PROCEDIMENTOS PARA DEFINIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DE VIGAS ALVEOLARES DE AÇO

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Transcrição:

PROCEDIMENTOS PARA DEFINIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DE VIGAS ALVEOLARES DE AÇO Luiza Baptista de Oliveira 1 Gustavo de Souza Veríssimo 2 Washington Batista Vieira 3 José Maria Franco de Carvalho 4 José Luiz Rangel Paes 5 Resumo O crescimento da construção metálica no Brasil tem sido acompanhado de uma busca notória por soluções que possibilitem uma aplicação ampla e racional das estruturas de aço, dentre elas perfis de maior altura, capazes de vencer grandes vãos e/ou atender aos limites de deslocamento estabelecidos nas normas técnicas. Nesse contexto, observa-se o ressurgimento do interesse pelas vigas alveolares, motivado pelas vantagens técnicas e estéticas que elas oferecem, e pelo início da produção de perfis I de aço laminados no Brasil, a partir de 2002. Geralmente, as vigas alveolares são fabricadas a partir de perfis I laminados, cortando-se a alma do perfil longitudinalmente, segundo um traçado sinuoso simétrico, de modo que as metades obtidas podem ser deslocadas uma em relação à outra e soldadas, dando origem a uma nova viga com uma série de furos na alma, com a mesma massa do perfil original, porém mais rígida e mais resistente. Embora seja uma solução antiga, pouco explorada devido ao aumento dos custos de fabricação em determinada época, mais recentemente as vigas alveolares voltaram a figurar como uma solução competitiva, devido aos avanços tecnológicos em automação de corte e solda do aço estrutural. Nesse trabalho, apresentam-se procedimentos para definição das características geométricas de vigas alveolares de aço para sistemas de piso e de cobertura, elaborados em função da carência de prescrições técnicas atualizadas sobre o tema e tendo em vista a ampla gama de possibilidades para sua fabricação e aplicação. Palavras-chave: Vigas alveolares, Vigas casteladas, Vigas celulares, Estruturas metálicas. 1 Arquiteta e Urbanista, Mestre em Engenharia Civil. Universidade Federal de Viçosa. E-mail: luiza.oliveira@ufv.br 2 Doutor em Engenharia de Estruturas. Professor Adjunto, Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa 3 Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Civil. Estudante de Doutorado em Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa. 4 Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Civil. Professor Assistente, Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa. 5 Doutor em Ingeniería de la Construcción. Professor Adjunto, Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa.

1. INTRODUÇÃO 1.1. Considerações iniciais As vigas alveolares surgiram na Europa por volta de 1930, devido à necessidade de atender as demandas de perfis com altura superior à dos perfis I laminados produzidos pela indústria da época. São fabricadas cortando-se perfis I longitudinalmente, segundo um traçado contínuo que possibilita destacar as duas metades obtidas, deslocá-las certo comprimento e soldá-las de modo a constituir uma viga com altura superior à do perfil original, contendo uma sequência de aberturas na alma (Figura 1). Figura 1 - Processo de obtenção das vigas alveolares (fonte: http://www.grunbauer.nl acessado em 01/05/2012) Em geral, a configuração geométrica das vigas alveolares permite maior expressão arquitetônica e confere leveza visual para os ambientes onde as vigas são aplicadas. Sua geometria possibilita a passagem de tubos e dutos através das aberturas e pode atribuir maior resistência ao perfil de aço, o que favorece o vencimento de longos vãos. Estas características contribuem para que as vigas alveolares apresentem diversos campos de aplicação, sendo os principais deles as estruturas para sistemas de piso e de coberturas. Os avanços tecnológicos nas áreas de automação e comando numérico computadorizado têm possibilitado a fabricação de vigas alveolares a custos competitivos. No caso particular do Brasil, esse fenômeno coincidiu com o início relativamente recente da produção de perfis laminados, quando a siderúrgica Gerdau- Açominas ativou sua linha de laminação em 2002. Com a expansão do mercado de construções metálicas no Brasil, têm sido demandadas novas soluções construtivas que possibilitem uma aplicação ampla e racional das estruturas de aço, dentre elas perfis de maior altura, capazes de vencer grandes vãos e/ou atender aos limites de deslocamentos estabelecidos nas normas técnicas. Em função dessa necessidade e da inadequação dos modelos mais antigos disponíveis na literatura, um grupo de pesquisadores do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Viçosa (DEC-UFV) e do Departamento de Engenharia de Estruturas da Universidade Federal de Minas Gerais (DEES-UFMG) tem empreendido investigações sobre o tema, envolvendo estudos teóricos, numéricos e experimentais (ABREU, 2011; BEZERRA, 2011; SILVEIRA, 2011; VIEIRA, 2011; OLIVEIRA, 2012). Essa contribuição técnica é um produto dessas investigações.

1.2. Justificativa e relevância do tema Embora haja alguns estudos sobre vigas alveolares na literatura americana e europeia, a difusão do uso das vigas alveolares no Brasil demanda novas pesquisas, uma vez que os aços produzidos atualmente pela indústria siderúrgica, bem como a geometria das seções dos perfis, possuem características diferentes das que eram correntes em décadas passadas, quando alguns estudos sobre vigas alveolares foram desenvolvidos. Como resultado do processo de corte, deslocamento e solda, a altura do perfil alveolar aumenta cerca de 50% em relação ao perfil original, dando origem a uma viga com maior inércia, mantendo-se o mesmo valor da área da seção e, portanto, o mesmo peso da estrutura. E um importante critério que demanda perfis com maior altura é o deslocamento máximo admissível para as vigas, estabelecido pelas normas técnicas para estruturas de aço. No Brasil, aplicando-se o método de cálculo estabelecido pela ABNT NBR 8800:2008, muitas vezes o dimensionamento de peças submetidas à flexão é condicionado por limitações de flecha. Quando as deformações governam o dimensionamento, os perfis metálicos de alma cheia trabalham sob tensões relativamente baixas, o que pressupõe um desperdício de material. Considerando-se que as flechas são inversamente proporcionais à inércia da seção, a forma mais econômica de aumentar a inércia e assim reduzir as deformações, é aumentar a altura do perfil sem acrescer sua massa. O aumento da inércia do perfil alveolar, comparado ao perfil de alma cheia original, representa, portanto, uma redução da flecha de peças submetidas à flexão com melhores taxas de consumo de aço. Além da economia do consumo de aço, as vigas alveolares representam uma alternativa de interesse para a construção metálica atual devido a outras duas questões fundamentais. A primeira delas está relacionada às exigências demandadas pelas edificações modernas que precisam acomodar um número cada vez maior de instalações técnicas, como por exemplo, os sistemas de conforto ambiental, automação e segurança. A outra questão é que as vigas alveolares possibilitam que vãos maiores sejam vencidos sem a intervenção de pilares. Esta característica além de representar economia de materiais e de mão de obra, favorece a funcionalidade do ambiente, por torná-lo menos limitado ao posicionamento da estrutura. Desta forma, considera-se oportuno e necessário uma pesquisa sobre os procedimentos para definir as características geométricas de perfis alveolares obtidos a partir de perfis laminados fabricados no Brasil, bem como o estudo de alternativas arquitetônicas que fazem uso das vigas alveolares. Esta pesquisa pretende contribuir para a difusão do uso das vigas alveolares em seus diversos campos de aplicação. 1.3. Objetivos O objetivo geral deste trabalho é desenvolver procedimentos para definição das características geométricas de vigas alveolares para sistemas de piso e de cobertura, que auxiliem no processo de projeto e fabricação desses elementos estruturais. Os objetivos específicos são os seguintes: - definir correlações entre os parâmetros geométricos das vigas alveolares com as características do projeto arquitetônico;

- estabelecer parâmetros para o pré-dimensionamento de vigas alveolares; - apresentar, de modo sequencial, as decisões necessárias para aplicar as vigas alveolares no projeto arquitetônico; - contribuir para aplicação criteriosa das vigas alveolares pelos arquitetos. 2. SIMBOLOGIA E DEFINIÇÕES As vigas alveolares podem ser fabricadas de acordo com diversos tipos de geometrias, dentre as quais se destacam as vigas casteladas e as vigas celulares. As vigas casteladas são aquelas cujos alvéolos possuem formato hexagonal ou octogonal (quando existe a presença de chapa expansora). As vigas celulares possuem os alvéolos com formato circular. Na Figura 2 e na Figura 3 é apresentada a simbologia utilizada neste trabalho para as vigas casteladas e para as vigas celulares, respectivamente. Na Figura 4 é mostrada a simbologia dos elementos da seção transversal das vigas alveolares. montante de alma bw b bw chapa expansora alvéolo hp ho dg Figura 2: Elementos das vigas casteladas e simbologia relacionada às dimensões. p Do bw dg Do Figura 3: Simbologia relacionada às dimensões dos elementos das vigas celulares.

b f b f y d h t h _ t t f y o C.G. t w d g h o seção do cordão superior t f seção original seção alveolada Figura 4: Simbologia dos elementos da seção transversal de vigas alveolares. O traçado do corte das vigas casteladas pode conduzir a diversos padrões de castelação, sendo que os mais usuais são os padrões Anglo-Saxão (Figura 5), Peiner (Figura 6) e Litzka (Figura 7). Cada um desses padrões é definido por um conjunto de relações geométricas entre seus elementos (indicadas nas figuras). 0,83ho 0,25ho 0,29ho dg=1,5d 59,9 ho = d p = 1,08ho Figura 5: Geometria de uma viga castelada no padrão Anglo-Saxão. ao=ho bw bw/ 2 =ho/2 bw 63,4 dg ho p/6 p/6 p/6 p/6 p/6 p/6 Figura 6: Geometria de uma viga castelada no padrão Peiner.

1,1547ho bw bw/ 2 bw 60,0 dg p/6 p/6 p/6 p/6 p/6 p/6 Figura 7: Geometria de uma viga castelada no padrão Litzka. 3. PROPOSIÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA PRÉ-DIMENSIONAMENTO 3.1. Considerações gerais O pré-dimensionamento de uma viga alveolar depende de uma série de requisitos geométricos e estruturais, mas principalmente dos requisitos geométricos, pois deles depende toda a análise estrutural feita posteriormente. Neste trabalho foi sistematizado um procedimento para a definição dos parâmetros geométricos que determinam a configuração final de uma viga alveolar, tendo em vista uma série de critérios estabelecidos a partir da investigação teóricoexperimental. Para a obtenção da configuração geométrica da viga, inicialmente define-se sua tipologia: se castelada ou celular. Se castelada deve-se ainda especificar o padrão geométrico escolhido, pois as propriedades de cada padrão são diferentes. Essa definição prévia da tipologia da viga é necessária porque para a viga castelada as dimensões dos alvéolos e dos montantes são interdependentes, ou seja, se modificada a altura do alvéolo, o comprimento do montante também será alterado. Já no caso das vigas celulares, a dimensão do alvéolo (diâmetro) não tem relação direta com a largura do montante, de modo que elas apresentam maior flexibilidade quanto ao seu traçado. Nos tópicos a seguir são apresentados os procedimentos para a definição dos parâmetros geométricos necessários para o pré-dimensionamento de vigas casteladas e celulares. Os procedimentos consistem basicamente na aplicação de um conjunto de critérios numa sequência lógica que permite definir a geometria completa da viga para fabricação, a partir da aplicação pretendida para a viga. 3.2. Procedimento para pré-dimensionamento de vigas casteladas a) Vão de projeto (L v ) Os parâmetros geométricos da viga são estabelecidos em função do vão de projeto (L v ), conforme ilustrado na Figura 8. Vale ressaltar que o vão de projeto arquitetônico L v não é semelhante ao vão de cálculo medido de eixo a eixo do projeto estrutural.

b) Razão de expansão (k) Figura 8 Vão de projeto arquitetônico (L v ). Para os três padrões da tipologia castelada abordados neste trabalho adotou-se a razão de expansão de 1,5 por ser o valor que conduz ao maior ganho de resistência para o perfil alveolar. Diversos autores de trabalhos experimentais e numéricos têm utilizado essa razão de expansão (DEMIRDJIAN, 1999; ZAAROUR e REDWOOD, 1996; BEZERRA, 2010; SILVEIRA, 2011; VIEIRA, 2011). c) Altura do perfil original(d) Para a determinação da altura do perfil original, pode-se partir de relações vão/altura (L/d), conhecidas como, por exemplo: L/d = 20, utilizada para o pré-dimensionamento de viga de aço de alma cheia para sistemas de piso; L/d = 25, utilizada para o pré-dimensionamento de treliça de aço para sistemas de cobertura. Desta forma, para a viga castelada que apresenta razão de expansão de 1,5 podese chegar à altura do perfil original a partir do seguinte raciocínio: Para sistemas de piso: L d v g = 20 e d = 15, d g (1) Assim: L v 15, d = 20 d = Lv = 20 15, L v 30 Para sistemas de cobertura L d v g = 25 e d = 15, d g (2) Assim: Lv Lv Lv = 25 d = = 1, 5d 25 15, 37, 5

Caso o valor obtido de d não coincida com uma das alturas disponíveis no mercado, adota-se a altura mais próxima. d) Altura do perfil alveolar (d g ) A altura do perfil alveolar será, portanto, a altura do perfil original multiplicada pela razão de expansão. Assim, por exemplo, supondo d = 410 mm, tem-se: d g = 410 15, = 615 mm (3) e) Parâmetros geométricos Com base na altura do perfil original (d), definem-se os parâmetros geométricos da viga, tais como o passo (distância p entre centros de alvéolos), a largura do alvéolo (a 0 ) e a largura do montante (b w ), de acordo com o padrão de castelação adotado, seja Litzka, Peiner ou Anglo-Saxão (Tabela 1). Em seguida, define-se a largura mínima do montante de extremidade, b we min, (Figura 9). Tabela 1 Parâmetros geométricos para vigas casteladas. Litzka Peiner Anglo-Saxão p 1, 7322d 1, 5d 1, 08d b w 0, 5774d 0, 5d 0, 25d a 0 1, 155d d 0, 83d b b w / 2 b w / 2 0, 29d Figura 9 Parâmetros geométricos da viga castelada. f) Largura mínima do montante de extremidade (b we min ) Deve-se resguardar uma largura mínima para o montante de extremidade, de modo que seja possível executar a ligação da viga com o restante da estrutura e garantir, pelo menos, a mesma largura dos montantes intermediários, para não suceder que o montante extremo fique menos resistente exatamente numa região em que a solicitação por força cortante é crítica.

Neste trabalho as larguras dos montantes de extremidade foram resguardadas em função de dois fatores: 1. as dimensões de uma cantoneira de ligação, soldada ou parafusada, compatível com a capacidade resistente da seção do perfil (BAIÃO FILHO e SILVA, 2010): para os perfis das séries W150 à W460 a cantoneira recomendada é de 76 mm; b 76 mm (4) we min para os perfis das séries W530 à W610 a cantoneira recomendada é de 102 mm; b 102 mm (5) we min 2. o montante crítico: a largura mínima do montante de extremidade dever ser pelo menos igual à largura do montante (b w ). b we min b w (6) A largura mínima do montante de extremidade deve atender, simultaneamente, aos dois critérios acima. g) Comprimento útil para distribuição dos alvéolos (L d ) Tendo sido definida a largura mínima do montante de extremidade (b wemin ), pode-se calcular o comprimento útil no qual serão distribuídos os alvéolos. bw L d Lv 2 bwe min (7) 2 h) Número de alvéolos (n) Determinado o valor de L d, calcula-se o número de alvéolos, n, em função passo (p), arredondando n para o número inteiro inferior mais próximo. Ld n = INT (8) p i) Distribuição dos alvéolos em L d A distribuição dos alvéolos ao longo de L d inicia-se no centro do vão (Figura 10).

Figura 10 Vão para distribuição dos alvéolos (L d ). Quando n é par, o centro da viga coincide com o centro de um montante (Figura 11) e quando n é ímpar, coincide com o centro de um alvéolo (Figura 12). Com esta proposta, a posição dos alvéolos na viga será sempre simétrica, o que é interessante sob o ponto de vista do projeto arquitetônico. Figura 11 Número par de alvéolos: centro do montante no centro da viga. Figura 12 Número ímpar de alvéolos: centro do alvéolo no centro da viga. j) Largura final do montante de extremidade (b we ) Devido ao arredondamento do número de alvéolos, e à distribuição destes ao longo do vão L d, a largura final do montante de extremidade pode não ser igual a b wemin. Por essa razão é necessário ajustar a largura final do montante de extremidade (b we ). b we Lv n p b w = + bwe min (9) 2 2 k) Comprimento da viga para corte (L c ) Após a distribuição dos alvéolos em L d é possível definir o traçado do corte no perfil original para obtenção da viga alveolar. Pode-se então, virtualmente, manter a metade inferior da viga e deslocar a metade superior até provocar o encaixe entre as metades (Figura 13). Essa proposta leva em consideração o custo benefício no consumo

de aço e no emprego da mão-de-obra para fabricação das vigas. Na maior parte dos casos é necessário aparar, nas duas metades, as sobreposições ocasionadas pelo deslocamento da metade superior. Com este procedimento obtém-se o comprimento do perfil original a ser utilizado, L c. Figura 13 Traçado do corte no perfil original. Em função do deslocamento dado é possível prever o comprimento final do perfil original a partir do qual a viga alveolar será montada. Considerando o deslocamento representado na Figura 13 tem-se: L = L p (10) v 2 c + A relação L c /L v fornece o valor em porcentagem de quanto o perfil original precisará ser maior do que o vão de projeto para a obtenção da configuração final da viga. l) Configuração final da viga Para finalização da fabricação os espaços resultantes nas extremidades da viga são preenchidos com chapas de aço conforme representado na Figura 14. Figura 14 Configuração final da viga alveolar. Nos casos em que b we apresenta a medida igual ao montante b w, não há área a ser aparada e, portanto, não há área a ser preenchida com chapa de aço. 3.3. Procedimento para pré-dimensionamento de vigas celulares a) Vão de projeto (L v ) Os parâmetros geométricos da viga são estabelecidos em função do vão de projeto (L v ).

b) Razão de expansão (k) As vigas celulares diferem das casteladas por permitirem flexibilidade na escolha dos valores da largura do montante e do diâmetro do alvéolo. As relações k, D 0 /d e p/d 0 propostas para sistemas de piso são apresentadas na Tabela 2 e na Tabela 3 as razões para sistemas de cobertura. Tabela 2 Relações propostas para vigas celulares adequadas para sistemas de piso. Sistemas de Piso k 1,3 1,4 D 0 /d 0,8 0,9 1,0 1,1 0,9 1,0 1,1 p/d 0 1,2 a 1,6 1,2 a 1,7 1,2 a 1,4 1,2 a 1,6 Tabela 3 Relações propostas para vigas celulares adequadas para sistemas de cobertura. Sistemas de Cobertura k 1,4 1,5 1,6 D 0 /d 1,0 1,1 1,2 1,3 1,1 1,2 1,3 1,3 p/d 0 1,1 a 1,3 1,1 a 1,3 1,1 a 1,3 c) Altura do perfil original (d) No caso das vigas celulares, para a determinação da altura do perfil original é necessário estabelecer preliminarmente as relações k e L/d. No caso das vigas celulares, diferentemente do que foi proposto para as vigas casteladas, fixou-se a relação L/d = 20 e a altura do perfil original é obtida considerando-se a razão de expansão adequada para o caso em questão. L v L 1 d = Razão de expansão igual a 1,3 (11) 20 13, 26 L v L 1 d = Razão de expansão igual a 1,4 (12) 20 1, 4 28 L v L 1 d = Razão de expansão igual a 1,5 (13) 20 15, 30 L v L 1 d = Razão de expansão igual a 1,6 (14) 20 1, 6 32 Caso o valor obtido de d não coincida com uma das alturas disponíveis no mercado, adota-se a altura mais próxima.

d) Altura do perfil alveolar (d g ) A altura do perfil alveolar será, portanto, a altura do perfil original multiplicada pela razão de expansão. Assim, por exemplo, supondo d = 460 mm, tem-se: d g = 460 1, 4 = 644 mm (15) e) Propriedades geométricas Com base na altura do perfil original (d) definem-se os parâmetros geométricos da viga, tais como o passo (p), o diâmetro do alvéolo (D 0 ) e a largura do montante (b w ). Na Figura 15 ilustram-se os parâmetros gerais para as vigas celulares. No caso das vigas celulares os critérios considerados para a definição dos parâmetros geométricos são diferentes para os sistemas de piso e de cobertura. Figura 15 Parâmetros geométricos da viga celular com vistas à aplicação em sistemas de piso. Em ambas as aplicações devem ser observados os limites geométricos para a medida dos montantes. Neste trabalho consideraram-se os limites sugeridos no catálogo de vigas celulares da ArcelorMittal, quais sejam: D0 /12 b w min (16) 50 mm D b 0 wmáx (17) 1,25 f) Largura mínima do montante de extremidade (b wemin ) Segundo o catálogo de vigas celulares da ArcelorMittal, a largura mínima do montante de extremidade deve atender à seguinte relação: b we min D0 p (18) 2 Os itens seguintes, de g) a k), são definidos de forma semelhante ao proposto para a tipologia castelada.

4. CONCLUSÕES 4.1. Conclusões gerais A investigação acerca das aplicações das vigas alveolares em sistemas de piso e de cobertura demonstra que, na maior parte dos casos, essas vigas são aplicadas em grandes vãos de projeto. Nos grandes vãos, tira-se maior proveito do custo benefício do aumento da altura da seção da viga alveolar, que a torna mais resistente e menos sensível a deformações. As vigas mais altas apresentam maior momento de inércia em relação ao plano de flexão, podendo receber cargas 10% a 50% maiores que as vigas de alma cheia originais e/ou atingir vãos livres mais extensos, sem acréscimo do peso de aço e diminuindo as limitações causadas pela deformação. A despeito das considerações de economia e rendimento, existe um outro fator importante que influencia na escolha das vigas alveolares como opção estrutural: o apelo estético. Observa-se uma preferência de mercado por utilizar as vigas alveolares ou até as vigas com furos, pela intenção em explorar o efeito visual que essas vigas provocam no ambiente. Outra tendência observada em projetos arquitetônicos com vigas alveolares é a aplicação destas vigas na requalificação ou na modernização de edifícios antigos, onde se tem a intenção de preservar o patrimônio arquitetônico. Sua escolha se deve à leveza visual, que provoca uma interferência menos brusca entre a estrutura nova e a antiga. 4.2. Conclusões sobre os procedimentos propostos O objetivo geral deste trabalho foi desenvolver procedimentos para definição das características geométricas de vigas alveolares para sistemas de piso e de cobertura. Tais procedimentos são estabelecidos em função dos parâmetros geométricos da viga e do vão de projeto. Inicialmente define-se se a viga será aplicada em sistema de cobertura ou de piso. Em ambos os casos, é preciso definir se a tipologia da viga é castelada ou celular. A definição do tipo de aplicação e da tipologia da viga, é acrescida do critério subsequente: o vão de projeto arquitetônico. A partir desses fatores, e das informações disponíveis no projeto arquitetônico, podem-se obter, por meio do procedimento proposto, os parâmetros geométricos necessários para obter a configuração final da viga no vão, bem como o traçado do corte no perfil original para sua fabricação. O procedimento proposto neste trabalho constitui uma ferramenta útil para a escolha, definição e projeto de vigas alveolares de aço, auxiliando na tomada de decisões do projeto arquitetônico, no pré-dimensionamento estrutural e na orientação do processo de fabricação. Espera-se que ele contribua para a difusão do uso das vigas alveolares no cenário da construção metálica no Brasil. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPEMIG, à CAPES, à FUNARBE, ao Departamento de Engenharia Civil da UFV e ao Departamento de Engenharia de Estruturas da UFMG pelo apoio para a realização deste trabalho.

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