Foram utilizadas parcelas experimentais com seis linhas espaçadas 0,40 m entre si e com 6,0m de comprimento, onde as duas linhas centrais de cada parcela foram utilizadas para as avaliações descritas a seguir: Estabelecimento do estande inicial: determinado pela contagem direta do número de plântulas emergidas nas duas linhas centrais de cada parcela aos 14 e 21 após a semeadura. Número de grãos por legume: foi determinado em dez plantas colhidas em sequência na linha central a partir do início da parcela útil. Peso de 100 grãos: foram contadas ao acaso, do total de grãos produzidos, manualmente, 8 repetições de 100 grãos, as amostras foram pesadas em balança de precisão 0,001 g e valores médios expressos em gramas. Rendimento em grãos: em cada extremidade das linhas centrais de cada parcela, foi descontada a distância de 0,50 m para efeito de bordadura. As demais plantas, relativas aos 10,0 metros centrais (2 linhas x 5,0 m) foram colhidas e mecanicamente trilhadas. Os grãos trilhados foram limpos e sua massa determinada. Os valores de massa de grãos obtidos em cada parcela foram transformados para kg ha -1, e corrigidos para 13% de umidade. Análise estatística: Foi utilizado delineamento inteiramente casualizado fatorial 3x3 (cultivares x tratamento de sementes) com quatro repetições, e os dados foram submetidos

a análise de variância e as médias comparadas pelo teste Scott Knott 5%. O programa para a análise dos dados foi o software Sisvar. 4 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Na tabela 1 têm-se os resultados da avaliação da qualidade fisiológica das sementes submetidas ao tratamento químico. Através da análise dos dados de germinação, comprimento de parte aérea e total de plântulas, observa-se que não houve diferença significativa entre os tratamentos ressaltando a eficiência do tratamento químico e que os mesmos não possuem efeito fitotóxicos sobre o desempenho das sementes. Resultados semelhantes também foram relatados por Bays et al. (2007) e Alves et al, (2003) onde não foi constatado diferenças significativas para germinação e comprimento de plântulas em sementes de soja e feijão respectivamente, submetidas ao tratamento químico com fungicidas, inseticidas e micronutrientes. Rivas et al. (1998), estudando polímeros em sementes de milho, não encontraram diferenças significativas entre eles, sobre a qualidade de sementes. Estes autores verificaram, ainda, que tanto a germinação como a emergência das plântulas não foi afetada pela aplicação dos polímeros. Também, Henning et al.(2003), estudando polímeros associados a fungicidas para o tratamento de sementes de soja, concluíram que os polímeros só devem ser empregados em conjunto com fungicidas, já que os mesmos não protegem as semente no solo, resultando em baixa emergência de plântulas. Em relação à qualidade fisiológica das sementes submetidas ao tratamento químico com fungicidas e inseticidas, Barbosa et al. (2002), ao estudar o efeito da aplicação dos inseticidas imidacloprid e o thiametoxan no tratamento de sementes de feijão, constataram que os ingredientes ativos proporcionaram melhoria nas características agronômicas da cultura, resultando aumento de produtividade. Da mesma forma sementes de soja tratadas com o fungicida thiabendazol+thiram e peliculizadas não tiveram sua qualidade fisiológica prejudicada, logo após o tratamento e em até seis meses de armazenamento (LIMA et al., 2003;PEREIRA, 2005). Tabela 1: Dados médios de teor de água (TA) em %, germinação (G) em %, comprimento de parte aérea (CPA) em cm, raiz (CPR) em cm e total (CTO) em cm e massa seca de plântulas (MS) em g para três cultivares de soja com e sem tratamento químico. UFSM, Santa Maria, 2012. Cultivar Tratamento TA G CPA CPR CPT MS 1 1 11,5 88a 13,78a 9,61a 23,04a 0,619a 1 2 11,6 87a 14,41a 9,88a 24,3a 0,626a 1 3 11,5 88a 15,51a 10,61a 26,1a 0,615a 2 1 11,0 87a 18,3a 12,09b 30,39a 0,633a

5 2 2 10,9 89a 17,55a 11,08b 29,36a 0,637a 2 3 11,0 87a 18,38a 10,98b 29,36a 0,596b 3 1 11,4 91a 16,18a 12,18a 28,3a 0,665a 3 2 11,5 88a 16,05a 12,45a 28,5a 0,662a 3 3 11,3 93a 14,42a 11,92a 26,35a 0,638a CV(%) 11,37 5,98 11,34 12,8 10,09 10,17 Média 5,27 88,7 16,04 11,39 27,43 0,629 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste Scott-Kinott, p>0,05. Cultivar 1: BMX Turbo-RR, cultivar 2: Fundacep 62-RR, Cultivar 3: NA 4823-RG. Tratamentos: 1sem tratamento, 2 fungicida e inseticida, 3 fungicida inseticida e polímero, 4 fungicida, 5 inseticida. Em relação ao desempenho no campo, os dados de estabelecimento do estande inicial aos 14 e 21 dias após a semeadura, número de grãos por legume, peso de 100 grãos e rendimento final de grãos estão expressos na tabela 2 e demonstram que não houve interação de tratamento e cultivar quando foram avaliados os efeitos de cultivar e tratamento. As sementes tratadas com fungicida, inseticida e polímero foram as que apresentaram um maior estabelecimento do estande de plantas. Estes resultados corroboram com o que foi relatado Goulart (2000), que além de observar a eficiência no controle de patógenos detectou aumento da emergência a campo e rendimento de grãos com a utilização de fungicidas e inseticidas. Em milho também Luz e Pereira (1998) observaram comportamento similar. Isto porque o tratamento químico de sementes confere maior proteção as sementes e plântulas contra o ataque de fito patógenos e insetos praga, permitindo uma maior expressão do potencial produtivo. Estes resultados demonstram também que ao contrario do foi relatado por Duan & Burris (1997), o uso de polímeros no recobrimento das sementes não afeta o estabelecimento da cultura pela sua possível capacidade de restrição de oxigênio e água, promovida pela película, neste trabalho observou-se um efeito benéfico do polímero em prorrogar o efeito dos produtos químicos utilizados. Tabela 2: Dados médios estande de plantas aos 14 dias (EST 14) e aos 21 dias (EST 21) após a semeadura em número de plantas por m, número de grãos por legume (G/L), peso de cem grãos (PCG) em g, e rendimento final (REND) em Kg ha -1, de três cultivares de sementes de soja com e sem tratamento químico.ufsm, Santa Maria, 2012. Cultivar EST 14 EST 21 G/L PCG REND 1 5,7ª 8,5b 3,0a 17,3a 2365,1ª 2 6,9ª 8,2b 3,0a 13,6b 1948,4b 3 6,4ª 9,3a 3.0a 17,7a 2573,8ª Tratamento 1 4,9b 6,3b 3,0a 16,0a 2062,8b 2 6,0b 9,6a 3,0a 16,4a 2335,2ª 3 8,08a 10,83a 3,0a 16,2a 2489,3ª

6 Cv(%) 26 12,43 9,95 6,99 16,56 Média 6,33 8,66 3,0 16,19 2295,75 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott, p>0,05. Cultivar 1: BMX Turbo-RR, Cultivar 2: Fundacep 62-RR, Cultivar 3: NA 4823-RG. Tratamentos: 1 sem tratamento, 2 fungicida e inseticida, 3 fungicida inseticida e polímero 4. CONCLUSÃO O tratamento químico de sementes de soja (fungicida, inseticida, e polímero) não afeta a qualidade fisiológica das sementes e proporciona uma maior proteção das sementes e plântulas no campo, resultando em maior rendimento da cultura. 5. REFERÊNCIAS ALVES, M. C. S. et. Germinação e vigor de sementes de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) peliculizadas e tratadas com fungicidas. In: XIII Congresso Brasileiro de Sementes, 2003, Londrina. Informativo ABRATES, Londrina, v.13, n.3, p. 219, 2003. BARBOSA, F.R.; SIQUEIRA, K.M.M. de; SOUZA, E.A. de; MOREIRA, W.A.; HAJI, F.N.P.; ALENCAR, J.A. de. Efeito do controle químico da mosca-branca na incidência do vírus-domosaico-dourado e na produtividade do feijoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.37, p.879-883, 2002. BAUDET.L.; PESKE.S.T. Logística do tratamento de semente. Revista Seed News, n. 1, 2006. BAYS, R. et al. Recobrimento de sementes de soja com micronutrientes, fungicida e polímero. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.29, n.2, p.60-67, 2007. BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: 365p. 2009. CONAB Companhia Nacional de Abastecimento. http://www.conab.gov.br/olalacms/uploads/arquivos/12_08_27_09_50_57_boletim_portugu es_agosto_2012.pdf - Acessado em 30/08/2012. DUAN, X.; BURRIS, J. S. Film coating impairs leaching of germination inhibitors in sugar beet seed. Crop Science, Madison, v. 37, p. 515-520, 1997. GOULART, A.C.P. Eficiência de diferentes fungicidas no controle de patógenos em sementes de soja e seus efeitos na emergência e no rendimento de grãos da cultura. Informativo Abrates, v.10, n.1/2/3, p.17-24, 2000. HENNING, A. A.; FRANÇA NETO, J. B.; KRZYZANOWSKY, F. C.; COSTA, N. P. Avaliação de corantes, polímeros, pigmentos e fungicidas para o tratamento de sementes de soja. Informativo ABRATES, Londrina, v. 13, n. 3, p. 234, set. 2003.

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