UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES - HUOL SERVIÇO DE UROLOGIA UROLOGIA GERAL ACHADOS ANATOMOPATOLÓGICOS DE PREPÚCIOS DE HOMENS ADULTOS SUBMETIDOS À CIRCUNCISÃO: ESTUDO PROSPECTIVO Participantes: Envolvidos: Cesar Araújo Britto Pedro Sales Lima de Carvalho Romero de Lima França Chefe do Serviço: Prof. Paulo José de Medeiros ANO SEMESTRE: 21.2
RESUMO DO PROJETO: O prepúcio é um constituinte normal da genitália externa, este excesso de tecido serviria para cobrir, por mucosa e pele, o aumento das dimensões do pênis, que ocorre durante a ereção, no entanto, proporcionaria um ambiente favorável à doenças como infecções do trato urinário, as transmitidas sexualmente e câncer de pênis, sendo indicado a circuncisão para diminuir tais riscos. Este procedimento é realizado a mais de 5 anos, a mais antiga evidência foi encontrada no Egito, um faraó circuncidado, datado de 3 anos AC, seu primeiro registro é encontrado na Bíblia, Genesis 17:1 com Deus ordenando Abraão a perpetuar o ato da circuncisão como sinal de aliança entre o homem e Deus 1. A decisão para sua realização baseia-se em considerações médicas, sociais, culturais e religiosas. Estima-se que um quarto da população mundial masculina seja circuncidada e a prevalência das enfermidades nos indivíduos não circuncidados no estado do Rio Grande do Norte ainda não foi estudado. PALAVRAS-CHAVES: Circuncisão, postectomia, fimose, doença prepucial. INTRODUÇÃO: Fimose é uma condição na qual o prepúcio não pode ser recolhido sobre a glande do pênis 1,2,3,4,5. Esta pode ser congênita ou fisiológica, a qual costuma estar presente ao nascimento e costuma desaparecer, ao longo do crescimento da criança, usualmente aos cinco anos 1 ; ou do tipo patológica que por sua vez, é um problema médico encontrado em crianças e adultos e se caracteriza por um prepúcio não retrátil, com ou sem aderência ou anel fibroso na extremidade do mesmo 6. A incidência de fimose patológica entre crianças é de aproximadamente,4 caso/1 meninos/ano 2. Se considerarmos todos os homens não circuncidados, observamos incidência de 2,4% a 14% de fimose ao longo da vida 7. Esse excesso de tecido foi relatado na literatura como fator de risco para diversas enfermidades podendo ser citado a parafimose, balanopostite, adesões, presença de smegma 1, aumento de 1 a 12 vezes na incidência de infecções do trato urinário, e de DSTs 8, entre elas duas vezes maior prevalência para gonorréia e herpes e cinco vezes para cândida e sífilis 9, 4 vezes para HIV e 2,5 para ulceras genitais 1. Segundo Kaurfman et al. (21), a circuncisão reduz o risco de infecção pelo HPV e, consequentemente, a incidência de câncer de colo uterino nas parceiras dos postatectomizados 11. A fimose é um fator de risco significativo para o câncer de pênis 12, em um estudo com 89 portadores de carcinoma de pênis, apenas 2 (2,2%) haviam sido postatectomizados 13. Pearce 14 em seu estudo analisou a prevalência dos principais achados histopatológicos dos prepúcios de homens que foram circuncidados por cirurgiões gerais e urologistas. A principal indicação para a realização dessas cirurgias foi a própria fimose, correspondendo a aproximadamente 66% dos casos. Dentre os achados histopatológicos o mais prevalente foi balanite xerótica obliterante, alguns outros achados foram: doença de Bowen, carcinoma, balanopostite, líquen plano, entre outros. O mesmo autor concluiu ainda que o envio das peças de postectomia para análise
histopatológica pode ser dispensável uma vez que o achado histopatológico não altera de forma significativa o manejo pós-operatório do paciente circuncidado, conduta essa que não cremos ser a mais indicada. Na sua casuística, Aynaud 15 analisou o histopatológico de 43 espécimes de prepúcio e observou que líquen escleroso esteve presente em 32% dos casos, sendo que destes somente 12% não tinham tido o diagnóstico de líquen escleroso no préoperatório. Em 31% dos casos o histopatológico foi normal e em 37% houve alterações inflamatórias subagudas não específicas. Ele notou ainda que a fimose em adultos jovens freqüentemente não está associada ao líquen escleroso e que boa parte dos pacientes mais velhos (4%) tinha fimose secundária causada pelo líquen escleroso. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA A circuncisão é um procedimento cirúrgico em urologia que tem amplas indicações e por isso devem ser bem estudadas suas potenciais complicações, seus benefícios e seus efeitos na função sexual masculina. Nesse ínterim propomos que também seja avaliado o impacto da prevalência de doenças acometendo a genitália externa masculina nos indivíduos não circuncidados através da avaliação anatomopatológica da peça cirúrgica de postectomia. OBJETIVOS E METAS: Objetivos: Este projeto tem como objetivo avaliar os resultados com a realização da circuncisão, nos seguintes aspectos: 1. Prevalência de doenças prepuciais Metas: 1. Responder as questões acima formuladas 2. Produzir novos conhecimentos na área de urologia METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO Trata-se de um estudo prospectivo no qual serão operados 5 pacientes no período de novembro de 21 à janeiro de 211 no bloco cirúrgico do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL). As cirurgias serão de caráter ambulatorial e com anestesia local, não necessitando de internação dos pacientes. Os critérios de inclusão são: homens, com 18 anos de idade ou mais, que apresentem fimose, parafimose, balanopostite de repetição ou excesso de pele prepucial. Serão excluídos os pacientes que se recusarem a participar da pesquisa e os menores de 18 anos. Todos os prepúcios retirados serão fixados com formol à 1% e enviados ao departamento de Patologia para análise dos achados histopatológicos como balanite (inflamação crônica), carcinoma in situ, HPV, balanite xerótica obliterante, líquen plano, entre outros. Posteriormente coletaremos os laudos do exame anátomopatológico e assim analisaremos a prevalência dos achados nessas biópsias.
ORÇAMENTO: Tipo Descriminação Quantidad e Valor unit R$ Total R$ Financiador Material Papel A4 2 15, 3, Pesquisador Material Tinta impressão 2 25, 5, Pesquisador Cirurgia Postectomia 5 219,12 Total 259,12 1.956, 11.36, HUOL/SUS CRONOGRAMA: Atividade/ Mês Setemb ro/21 Outubr o/21 Novem bro/21 Dezem bro/21 Janeiro /211 Feverei ro/211 Março/ 211 Revisão Bibliográfica Realização das operações Análise resultados Envio revisões manuscrito para publicação dos e do
REFERÊNCIAS: 1. McGregor TB; Pike JG; Leonard MP. Pathologic and physiologic phimosis: Approach to the phimotic foreskin. Can Fam Physician. 27 March; 53(3): 445 448. 2. Oster J. Further fate of the foreskin. Arch Dis Child. 1968;43(228):2 4. 3. Gairdner D. The fate of the foreskin, a study of circumcision. BMJ. 1949;2(4642):1433 7. 4. Krolupper M. Care of foreskin constriction in children. Cesk Pediatr. 1992;47(11):664 5. 5. Kayaba H, Tamura H, Kitajima S, Fujiwara Y, Kato T, Kato T. Analysis of shape and retractability of the prepuce in 63 Japanese boys. J Urol. 1996;156(5):1813 5. 6. Jorgensen, E., Svensson, A. The treatment of phymosis in boys with a potent topical steroid (clobetasol proprionate.5%) cream. Acta Dermato-Verereologica 73(1): 55-56, 1993. 7. Stuart, R. The origins and consequences of a taboo. Retrieved from www.maleinitiation.net/contents.html, 25. 8. Kimberly K. Updegrove. An Evidence-based approach to male circumcision: what do we know?. Journal of Midwifery & Women s Health. Vol. 46, No. 6, November/December 21. 9. Parker SW, Stewart AJ, Wren MN, Gollow MM, Straton JA. Circumcision and sexually transmissible disease. Med J Aust 1983;2:288 9.) 1. Lavreys L, Rakwar JP, Thompson ML, Jackson DJ, Mandaliya K, Chohan BH, et al. Effect of circumcision on incidence of human immunodeficiency virus type I and other sexually transmitted diseases: a prospective cohort study of trucking company employees in Kenya. J Infect Dis 1999;18:33 6. 11. Kaufman, M., Clark, J., & Castro, C. Neonatal circumcision: Benefits, risks, family teaching. The American Journal of Maternal/Child Nursing 26(4):197-21, 21. 12. Tsen HF, Morgenstern H, Mack T, Peters RK. Risk factor for penile cancer: Results of a population-based case-control study in Los Angeles County (United States). Cancer Causes Control 12:267-277, 21. 13. Schoen EJ, Oehrli M, Colby CJ, Machin G. The highly protective effect of newborn circumcision against invasive penile cancer. Pediatrics 15(3):E36, 2. 14. I Pearce, SR Payne. Do men having routine circumcision need histological confirmation of the cause of their phimosis or postoperative follow-up?. Ann R Coll Surg Engl 22; 84: 325-327. 15. Aynaud O; Piron D; Casanova JM. Incidence of preputial lichen sclerosus in adults: Histologic study of circumcision specimens. J AM ACAD DERMATOL 1999, vol 41, nº 6.