ESTRUTURAÇAO DO MERCADO DO FEIJÃO CAUPI NO PERÍODO DE 1990 A 2003 PARA O ESTADO DO CEARÁ Sérgio Henrique de Almeida Freitas Júlia Kátia Borgneth Petrus Miguel Henrique da Cunha Filho Verônica Damasceno de Matos RESUMO Dada importância estadual da cultura do feijão caupi, e a carência de dados econométricos sobre o assunto, este estudo procurou especificar e estimar as relações estruturais do mercado cearense de feijão caupi, utilizando o método de equações simultâneas. Foram estimados modelos de demanda e oferta para o feijão caupi no Ceará, para tanto foram utilizados dados do IPECE e do IBGE de 1990 à 2003 e estimados na forma logarítmica por apresentar algumas vantagens sobre o modelo linear como por exemplo o de fornecer direto os resultados das elasticidades. Na demanda de caupi a elasticidade-preço foi 3,36 (demanda elástica); as elasticidades-preço cruzada foram 2,52, 2,48 e 1,69 para o arroz, o feijão carioquinha e a mandioca, respectivamente, mostrando que o arroz é considerado um bem complementar e o feijão carioquinha e a mandioca, são considerados bens substitutos. A elasticidade renda foi de 1,05 mostrando que o caupi é um bem inferior. Na oferta, a elasticidade-preço de 0,37, portanto inelástica. O coeficiente de chuva mostrou-se bastante expressivo na determinação da oferta de caupi, enquanto que a tecnologia, apesar de ter obtido sinal positivo, não pode ser aceito com muita segurança. Conclui-se que as variáveis explanatórias enfocadas (preço feijão caupi, preço feijão carioquinha, preço arroz, preço mandioca, renda, chuva e tecnologia) explicam significativamente a função de demanda e oferta de caupi para o Ceará, conforme os valores obtidos com o coeficiente de determinação que foi de 0,9643 e 0,8871, para demanda e oferta, respectivamente. PALAVRAS-CHAVES Caupi, Demanda, Oferta
INTRODUÇÃO O feijão-de-corda, macassar ou caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.) é uma leguminosa comestível dotada e grande valor energético e protéico, boa capacidade de fixar nitrogênio, pouca exigência de fertilidade do solo, resistente a seca, e possui grande importância socioeconômica para o Brasil, principalmente para o nordeste brasileiro. Constitui-se como um alimento básico para a população consumido na forma de grãos secos ou verdes principalmente às camadas mais carente, do norte e nordeste do Brasil, o mesmo ocorrendo em regiões de outros paises, exercendo assim a função social de suprir as necessidades alimentares dessas camadas mais carente, principalmente em relação a proteína. Para as populações da África, da Ásia, da América Central e do Sul, o feijão é a principal fonte de proteína vegetal na alimentação humana. Nos Estados Unidos é conhecido como feijãosulista e refere-se ao feijão colhido fresco e enlatado para ser consumido como legume. (BURGOS & TALBERT, 1996). Além de ser destinado a dieta humana (16,5% de proteína, 7,5% de calorias, 17,4% de ferro e 7,8% de cálcio), constitui também uma opção de fonte de matéria orgânica para o solo a ser utilizado como adubo verde ou cobertura morta, recuperando solos naturalmente pobres em fertilidades ou esgotados pelo seu uso intenso. Também pode ser utilizado na alimentação animal como fonte de proteína,na forma de feno ou forragem, substituindo a soja, embora seja pouco utilizado com essas finalidades. Originado do continente africano, foi introduzido inicialmente no Brasil pelos portugueses, provavelmente da ilha de Massakar, na Indonésia. Disseminado por todas as regiões do Brasil, encontrou aceitação popular e boas condições de clima e solo para sua adaptação, tendo como habitat as regiões de clima quente (unida ou semi-árida), sendo cultivado predominantemente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. (BEZERRA, 1988). Vários são os paises produtores de caupi no mundo, concentrando-se na África, onde destacamos a Nigéria, Ásia, onde destacamos a Índia e a China e América do Sul, onde o grande destaque é o Brasil, que ocupa a posição de segundo produtor mundial, atrás apenas da Índia, tendo suas áreas de cultivo concentrada nas regiões Norte e Nordeste (FA0). Não tinha importância no comercio mundial, mas estimativas recentes indicam aumento de área, sendo atualmente cultivado em terra de 12,5 milhões de hectares com a cultura, dos quais 64% encontram-se no continente africano, onde a produção de leguminosa nesse continente alcança cifras de 3 milhões de toneladas/ano. A área cultivada com caupi no mundo representa apenas 45% daquela explorada com Phaseolus (FAO). O Ceará destaca-se como maior produtor brasileiro, seguido por Piauí, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte, sendo responsável por 20% do produção total (SILVA, 2002), desempenhando importante papel na produção agrícola cearense, verificando ultimamente uma expansão da área com essa cultura em cultivos comerciais sob o regime de irrigação (SOUZA, 2002). Nos estados do Nordeste brasileiro, mas o Estado do Amazonas, o cultivo representa 95 a 100% do total de áreas cultivadas com o caupi no país (SOUZA, 2002). Como exploração econômica, o feijão caupi contribui com grande parcela da renda familiar nordestina e quando cultivado através da irrigação na entressafra, torna-se uma das explorações mais rentáveis dos agricultores (SENA & BEZERRA, 1991). É amplamente cultivado pelos pequenos produtores, geralmente associados a outras culturas (consorcio) como milho, milheto e sorgo.
É uma cultura que ainda possui baixos rendimentos 300 a 500 kg/há. Possui uma baixa produção (instável) e muito irregular, que se deve principalmente pela forma como é cultivado e o nível tecnológico utilizado. Em anos de boa precipitação pluvial, independente do potencial produtivo da cultivar e do sistema de produção adotado, observa-se um significativo aumento no nível de produtividade da cultura, o contrario se verifica naqueles anos onde a variável climática apresenta-se escassa. Essa baixa e irregular produtividade é divido principalmente a fatores como: solos de baixa fertilidade, temperaturas elevadas, excesso de umidade na época da colheita (as vezes), falta de sementes melhoradas, pragas e doenças. Além deste podemos destacar também utilização de áreas de expansão de fronteiras agrícolas, que são menos favoráveis a exploração; caráter de subsistência, não adotando mínimo de tecnologia disponível; falta de política agrícola que garanta financiamento e aquisição do produto, etc. Em função da instabilidade climática difundi-se muito a mudança do cultivo de sequeiro, para o irrigado que chega a produzir mais de 2000 kg/há, utilizando sementes melhoradas. Desta forma a produção de feijão tende a cada dia mais torna-se uma produção mais estável e produtiva. O presente trabalho, envolvendo a cultura do caupi no Estado do Ceará, teve como objetivo estimar as equações de demanda e oferta de caupi no Estado do Ceará no período de 1990 a 2003, buscando-se analisar as características das mesmas equações. Especificamente, deseja-se analisar a oferta e demanda do caupi, pela variação de seu preço, variação do preço de bens substitutos e complementares (feijão carioquinha, farinha de mandioca, arroz), variação na renda (PIB Per Capita), variação da precipitação (chuva), variação da tecnologia (tendência). Portanto, compreende-se que a analise e quantificação das características da demanda e oferta do caupi, é importante para definição de políticas publicas e para fazer previsões. O conhecimento das reações do mercado a variação de preço do produto e nos preços dos produtos substitutos e/ou complementares, variação da renda, etc, é relevante tanto para o governo quanto para o setor privado. A estimação da função de demanda e oferta gera informações importantes para políticas de preços e para planejamento geral. METODOLOGIA Um trabalho economerico consiste em identificar e estimar estatisticamente o conjunto de relações que mostram o funcionamento de uma parte ou de todo o sistema, objetivando a verificação de teorias econômicas, avaliação de políticas econômicas e previsão de valores futuros de variáveis de natureza econômica. (MATOS, 1997) A curva de demanda nos informa a quantidade que os consumidores desejam comprar para cada preço unitário que tenham de pagar. Ela tem inclinação para baixo, porque os consumidores estão dispostos a comprar quantidades maiores se os preços forem menores, (PINDYCK, 1994). A curva de oferta nos informa que quantidade os produtores estão dispostos a vender para cada preço que possam receber no mercado. Esta curva tem inclinação para cima, porque quanto mais alto for o preço, maior será o numero de empresas aptas e desejosas a produzir e vender. Entretanto, demanda e oferta são também determinadas por outras variáveis além de preço do produto. Foram utilizados dados secundários fornecidos por institutos de pesquisas (IPECE e IBGE), relativos ao período de 1990-2003, corrigidos pelo Índice Geral de Preços de Disponibilidade
Interna da Fundação Getulio Vargas (IGP-DI / FGV), ficando deste modo com a mesma base monetária de abril de 2003 O modelo econometrico proposto para estimar as relações da demanda e oferta de caupi no Ceará, no período de 1990 2003, compõe de 2 equações na forma funcional de loglinear, através do programa computacional Eviews. A equação da demanda foi estimada através de equações simultâneas, sendo composto pelas seguintes variáveis. 1 Quantidade demandada de caupi no Ceará em toneladas/ano; (Qd) 2 Preço do caupi no Ceará em R$/Kg; (Pf) 3 Preço feijão carioquinha no Ceará em R$/Kg; (Pfc) 4 Preço arroz no Ceará em R$/Kg; (Pa) 5 Preço Mandioca no Ceará em R$/Kg; (Pm) 6 PIB Per Capita Ceará em R$. (R) Qd = f (Pf, Pfc, Pa, Pm, R) (1) A equação de oferta de caupi foi estimada através da equações simultâneas, sendo composta pelas seguintes variáveis: 1 Quantidade ofertada de caupi no Ceará em toneladas/ano; (Qs) 2 Preço do caupi no Ceará em R$/Kg, defasado; (Pf (-1)) 3 Precipitação Pluviométrica no Ceará em mm/ano; (C) 4 Avanço tecnológico. (T) Qs= f (Pf(-1), C, T) (2) O modelo de demanda e oferta que se propõe para o Ceará, pressume-se inicialmente que o preço pago aos produtores e a quantidade oferecida serão determinados simultaneamente, através da interseção entre as curvas de demanda e oferta, recebendo a denominação de variáveis endógenas. Já as outras variáveis serão predeterminadas, ou seja, não serão obtidos pela interação das relações do sistema. Qd = α0 α1pf α2pfc α3pa α4pm α5r µ1 (3) Qs = β0 β1pf β2c β3t µ2 (4) As equações acima são equações estruturais, os α e β são parâmetros ou coeficientes estruturais e os µ1 e µ2 são termos aleatórios ou perturbações aleatórias. P e Q são variáveis endógenas no modelo, enquanto que as outras são variáveis exógenas. Podemos caracterizar as variáveis do modelo da seguinte forma: 1 Preço do Caupi: de acordo com as propriedades da demanda espera-se uma relação inversa entre quantidade demandada e a variável preço do produto, ceteris paribus. Já na oferta o raciocínio é oposto, ou seja, maiores preços maior estimulo à oferta o produto, ceteris paribus; 2 Renda Per Capita: ao conservar-se os preços dos bens, juntamente com os gostos e preferências dos consumidores constantes, variando-se a renda obtêm-se a curva de Engel (curva de renda consumo) onde demonstra as quantidades de um bem por unidade de tempo que o consumidor adquirirá aos vários níveis de renda, ceteris paribus (LEFTWICH, 1997). Tratandose de um bem normal ou superior, um acréscimo na renda aumentará a quantidade do produto adquirido. Entretanto, tratando-se de um bem inferior, haverá uma relação inversa entre renda e a quantidade consumida do produto. O PIB Per Capita foi utilizado como indicador de renda; 3 Preço Feijão Carioquinha, Preço Arroz e Preço Mandioca; nestas variáveis tenta-se determinar a elasticidade cruzada da demanda que proporciona uma medida de extensão em que os produtos estão relacionados entre si. Para demanda, caso os produtos forem reciprocamente substitutos, o sinal da elasticidade cruzada entre eles será positivo. Já no caso de produtos serem
complementares espera-se um coeficiente de elasticidade cruzada negativo. Utilizou-se o preço do feijão carioquinha, preço do arroz e preço da mandioca, devido a dieta alimentar do cearense ser a base de feijão, arroz, farinha e carne. 4 Tendência: é uma variável colocada na equação de oferta para captar mudanças tecnológicas ao longo do tempo. A determinação de uma modificação tecnológica no plantio, cultivo ou colheita do caupi, pode ser determinante na mudança da oferta do produto. Pode-se esperar um sinal positivo ou negativo; 5 Preço caupi defasado: espera-se que o preço do caupi defasado afete diretamente a dinâmica do produto. Por exemplo: bons preços no ultimo ano intensificam o plantio, o cultivo e a colheita no ano presente; 6 Chuva: a precipitação pluvial tem a característica de determinar a produtividade do caupi, em anos de boas chuvas o caupi produz sempre mais que anos de seca. Na estimação do modelo econometrico acima se espera que: 1 α0 <, >, = 0; α1 < 0; α2 > 0; α3 > 0; α4 < 0; α5 < 0; 2 β0 <, >, = 0; β1 > 0; β2 > 0; β3 > 0; Mudanças em µ1 proporcionará variações na quantidade demandada, mudando as condições de equilíbrio, isso implica que o preço e quantidade ofertada também modificarão. O mesmo aconteceria a quantidade demandada se houvesse alguma mudança em µ2. Agora, antes da escolha do procedimento de estimação, precisa-se estender a analise em dois sentidos. Primeiro deve-se verificar se o modelo é ou não completo. Diz que um sistema é completo quando o numero de equações é igual ao numero de variáveis endógenas. Portanto, o sistema especificado acima é completo visto que contém duas variáveis endógenas (preço do caupi e quantidade) e duas equações (demanda e oferta). A estimação dos parâmetros estruturais depende da condição de identificação das equações. GUJARATI, 2000 diz que o problema da identificação consiste em sabermos se as estimativas numéricas dos parâmetros estruturais podem ser obtidas dos coeficientes na forma reduzida, onde a solução é chamada forma reduzida do sistema. Identificação refere-se a possibilidade ou não de voltar das equações em forma reduzida para as equações estruturais. Os coeficientes na forma reduzida são obtidos através da equação na forma reduzida, que é estimada com uma variável endógena como função de todas as variáveis exógenas do sistema. Pf = f (Pa, Pfc, Pm, R, C, T ) Qd = Qs Pf (α1 - β1 ) = β0 - α0 - α2pfc - α3pa - α4pm - α5r β2c β3t µ2 - µ1 Pf = δ0 δ1pfc δ2pa δ3pm δ4r δ5c δ6t ν, onde os δsão os coeficientes na forma reduzida pelos quais estimam-se os coeficientes estruturais se as equações forem identificadas. Para ser identificada uma equação deve atender as condições necessárias ou de ordem e suficiente ou de posto: 1 se K > G-1 e rank (II) = G-1 teremos superidentificação; 2 se K = G-1 e rank (II) = G-1 teremos identificação exata; 3 se K < G-1 e rank (II) = G-1 teremos subidentificação. Onde K é o numero de variáveis predeterminadas fora da equação estrutural considerada, G é o numero de variáveis endógenas incluídas na equação estrutural considerada e II é a matriz dos coeficientes estruturais para as variáveis omitidas da g-esima equação, mas incluídas em outras equações estruturais.
Com base nas condições delineadas, a equação de demanda e oferta do modelo recursivo são superidentificadas, demanda (6-4 > 2-1) e oferta (6-3>2-1). Se pelo menos uma das equações do modelo fosse subidentificado, o modelo seria subidentificado, não sendo possível estimar os parâmetros estruturais. Na estimação de uma equação superidentificada pertencente a um sistema geral de equações simultâneas, há vários métodos que levam à estimação consistente dos parâmetros de regressão. O método de estimação mais conhecido e adequado é o dos Mínimos Quadrados em dois Estágios (MQ2E) (KMENTA, 1978). MARTIN & PEREZ (1975) afirmam que a utilização desse método é vantajosa pela facilidade de uso e por ser eficiente na estimação de pequenas amostras. Este método é composto por duas aplicações sucessivas do método dos mínimos Quadrados Ordinários (MQO). No primeiro estagio, estima-se a equação de forma reduzida (um regressor endógeno (Pf) contra todas as variáveis predeterminadas do modelo (Pfc, Pm, Pa, Pm, R, C, T)). No segundo estagio, estima-se a equação estrutural (Qd e Qs), onde os valores ajustados da variável endógena (Pf) serão usados em substituição aos valores de Pf na equação. O coeficiente de determinação bem como as demais estatísticas serão interpretadas usualmente, no caso da equação independente. Neste caso o intervalo de variação do R2 é (0 a 1). A autocorrelação dos resíduos será verificada através do teste de Durbin-Watson. Mas, não são estritamente validos para fazer estimativas com este método, por isso deve ser usada com cautela. Os teste F e t não são estritamente validos no MQ2E. para verificar a significância dos parâmetros, é preciso observar se estes possuem valores absolutos maiores que seus respectivos erros-padrões. Caso contrario os parâmetros não serão significativos. Se o parâmetro for o dobro do seu erro-padrão, em valor absoluto, a sua estimativa é razoavelmente segura. Para detectarmos a existência de multicolinearidade e heteroscedasticidade nas equações do sistema, utilizaremos o teste da matriz de coeficientes de correlação (Dillon) e o teste The Spearman Rank Correlation, respectivamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para analise da oferta e demanda de caupi no Estado do Ceará, foram feitas inúmeras tentativas de regressão, alterando sempre as variáveis e mantendo-se constante o numero de observações. Na seleção das equações de oferta e demanda do caupi ajustadas, levou-se em conta o poder explicativo da regressão, a consistência com a teoria econômica e o nível de significância dos parâmetros. 1 Análise da Equação da Demanda A equação estrutural de demanda de caupi foi devidamente estimada através da forma logarítmica. Utilizando o Eviews 3.0. O coeficiente de determinação múltipla foi da ordem de 0,9820, representando assim um ótimo ajuste. Obtemos um R-Quadrado de 0,9643, mostrando ótimo ajuste entre os dados demonstrados, lembrando que o mesmo pode variar de 0 a 1 e o R-Quadrado Ajustado de 0,9421. Na tabela 1 podemos observar os resultados da regressão.
Tabela 1: Equação de demanda logarítmica do Caupi no Ceará, 1990-2003. Variáveis Coeficientes Erro padrão Stat t Valor P Interseção Ln Preço Caupi Ln Preço Arroz Ln Preço Carioq. Ln Preço Mand. Ln Renda R mult. F D-W 25,828922-3,362136-2,525267 2,485858 1,690352-1,057954 0,982026 43,314577 2,876495 2,736063 0,444778 0,867113 0,647543 0,402065 0,211886 9,440175-7,559134-2,912269 3,838907 4,204173-4,993011 1,30279E-05 6,55163E-05 0,019521 0,004954 0,002979 0,001062 1,39147E-05 Todos os coeficientes de regressão foram significativos e coerentes com a teoria econômica e de acordo com o esperado, e de acordo com a metodologia estes coeficientes são mais que os dobro de seus erros-padrões, desta forma, possuem uma certa segurança. Podemos observar que a elasticidade preço da demanda de caupi, foi igual a 3,36, ou seja, se elevarmos o preço em 100% a quantidade demanda reduzirá em 336%, ceteris paribus. De acordo com esse resultado, para o Estado do Ceará, a demanda por caupi apresenta-se bastante elástica, ou seja, variação percentual na quantidade é maior que a variação percentual no preço. A elasticidade preço cruzada da demanda do caupi em relação ao arroz o sinal de alfa é menor que zero (-2,52), isto implica que o arroz é um bem complementar do caupi, ou seja, quando aumentamos o preço do arroz em 100%, reduziremos a demanda por caupi em 252%, ceteris paribus. Em relação a ao feijão carioquinha e a mandioca, o sinal foi maior que zero (2,48 e 1,69, respectivamente), sendo assim ambos são considerados bens substitutos do caupi, quando aumentamos o preço do carioquinha e da mandioca em 100%, aumentamos a demanda por caupi em 248% e 169%, respectivamente, ceteris paribus. Fato interessante que podemos constatar é que a mandioca na dieta alimentar do cearense sempre foi considerada como um bem complementar e não como substituto como a regressão nos mostrou. Em relação a elasticidade renda da demanda o sinal do coeficiente foi menor que zero (- 1,05), indicando que o caupi é um bem inferior, ou seja, quando aumentamos a renda em 100%, reduzimos a quantidade demandada por caupi em 105%, ceteris paribus. Isso pode ser explicado também pelo fator do consumidor cearense consumir caupi em quantidade superior (21,8Kg/anos) a media nordestina (15,9Kg/anos), e também pelo fato do cearense gastar até 39% a mais da sua renda com a consumo de caupi se comparado com o nordeste. Todos os testes para detectar violação dos pressupostos foram realizados. Pela matriz de coeficiente de correlação percebemos que não existe multicolinearidade, pois nenhum coeficiente apresentou valor superior a 0,8 (Dillon). Com relação ao pressuposto da variância constante dos erros E(EiEj) = ϕ2, i = j, foi aceita a hipótese de homoscedasticidade. O teste de Durbin Watson apresentou um coeficiente de 2,37, sendo inconclusivo.
2 Análise da equação da oferta A equação estrutural de oferta de caupi foi devidamente estimada através da forma logarítmica. utilizando o Eviews 3.0. O coeficiente de determinação múltipla foi da ordem de 0,9418, representando assim um ótimo ajuste. Obtemos um R-Quadrado de 0,8871, mostrando bom ajuste entre os dados demonstrados, lembrando que o mesmo pode variar de 0 a 1 e o R-Quadrado Ajustado de 0,8533. Na tabela 2 podemos observar os resultados da regressão. Tabela 2: Equação de oferta logarítmica do Caupi no Ceará, 1990-2003. Variáveis Coeficientes Erro padrão Stat t Valor P Interseção Ln Preço Caupi Ln Chuva Ln Tendencia R mult. F D-W -0,303972 0,375974 1,78857818 0,03475342 0,941895 26,20865 1,5358 1,425777 0,166703 0,2190430 0,0852277-0,213197 2,255356 8,165418 0,407771 0,835456494 0,047743505 9,83809E-06 0,6920347 4,7123E-05 Todos os coeficientes de regressão foram coerentes com a teoria econômica e de acordo com o esperado, mas a tendência apresentou um nível de significância acima do esperado, além de ser maior que seu erro-padrão. Em relação ao outros coeficientes, todos são mais que o dobro do seu erro padrão e de acordo com a metodologia tem uma certa segurança. O coeficiente de elasticidade preço da oferta foi igual a 0,3759, significando que um aumenta de 100% no preço do bem, ocasionará uma aumento de 37,59% na quantidade ofertada do mesmo, ceteris paribus. Para o coeficiente da chuva,podemos observar que o sinal foi positivo, de acordo como esperado e foi o que apresentou o maior coeficiente (1,788) e o menor valor de P (9,83E-06), mostrando que a oferta de caupi no Estado do Ceará, tem como principal determinante a quantidade de chuva (mm). Podemos constatar esse fator simplesmente pela observação dos dados, pois em anos com boa precipitação pluvial a produção do caupi foi sempre boa, enquanto que em anos se baixa precipitação a produção também foi baixa. Para variável tendência o coeficiente tem o sinal positivo, de acordo com o esperado (0,347), mas não é significativo, pois tem um valor de P muito alto (0,692), maior que 5%. Isso pode ser explicado pelo fator do caupi ser produzido em sua grande maioria por pequenos agricultores, que desconhecem as tecnologias existente para produção do caupi, e se as conhecem não utilizam da forma mais adequada. Todos os testes para detectar violação dos pressupostos foram realizados. Pela matriz de coeficiente de correlação percebemos que não existe multicolinearidade, pois nenhum coeficiente apresentou valor superior a 0,8 (Dillon). Com relação ao pressuposto da variância constante dos erros E(EiEj) = ϕ2, i = j, foi aceita a hipótese de homoscedasticidade. O teste de Durbim Watson apresentou um coeficiente de 1,53, sendo inconclusivo.
CONCLUSÃO Os resultados alcançados com a analise do modelo de demanda e oferta de caupi no Ceará, destacaram que as variáveis testadas: Produção de Caupi, Preço do Caupi, Preço feijão carioquinha, Preço da Mandioca, Preço do Arroz, Renda, Chuva e Tendência, cumprem o papel de destaque como indicadores do comportamento da cultura, para fins de tomada de decisão dos empreendedores. Em relação as elasticidades preço da demanda, podemos constatar que o mesmo possui demanda elástica (-3,36); em relação a elasticidade cruzada da demanda podemos concluir que o arroz é um bem complementar (-2,52) e a mandioca (1,69) e o feijão carioquinha (2,48), são bens substitutos; enquanto que em relação a elasticidade renda da demanda, trata-se de um bem inferior (-1,05). A oferta de caupi mostrou-se inelástica em relação ao seu preço. Deste modo aumentos dos preço resultarão em aumenta na quantidade ofertada, mas em proporções menores. Para a variável chuva, podemos concluir que é o fator determinante na oferta de caupi para o Ceará, pois é em anos de boa precipitação, onde a oferta do produto aumenta consideravelmente, enquanto que em anos de baixa precipitação,o mesmo ocorre com a oferta. Quanto a tendência (indicador de tecnologia), apesar do coeficiente ser positivo (0,034), não possui confiabilidade, pois apresenta seu erro-padrão, maior que o coeficiente e um valor de P de 69%, ou seja, quase 70% de se cometer um erro aceitando-o. Finalmente pode-se concluir que as variáveis explanatórias enfocadas, explicam significativamente a variação na demanda e oferta de caupi, diante do valor obtido com o coeficiente de determinação de 0,9643 e 0,8871, respectivamente.
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