IE 6145 AFRICAN UNION UNION AFRICAINE SEGUNDA SESSÃO DA CONFERÊNCIA DA UNIÃO AFRICANA DOS MINISTROS DOS TRANSPORTES 21 25 DE NOVEMBRO DE 2011 LUANDA, ANGOLA UNIÃO AFRICANA P. O. Box 3243, Addis Ababa, ETHIOPIA Tel.: (251-11) 5525849 Fax: (251-11) 5525855 Website: www.africa-union.org AU/TPT/EXP/2A5 (II) PROTECÇÃO AMBIENTAL
Pág.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SECTOR DA AVIAÇÃO, PROTECÇÃO AMBIENTAL E O IMPACTO DO REGIME DE COMÉRCIO DE LICENÇAS DE EMISSÃO SÍNTESE Este documento apresenta um resumo da crescente atenção dada à protecção ambiental pela comunidade mundial da aviação. Sublinha a necessidade de assegurar que esforços com vista a minimizar o impacto da aviação sobre o meio ambiente sejam empreendidos de forma a garantir que a aviação civil continue a desenvolver e crescer de uma forma sustentável. Neste sentido, o documento destaca os desafios colocados pela inclusão unilateral da aviação civil internacional no Regime de Comércio de Licenças de Emissão da União Europeia (RCLE-UE) e apela para uma posição africana coordenada em relação às questões de protecção ambiental no sector da aviação. Acção: A Conferência é convidada a: a. Tomar nota da informação contida no presente Documento de Trabalho; b. Reafirmar o seu apoio a uma abordagem conjunta e ao princípio de responsabilidades comuns mas diferenciadas (CBDR) da UNFCCC, particularmente na abordagem de questões relativas à emissões no sector da aviação; c. Solicitar aos Estados Africanos a apoiar o trabalho da ICAO que visa promover o crescimento sustentável no sector da Aviação e a Protecção Ambiental; d. Saudar e endossar a declaração conjunta adoptada em Nova Deli, a 30 de Setembro de 2011, sobre o RCLE-UE; e. Endossar a Declaração da AFCAC e a Declaração da AFRAA sobre o RCLE- UE; f. Exortar a UE e seus Estados-membros a não incluir voos de companhias aéreas que não pertencem a UE, para ou de um aeroporto no território de um Estado-membro da UE, no seu regime de comércio de licenças de emissão; g. Instruir a AFCAC a trabalhar em colaboração com a AFRAA e outros intervenientes com vista a desenvolver contra-medidas para aplicação pelos Estados Africanos com respeito a medidas baseadas no mercado, adoptadas e aplicadas unilateralmente por outras partes, incluindo o RCLE-UE; h. Reiterar a necessidade de colaboração entre os Peritos Africanos em Aviação e Meio Ambiente e de desenvolvimento de políticas harmonizadas; e i. Adoptar a Resolução no Apêndice A.
Pág.2 Referências: 1. Convenção de Chicago 2. Resolução A37-19 da Assembleia da ICAO 3. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas 4. Protocolo de Quioto 5. Declaração Conjunta sobre RCLE-UE, Nova Deli, 30 de Setembro de 2011 6. Declaração da AFCAC sobre RCLE-UE 7. Declaração da AFRAA
Pág.3 1. INTRODUÇÃO 1.1 O sector da aviação tornou-se a principal força motriz do crescimento económico a nível mundial. Actualmente, a questão do crescimento do sector da aviação civil a nível mundial é inquestionável, e o impacto resultante das emissões causadas por aeronaves tornou-se igualmente uma questão global importante. A contribuição das emissões dos aviões para as alterações climáticas é pequena quando comparada com a de outros sectores como o de transporte rodoviário, indústrias ou produção de energia. Todavia, a contribuição de 2% para as emissões globais de gases com efeito de estufa é significativa e há, portanto, necessidade de abordar isto uma vez que prevê-se que irá aumentar devido ao aumento das actividades do sector da aviação civil. 1.2 A Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) liderou durante várias décadas os esforços globais para a mitigação do impacto da aviação sobre o meio ambiente, incluindo: A limitação ou redução do número de pessoas afectadas pelo ruído significativo causado pelas aeronaves; A limitação ou redução do impacto das emissões causadas pelo sector da aviação sobre a qualidade do ar local; e A limitação ou redução do impacto das emissões de gases com efeito de estufa do sector da aviação sobre as alterações climáticas. 1.3 O princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas (CBDR) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC) exige que os países desenvolvidos tomem a liderança na abordagem das alterações climáticas e prestem, ao mesmo tempo, o apoio necessário aos países em desenvolvimento nas suas acções voluntárias através de vários mecanismos como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O Protocolo de Quioto (Artigo 2.2º), que foi adoptado pela Conferência das Partes na UNFCCC, apela para que os países desenvolvidos (Partes no Anexo I) procurem limitar ou reduzir os gases com efeito de estufa causados pelos combustíveis para a aviação (aviação internacional) trabalhando em colaboração com a ICAO. 1.4 A 37ª Assembleia da ICAO concluiu que é necessário uma abordagem geral que inclui o uso de tecnologia com baixas emissões de carbono e eficiente em termos de consumo de combustível, técnicas operacionais, uma gestão do tráfego aéreo eficiente e o uso de combustíveis alternativos, bem como medidas baseadas no mercado (MBM) como taxas de poluição e Regimes de Comércio de Licenças de Emissão (ETS) a fim de promover o crescimento sustentável do sector da aviação e reduzir as emissões. 1.5 A Assembleia solicitou igualmente ao Conselho da ICAO a desenvolver, com o apoio dos Estados-membros, um quadro global de MBD para a aviação
Pág.4 internacional. A Resolução A37-19 da Assembleia, que figura no Anexo 1 ao presente Documento de Trabalho, inclui várias disposições e princípios para a implementação de MBM que devem ser aplicadas por todos os Estadosmembros da ICAO. A Resolução exorta, em particular, os Estados a realizar consultas e negociações bilaterais e/ou multilaterais construtivas e a chegar a acordos com outros Estados ao desenvolver e implementar MBM. 2. REGIME DE COMÉRCIO DE LICENÇAS DE EMISSÃO DA UNIÃO EUROPEIA 2.1 O Regime de Comércio de Licenças de Emissão da União Europeia (RCLE- UE) é um regime de limitação e transacção em funcionamento na UE desde 2005. Com uma licença equivalente a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2), este regime funciona com base na atribuição e comércio de licenças de emissão. O volume total de emissões dos sectores industriais abrangidos pelo RCLE-EU é limitado pelos Governos da UE, e as licenças são posteriormente distribuídas aos operadores. 2.2 Independentemente das obrigações e preocupações de Estados que não são membros da UE, a UE aprovou unilateralmente o regulamento para a inclusão da aviação civil internacional no Regime de Comércio de Licenças de Emissão da União Europeia (RCLE-UE). O RCLE-EU afecta todas as companhias aéreas e operadores de aeronaves independentemente da nacionalidade, desde que operem voos de e/ou para um aeródromo na UE. A partir de 2012, os operadores de aeronaves terão de devolver uma licença de emissão por cada tonelada de CO2 emitido por uma aeronave com destino e origem (e dentro) na UE. Isto abrange voos de passageiros, de carga e não comerciais, e as transportadoras de Estados não membros da EU terão também de cumprir com o regime. Os operadores de aeronaves não cumpridores estarão sujeitos a uma multa de aproximadamente 100,00 por emissão efectiva para além da obrigação de adquirir e devolver as licenças de emissão efectiva. Além disso, os não cumpridores podem ser proibidos de operar no espaço aéreo da UE. 2.3 As companhias aéreas e países não membros da UE acreditam que a inclusão unilateral da Aviação Civil Internacional no RCLE-EU mina a colaboração global através da ICAO, e que constitui uma violação dos Artigos da Convenção de Chicago e seu Preâmbulo, bem como viola o princípio fundamental de Soberania dos Estados previsto no Artigo 1º da Convenção de Chicago, a saber, Os Estados Contratantes reconhecem que cada Estado goza de soberania total e exclusiva sobre o espaço aéreo que cobre o seu território. A inclusão unilateral viola igualmente as disposições pertinentes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC) e não toma em consideração as diferentes circunstâncias sociais e económicas dos diferentes Estados, em particular os países em desenvolvimento, e irá limitar o crescimento sustentável da aviação internacional. 2.4 Um grupo de Estados-membros da ICAO reuniu-se em Nova Deli, nos dias 29 e 30 de Setembro de 2011, para discutir as implicações relativas à inclusão da Aviação Civil Internacional no RCLE-UE. O Grupo adoptou uma Declaração
Pág.5 Conjunta que exorta a UE e os Estados-membros a absterem-se de incluir voos de transportadores não membros da UE, para/de um aeroporto no território de um Estado-membro da UE, no seu Regime de Comércio de Licenças de Emissão. Esta Declaração figura no Anexo 2 ao presente Documento de Trabalho. Declarações similares foram emitidas pela Comissão Latino-Americana de Aviação Civil (LACAC), IATA e Associações de Companhias Aéreas na Rússia, EUA, China e Médio Oriente. 3. POSIÇÃO AFRICANA EM RELAÇÃO Á AVIAÇÃO E PROTECÇÃO AMBIENTAL 3.1 Os Estados Africanos têm coordenado os seus esforços para participar nos trabalhos da ICAO em matéria do Meio Ambiente e apresentar posições comuns em várias reuniões da ICAO. As autoridades da aviação civil continuam a trabalhar através da Comissão Africana de Aviação Civil (AFCAC) em colaboração com a Associação das Companhias Aéreas Africanas (AFRAA). Além disso, cada Estado da região deu início a vários programas para reduzir as emissões. Estes incluem: a. O programa de renovação da frota de aeronaves que foi viabilizado pela Convenção de Cape Town. Isto mudou o céu africano, que conta agora com uma geração nova de aeronaves; b. A modernização do Sistema de Gestão do Tráfego Aéreo; c. O uso de Equipamento de Apoio Aeroportuário ecológico e a construção de terminais novos alimentados por fontes de energia renováveis (Painéis Solares/Turbinas Eólicas); e d. A adopção do Sistema de Gestão Ambiental da ICAO por algumas companhias aéreas africanas. 3.2 Todavia, a Protecção Ambiental tornou-se uma questão muito importante e um desafio a nível da política aérea internacional. Além disso, há uma crescente necessidade de uma melhor coordenação entre os especialistas em aviação e meio ambiente com vista a desenvolver e aumentar os conhecimentos, a competência e reforçar a harmonização das posições em relação à questões do meio ambiente. Portanto, é importante que os Estados incluam os especialistas em aviação e meio ambiente nas suas Delegações às reuniões e conferências sobre protecção ambiental. Neste sentido, os Estados Africanos devem desenvolver uma política coordenada sobre Aviação e Protecção Ambiental sob a direcção dos nossos líderes políticos. O projecto de Política Africana da Aviação Civil (AFCAP) a ser apresentado para análise e adopção pelos Ministros nesta conferência inclui um capítulo sobre o ambiente que poderia servir de base para a posição africana. 3.3 Vários Estados estão a estudar a adopção de contra-medidas para proteger as suas indústrias da aviação civil contra qualquer aplicação unilateral de medidas baseadas no mercado por outras partes. Portanto, é importante que os
Pág.6 Estados Africanos ponham em prática urgentemente medidas semelhantes para proteger a indústria africana do transporte aéreo. 3.4 Relativamente ao RCLE-UE, a AFCAC, à semelhança da LACAC, emitiu uma Declaração que figura como Anexo 3 ao presente Documento de Trabalho. Uma Declaração da AFRAA figura também como Anexo 4 ao presente documento. As declarações destes órgãos técnicos devem ser aprovadas pelos líderes políticos. Neste sentido, um projecto de Resolução figura como Apêndice A ao presente Documento de Trabalho para análise e aprovação por esta Conferência Ministerial.