CARACTERIZAÇÃO DAS SEMENTES DE ACEROLA

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Área de Publicação: Controle de Qualidade na Indústria de Alimentos / Físico-química de Alimentos

Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO DAS SEMENTES DE ACEROLA 1 Kellen O. Araújo, 1 Ana Carolina R. Montes, 1 Camila Z. Martins, 1 Ilya B. Masta, ² Priscila B. Silva, ³ Marcos A. S. Barrozo 1 Aluno de Iniciação Cientifica /UFU, discente do curso de Engenharia Química 2 Aluna de Pós-Graduação/Faculdade de Engenharia Química da UFU/MG ³Professor da Faculdade de Engenharia Química da UFU/MG 1,2,3 Endereço dos autores: Faculdade de Engenharia Química da Universidade Federal de Uberlândia. Av João Naves de Ávila, 2121, Bloco 1K, Campus Santa Mônica, Uberlândia - MG, CEP 38408-100. e-mail: masbarrozo@ufu.br RESUMO - O consumo de alimentos com propriedades antioxidantes está em expansão, dentre estes se destacam a acerola que é conhecida por apresentar elevados teores de vitamina C além de vitamina A, ferro, cálcio, vitaminas do complexo B e de antocianinas que destacam este fruto no campo dos nutracêuticos, pela capacidade desses capturar radicais livres do organismo. Os resíduos do processamento da acerola representam cerca de 40% do volume de produção, é necessário encontrar formas de aproveitar o seu resíduo, transformando-os em benefícios financeiros e minimizando impactos ambientais. Neste sentido, fez-se um estudo para avaliar a possibilidade de reutilização deste material. Neste trabalho serão apresentados os resultados da caracterização das sementes de acerola, são eles: teor de ácido ascórbico total, concentração de ácido cítrico total, fenólicos e flavonoides totais, sólidos solúveis, açúcar redutor, cinzas, densidade aparente e real, diâmetros das partículas, esfericidade, ângulos de repouso e dinâmicos além do calor específico. Os resultados obtidos na caracterização do resíduo de acerola podem ser influenciados por vários fatores como a localização geográfica, práticas de cultivo, regime pluvial, exposição à luz do sol, características genéticas e, principalmente, o estágio de maturação em que os frutos se encontram. Palavras-Chave: resíduos de acerola, caracterização, reaproveitamento. INTRODUÇÃO Atualmente, o consumo de alimentos com propriedades antioxidantes tem aumentado a cada dia. A acerola, também conhecida como cereja das Antilhas encontrase entre esse grupo de alimentos, e seu grande sucesso deve-se, principalmente, aos elevados teores de vitamina C, além de possuir compostos importantes, como os fenólicos e flavonóides, vitamina A, ferro, cálcio, vitaminas do complexo B e antocianinas. Somando-se a isso, o Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de acerola do mundo (Carvalho, 2000). Os resíduos gerados pelo processamento desta fruta representam grande parte do volume de produção. Nesse sentido, percebe-se que, encontrar formas de reutilizar o resíduo da acerola e que tragam benefícios não apenas para a saúde, como também financeiros e ambientais, é de grande valia. Portanto, caracterizar as sementes de acerola é uma alternativa para constatar se é válida a reutilização desse resíduo.

Diversos parâmetros podem ser tomados para a análise da possibilidade de reaproveitamento dos resíduos de frutas. Entre eles, temos o teor de ácido ascórbico e a sua análise é bastante significativa, uma vez que o ácido ascórbico é uma das vitaminas solúveis em água mais importantes por prevenir o escorbuto. Além dele, temos a concentração de ácido cítrico total, que também é importante visto que ele ajuda na absorção e quebra de gorduras, além de regular os níveis de ph do corpo. Ademais, temos os compostos fenólicos e flavonóides que possuem propriedades bioquímicas e farmacológicas, atividades antioxidantes, antivirais, anticarcinogênicas e antiinflamatórias e, segundo Podsedex (2007) os benefícios à saúde promovidos pelos compostos fenólicos são o que os fazem serem um dos principais compostos bioativos. Somando-se a esses parâmetros, podemos citar como importantes aspectos para a caracterização das sementes o teor de sólidos solúveis totais, que são, na sua grande maioria, açúcares, e que traduzem bem a percepção do sabor da fruta (Luz et al.,2012). Além disso, temos a quantificação do açúcar redutor, que são carboidratos que apresentam grupamentos aldeídicos ou cetônicos livres (Demiate et al., 2002). Os açúcares redutores incluem o teor de glicose, sacarose e frutose, açúcares bastantes presentes na alimentação humana. Também a caracterização das cinzas, que é o nome dado ao resíduo inorgânico que permanece após aquecimento a alta temperatura. E a densidade aparente e a real, sendo a primeira a relação entre a massa que uma amostra de resíduo, sem compactação, ou seja, incluindo a porosidade (poros intragranulares), ocupa em um determinado volume; e a segunda a relação entre a massa que uma amostra de resíduo ocupa em um determinado volume sem contar a porosidade, ou seja, o real volume que determinado sólido ocupa. Nada menos importante, temos o ângulo de repouso das sementes, associado com a escoabilidade do material. De acordo com Silva e Corrêa (2000), o ângulo de repouso pode ser definido como o ângulo máximo do talude formado pelos grãos em relação à horizontal e é altamente influenciado pelo teor de umidade, pelo tamanho, pela forma e pela constituição externa do grão. O conhecimento do valor do ângulo de repouso dos grãos é importante para a determinação da capacidade estática dos silos, da capacidade de correias transportadoras e do dimensionamento de moegas, dutos e rampas de descarga de grãos. Finalizando, caracterizamos o calor específico de um corpo que é definido como a razão entre a capacidade térmica e a massa deste corpo. Denomina-se capacidade térmica a razão entre o calor fornecido ao corpo e a correspondente variação de temperatura. O calor específico depende da natureza do processo de adição de calor, ou seja, se ele ocorre à pressão constante ou a volume constante. No presente trabalho, o calor específico foi relacionado com a temperatura e umidade do material. Ele aumenta com o aumento do teor de umidade do material e com o aumento da temperatura. Para processos em que ocorre a mudança de estado, como no congelamento, o calor específico aparente é usado, pois ele incorpora o calor envolvido na mudança de estado em adição ao calor sensível. Material MATERIAIS E METODOS Os resíduos da acerola, Figura 1, foram fornecidos pela Fruteza LTDA, de Dracena, SP. O material foi ensacado e congelado até o momento da secagem e das análises. As amostras foram retiradas de freezer 12h antes da realização da secagem e colocadas na geladeira para descongelar. Figura 1 - Residuos da acerola Métodos Procedimento Experimental: Neste trabalho realizaram-se análises para caracterização do resíduo de acerola de acordo com a metodologia a seguir. Os resultados das concentrações de bioativos foram

apresentados em relação à 100g de resíduo seco. Determinação da umidade: obtido pelo método de estufa a 105 C±3 C por 24 horas; Determinação do teor de cinzas: foi determinado utilizando-se o método no qual o material é incinerado em mufla, à 500 C por 3 horas. Determinação da concentração de açúcar redutor: A determinação de açúcares redutores foi realizada pelo método do ácido 3,5 dinitrosalicílico (MILLER, 1959). O método foi previamente padronizado por uma curva de calibração de glicose (0,1 a 1,0 mg/ml com intervalos de 0,1 g/l). As leituras foram realizadas a 540 nm em espectrofotômetro V-1200, da Pró-análise, utilizando cubetas de vidro. Determinação da densidade aparente: A determinação da densidade aparente foi realizada por picnometria utilizando-se éter de petróleo (ρ=635kg m³). Para este procedimento foram utilizadas as sementes de acerola in natura. Determinação da densidade real: As sementes foram previamente secas através do método de estufa a 105 C±3 C por 24 horas. Em seguidas as sementes foram esfriadas em dessecador e então trituradas em liquidificador até não haver grânulos. Fez-se a medida utilizando-se picnômetro a gás Hélio da marca Micromeritics, modelo AccuPyc 1330. O gás Hélio é utilizado por ser inerte e devido ao tamanho dos seus átomos conseguirem penetrar nos poros do material, permitindo dessa forma a determinação do volume do sólido com maior precisão. Caracterização física da semente de acerola: As análises de forma, diâmetros e esfericidade das partículas foram realizadas usando CamSizer-XT, sendo um analisador de tamanho e formas das partículas por imagem dinâmica digital. Determinação do teor de acidez titulável total: realizado de acordo com os métodos da AssociationofOfficialAnalyticalChemists (1995); Determinação do teor de ácido ascórbico: realizado por titulometria, método que se baseia na redução do 2,6-diclorofenolindofenol pelo ácido ascórbico (AOAC, 1995); Determinação de compostos fenólicos: Determinado pelo método de Folin Ciocalteu, usando ácido gálico como padrão. A leitura da absorbância foi realizada a 622 nm. A curva analítica foi construída utilizando o ácido gálico como padrão; Determinação do teor de flavonoides totais: Foi efetuada com metanol de acordo com Yu e Dahegren (2000). O conteúdo de flavonoides totais foi determinado pelo método colorimétrico segundo Zhishen et al. (1999), com leitura de absorbância a 450 nm. A rutina foi utilizada como padrão para a obtenção da curva de calibração. Calor específico: foi determinado por calorimetria exploratória diferencial no Instituto de Química, na Universidade Federal de Uberlândia. Para estas análises foram utilizadas 6 mg de amostra triturada, a taxa de aquecimento foi de 10 ºC/min para uma faixa de temperatura entre 25 e 45 ºC. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados obtidos na caracterização do resíduo de acerola podem ser influenciados por vários fatores como a localização geográfica, práticas de cultivo, regime pluvial, exposição à luz do sol, características genéticas e, principalmente, o estágio de maturação em que os frutos se encontram (MATSUURA et al., 2001). O teor de cinzas obtido foi igual a 2,46±0,09 g.100 g -1 de sólido úmido, os quais se aproximam dos valores encontrados por Bortolotti (2012) cujo teor de cinzas encontrado para este resíduo foi igual a 2,17±0,06 g. 100 g -1 de sólido úmido. E por Abud e Narain (2009) em que o teor de cinzas no resíduo de acerola foi igual a 2,13±0,01g. 100 g -1 de resíduo desidratado a 55 C. O teor de sólidos solúveis encontrado foi igual a 7,02 Brix. Enquanto que Bortolotti (2012) encontrou um valor igual a 7,83±0,058 Brix. Encontrou-se um teor de açúcar redutor igual a 2,13 g.100-1. Este valor se aproxima do utilizado por Nóbrega (2012) em seu trabalho, cujo valor foi de 2,50±0,10 g.100 g -1. Ao passo que Braga et al. (2011) determinou que, para os resíduos de acerola verde e madura, o teor de açúcar redutor eram iguais a, 1,8 e 2,38 g.100 g -1. Neste trabalho, o extrato obtido a partir dos resíduos de acerola apresentou um ph igual a 3,23±0,1, o que caracteriza o resíduo como muito ácido (possui ph inferior a 4,0) (RIBEIRO e SERAVALLI, 2007).Nóbrega (2012),encontrou um ph igual a 3,54±0,01 para o resíduo de acerola.

Matsuura et al. (2001) determinou o ph para frutos de diferentes genótipos de aceroleira e obteve resultados entre 3,08 e 3,57. Para o teor de ácido ascórbico, o valor encontrado foi igual a 11,0±1,12 mg ácido ascórbico.100 g de resíduo seco. Já Duzzioni et al. (2013) relatou um valor maior, que foi de 16,12±0,003 mg.100 g -1 de resíduo seco O teor de ácido cítrico foi igual a 2843,2±132,012 mg ácido cítrico.100 g -1 de resíduo seco. Valores próximos foram encontrados por Bortolotti (2012). Encontrou-se um teor de fenólicos e flavonoide igual a 446,40 mg de ácido gálico.100 g -1 e 1,00±0,14 mg de rutina.100 g -1, respectivamente. Sousa et al. (2011) verificou em seu trabalho que o teor de fenólicos totais nos resíduos de polpa de acerola foi de 247,62±2,08 mg.100g -1 e o de flavonoides 1,06 µg.g -1. Vasco et al. (2009) definiram que produtos com alta concentração de compostos fenólicos seriam aqueles que possuíssem concentração superior a 1000 mg de ácido gálico.100 g -1 enquanto que aqueles com concentração inferior a 100 mg de ácido gálico.100 g -1 são considerados de baixa concentração. Sendo assim, verifica-se que entre esses limites o resíduo utilizado é considerado de concentração intermediária. É bom ressaltar que para a determinação dos teores de fenólicos e flavonoides as sementes foram previamente trituradas o que possibilita a maior remoção destes bioativos, além do que as características de plantio afetam este teor. O ângulo de repouso estático foi determinado como mostra na Figura 2. Foi utilizada uma estrutura metálica onde foi colocada uma superfície de madeira, a qual tinha uma parte móvel. Junto à parte de madeira fixa colocaram-se um transferidor, que permite a leitura do ângulo. Figura 2 - Estrutura para medição do ângulo de repouso estático. O ângulo dinâmico de repouso foi determinado utilizando um tambor rotativo confeccionado em acrílico, com diâmetro e altura iguais a 0,1 m (Figura 3). O tambor foi preenchido até 50% do seu volume o que correspondeu a 0,125 kg de resíduos de acerola, a velocidade rotacional foi de 2,7 rpm e o ângulo dinâmico de repouso foi obtido com resultados de fotografias do experimentos utilizando-se o software ImageJ. Figura 3 - Estrutura para medição do ângulo de dinâmico de repouso. Para o resíduo de acerola foram obtidos valores do ângulo de repouso estático e dinâmico iguais a 48,0±0,18 e 50,5±2,07, respectivamente. Bortolotti (2012) encontrou valores iguais a 40,02±2,25 para o ângulo de repouso estático e 49,29±4,16 para o ângulo de repouso dinâmico. Neste trabalho foi avaliado ainda o efeito da umidade sobre estes parâmetros e constatou-se que não é possível observar variações dos ângulos de repouso em função da umidade dos resíduos. A umidade do resíduo de acerola encontrada foi igual a 83,2 g/100g de amostra úmida. A densidade real obtida por picnometria com gás Hélio foi igual a 1427,47±9,38 kg.m -3, enquanto que a densidade aparente determinada por picnometria com éter de petróleo foi 860,45±10,58 kg.m -3. A porosidade do resíduo de acerola é a responsável por esta diferença. É importante ressaltar ainda, que o material foi seco em estufa à 105 C para a determinação da densidade real, enquanto que para a obtenção da densidade aparente o material estava úmido (in natura). Outras análises para caracterização do resíduo úmido e obtenção de características de forma das partículas foram realizadas em CamSizer-XT, que baseia-se em um processamento de imagem digital com um fluxo dinâmico de partículas. Sendo que:

- x área, que corresponde ao diâmetro da partícula calculado a partir da área projetada, considerando a área equivalente a de um círculo com volume de uma esfera; - x c-min é o diâmetro da partícula de menor extensão obtidos a partir da sua projeção; - x Fe-máx é o maior diâmetro de Feret; - x Fe-min é o menor diâmetro de Feret; - x Ma-min é o diâmetro que divide a área da projeção de partículas em duas metades. - esfericidade é a quão próxima a partícula é de uma esfera, assim, uma esfera ideal possui esfericidade igual a um. - convexidade é a relação entre a área real da projeção de partículas e área convexa de projeção de partículas; - simetria é obtida a partir das medidas das distâncias dos seus centros até as bordas, sendo que partículas assimétricas possuem simetria < 1. - relação b/l que é relação entre x c-min /x Femáx. A Tabela 1 apresenta os resultados da caracterização dos resíduos de acerola em Camsizer para o volume médio (50%). Tabela 1 - Resultados Camsizer para 50% de volume Xc(mm) 8,38 XMartan-min(mm) 7,68 XFe-min(mm) 8,68 XFe-max(mm) 12,95 Xárea(mm) 9,99 b/1 0,658 Convexidade 0,961 Esfericidade 0,586 Simetria 0,863 Quanto ao calor específico, os resultados das análises em DSC mostraram que o valor dele varia muito com o aumento da temperatura, Figura 4. Marques (2008) encontrou resultados semelhantes para a acerola amarela e para a madura. Figura 4 Relação entre o calor específico e a temperatura. CONCLUSÃO Os resultados da caracterização dos resíduos da acerola indicaram a possibilidade de reaproveitamento destes resíduos. Diversos parâmetros como o teor de fenólicos e flavonóides, ácido cítrico e ácido ascórbico, importantes para a saúde humana, foram encontrados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABUD, A. K. S.; NARAIN, N. Incorporação da farinha de resíduo do processamento de polpa de fruta em biscoitos: uma alternativa de combate ao desperdício. Braz. J. FoodTechnol., v. 12, n. 4, p. 257-265, 2009. AOAC.Official Methods of Analysis. As- sociation of Official Analytical Chemists,Gaithersburg, MD, 1995.NONHEBEL, M. A. G. & MOSS, A. A. H. Drying of Solids in the Chemical Industry. Butterworths, Londres, Inglaterra, p. 301, 1971.

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