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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR , em que é Recorrente

Curso Esfera OAB / CONCURSOS

Transcrição:

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL IMPENHORABILIDADE. ART. 649, V, DO CPC. PESSOA JURÍDICA. A impenhorabilidade a que alude o art. 649, V, do CPC tem por escopo a proteção dos bens indispensáveis ao exercício da profissão (pessoa física), benefício, portanto, não assegurado à executada pessoa jurídica. EXCESSO DE PENHORA. Não se pode falar em excesso de penhora quando o devedor deixou de indicar bens no momento oportuno ou quando não foram encontrados outros bens que pudessem ser penhorados. Nesses casos, é cabível a constrição de qualquer bem de propriedade do executado, ainda que a avaliação seja em muito superior ao valor da dívida, devendo ser considerado, também, que a constrição judicial deve ser suficiente para satisfazer o crédito do exequente acrescido dos acessórios, bem como as despesas processuais, e que, em hasta pública, os bens raramente alcançam seu preço real, sequer atingindo a metade desse valor. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de AGRAVO DE PETIÇÃO, em que figuram como partes: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO RIO DE JANEIRO, como recorrente, e ROBERTO LOPES DE ARAÚJO FILHO, como recorrido. Trata-se de agravo de petição interposto tempestivamente 3637 1

pela executada, inconformada com a r. sentença das fls. 199/200, proferida pelo MM. Juízo da 32ª Vara do Trabalho de Niterói, da lavra da Juíza Marta Verônica Borges Vieira, que julgou improcedentes os embargos à execução. A executada, em suas razões de agravo (fls. 202/206), insurge-se contra a decisão de embargos à execução que entendeu que a impenhorabilidade de que trata o inciso V do art. 649 do CPC se refere à pessoa física e não à pessoa jurídica. Ressalta ainda haver excesso de penhora tendo em vista a discrepância entre o valor da execução e aquele da penhora, pelo que requer a reforma da decisão. Devidamente cientificado, o agravado apresentou contraminuta às fls. 212/214, pugnando pelo desprovimento do recurso. Dispensável a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho diante do que dispõe o artigo 85 do Regimento Interno desta Egrégia Corte e por não evidenciadas as hipóteses dos incisos II e XIII do art. 83 da Lei Complementar nº 75/93. É o relatório. VOTO CONHECIMENTO Conheço do agravo de petição por satisfeitos os pressupostos legais de admissibilidade. MÉRITO IMPENHORABILIDADE Insurge-se a agravante contra a decisão de origem que entendeu que a impenhorabilidade de que trata o inciso V do art. 649 do 3637 2

CPC se refere à pessoa física e não à pessoa jurídica. Transcrevo parte da decisão a quo (fl. 200): O art. 649 V estabelece que são absolutamente impenhoráveis os instrumentos necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão. Todavia, a norma não se aplica ao caso em exame. Ao contrário dos argumentos contidos na peça de embargos, a proteção contida no inciso V do art. 649 do CPC refere-se exclusivamente às pessoas naturais. E não as pessoas jurídicas, como é o caso do embargante. Frise-se que o art. 649 deve ser interpretado sistematicamente. No caso, todos os seus incisos se referem a pessoas físicas, alguns de forma explícita outros de forma implícita. Ademais, a parte final do inciso em análise desfaz qualquer dúvida acerca do sujeito a quem se dirige a norma jurídica, ao restringir a impenhorabilidade ao exercício de qualquer profissão (grifei) o que pressupõe a pessoa do trabalhador e não a pessoa jurídica como é o caso do embargante/réu. Com efeito, profissão é substantivo que significa o meio de subsistência remunerado resultante do exercício de um trabalho por uma pessoa natural. A sociedade, por sua vez, não possui profissão mas desenvolve atividade econômicas. Assim, o embargante não possui profissão. Por último, ressalto que o legislador, através da 3637 3

norma em análise, visou à proteção do trabalhador (latu sensu), o qual, na hipótese de ser privado do seu instrumento de trabalho, seria atingido no exercício regular da sua profissão, e por consequência, teria prejudicado o seu meio de subsistência, inclusive de alimentação. Portanto, as sociedades comerciais e civis estão logicamente excluídas da proteção legal em exame. Salienta a ré, ora agravante, por seu turno, que merece reforma a decisão de origem sob o argumento de que a regra geral da impenhorabilidade estatuída pelo CPC quanto aos objetos necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão, destina-se às pessoas físicas, admitindo-se, contudo, aplicação excepcional às pessoas jurídicas desde que comprovada a indispensabilidade dos bens para a continuidade das suas atividades. Ressalta ainda que o bem penhorado, um tomógrafo, é indispensável para que a agravante mantenha suas atividades, mormente por ser uma entidade filantrópica na área de saúde. Frisa que a importância do bem penhorado está na utilidade pública do mesmo, diferente dos leitos ofertados, de fácil substituição. Assevera, em suma, que os bens móveis necessários ou úteis ao funcionamento da empresa são impenhoráveis posto que o art. 649, V do CPC ampara tanto as pessoas naturais quanto às pessoas jurídicas. Pois bem. Não assiste razão à agravante em seu inconformismo. Ao contrário do que propugna a agravante, entende-se que o disposto no art. 649, V, do CPC não lhe socorre. Isto porque ao dispor que são impenhoráveis os livros, as máquinas, os utensílios os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de 3637 4

qualquer profissão, a norma em questão tem como objetivo proteger o exercício da profissão, e não a atividade econômica, de modo que não alcança os bens de pessoa jurídica, como no caso em apreço. Neste sentido, destacam-se decisões: (...) o art. 649 do CPC trata de impossibilidade de constrição sobre bens de pessoas físicas (basta ver que o inciso VI desde último refere-se a livros, máquinas e utensílios necessários ao exercício de profissão, que não é o caso da atividade empresarial de pessoa jurídica). (acórdão 00186-2005-791-04- 00-7 AP, 5ª Turma, Relatora Juíza Tânia Maciel de Sousa, julgado em 12-04-07); "PENHORA DE MÁQUINÁRIO - ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 649, VI, DO CPC. O inciso VI do art. 649 do CPC trata da impenhorabilidade de bens indispensáveis ou úteis ao exercício de qualquer profissão, não se aplicando a pessoas jurídicas, ainda que enquadradas como empresas de pequeno porte" (acórdão 00291-2003- 402-04-00-0 AP, Relator Juiz Ricardo Tavares Gehling, julgado em 17-05-09). Quanto à incidência da penhora sobre bens que, segundo alega a recorrente, impedem o funcionamento da empresa, entendo que o inciso V, do artigo 649 do Código de Processo Civil (o qual, com a edição da Lei nº 11.382 de 2006, absorveu a redação do antigo inciso VI do referido dispositivo), que cuida da impenhorabilidade dos instrumentos necessários ao exercício profissional, restringindo o gravame aos bens das pessoas físicas, que não se confundem, à evidência, com o exercício 3637 5

da atividade econômica da pessoa jurídica. Segundo lição do Professor Manoel Antônio Teixeira Filho (in Execução no Processo do Trabalho, 8ª ed., 2004, p. 455): "o senso do substantivo profissão, no texto legal ( CPC, art. 649, VI), é indissociável da idéia de pessoa física; sendo assim, determinado bem, conquanto necessário, poderá ser objeto de apreensão judicial se utilizado por pessoa jurídica. Estas, em rigor, não têm profissão e sim atividade" transcrevo: Nesse mesmo sentido, os arestos cujas ementas ora IMPENHORABILIDADE. ART. 649, V, DO CPC. PESSOA JURÍDICA. A impenhorabilidade a que alude o art. 649, V, do CPC tem por escopo a proteção dos bens indispensáveis ao exercício da profissão (pessoa física), benefício, portanto, não assegurado à executada pessoa jurídica. Agravo de petição da primeira executada desprovido. (4ª TURMA do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. do processo 015120002.2009.5.04.0261 (AP). Redator: HUGO CARLOS SCHEUERMANN. Participam: FABIANO DE CASTILHOS BERTOLUCCI, RICARDO TAVARES GEHLING. Data: 11/06/2010. Origem: Vara do Trabalho de Montenegro). 3637 6

AGRAVO DE PETIÇÃO BENS NECESSÁRIOS AO EXERCÍCIO DE UMA PROFISSÃO A impenhorabilidade prevista no inciso V do artigo 649 do CPC, refere-se àqueles bens indispensáveis ao exercício profissional de pessoas físicas, que deles se utilizam em trabalho próprio, necessário à sua sobrevivência. Porém, uma vez comprovado nos autos que os bens constritos são de propriedade da pessoa jurídica executada, tem-se por afastada a alegada impenhorabilidade. (Processo 00762200701703006 AP. Data de Publicação 30/08/2010. Órgão Julgador Sexta Turma do TRT 3ª região. Relator Jorge Berg de Mendonça. Revisor Emerson José Alves Lage.). Além disso, inexiste qualquer comprovação nos autos acerca das alegações aduzidas quanto à inviabilidade da atividade econômica em razão da penhora realizada, de modo que não aproveita à agravante o disposto no art. 620 do CPC, sendo de salientar, ainda, que embora a execução deva ser feita da forma menos gravosa para o devedor (art. 620 do CPC), ela se processa em proveito do credor e não do devedor, nos termos do art. 612 do mesmo diploma. Cumpre também referir que o acolhimento da tese da ora recorrente implicaria admitir a supressão de direitos trabalhistas para a manutenção do negócio, ou seja, estar-se-ia transferindo o risco do empreendimento ao empregado, o que, à toda evidência, mostra-se absurdo inclusive em face do princípio maior de proteção que norteia o direito do trabalho. Destarte, nego provimento. 3637 7

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL EXCESSO DE PENHORA Frisa ainda a agravante que restou caracterizado o excesso de penhora tendo em vista o valor da execução ser de R$ 144.719,00 e o da penhora, R$ 450.000,00. Ressalta que os leitos hospitalares são de menor valor unitário, podendo, em seu conjunto, garantir o valor exato da dívida, e que, em uma eventual praça, seria incomparável o prejuízo entre a alienação do tomógrafo e aquela dos leitos. A decisão impugnada assim decidiu (fl. 199 v): O embargante alega que o crédito do autor/embargado foi fixado em R$ 144.212,00, mas que o bem penhorado para garantia do juízo foi avaliado em R$ 450.000,00. Ora, de fato há uma diferença entre o valor da dívida do réu/embargante e o valor de avaliação do bem penhorado em garantia à execução. No entanto, não há que se falar em excesso de penhora, como entende o embargante, pelas seguintes razões: A uma, porque caberia ao réu ter nomeado bem à penhora na época própria para tal, o que deixou de fazê-lo. A duas, porque sabe-se que na Justiça do Trabalho, inclusive neste Regional, as arrematações normalmente alcançamo percentual de 20 a 50% do valor da avaliação do bem. E a três, porque~não se pode confundir excesso de penhora com excesso de execução. Ou seja, na hipótese de o bem ser arrematado, eventual valor excedente do crédito do autor será devolvido ao réu. Por consequência, indefiro a pretensão de 3637 8

substituição da penhora. Irretocável a decisão de origem. Não se pode falar em excesso de penhora quando o devedor deixou de indicar bens no momento oportuno ou quando não foram encontrados outros bens que pudessem ser penhorados. Nesses casos, é cabível a constrição de qualquer bem de propriedade do executado, ainda que a avaliação seja em muito superior ao valor da dívida, devendo ser considerado, também, que a constrição judicial deve ser suficiente para satisfazer o crédito do exequente acrescido dos acessórios, bem como as despesas processuais, e que, em hasta pública, os bens raramente alcançam seu preço real, sequer atingindo a metade desse valor. Além disso, se o bem penhorado alcançar lance superior ao valor do crédito, o agravante receberá a diferença que exceder seu débito, em face do que dispõe o artigo 710 do Código de Processo Civil, de aplicação subsidiária por força do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho. Ademais, a execução se processa no interesse do credor, e, normalmente, a arrematação se dá por importância inferior ao valor de mercado, o que não constitui irregularidade. Acrescente-se, por fim, que o princípio da execução menos gravosa, suscitado pelo executado, não pode ser interpretado de forma a isentar o devedor da satisfação do crédito trabalhista, que possui natureza alimentar. Ante o exposto, CONHEÇO do agravo de petição da executada, e, no mérito, NEGO-LHE PROVIMENTO, na forma da fundamentação supra. 3637 9

Vistos e examinados, A C O R D A M os Desembargadores da 7ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, CONHECER do agravo de petição da executada, e, no mérito, NEGAR- LHE PROVIMENTO, na forma da fundamentação. Rio de Janeiro, 09 de janeiro de 2013. Desembargadora do Trabalho Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva Relator 3637 10