MUCOCELES CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO MUCOCELES CONTRIBUTION TO THE STUDY

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MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 981 MUCOCELES CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO MUCOCELES CONTRIBUTION TO THE STUDY Paulo Ricardo Saquete MARTINS FILHO * Liliane Poconé DANTAS ** Marta Rabello PIVA *** Luiz Carlos Ferreira da SILVA **** Clóvis MARZOLA ***** * Mestrando em Ciências da Saúde pelo Núcleo de Pós-Graduação em Medicina da Universidade Federal de Sergipe. Professor Substituto da Disciplina de Patologia Bucal do Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Sergipe. Campus da Saúde Prof. João Cardoso Nascimento Júnior Departamento de Odontologia, Rua Cláudio Batista s/n, Bairro Sanatório, CEP 49060-100, Aracaju, Sergipe. E-mail: saqmartins@hotmail.com / saqmartins@yahoo.com.br ** Cirurgiã-Dentista Graduada pela Universidade Federal de Sergipe *** Doutora em Patologia Bucal pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professora Adjunta da Universidade Federal de Sergipe. **** Doutor em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial pela Universidade de Pernambuco. Professor Adjunto da Universidade Federal de Sergipe. ***** Professor Titular de Cirurgia da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP, Aposentado. Professor dos Cursos de Especialização e Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da APCD Regional de Bauru e do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia BMF e Hospital de Base da Associação Hospitalar de Bauru.

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 982 RESUMO Introdução: Mucoceles são lesões orais que resultam da injúria ou obstrução do ducto de uma glândula salivar menor. São poucos os estudos clinicopatológicos feitos no Brasil a respeito do assunto. Objetivo: Avaliar as características clinicopatológicas de mucoceles da cavidade oral. Material e Método: Estudo retrospectivo de 37 casos de mucocele diagnosticados no Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Sergipe no período de Janeiro de 2000 a Junho de 2008. As variáveis clínicas estudadas foram obtidas dos prontuários dos pacientes e os padrões microscópicos através da análise do arquivo de lâminas. O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para verificação da distribuição normal das variáveis estudadas. Nas variáveis que não apresentaram distribuição normal, o teste não-paramétrico Mann-Whitney foi usado e, nas variáveis que apresentaram normalidade, o teste de Student. Resultados: Dos 37 casos estudados, 22 pertenciam a pacientes do gênero feminino e 15 ao masculino. A média de idade do diagnóstico foi 22,9±17 anos, não havendo diferença estatística entre homens e mulheres. Em 76% dos casos o lábio inferior foi acometido, com média de idade de 17,92±9,63 anos; lesões em outras localizações anatômicas foram menos comuns, tendo como média de idade dos pacientes 38,55±25,10 anos. Mais de 90% dos casos foram diagnosticados microscopicamente como fenômenos de extravasamento de muco. Conclusão: As lesões em lábio inferior ocorrem preferencialmente em pacientes jovens, se comparadas às lesões em outras localizações anatômicas. Em todos os casos, não há predileção por gênero e o padrão microscópico mais comum é o fenômeno de extravasamento de muco. ABSTRACT Background: Mucoceles are oral lesions that results from the injury or obstruction of a minor salivary gland. There are few clinic pathological studies in Brazil about the subject. Objectives: The aim of this study was to analyze the clinic pathological characteristics of oral mucoceles. Material and Method: Retrospective study of 37 cases of mucocele diagnosed at the Department of Dentistry of the Federal University of Sergipe, Brazil during the period from January 2000 to June 2008. The clinical variables were obtained from medical records of patients and microscopical pattern through the analyses from the filled slides. Shapiro-Wilk test was used to verify the normal distribution of the studied variables. Mann-Whitney test was used to compare medians of non-normal distribution. For normal distribution, Student test was used. Results: From the 37 cases studied, 22 belonged to female patients and 15 to male ones. The average age of diagnosis was 22.9 ± 17years, with no statistical difference between men and women. In 76% of cases the lower lip was affected, with an average age of 17.92 ± 9.63years; lesions in other anatomic locations were less common, with the average age of patients 38.55 ± 25.10years. More than 90% of cases were microscopically diagnosed as mucous extravasation phenomenon. Conclusion: Lesions in the lower lip preferentially occur in young patients, compared to lesions in other anatomic locations. In all cases, there is no predilection for sex and the most common microscopical pattern is the mucous extravasation phenomenon.

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 983 Unitermos: Mucocele; Rânula; Cavidade oral. Uniterms: Mucocele; Ranula; Oral cavity. INTRODUÇÃO Mucoceles são as lesões mais comuns das glândulas salivares menores e caracterizam-se tipicamente como um aumento de volume translúcido ou levemente azulado sob a mucosa afetada. O lábio inferior é o local de maior envolvimento, havendo forte associação com histórias de traumatismo na região, seja ele agudo ou crônico. Estas lesões podem ser classificadas, microscopicamente, em mucoceles de extravasamento e de retenção de muco, dependendo da presença de revestimento epitelial (HARRISON, 1975). São poucos os estudos clinicopatológicos feitos no Brasil a respeito do assunto. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar as características clinicopatológicas de mucoceles da cavidade bucal diagnosticadas no Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Sergipe no período de Janeiro de 2000 a Junho de 2008. MATERIAL E MÉTODOS Estudo de caráter retrospectivo de 37 casos de mucocele da cavidade oral diagnosticados no Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Sergipe no período de Janeiro de 2000 a Junho de 2008. As variáveis clínicas estudadas como a idade, gênero e a localização das lesões, foram obtidas dos prontuários dos pacientes. A classificação das mucoceles em fenômenos de extravasamento de muco ou retenção de muco (HARRISON, 1975) ocorreu após a revisão das lâminas coradas em hematoxilina e eosina (H.E.) arquivadas no Serviço de Patologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe. Para a análise da amostra, empregou-se o cálculo da média e desvio padrão das variáveis estudadas. Inicialmente, foi testada a normalidade para as variáveis através do teste de Shapiro-Wilk. Nas variáveis que não apresentaram distribuição normal, o teste não-paramétrico Mann-Whitney foi usado e, nas variáveis que apresentaram normalidade, o teste de Student. Os dados coletados foram analisados através do programa estatístico SPSS (Statistical Package for Social Science), versão 13.0. O nível de significância adotado foi de p<0,05. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe com o número 0075.0.107.000-08. RESULTADOS A idade de diagnóstico variou de 05 a 71 anos (média 22,9±17), sendo a maior prevalência observada na segunda década de vida. Do total de lesões, 15 foram observadas em pacientes do sexo masculino e 22 no feminino, com uma proporção aproximada homem/mulher de 2:3 (Tabela 1). De acordo com o teste de Shapiro-Wilk, a idade dos pacientes com que as lesões foram diagnosticadas não tem distribuição normal tanto para pacientes do sexo feminino quanto para o masculino. Através do teste de Mann-

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 984 Whitney, não foi observada diferença estatística entre as médias de diagnóstico para os dois sexos (Tabela 2). No que se refere à localização anatômica, verificou-se que o lábio inferior foi a região mais afetada, seguido da mucosa jugal, ventre da língua, assoalho bucal e zona retromolar. Nenhum caso foi observado na mucosa palatina e no lábio superior (Tabela 3). Tabela 1. Faixa etária e sexo dos pacientes acometidos. Faixa Etária Sexo Total Feminino Masculino 0 10 05 03 08 10 20 09 06 15 20 30 04 02 06 30 40 02 01 03 40 50-01 01 50 60 01-01 60 70-02 02 + 70 01-01 Total 22 15 37 Tabela 2. Teste de normalidade e de Mann-Whitney para comparação das médias de idade de diagnóstico entre pacientes do sexo feminino e masculino. Sexo Idade Shapiro-Wilk Mann-Whitney Média Desvio Padrão Feminino (n=22) 20,8 15,8 0,0007 0,299 Masculino (n=15) 26,1 18,8 0,0125 Tabela 3. Localização das mucoceles. Localização Freqüência absoluta Freqüência relativa Lábio inferior 28 76% Mucosa jugal 04 11% Ventre lingual 02 5% Assoalho bucal 02 5% Retromolar 01 3% Total 37 100% A idade de diagnóstico para as lesões de lábio inferior teve uma distribuição normal segundo o teste de Shapiro-Wilk, o mesmo sendo observado quando as lesões foram agrupadas para outras localizações anatômicas. Através do teste Student, verificamos diferença estatística entre a média de idade de diagnóstico das lesões de lábio inferior e das lesões em outras localizações anatômicas (Tabela 4 e Gráfico 1).

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 985 Tabela 4. Teste de normalidade e de Student para comparação das médias de idade de diagnóstico de acordo com a localização anatômica. Localização Idade Shapiro-Wilk Student Média Desvio Padrão Lábio inferior (n=28) 17,92 9,63 0,0547 0,0008 Outros sítios (n=9) 38,55 25,10 0,2294 Gráfico 1. Box Plot. Idade x localização. Quanto aos tipos microscópicos, verificou-se maior prevalência de mucoceles do tipo extravasamento de muco (92%). Os três casos diagnosticados como fenômenos de retenção de muco foram observados em pacientes do gênero feminino, embora não tenha havido predileção por faixa etária e localização (Tabela 5). Tabela 5. Casos classificados histologicamente como fenômenos de retenção de muco. Localização Idade Sexo Assoalho bucal 32 Feminino Lábio inferior 16 Feminino Mucosa jugal 51 Feminino DISCUSSÃO Análise Clínica Mucoceles são lesões que ocorrem em regiões da cavidade oral onde há a presença de glândulas salivares. O lábio inferior é a região anatômica de maior envolvimento, provavelmente devido à alta incidência de trauma mecânico na região. Vários pacientes relatam história de mordedura crônica do

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 986 lábio, hábito de sucção ou alguma outra manobra parafuncional. Pacientes jovens são preferencialmente envolvidos e não há uma clara predileção por sexo (Tabela 6). Tabela 6. Principais características clínicas das mucoceles orais, de acordo com a literatura consultada. Autores Nº de Casos Local Mais Prevalente Faixa Etária Mais Acometida Sexo Mais Acometido BHASKAR et al., (1956) 19 Lábio inferior (58%) Não relatada Não relatado CHAUDRY et al., (1960) 66 Lábio inferior (68%) 21-30 anos Sem predileção ROBINSON, HANSEN (1964) 125 Lábio inferior (52%) 11-20 anos Sem predileção COHEN (1965) 80 Lábio inferior (65%) 21-30 anos Masculino HARRISON (1975) 55 Lábio inferior (60%) 11-20 anos Sem predileção OLIVEIRA et al., (1993) 112 Lábio inferior (68%) 11-20 anos Sem predileção Nossos achados se assemelham aos observados na literatura quanto ao local de maior prevalência e a faixa etária mais acometida, embora a frequência de mucoceles presentes no lábio inferior tenha sido maior que a dos trabalhos estudados (76%). Entretanto, o dado demográfico destoante do observado na literatura foi o gênero mais acometido, uma vez que houve predileção de 60% dos casos pelas mulheres. As lesões diagnosticadas no lábio inferior tiveram maior prevalência em pacientes mais jovens, quando comparadas ao conjunto de lesões em outras localizações anatômicas. É consenso que o trauma mecânico por mordedura seja o principal fator associado ao desenvolvimento de mucoceles no lábio inferior; assim, o fato das taxas de edentulismo aumentarem consideravelmente após a quarta década de vida poderia contribuir para que a incidência de lesões nessa localização anatômica diminuísse a partir dessa época. Isso também pode levar a supor que outros fatores etiológicos, como a obstrução do ducto ou outros tipos de traumatismos mecânicos, poderiam estar envolvidos no desenvolvimento de mucoceles nas demais localizações anatômicas em pacientes mais velhos. A mucosa jugal foi o segundo local de maior acometimento, com aproximadamente 11% dos casos. Frequências semelhantes foram observadas (BHASKAR; BOLDEN; WEINMANN, 1956 a; CHAUDRY; REYNOLDS; LACHAPELLE et al., 1960; ROBINSON; HANSEN, 1964 e COHEN, 1965). Foi relatada uma prevalência de 16% de mucoceles (HARRISON, 1975), enquanto outros autores observaram valores menores, próximos a 6% (OLIVEIRA; CONSOLARO; FREITAS, 1993). É provável que a mucosa jugal seja um dos locais de maior prevalência em decorrência da alta exposição a fatores traumáticos, especialmente o de mordedura crônica da região. Entretanto, nenhum trabalho que relacionasse a presença de mucoceles na mucosa jugal e hábitos de mordedura foi encontrado na literatura. Os mucoceles presentes no assoalho bucal, também conhecidos como rânulas, podem ter origem nas glândulas salivares menores ou maiores da região, tanto decorrentes de um fator traumático ou por obstrução dos ductos. No

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 987 que concerne às lesões localizadas na língua, a ocorrência é quase exclusiva na superfície ventral onde as glândulas de Blandin-Nuhn estão presentes. Do total de 457 mucoceles estudados (BHASKAR; BOLDEN; WEINMANN, 1956 a; CHAUDRY; REYNOLDS; LACHAPELLE et al., 1960; ROBINSON; HANSEN, 1964; COHEN, 1965; HARRISON, 1975 e OLIVEIRA; CONSOLARO; FREITAS, 1993), uma taxa global de prevalência de 10% e 6% para lesões no assoalho bucal e língua, respectivamente, foi observada. Apesar de não ser uma lesão tão frequente, a mucocele de assoalho bucal parece ser uma das mais importantes, uma vez que pode adquirir grandes proporções e comprometer as funções de fonação, mastigação, deglutição e respiração dos pacientes. No que se refere aos dados demográficos, foi observado após análise de 580 lesões, que a maioria dos casos ocorre na segunda, terceira e quarta décadas de vida, com uma leve predileção pelo gênero feminino, corroborando com os casos diagnosticados em nosso estudo (ZHAO; JIA; CHEN et al., 2004). Referente às lesões de língua, notou-se que entre 26 mucoceles de Blandin-Nuhn que a maioria dos casos pertencia ao gênero feminino e encontravam-se nas duas primeiras décadas de vida (JINBU; KUSAMA; ITOH et al., 2003). Relatos semelhantes quanto à faixa etária acometida foram constatados (SUGERMAN; SAVAGE; YOUNG, 2000 e DANIELS; AL BAKRI, 2005), entretanto, nos trabalhos apresentados não houve uma clara predileção por gênero. Apesar dos dois casos analisados neste estudo obedecerem a esse mesmo padrão etário, os pacientes envolvidos pertenciam ao gênero masculino. É raríssima a presença de mucoceles na região retromolar. Os trabalhos consultados não reportaram frequências acima de 3%. Em 2007 foi relatado um caso de mucocele com 1 cm de diâmetro na região retromolar de uma paciente com 54 anos de idade (NARITA; NAKAGAWA; HIRAMOTO et al., 2007). Em nossa casuística, apenas 01 caso foi encontrado, pertencente a um paciente do gênero masculino com 69 anos de idade. Lesões na gengiva, palato e lábio superior não foram encontradas. A prevalência dessas lesões em trabalhos variou de 0 a 5%, caracterizando esses sítios anatômicos como de rara ocorrência (BHASKAR; BOLDEN; WEINMANN, 1956 a; CHAUDRY; REYNOLDS; LACHAPELLE et al., 1960; ROBINSON; HANSEN, 1964; COHEN, 1965 e HARRISON, 1975). Casos de múltiplos mucoceles superficiais localizados nessas regiões foram reportados (MANDEL; BAURMASH, 1957; TAL; ALTINI; LEMMER, 1984; EVESON, 1988 e BERMEJO; AGUIRRE; LOPEZ et al., 1999), sendo necessária a realização de diagnóstico diferencial com algumas doenças como o penfigóide benigno de mucosa. No departamento onde foi realizada a pesquisa, nenhum caso semelhante foi verificado. Análise Microscópica Os mucoceles eram considerados lesões resultantes da obstrução de um ducto excretor (THOMA, 1954). Entretanto, alguns estudos posteriores acabaram demonstrando que a ligadura dos ductos excretores de ratos e camundongos não cursava com a formação de lesões, mas sim em atrofia do

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 988 ácino, desaparecimento dos grânulos secretores, fibrose intersticial e adenite (BHASKAR; BOLDEN; WEINMANN, 1956 a). Em estudo realizado (BHASKAR; BOLDEN; WEINMANN, 1956 b), foi observada formação de mucoceles semelhantes às observadas em humanos após produção de traumas dos ductos excretores de ratos e camundongos. Todas as lesões removidas eram circundadas por tecido conjuntivo e não por epitélio. A partir daí, postulou-se que os mucoceles aparentemente produzidos pelo trauma do ducto excretor eram decorrentes do escape de saliva para o tecido conjuntivo. Foi demonstrado em cortes microscópicos o defeito do sistema ductal e a saliva extravasada circundada por tecido conjuntivo repleto de células inflamatórias, especialmente plasmócitos e linfócitos (BOLDEN, 1957). Assim, esse autor sugeriu a seguinte sequência de eventos para a formação das mucoceles: (1) trauma com injúria do ducto; (2) escape de saliva para o tecido conjuntivo; (3) acúmulo de saliva no tecido; (4) aumento de volume localizado (diagnosticado clinicamente como mucocele); (5) compressão do tecido adjacente (ductos, ácinos, tecido conjuntivo e epitélio oral); (6) produção de uma adenite obstrutiva secundária à compressão dos ductos adjacentes. A presença de revestimento epitelial parcial ou total, ao redor da saliva extravasada parece ser algo bastante incomum, como demonstrado por vários trabalhos (BHASKAR; BOLDEN; WEINMANN, 1956 a) (Tabela 7). Tabela 7. Presença de revestimento epitelial, de acordo com a literatura consultada. Autores Nº de Casos Presença de Revestimento Epitelial Frequência absoluta Frequência relativa BHASKAR et al., (1956) 19 - - CHAUDRY et al., (1960) 66 10 15% ROBINSON, HANSEN (1964) 125 22 18% COHEN (1965) 80 07 9% HARRISON (1975) 55 10 22% OLIVEIRA et al., (1993) 112 08 7% Apesar dos trabalhos terem sugerido o trauma do ducto excretor como o principal fator causal para a formação de mucoceles, foi ainda sugerido que, em alguns casos, a obstrução parcial do ducto excretor por um sialolito ou causas extraluminais pode produzir distensão do ducto e então sua ruptura, com subsequente escape de muco para o tecido conjuntivo formando o mucocele (CHAUDRY; REYNOLDS; LACHAPELLE et al., 1960). Em 1965, Os mucoceles foram classificados microscopicamente em cistos de extravasamento de muco e em cistos de retenção de muco (COHEN, 1965). A primeira seria resultado do extravasamento da saliva para o tecido conjuntivo, podendo ou não estar envolta por tecido de granulação. A segunda caracteriza-se pela presença de revestimento epitelial ao redor da saliva em continuação com o ducto. Segundo o autor, o trauma do ducto excretor das glândulas salivares, resultando na sua ruptura e extravasamento de saliva, é provavelmente o mais importante fator causal na produção de uma mucocele. A alta frequência de lesões no lábio inferior talvez possa ser explicada pela grande susceptibilidade da região a traumas, especialmente o de mordedura. Entretanto,

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 989 se há obstrução parcial do fluxo mucoso e a pressão no interior do ducto aumenta gradativamente, o ducto poderá se dilatar e o seu epitélio poderá se proliferar, resultando em um cisto de retenção de muco. Entretanto afirmaram ainda outros autores que a baixa frequência de mucoceles revestidos por epitélio pode ser explicada pela pouca elasticidade das estruturas ductais por conter um acúmulo exagerado de secreção (OLIVEIRA; CONSOLARO; FREITAS, 1993). Em pacientes mais velhos, provavelmente devido a uma menor produção de saliva e a uma diminuição do seu fluxo, há uma maior tendência para a ocorrência de mucoceles de retenção de muco, como já havia demonstrado (HARRISON, 1975). Outros autores ainda detectaram a ocorrência de cálculo nas glândulas salivares menores em indivíduos com mais de 40 anos, o que poderia representar o principal fator etiológico para a formação de mucoceles nesta idade (JENSEN; HOWELL; RICK et al., 1979). Entretanto, os mucoceles de retenção de muco neste estudo, apesar do baixo número, não ocorreram com predileção por alguma faixa etária e, nos cortes microscópicos, não foram detectados sinais da presença de cálculos salivares (Fig. 1). Fig. 1. Fenômeno de retenção de muco. A saliva é revestida pelo epitélio do ducto excretor. Nesses casos, o fenômeno pode ser considerado um cisto de retenção de muco. O mesmo não foi observado em relação aos mucoceles de extravasamento, que compreenderam aproximadamente 92% da amostra sendo mais prevalentes nas três primeiras décadas de vida. O processo fisiopatológico para a formação desse fenômeno foi mais bem explicado (SHAREEF; AL- SALIHI; SAMSUDIN et al., 2005), segundo os quais a saliva extravasada é primeiramente circundada por células inflamatórias e depois por um tecido de granulação composto principalmente de fibroblastos. O muco extravasado parecia induzir uma reação inflamatória como já havia sido afirmado, em que massas de macrófagos apareciam e depois tecido fibroso era depositado (HARRISON,

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 990 1975). Embora não exista revestimento epitelial circundando a mucina, uma vez que o ducto foi rompido, este se torna encapsulado por tecido de granulação e o fenômeno acaba sendo categorizado como um pseudocisto ou falso cisto (Fig. 2). Desta forma, não é recomendável classificar os mucoceles de extravasamento de muco como lesões císticas conforme se preconizava décadas atrás. Fig. 2. Fenômeno de extravasamento de muco. A saliva é extravasada em decorrência do rompimento do ducto excretor (chave pontilhada), sendo circundada por tecido de granulação. O variante extravasamento de muco também é vista com maior frequência em lesões de assoalho bucal (WHITLOCK; SUMMERSGILL, 1962; COHEN, 1965; ZHAO; JIA; CHEN et al., 2004). Foi também sugerido que, em estágios iniciais, a parede cística da rânula é revestida por células colunares ou cuboidais derivadas do epitélio ductal ou acinar (MANDEL; BAURMASH, 1957). À medida que a lesão progride, poderá ocorrer degeneração ou hiperplasia desse revestimento epitelial. As mudanças degenerativas são reflexos da presença do tecido de granulação que se forma ao redor da saliva e a hiperplasia por uma mudança do epitélio escamoso estratificado. A presença de revestimento epitelial em 05 casos de mucoceles em assoalho de boca de um total de 08 diagnosticados foi relatada (HARRISON, 1975). Na casuística apresentada, dos dois casos diagnosticados, um foi classificado como fenômeno de extravasamento de muco e, o outro como cisto de retenção de muco. No que se refere aos mucoceles de Blandin-Nuhn, a literatura consultada (SUGERMAN; SAVAGE; YOUNG, 2000 e JINBU; KUSAMA; ITOH et al., 2003) revela que 100% dos casos diagnosticados referem-se a fenômenos de extravasamento de muco. Entretanto, em uma série de 05 casos clínicos, foi descrito um caso diagnosticado microscopicamente como um cisto de retenção de muco em uma criança com 06 anos de idade (DANIELS; AL BAKRI, 2005). Neste estudo, os dois casos observados foram diagnosticados

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 991 microscopicamente como fenômenos de extravasamento de muco, concordando com os trabalhos pesquisados. Em relação aos aspectos microscópicos de mucoceles em mucosa jugal, uma descrição um pouco mais detalhada foi observada em um trabalho (HARRISON, 1975), em que, dos 09 casos diagnosticados na região, 04 eram cistos de retenção de muco. Nos achados da presente pesquisa, 01 caso localizado na mucosa jugal foi classificado dessa maneira. CONCLUSÕES De acordo com os achados, pode-se concluir que as lesões no lábio inferior ocorrem preferencialmente em pacientes jovens, se comparadas às lesões em outras localizações anatômicas. Em todos os casos, não há predileção por gênero e, o padrão microscópico mais comum é o fenômeno de extravasamento de muco. Os fenômenos de extravasamento de muco não devem ser referidos como lesões císticas, uma vez que não há revestimento epitelial circundando a lesão. REFERÊNCIAS * BERMEJO, A.; AGUIRRE, J. M.; LOPEZ, P. et al., Superficial mucocele: report of 4 cases. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol., Oral Radiol., Endod., v. 88, p. 469-72, 1999. BHASKAR, S. N.; BOLDEN, T. E.; WEINMANN, J. P. Pathogenesis of mucoceles. J. dent. Res., v. 35, p. 863-74, 1956 a. BHASKAR, S. N.; BOLDEN, T. E.; WEINMANN, J. P. Experimental obstructive adenitis in the mouse. J. dent. Res., v. 35, p. 852-62, 1956 b. BOLDEN, T. E. Pathogenesis of mucoceles. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol., v. 10, p. 310, 1957. CHAUDRY, A. P.; REYNOLDS, D. H.; LACHAPELLE, C. F. et al., A clinical and experimental study of mucocele (Retention cyst). J. dent. Res., v. 39, p. 1253-62, 1960. COHEN, L. Mucoceles of the oral cavity. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol., v. 19, p. 365-72, 1965. DANIELS, J. S. M.; AL BAKRI, I. M. Mucocele of lingual glands Blandin and Nuhn: a report of 5 cases. Saudi dent. J., v. 17, p. 154-61, 2005. EVESON, J. W. Superficial mucoceles: Pitfall in clinical and microscopic diagnosis. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol., v. 66, p. 318-22, 1988. HARRISON, J. D. Salivary mucoceles. Oral Surg., v. 39, p. 268-78, 1975. JENSEN, J. L.; HOWELL, F. V.; RICK, G. M. et al., Minor salivary gland calculi: a clinico-pathologic study of forty-seven new cases. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol., v. 47, p. 47-50, 1979. JINBU, Y.; KUSAMA, M.; ITOH, H. et al., Mucocele of the glands of Blandin- Nuhn: clinical and histopathologic analysis of 26 cases. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol., v. 95, p. 467-70, 2003. MANDEL, L.; BAURMASH, H. Ranulae. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol., v. 10, p. 567-74, 1957. * De acordo com as normas da ABNT.

MUCOCELES - CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO 992 NARITA, M.; NAKAGAWA, K.; HIRAMOTO, K. et al., A case of mucous cyst in the lingual retromolar region. J. oral Maxillofac. Surg., v. 65, p. 1253-5, 2007. OLIVEIRA, D. T.; CONSOLARO, A.; FREITAS, F. J. G. Histopathological spectrum of 112 cases of mucocele. Braz. dent. J., v. 4, p. 29-36, 1993. ROBINSON, L.; HANSEN, E.H. Pathologic changes associated with mucous retention cysts of minor salivary glands. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol., v. 18, p. 191-205, 1964. SHAREEF, B. T.; AL-SALIHI, K. A.; SAMSUDIN, A. R. et al., Histopathology and ultrastructural features in mucous extravasation phenomenon: report of a case. Braz. J, oral Sci., v. 4, p. 749-52, 2005. SUGERMAN, P. B.; SAVAGE, N. W.;YOUNG, W. G. Mucocele of the anterior lingual salivary glands (glands of Blandin and Nuhn): Report of 5 cases. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol., Oral Radiol., Endod., v. 90, p. 478-82, 2000. TAL, H.; ALTINI, M.; LEMMER, J. Multiple mucous retention cysts of the oral mucosa. Oral Surg., v. 58, p. 692-5, 1984. THOMA, K. H. Oral. Pathology. 4th ed. St. Louis: C. V. Mosby Co., 1954. WHITLOCK, R. I. H.; SUMMERSGILL, G. B. Ranula with cervical extension. Oral Surg., v. 15, p. 1163-73, 1962. ZHAO, Y. F.; JIA, Y.; CHEN, X. M.; ZHANG, W. F. Clinical review of 580 ranulas. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol., Oral Radiol., Endod., v. 98, p. 281-7, 2004. o0o