Ao aplicar o operador matemático logaritmo, obtém-se a seguinte expressão: ph= - log [H + ]

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Transcrição:

SIMULAR A OCORRÊNCIA DE CHUVAS ÁCIDAS DEVIDA A ÓXIDOS DE ENXOFRE INTRODUÇÃO Um ácido pode ser definido como uma espécie química que doa protões H + numa reacção química. A espécie química que aceita esses protões H +, nesta reacção química, é designada por base. A reacção química em que isto ocorre é chamada de reacção de ácido-base. Esta teoria de transferência de protões durante a ocorrência de uma reacção química é conhecida como a teoria de Brönsted e Lowry para ácidos e bases (Burton, Holman, Pilling e Waddington, 1994). A classificação de soluções ácidas, básicas (alcalinas) ou neutras é realizada com base na concentração de protões H + presentes na solução. As soluções que têm uma concentração de protões H + elevada, maior do que a da substância água à temperatura de 25ºC, são designadas por ácidas. Se as soluções têm concentrações de protões H +, menores do que a presente na substância água à temperatura de 25ºC, são designadas de básicas ou alcalinas. O bioquímico dinamarquês Sorensen, considerando o facto das concentrações dos iões H + serem, muitas vezes, reduzidas, sugeriu que fossem expressas por potências de base 10 (expressão 3). Devido ao facto de nestas potências, o expoente não ser obrigatoriamente um número inteiro, propicia caracterizar-se a acidez de uma solução através do simétrico do exponente da potência, o ph. [H + ] =10 -ph (mol dm -3 ) Ao aplicar o operador matemático logaritmo, obtém-se a seguinte expressão: ph= - log [H + ] A escala de Sorensen ou escala de ph considera as concentrações de H + das soluções a 25 ºC e aponta valores entre 0 e 14, sendo o valor 7 correspondente à concentração de H + na substância água, a esta temperatura (25ºC), as soluções, com este valor de ph (ph = 7), são chamadas soluções neutras. A reacção de auto-ionização (ou auto-protólise) da água também é classificada como uma reacção de ácido-base, pelo que existe a troca de um protão, verificando-se que a água tem, simultaneamente, um comportamento ácido e básico. As espécies

químicas com este tipo de comportamento são designadas por anfotéricas ou anfipróticas. A água é uma substância anfotérica. A reacção de auto-ionização da água pode ser traduzida pela seguinte equação química: 2H 2 O (l) H 3 O + (aq) + OH - (aq) A 25ºC [H 3 O + ] = [OH - ] = 1,0 x 10-7 mol dm -3. Atendendo ao facto de que ocorre a captação do ião H + por uma molécula de água, considera-se que [H + ] = [H 3 O + ] e o ph também pode ser definido por: ph = - log [H 3 O + ] e o poh pode ser definido por: ou então, A 25ºC, poh = - log [OH - ] ph = poh = 7 ph + poh = 14 A constante da reacção da auto-ionização da água é definida pela expressão K W = [H 3 O + ] [OH - ] = 10-14 (a 25ºC) Como se pode constatar, a constante K w tem um valor extremamente pequeno, o que faz com que a reacção de auto-ionização da água seja pouco extensa no sentido directo (sentido de formação dos produtos de reacção). A extensão da reacção é alterada, pois o equilíbrio é alterado pela variação de temperatura a que ocorre a autoionização, tendo como consequência a alteração da concentração dos iões em equilíbrio. Esta actividade laboratorial consiste em simular e interpretar a ocorrência de chuva ácida devida a óxidos de enxofre. Antes de definir chuva ácida é importante referir que chuva ácida não tem que ser necessariamente chuva, pode ser qualquer forma de precipitação atmosférica. Chuva

ácida é definida como nevoeiro, neve ou chuva com um ph inferior a 5, o ph médio da precipitação atmosférica na ausência de poluição atmosférica (Freeman et al, 2002). O facto do ph da água da chuva, sem poluição atmosférica, ser ligeiramente ácido (ph 5, a 25ºC) deve-se principalmente à reacção do dióxido de carbono atmosférico com a água. Esta reacção química tem como produto o ácido carbónico. CO 2 (g) + H 2 O (l) H 2 CO 3 (aq) A solução diluída de ácido carbónico precipita na Terra sob a forma de chuva, neve ou nevoeiro (Freeman et al, 2002). Na atmosfera a chuva ácida é formada a partir de diferentes gases poluentes de origem antropogénica (origem humana) e outros de origem natural, entre os gases de origem antropogénica e natural encontram-se os óxidos de enxofre, nomeadamente o dióxido de enxofre (SO 2 ). Grande parte do dióxido de enxofre que é libertado na atmosfera tem origem nas emissões antropogénicas directas principalmente devidas à combustão do carvão e do fuel em centrais termoeléctricas. A partir de processos fotoquímicos ou catalíticos, parte do dióxido de enxofre que é libertado na atmosfera oxida-se a trióxido de enxofre (SO 3 ). São estes óxidos de enxofre (dióxido e o trióxido de enxofre) que reagem com a água existente na atmosfera formando, assim, os ácidos sulfuroso (H 2 SO 3 ) e sulfúrico (H 2 SO 4 ), respectivamente. Existem dois processos de oxidação do dióxido de enxofre: o processo de oxidação heterogénea (em que os intervenientes na reacção química estão em diferentes estados físicos) e o processo de oxidação homogénea (em que os intervenientes na reacção química estão todos no mesmo estado físico). O processo de oxidação heterogénea do dióxido de enxofre pode ocorrer na superfície das gotas de água, dado que o dióxido de enxofre possui uma elevada solubilidade em água. Neste processo de oxidação, os principais agentes oxidantes são o ozono (O 3 ) e o peróxido de hidrogénio (H 2 O 2 ). Estes processos podem ser traduzidos pelas seguintes equações químicas, respectivamente: SO 2 (g) + H 2 O (l) H 2 SO 3 (aq) H 2 SO 3 (aq) + O 3 (g) H 2 SO 4 (aq) + O 2 (g) H 2 SO 3 (aq) + H 2 O 2 (l) H 2 SO 4 (aq) + H 2 O (l) No processo de oxidação homogénea pode distinguir-se os ácidos que são produzidos por foto oxidação directa do dióxido de enxofre, com prévia excitação das

suas moléculas, dos que são produzidos por acção de agentes oxidantes, tais como o radical hidroxilo. Sendo assim, por foto-oxidação directa as reacções que ocorrem podem ser traduzidas pelas seguintes equações químicas: SO 2 (g) + hν (240 < λ < 400 nm) SO 2 * (g) SO 2 * (g) + O 2 (g) SO 3 (g) + O (g) SO 3 (g) + H 2 O (l) H 2 SO 4 (aq) onde, h representa a constante de Planck, ν representa a frequência da radiação absorvida pela molécula de dióxido de enxofre, λ representa o comprimento de onda respectivo a essa frequência, SO 2 * representa a molécula de dióxido de enxofre excitada e O representa o radical oxigénio. Por outro lado, por acção de agentes oxidantes, as reacções que ocorrem podem ser traduzidas pelas seguintes equações químicas: SO 2 (g) + HO (g) HOSO 2 (g) HOSO 2 (g) + O 2 (g) HO 2 (g) + SO 3 (g) SO 3 (g) + H 2 O (l) H 2 SO 4 (aq) onde, HO representa o radical hidroxilo e HO 2 representa o radical peroxilo. Nesta actividade laboratorial, para produzir óxidos de enxofre, mais especificamente, dióxido de enxofre e trióxido de enxofre, recorre-se à combustão do enxofre. Nesta reacção química o enxofre, quando aquecido, entra em combustão, reage com o oxigénio do ar dando origem a dióxido de enxofre e a trióxido de enxofre, dois dos gases poluentes emitidos para atmosfera pelo ser humano. Estas reacções de combustão podem ser traduzidas pelas seguintes equações químicas: 1 S8 (s) + O 2 (g) SO 2 (g) 8 S 8 (s) + 12O 2 (g) 8SO 3 (g) Posteriormente estes gases reagem com a água dando origem aos ácidos sulfuroso e sulfúrico, estas reacções de ácido-base podem ser traduzidas segundo as seguintes equações químicas: tornando, assim, a água ácida. SO 2 (g) + H 2 O (l) HSO 3 - (aq) + H + (aq) SO 3 (g) + H 2 O (l) HSO 4 - (aq) + H + (aq)

Esta actividade teve por base uma proposta de University of Wisconsin- Madison: Chemistry Department - Demonstration Lab (2000).