TRATAMENTO DE EMULSÃO ÁGUA/ÓLEO POR ELETROFLOTAÇÃO UTILIZANDO ELETRODOS INERTES DE GRAFITE E ADSORÇÃO COM CARBONO ATIVADO

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Transcrição:

TRATAMENTO DE EMULSÃO ÁGUA/ÓLEO POR ELETROFLOTAÇÃO UTILIZANDO ELETRODOS INERTES DE GRAFITE E ADSORÇÃO COM CARBONO ATIVADO R. M. M. LIMA 1, M. F. C. de OLIVEIRA 2, R. M. FROTA 3 e M. L. M. LIMA 4 1 Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Química 2 Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Química 3 Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Química 4 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Departamento de Química e Meio Ambiente E-mail para contato: ruthmaria.ufc@gmail.com RESUMO O objetivo do trabalho foi analisar a eficiência do processo de eletroflotação com eletrodos inertes de grafite no tratamento de emulsão sintética água/óleo com o mínimo de insumos químicos, visando o tratamento de efluentes e o reuso da água. No processo utilizou-se corrente contínua de 12V e 1,2A para a desestabilização da emulsão e eletrólise da água. Como eletrólito suporte utilizou-se Na2SO4 0,15 mol/l, escolhido por ser um eletrólito forte e, nas condições aplicadas, não sofrer decomposição, evitando a formação de outros pares redox, que poderiam nterferir no sistema estudado. Após eletrólise a solução sofreu tratamento adsortivo com carbono ativado para a remoção de turbidez e do agente emulsificante. Com base nos ensaios realizados pode se afirmar que o processo de eletroflotação é uma alternativa promissora para o tratamento de efluentes com emulsão água/óleo. A eficiência média do processo foi de 96%, com total remoção de turbidez, mostrando-se economicamente viável e ambientalmente correto. 1. INTRODUÇÃO A água é um fator essencial para a sobrevivência e o crescimento da população terrestre e indispensável para o desenvolvimento econômico de cada localidade, seja por meio de atividades industriais ou agropecuárias. Por esse motivo ela caracteriza-se como um bem de importância global. Porém, o ineficaz sistema de tratamento de água e consequentemente o descarte de esgotos não tratados nos corpos de água e a falta de conscientização ambiental da população mundial, governantes e empresários reflete na degradação dos recursos hídricos (TELLES, COSTA, 2007), um dos principais problemas da sociedade contemporânea. Os problemas ocasionados devido à escassez de água no mundo, confirmam que há a necessidade do desenvolvimento de novas tecnologias e otimização das técnicas existentes para tratamento de efluentes. Muitos pesquisadores e cientistas tem por objetivo o desenvolvimento de processos alternativos aos convencionais, que sejam eficazes e economicamente viáveis para o tratamento dos efluentes residenciais e industriais. O tratamento por eletroflotação vem se mostrando eficiente e ganhando espaço dentre as

técnicas utilizadas. Este processo se dá pela passagem de corrente em um sistema eletrolítico com dois eletrodos. Segundo HOSNY, 1996, o processo de eletroflotação ocorre devido a formação de bolhas de gás hidrogênio e oxigênio na superfície de eletrodos, decorrentes da eletrólise da água e essas bolhas são responsáveis por carregar as micelas para a superfície da célula, facilitando sua remoção. Nesse contexto, a pesquisa realizada teve por objetivo utilizar a técnica de eletroflotação com eletrodos inertes para o tratamento de uma mistura sintética composta de óleo, água e detergente, substâncias encontradas normalmente, em efluentes domésticos, de forma a obter um produto final com baixa turbidez e ph neutro. 1.1. Eletroflotação Considerando a diversidade e complexidade dos efluentes lançados nos corpos d água, existe uma preocupação constante na busca de processos de tratamento para uma aplicação adequada e que não degrade ainda mais os escassos recursos hídricos. Como possibilidade viável de tratamento, podemos citar a eletroflotação. Vários pesquisadores vêm estudando a aplicação de diferentes técnicas de flotação. Uma das características que classifica o método de flotação é a formação de bolhas. Para Zoubolis (1995). A técnica de eletrofloculação vem ganhando popularidade e se tornando uma alternativa reconhecidamente viável frente ao processo convencional de coagulação/floculação (HARIF; ADIN, 2007). Conforme Brito et al (2012) ss dispositivos de eletrofloculação (anodos e catodos), são compostos por eletrodos que apresentam polaridades diferentes. Segundo esses pesquisadores, no processo eletroquímico, quando uma voltagem é aplicada, o ânodo é oxidado e o cátado é reduzido, gerando eletroquimicamente o agente coagulante. O material de carga positiva pode reagir com as cargas negativas da solução, ocorrendo hidrólise que libera hidróxido, responsável pelo tratamento do efluente submetido ao processo. De acordo com Mollah et al. (2001) as principais vantagens da técnica de eletrofloculação em comparação às técnicas convencionais de tratamento de efluentes são: a) Utilização de equipamento simples e de fácil operação, onde a corrente e o potencial aplicado podem ser medidos ou controlados de maneira automatizada. b) maior controle na liberação do agente coagulante, em comparação com os processos convencionais. c). Limitado o uso de substâncias químicas, diminuindo o impacto no meio ambiente natural. d). As bolhas de gás produzidas durante a eletrólise levam o contaminante ao topo do reator, onde pode ser facilmente removido. e) A célula eletrolítica é eletricamente controlada, não necessitando de dispositivos adicionais, o que requer menos manutenção. f) Uma das maiores vantagens da eletrofloculação é a remoção de óleos e graxas, devido à facilidade de coagulação e flotação das moléculas desses compostos. 1.2 Eletrodos de carbono-grafite Essa classe de eletrodo apresenta baixo custo e tem grande área superficial, sendo bastante utilizados para a remoção de compostos orgânicos em reatores eletroquímicos com eletrodos tridimensionais, tais como: leito fixo, eletrodos porosos, leitos fluidizados com partículas de carbono

(COMNINELLIS e CHEN, 2010). 2. MATERIAIS E MÉTODOS Para essa pesquisa foram utilizados insumos químicos e métodos físico-químicos de separação de mistura detalhados a seguir. Preparou-se uma mistura sintética composta por 500 ml de água, 10 ml de detergente de uso doméstico e 50 ml de óleo de soja, substancias comumente encontradas em efluentes domésticos, onde o detergente atuou como agente emulsificante possibilitando que uma emulsão fosse gerada. Para a eletroflotação, utilizou-se o sal Na2SO4, sulfato de sódio, como eletrólito suporte, para possibilitar a passagem de corrente na mistura, escolhido por ter potencial de redução e oxidação maior que o da água, garantindo, assim, que não haveria a formação de outros compostos pela eletrólise do sal. A fonte utilizada no processo foi de 12V, com corrente de 1,2A. A célula eletrolítica foi desenvolvida a partir de um funil de decantação de 1000mL com um corte horizontal próximo ao topo, possibilitando o afastamento entre os eletrodos de grafite, e facilitando o processo de decantação, conforme mostrado na figura 1. Figura 1 Esquema da célula eletrolítica. Fonte: o autor, 2016 Foram realizados testes com diferentes eletrodos: Cobre, Ferro, Alumínio e Carbono- Grafite, figura 2. Com isso, percebeu-se a vantagem do eletrodo inerte, por não depositar resíduos. Ao sofrer oxidação, os metais Cu, Fe, Al se depositaram na água, tornando-se uma contaminação adicional e turvando a emulsão - além do rápido desgaste sofrido por esses eletrodos.

Ferro Cobre Alumínio Carbono Grafite Figura 2- Testes com diferentes eletrodos. Fonte: o autor, 2015 Após os testes, os eletrodos de grafite mostrados na figura 3 apresentaram-se como a melhor opção - por ser inerte e não reagir com a mistura, não se desgastar tão rapidamente e ainda ser economicamente viável pelo preço acessível e grande disponibilidade no mercado. Figura 3- Utilização dos eletrodos de grafite. Fonte: o autor, 2015 A eletroflotação realizada ocorreu em um tempo aproximado 15 minutos na célula eletrolítica, onde foi possível ver a formação das bolhas na superfície dos eletrodos e, devido a elas, a quebra da emulsão. Após a eletrólise a mistura foi deixada em repouso para decantar e logo em seguida, observou-se as duas fases bem definidas: o óleo e a água. Após a quebra da emulsão o agente emulsificante ficou dissolvido na fase aquosa da mistura. Para a remoção do surfactante, eliminação de qualquer outra impureza proveniente da eletrólise e redução da turbidez, utilizou-se o processo de adsorção com carbono ativado, escolhido por ser um adsorvente eficaz e comumente utilizado na indústria, além da facilidade de

sua recuperação, podendo ser utilizado mais de uma vez. Após alguns minutos, a mistura águacarbono ativado foi filtrada utilizando papel de filtro qualitativo de 28µm. O processo se deu conforme o esquema representado na figura 4. Figura 4- Esquema das etapas do processo de separação da mistura. Fonte: o autor, 2016 3.RESULTADOS E DISCUSSÕES A quebra de emulsão pelo método de eletroflotação mostrou-se eficaz, obtendo-se água com baixa turbidez e ph neutro e o óleo límpido ao fim de todo o processo, provando ser um método adequado para o tratamento de efluentes; apresentando rendimento médio de 96%. É importante ressaltar que o processo não gera resíduos nocivos ao meio ambiente, logo a água pode ser reutilizada na indústria após o tratamento, o carvão ativado pode ser recuperado e o óleo resgatado em boa parte. Outro fator importante é o baixo custo do processo pois foram utilizadas pequenas quantidades de insumos químicos e os eletrodos de grafite, resistiram aos ensaios podendo ser utilizados diversas vezes no processo. 4. CONCLUSÃO No contexto apresentado vemos que a eletroflotação é uma técnica promissora, com bom desempenho no tratamento de efluentes, sendo economicamente viável e gerando pouca quantidade de resíduos, além de ter alto rendimento. A rapidez do processo é algo a ser levado em conta, pois ele ocorre em um curto período de tempo. Assim, conclui-se que o processo utilizando eletrodos inertes de grafite e adsorção por carbono ativo, provou-se eficaz e uma solução ambientalmente correta e eficiente para a quebra da emulsão e tratamento de água, resultando em uma água com ph neutro e baixa turbidez.

REFERENCIAS BRITO, J. F; FERREIRA, L. O; SILVA, J. P. Tratamento da Água de Purificação do Biosiesel Utilizando Eletrofloculação. Química Nova, v.35, n.4, p.728-732, 2012. COMNINELLIS, C; CHEN, G. Electrochemistry for the environment. New York, Springer, 2010 HARIF, T; ADIN, A. Characteristics of Aggregates Formed by Electroflocculation of a Colloidal Suspension. Water Research, v.41, n.13, p.2951-2961, 2007. HOSNY, A. Y. Separating oil from oil-water emulsions by electroflotation technique. Separations Technology, v. 6; pp. 9-17, 1996. ZOUBOLIS, A. I., MATIS,K.A. Removal of cádmium from dilute solution byflotation. Water Science tecnology, London,v. 31, n.3-4, p.315-326,1995