Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

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Transcrição:

É EQUÍVOCO CLASSIFICAR A ORAÇÃO SUBJETIVA COMO SUBORDINADA Francisco Dequi RESUMO O autor, por meio de exemplificação clara, mostrará que a oração tradicionalmente classificada como oração subordinada substantiva subjetiva jamais será subordinada, pois, na dinâmica dos polos determinante e determinado, ela funciona nitidamente como termo determinado. E, no mundo linguístico, o determinado sempre será subordinante, e o determinante sempre será subordinado. Para deixar bem compreensível a sustentação, o autor fará uso dos instrumentos pedagógicos chamados sintagramas, fórmula da oração e de um código numérico de apenas cinco algarismos recursos muito utilizados pela neopedagogia da gramática. Palavras-chave: Oração subjetiva. Oração subordinada. Neopedagogia. A neopedagogia da gramática publicada pelo Centro de Estudos Sintagramaticais órgão de pesquisas da FATIPUC de Canoas, RS, por meio de setas-sintagrama, mostra, com clareza, a estrutura e o funcionamento dos textos da nossa língua. Na apresentação da linguagem dos sintagramas e do código numérico, três corpos de setas são utilizados: a seta essencial, com traço duplo, a seta integrante com traço contínuo e a seta acessória, com traço pontilhado. Na ponta de qualquer seta, sempre estará o determinado (que é subordinante). Na extremidade cega, sempre se postará o determinante (que é subordinado). A fórmula da oração representada pelo gráfico a seguir constitui base para introduzir qualquer aula ligada à sintaxe. A oração normal apresenta os termos com esta colocação: A linguagem dos sintagramas apresenta três corpos de setas-sintagrama. Eles podem revelar também a colocação direta ou indireta dos termos: 1022 Revista Philologus, Ano 20, N 60 Supl. 1: Anais da IX JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez.2014.

Os termos 1, 3, 4 e 5 podem se apresentar em qualquer uma das quatro formas; forma de palavra, forma de grupo nominal, forma de oração reduzida e forma de oração desenvolvida. É a quadrimorfia dos determinados e determinantes. A posição 2 da fórmula da oração é ocupada por um verbo. Este pode aparecer na forma simples ou na forma composta. Pode, portanto, ser bimórfica. Vejam-se essas duas formas do verbo nas orações: Nos textos acima, vê-se que o termo 2 da fórmula da oração realmente pode ser bimórfica e apresenta-se na forma simples ou na forma composta. Os demais termos, como já se disse, podem adotar a quadrimofia. Os exemplos sintagramados mostram nitidamente tal realidade: Revista Philologus, Ano 20, N 60 Supl. 1: Anais da IX JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez.2014 1023

Aí está o termo 3, expresso nas quatro formas. Entretanto, o que nos interessa neste trabalho é versar sobre o nome 1, ou sobre o grupo nominal 1, a oração reduzida 1, e, principalmente, sobre a oração desenvolvida 1, que é a dita oração subordinada subjetiva classificação tradicional insustentável. Senão, vejamos sua análise na quadrimorfia desse determinado, ocupante da posição 1 da fórmula da oração. Os exemplos elucidados com sintagramas não deixam dúvida: Podemos também fazer desfilar a quadrimorfia do determinado na ordem decrescente: oração desenvolvida, oração reduzida, grupo nominal e palavra. Todos marcados com o seu código numérico 1. Vamos também sintagramar e codificar o verbo com o seu identificador 2. O sintagrama essencial sempre nascerá do verbo e incidirá no termo quadrimórfico 1, identificando simultaneamente os polos determinante/determinado essenciais da oração. Vejamos: 1024 Revista Philologus, Ano 20, N 60 Supl. 1: Anais da IX JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez.2014.

Vejamos mais exemplos, sempre utilizando a quadrimorfia, uma vez que ela, pelo confronto, mostra nitidamente a insubordinação do nome 1 (sujeito) e dos seus representantes: grupo nominal, oração reduzida e oração desenvolvida subjetiva: E o subordinativo que? Uma indagação pode surgir entre estudiosos dessa matéria: como não será subordinada uma oração começada pela conjunção subordinativa integrante que? Queremos deixar claro que esse QUÊ não tem força subordinativa. Quem subordina ou insubordina é a posição (função) que a oração ocupa dentro da fórmula da oração. Não cabe a esse monossílabo subordinar. O quê apenas prenuncia que o determinado ou determinante terá forma desenvolvida. Mas há outra pergunta que corrobora com a tese de insubordinação da oração subjetiva: Quem estaria subordinando a oração reduzida que igualmente é classificada como subordinada pela gramática tradicional sem ser encabeçada por esse quê? Assim, quem subordina ou Revista Philologus, Ano 20, N 60 Supl. 1: Anais da IX JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez.2014 1025

insubordina não é a conjunção, mas a função que ela ocupa dentro de uma oração. O verbo, sim, é o eterno subordinado ao nome 1, ou ao representante deste como pronome, grupo nominal, oração reduzida ou oração desenvolvida. Ele ocupa a posição 2 e é determinante do determinado 1. Outro sintoma claro de que o determinante verbo é o subordinado e determinante do nome 1 é a concordância verbal com a posição 1, fundamentalmente reservado ao nome-palavra, nome-grupo-nominal, nomeoração-reduzida, nome-oração-desenvolvida. Sabe-se que o NOME é o único comandante de qualquer concordância. Nessa posição 1, pode estar um nome, um pronome, um grupo nominal, uma oração nominal reduzida ou desenvolvida. Ao pronominalizar, mentalmente, uma oração com pronome, utiliza-se um dos pronomes neutros isto ou isso, razão por que o verbo que tem como sujeito uma oração sempre se mantém na 3ª pessoa do singular para concordar com isto ou isso. Assim, o verbo é o concordante com a posição 1. Essa concordância revela subordinação do verbo com o nome 1 e/ou com a oração nominal 1. Quem comanda concordância verbal é o nome 1. Esse termo 1, seja ele nome ou oração, jamais será subordinado. Oferecemos mais alguns exemplos para que a linguagem dos sintagramas elucidem com toda a clareza e solidifique o domínio da tese da insubordinação da oração subjetiva: 1026 Revista Philologus, Ano 20, N 60 Supl. 1: Anais da IX JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez.2014.

Diante de abundante exemplificação e elucidações textuais reforçadas pela linguagem dos sintagramas e do código numérico, cremos ter ficado cristalina a tese de que a tradicional classificação de oração subordinada subjetiva é fruto de uma interpretação sintática equivocada. O termo 1 de um verbo 2 de uma estrutura textual é o determinado pelo determinante verbo. Sendo determinado, é subordinante e jamais subordinado. A concordância verbal com a posição 1 é outra prova de que a oração subjetiva é subordinante e não, subordinada. Concordância sempre revela que o termo concordante é subordinado. E o provocador de concordância é o subordinante. Ficou provado que a dita conjunção subordinativa integrante que não tem força subordinativa. Esse monossílabo é mero nominalizador da oração, mostra que tal frase ocupa o lugar de um nome dentro Revista Philologus, Ano 20, N 60 Supl. 1: Anais da IX JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez.2014 1027

da fórmula da oração. Os sintagramas, por meio de sua linguagem clara, não deixam dúvida de que a oração subjetiva é subordinante e jamais será subordinada. Assim, é equívoco classificar a oração subjetiva como subordinada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEQUI, Francisco. Sintagramática: Identificação de determinantes e determinados. 5. ed. Canoas: Centro de Estudos Sintagramaticais, 2001.. Sintagramática. 6. ed. Canoas: Faculdade de Tecnologia IPUC, 2008.. Neopedagogia da gramática: 18 teses surpreendentes. 3. ed. Canoas: Faculdade de Tecnologia IPUC, 2005.. Bases gramaticais multilíngues: português. Canoas: Centro de Estudos Sintagramaticais, 2004.. Redação por recomposição. 12. ed. Canoas: Faculdade de Tecnologia IPUC, 2011.. Carta magna da língua portuguesa. 3. ed. Canoas: Faculdade de Tecnologia IPUC, 2011. 1028 Revista Philologus, Ano 20, N 60 Supl. 1: Anais da IX JNLFLP. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez.2014.