PERFIL DO TURISMO DOS IDOSOS NO BRASIL

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Transcrição:

PERFIL DO TURISMO DOS IDOSOS NO BRASIL Eduardo Fernandez Silva Consultor Legislativo da Área IX Política e Planejamento Econômicos, Desenvolvimento Econômico, Economia Internacional Câmara dos Deputados Praça 3 Poderes Consultoria Legislativa Anexo III - Térreo Brasília - DF

2005 Câmara dos Deputados. Todos os direitos reservados. Este trabalho poderá ser reproduzido ou transmitido na íntegra, desde que citados o autor e a Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados. São vedadas a venda, a reprodução parcial e a tradução, sem autorização prévia por escrito da Câmara dos Deputados. Este trabalho é de inteira responsabilidade de seu autor, não representando necessariamente a opinião da Câmara dos Deputados.

PERFIL DO TURISMO DOS IDOSOS NO BRASIL Eduardo Fernandez Silva A crescente longevidade da população tem motivado inúmeras transformações na sociedade. Dentre estas, a maior movimentação turística da população de maiores de 65 anos. O objetivo deste estudo é traçar um perfil do turismo na terceira idade no Brasil. Infelizmente, a escassez de informações abrangentes e confiáveis é grande, razão pela qual o quadro resultante da presente análise é mais um esboço do que um desenho detalhado. Com base em informações estatísticas da EMBRATUR, pode-se perceber algumas características deste fenômeno do turismo na terceira idade: 4,1 o dos turistas estrangeiros que chegaram ao Brasil em 2002 e 2003-3,8 milhões no primeiro ano e 4,1 milhões no segundo - tinham mais de 65 anos de idade. Infelizmente, não existem informações mais detalhadas que perrnitarn aprofundar as características deste grupo, no tocante à profissão, permanência, volume de gastos, etc. Para os turistas estrangeiros como um todo - 48,8% dos quais são adultos na faixa de 29 a 45 anos -, as cidades mais visitadas são Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Fortaleza, Recife e Foz do Iguaçu, nesta ordem. Eles permanecem no Brasil 13,5 dias, em média, com gastos diários da ordem de US$ 87,99, sendo que a maioria, 54%, veio a lazer, e 26% vieram a negócios, ou para congressos e convenções. Em 2003, para 63% deles o que mais influenciou na vinda ao Brasil foi informação de amigos, donde se pode concluir acerca da importância da propaganda "boca-a-boca" - e, portanto, do bom tratamento do turista durante sua visita ao Brasil- como forma de divulgação das atrações do País. Do total de pessoas aqui desembarcadas em vôos regulares no ano de 2003, a maior parte veio da Europa: 1,4 milhão. A América do Sul ocupa o segundo lugar, com 1,2 milhão, e a América do Norte, com 1,06 milhão, é a terceira fonte. Como é conhecido, o aeroporto de Guarulhos é a principal porta de desembarque, seguida do aeroporto do Galeão. As informações disponíveis no anuário sobre o chamado "turismo emissor", ou emissivo, como dizem muitos, são ainda mais simples que os dados sobre a saída de turistas do Brasil. A informação é que o número de turistas que saíram do País, por via aérea, em vôos originados no Brasil, foi de 4,1 milhões em 2000. Nos três anos seguintes, pela ordem, saíram 3,8, 3,5 e 3,9 milhões de turistas. Certamente que nestes números estão incluídas as viagens de negócios. Pode-se saber, também, o destino destes turistas. Em primeiro lugar encontra-se a

Europa, com 1,46 milhões de passageiros, no último ano. A América do Sul ocupa o segundo lugar, com 1,19 milhões, e a América do Norte o terceiro: para lá dirigiram-se 1,03 milhões de pessoas. As informações do Anuário Estatístico do Ministério do Turismo registram, para o turismo interno, o movimento em 66 aeroportos administrados pela INFRAERO, em 2003: 30,7 milhões de passageiros desembarcados. Não existem, porém nos parece, informações sobre a movimentação de passageiros por ônibus. Isto revela a visão parcial, elitista e, portanto, equivocada, com que se analisa a questão do turismo no Brasil, pois cerca de 97% das viagens interurbanas no País são feitas por via rodoviária. Aliás, não há sequer uma tabela com informações sobre a movimentação de passageiros por via rodoviária, embora pesquisa da própria EMBRATUR, abaixo comentada, informe ser o ônibus o mais importante meio de transporte dos turistas nacionais em alguns tipos de viagens. Também não há informação sobre a quantidade de ônibus de turismo existentes no País. O anuário informa, não obstante, existirem no Brasil 5.800 transportadoras turísticas. Além disto, é visível nas ruas das principais cidades, assim como nas estradas, grande número de ônibus de turismo, sabendo-se, pois, que o movimento destes veículos é quantitativamente relevante em vários aspectos. Dentre estes, a movimentação de estudantes, de romeiros para destinos como Aparecida do Norte e Juazeiro do Norte, e as excursões, cujos anúncios abundam nos veículos de comunicação. Há informações, também, de que os idosos se utilizam, em sua maioria, de ônibus de turismo em seus deslocamentos. Ainda que se reconheça que a movimentação da população de renda média e baixa não costuma atrair a atenção da mídia, sabe-se que o turismo é, cada vez mais, um fenômeno e uma indústria de massa; portanto, vale a hipótese de que o desenvolvimento desta atividade no Brasil, inclusive no segmento da terceira idade, poderá ser mais bem atendido na medida em que o mencionado viés for eliminado. quantidade de Desta forma, uma vez que o Anuário Estatístico oficial não registra a passageiros, nem de veículos, transportados no modal quantitativamente mais relevante, a própria análise do turismo de terceira idade fica prejudicada. Da mesma forma, a elaboração de políticas para o segmento, pois a eficácia destas será necessariamente prejudicada pela falta de informações. Assim, para se esboçar o perfil do turismo da terceira idade, há eu se recorrer a outras fontes. Uma delas é a pesquisa acima mencionada "Estudo do Mercado Interno de Turismo - 2001", efetuada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP - FIPE, por encomenda da EMBRATUR e do então Ministério do Esporte e do Turismo. Trata-se de pesquisa domiciliar, com a aplicação de 15.145 questionários em 112 municípios em todo o Brasil,

com base em amostra desenhada para refletir os diversos grupos de renda e o perfil SÓClOdemográfico da população. A pesquisa se refere a viagens das famílias ou de seus membros, nos doze meses anteriores à aplicação dos questionários: dezembro de 2001 a novembro de 2002. Segundo o relatório, "Duas outras condições foram impostas aos trabalhos de campo: uma relativa à idade do informante e a outra relativa ao nível de renda das famílias. Quanto à idade, estabeleceu-se que o indivíduo a ser entrevistado devesse ter no mínimo 18 anos de idade. Para a questão do nível de renda, as instruções foram no sentido de se priorizar as entrevistas com as famílias de mais alta renda, em termos de proporcionalidade, de modo a assegurar um maior número de informantes que realizam viagens, elementos básicos para a expansão dos resultados da amostra." (ênfase adicionada). Pág. 9. Para as regiões Sul e Sudeste, foram determinadas as seguintes classes de renda a serem entrevistadas: 25% com renda entre O e 4 salários mínimos; 42% com renda entre 4 e 15 salários, e 33% com renda supenor a quinze salários, Para as demais regiões, as cotas para as mesmas classes de renda foram, respectivamente, 33%, 50% e 17%. Embora esta distribuição divirja profundamente da efetiva proporção das diversas classes de renda na população total, é possível adotar-se critérios estatísticos que permitam inferências para o conjunto dos brasileiros, como de fato realizado pelos pesquisadores. No próprio planejamento desta pesquisa foram utilizadas informações relevantes sobre o turismo no Brasil, fruto de trabalho semelhante, realizado anos antes: 70% do fluxo de turistas se dá dentro das regiões, e 45% dentro das unidades da federação. Esta informação, sem dúvida, ressalta o equívoco acima indicado, de não se considerar o turismo rodoviário. Um dos desafios dos estudiosos do turismo é a estimativa da demanda doméstica por turismo, pois os controles de tráfego internacional facilitam análises sobre os fluxos entre países. Esta pesquisa fornece dados que permitem caracterizar as movimentações da população brasileira, internamente. Definidas "excursões" como as viagens em que o indivíduo se desloca de sua cidade habitual para outra localidade, sem pernoite e com permanência menor que 24 horas, a pesquisa indica que 38% da população realizam este tipo de viagem. Fazem-no, em média, sete vezes ao ano, embora o número modal de excursões seja de 1,8. Na quase totalidade das unidades -----------IIf------------

da Federação, as capitais dos estados são os principais destinos das excursões. Na maior parte das regiões, 70% dos destinos das viagens de excursão se dirigem para menos de dez localidades, sendo que nas regiões mais desenvolvidas há maior diversificação de destinos. A pesquisa definiu também "viagens rotineiras". Estas são aquelas realizadas com regularidade à mesma localidade, por lazer ou não, e repetidas ao menos dez vezes no ano. Embora esta alta freqüência indique um critério muito restritivo para caracterizar a "viagem rotineira", observou-se que 9,1 % da população havia realizado este tipo de viagem, no período. Para isto, o principal meio de transporte é o carro próprio - 45,8% -, seguido pelo ônibus, com 36,2%. A maioria - 58,6% - se utiliza da casa de amigos e parentes como meio de hospedagem. o número anual médio de viagens da família é de 1,4, com a permanência sendo de 10,8 dias em média. O valor modal é de 3 dias. Para este tipo de viagem, o meio de transporte mais usado é o ônibus: 36%, contra 49,9 % do mesmo modal em pesquisa semelhante realizada em 1998. O carro próprio e o avião são usados, respectivamente, em 30,9% e 9% dos casos. A alternativa "carona" responde por 9,9 % dos deslocamentos. Analisando os dados para o conjunto do País, com os cuidados devidos em face da peculiaridade da amostra, os autores da pesquisa concluem que existiam no Brasil, em 2001, 41,35 milhões de indivíduos que viajaram ao menos uma vez. Em relação às estimativas efetuadas com base em uma pesquisa semelhante, de 1998, o crescimento terá sido de 8,8%. Lembrando que há um número expressivo de pessoas que viajam mais de uma vez, a estimativa é que ocorreram, em 2001, 57,9 milhões de viagens no Brasil. Infelizmente, porém, a pesquisa não mostra informações que permitam analisar o turismo na terceira idade, que é nosso foco neste trabalho. Não obstante, as observações anteriores permitem, no mínimo caracterizar a movimentação geral da população brasileira, no seio da qual se insere o turismo da terceira idade. Também não se conseguiu encontrar dados que permitissem caracterizar os destinos procurados pelo turista brasileiro da "melhor idade". Na caracterização do turismo para a terceira idade, por vezes também chamado de turismo na melhor idade, é fundamental registrar as perspectivas de crescimento da população brasileira de mais de 65 anos. Conforme os dados do IBGE, são os seguintes os totais estimados: em 2005, 11,24 milhões; em 2010: 13,19 milhões; em 2020: 19,12; e, em 2030: 28,8 milhões. Com tal perspectiva, fica claro que este segmento do mercado total apresentará uma taxa de crescimento muito elevada, provavelmente motivando o surgimento de diversos projetos de investimento. Para 2005, o total de 11,24 milhões se eleva para 16,7 milhões quando se considera a população de mais de 60 anos, e não apenas os maiores de 65.

Trabalho reahzado pela empresa de pesquisa e opinião pública Indicator GFK - à qual se agradece pelo gentil envio dos dados -, no qual foram ouvidas 1.800 pessoas de mais de sessenta anos de idade, em nove regiões metropolitanas brasileiras, além de Goiânia e do Distrito Federal, fornece alguns dados adicionais. Segundo esta fonte, a renda média de quem tem mais de 60 anos era de R$ 589,00 em 2001, bem menos que a renda da população entre 40 e 59 anos - R$ 812,00 -, porém maior que a renda da população entre 18 e 39 anos, R$ 513,00. Mais da metade dos entrevistados - 51 o - haviam viajado nos 12 meses anteriores, índice que chegava a 63% entre as classes A e B. Boa parte da população viaja para visitar os filhos e 14% afirmara hospedar-se em hotéis. Segundo informações do Diário do Comércio, publicadas em 6 de maio de 2005, "nas duas últimas décadas, o chamado turismo da terceira idade, ou melhor idade, é o segmento mais constante e crescente, e já ultrapassa 20% do volume total vendido pelas agências de viagem". A mesma fonte informa que este público já é maioria nos EUA, onde representam 80% do turismo interno. As parcas informações disponíveis mostram que, no tocante aos destinos procurados por este segmento, já não predominam as estâncias hicirominerais. As praias, os resorts, cruzeiros marítimos e eco-turismo também são destinos demandados. Dentre as motivações para as viagens, visita a familiares aparece em destaque. Este fato mostra um problema e uma oportunidade: o problema é a redução do gasto médio, pois se evita o hotel e se reduz o impacto econômico do turismo brasileiro; a oportunidade é o desenvolvimento de atrações que levem em conta a presença de familiares nos vários destinos, assim como o aproveitamento desta característica de hospedar parentes para desenvolver o sistema - importante no turismo europeu - de hospedagem em residências. Os principais destinos, como se viu, são essencialmente as capitais dos estados, além de um pequeno número adicional de cidades. A Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade - ABCMI registra como os destinos mais demandados por este segmento dos turistas as cidades de Florianópolis, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Caldas Novas. A esta última cidade acorrem, anualmente, mais de 300 mil turistas acima de 60 anos de idade. Novos destinos têm surgido, sempre. Mais recentemente, agências de viagens especializadas em enviar jovens para estudos no exterior têm ampliado sua clientela para incluir, também e de forma crescente, idosos interessados em realizar cursos noutros países. Visando ao desenvolvimento deste segmento do mercado turístico, o Ministério do Turismo desenvolve o Programa Melhor Idade. Seu objetivo é melhorar o aproveitamento da infra-estrutura de turismo, como os meios de hospedagem no período de baixa temporada - março a junho e agosto a dezembro - atuando junto aos brasileiros com mais de 50 anos. Como é reconhecido que grande parte desta parcela da população está aposentada e

com os filhos criados, podendo portanto efetuar passeios nos períodos de menor movimento, o incremento do turismo na terceira idade, ou melhor idade, pode contribuir para aquele objetivo. Uma das principais ações do programa é a afiliação de Clubes da Melhor Idade nos Estados, aos quais muitos hotéis e empresas de transporte concedem atraentes descontos. No entanto, parece haver um erro de perspectiva importante: o objetivo de tal programa deveria ser o bem estar deste segmento da população, ou o uso das suas potencialidades, e não a solução do problema de ociosidade dos meios de hospedagem na baixa estação. Afinal, este é um problema dos gestores dos meios de hospedagem, ao passo que os problemas dos turistas da "melhor idade" podem ser outros. Por fim, há que se registrar, ainda uma vez, que as indicações disponíveis são no sentido de rápido crescimento deste segmento da atividade turística. Assim, seria também conveniente a preparação de profissionais que possam não apenas melhor atender a este segmento, como também planejar e implantar, de forma eficaz, ações que de fato transformem este potencial em emprego e renda para a população em geral, e em mais bem estar para os turistas da "melhor idade".