GLAUCIENE DOS REIS SILVA Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Unileste-MG E-mail: glauciene.reis@yahoo.com.



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PERFIL NUTRICIONAL, CONSUMO ALIMENTAR E PREVALÊNCIA DE SINTOMAS DE ANOREXIA E BULIMIA NERVOSA EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE IPATINGA, MG THE NUTRITIONAL PROFILE, FOOD CONSUMPTION AND PREVALENCE OF ANOREXIA AND NERVOUS BULIMIA SYMPTOMS IN ADOLESCENTS OF A PUBLIC SCHOOL IN IPATINGA CITY, MG GLAUCIENE DOS REIS SILVA Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Unileste-MG E-mail: glauciene.reis@yahoo.com.br NILCEMAR RODRIGUES DA CRUZ Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Unileste- MG E-mail: nilcemar@unilestemg.br ERING JÚNIOR BARROS COELHO Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Unileste- MG E-mail: eringcoelho@yahoo.com.br RESUMO O objetivo deste estudo foi caracterizar o consumo alimentar, o estado nutricional, e a prevalência de sintomas de anorexia e bulimia nervosa em estudantes de uma escola da rede pública de ensino de Ipatinga/MG. Participaram 81 adolescentes com idade entre 13 e 18 anos. Para avaliação antropométrica foi utilizado o peso e altura para posterior cálculo de IMC sendo este analisado pelo índice IMC/I. Para descrever a prevalência dos sintomas de anorexia e bulimia nervosa, foram aplicados os questionários EAT-26 e BITE, respectivamente. Os dados do consumo alimentar foram obtidos através do recordatório 24 horas. A classificação do estado nutricional demonstrou melhores parâmetros nutricionais na faixa etária de 16 a 18 anos em relação às adolescentes de 13 a 15 anos. O EAT-26 e BITE indicaram que 20,98% (n=17) das adolescentes apresentaram risco de desenvolver anorexia, 1,23% (n=1) para o desenvolvimento de bulimia nervosa e 7,40% (n=6) apresentaram sintomas de ambas as doenças. Das adolescentes com eutrofia, 65,21% (n=15) e 57,14% (n=4) apresentaram sintomas de anorexia e bulimia nervosa, respectivamente. A avaliação alimentar, revelou consumo insuficiente de energia e menos de 50% atingiram as recomendações de ferro, zinco, vitamina A e vitamina C. Palavras-chave: adolescente, anorexia nervosa, bulimia nervosa, avaliação dietética, perfil nutricional. ABSTRACT

2 This study has the objective of characterize the food consumption, the nutritional state and the prevalence of the anorexia symptoms and nervous bulimia in students of a public school from Ipatinga/MG. The study was developed in 81 adolescents with ages between 13 and 18. For the anthropometric evaluation the height and weight was used for a later IMC calculation what is analyzed by the IMC/I rate. To describe the prevalence of the symptoms of anorexia symptoms and nervous bulimia EAT-26 e BITE questionnaires were applied, respectively. The data related to the food consumption were taken by a 24-hour recall. The nutritional state classification showed that the ages from 16 to 18 presented better nutritional parameters when compared to the ages from 13 to 15. EAT-26 and BITE questionnaires evaluation indicated that 20,98% (n=17) of the adolescents presented risks of developing anorexia, 1,23% (n=1) to the development of nervous bulimia and 7,40% (n=6) showed symptoms of both illness. Adolescents with stunting 65,21% (n=15) e 57,14% (n=4) presented anorexia and nervous bulimia symptoms, respectively. On the diet evaluation, was detected insufficient energy consumption and less than 50% reached the recommendation of iron, zinc, A vitamin and C vitamin. Key words: teenager, nervous anorexia, nervous bulimia, diet evaluation, nutritional profile. INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a adolescência é o período entre 10 e 19 anos de idade (CONTI et al., 2005), o qual é marcado pelo crescimento e desenvolvimento acelerado, onde o estado nutricional indica condições de uma vida saudável (RODRIGUES et al., 2005). No início da adolescência, as transformações biológicas e as alterações na personalidade ocorrem juntas e assim como o corpo vai adquirindo uma nova forma, modifica-se também a imagem mental, onde o adolescente passa a crer que sua imagem corporal está desproporcional à imagem idealizada (BRANCO et al., 2006). Devido à pressão da mídia sofrida por esta população e por vários outros fatores, sendo estes os biológicos, psicológicos, familiares, insatisfação corporal e o desejo por um corpo perfeito, os adolescentes não se alimentam corretamente e passam a seguir dietas desapropriadas que causam desordens em seu organismo e aumentam o risco de apresentarem transtornos alimentares (BRANCO et al., 2006; DINIZ, 2007). O sexo feminino representa 90% da população afetada e em países industrializados, onde a magreza é valorizada, o problema é mais prevalente (RODRIGUES et al., 2005). Os transtornos alimentares estão associados à percepção corporal, levando em consideração o desejo de algumas adolescentes buscarem um corpo semelhante aos exibidos

3 pela mídia, tendo em vista, a magreza como padrão de beleza (RODRIGUES et al., 2005) e podem ser observados nas modificações no comportamento alimentar que atingem principalmente mulheres jovens, adolescentes e atletas (FREITAS e CARVALHO, 2006). Os dois tipos de transtornos alimentares, anorexia nervosa e bulimia nervosa, estão intimamente relacionados por apresentarem comum psicopatologia: uma exagerada preocupação com o peso e com a imagem corporal, que induz as pacientes a chegarem a um corpo idealizado através de métodos inadequados e optarem por dietas exageradamente restritivas (CLAUDINO e BORGES, 2002). A anorexia nervosa quando instalada na pré-puberdade, pode ocasionar um atraso tanto na maturação sexual, desenvolvimento físico, quanto no crescimento e estatura abaixo da esperada (VILELA et al., 2004). Segundo Dunker et al. (2003), a anorexia nervosa é caracterizada por medo intenso de engordar, distorção da imagem corporal e perda significante de peso em conseqüência da restrição dietética. A doença inicia-se com a restrição dos alimentos mais calóricos e tardiamente a mesma extende-se a outros tipos de alimentos. A anorexia nervosa pode gerar seqüelas devido a uma restrição alimentar auto-imposta que quando instalada de forma crônica, leva o paciente à desnutrição, desidratação, infertilidade, hipotermia, complicações cardiovasculares, entre outras (FIATES e SALLES, 2001; VILELA et al., 2004). A bulimia nervosa é caracterizada por uma grande e descontrolável ingestão de alimentos em um único momento, acompanhados de métodos de compensação inadequados como: vômitos auto induzidos, uso abusivo de laxantes, diuréticos, inibidores de apetite, além de dietas inadequadas e prática excessiva de exercícios físicos (SAPOZNIK, 2005; DINIZ, 2007). Os bulímicos geralmente não escondem o seu comportamento alimentar, diferente daqueles que apresentam anorexia nervosa, porém procuram ajuda médica muito tempo após o início da doença por se sentirem envergonhados e receosos (ALVARENGA et al., 2004). As complicações mais comuns da bulimia nervosa são: erosão do esmalte dentário, hipotensão, distúrbios eletrolíticos, diminuição da taxa do metabolismo basal (VILELA et al., 2004), além das queixas de fraqueza, cansaço fácil e diarréia causada pelo uso abusivo de laxantes (ALVARENGA et al., 2004). Sendo a adolescência, uma das fases importantes na vida do ser humano, o presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil nutricional, a presença de sintomas de anorexia e

4 bulimia nervosa e o consumo alimentar de adolescentes estudantes em uma escola da rede pública de ensino no município de Ipatinga, MG. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada em uma instituição de ensino da rede pública, localizada no município de Ipatinga, MG, no período de novembro de 2007 a abril de 2008. Foram selecionadas inicialmente 123 alunas do sexo feminino, com idade entre 13 e 18 anos. As estudantes e seus pais ou responsáveis assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido baseado na Resolução 196 de 10/10/1996 do Conselho Nacional de Saúde. Como critérios de exclusão do estudo foram considerados: estudantes menores de 13 anos ou com idade maior ou igual a 19 anos, questionários não preenchidos corretamente, ou que não assinaram o termo de consentimento. Desse modo, a população de estudo ficou constituída por 81 adolescentes do sexo feminino com idades entre 13 a 18 anos e 11 meses. Para aferição do peso, utilizou-se uma balança portátil, eletrônica (KRATOS-CAS), com capacidade de 200 kg e divisão de 50 g. As estudantes foram pesadas com o mínimo de roupa viável. Para obtenção da estatura (cm), foi utilizado um estadiômetro portátil (alturexata) com extensão de 2 metros e divisão de 0,1cm. As adolescentes ficaram em posição ereta, descalças e os tornozelos encostados na parede do estadiômetro. A partir das medidas do peso e altura, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) sendo este analisado pelo Índice de Massa Corporal por Idade (IMC/I) utilizando a tabela de referência do Centers for Disease Control and Prevention (CDC, 2000) e os valores de referência da World Health Organization (WHO, 1995), sendo classificado com magreza ou baixo peso com valores inferiores ao percentil 5, eutróficos quando os valores estiverem entre os percentis 5 e 85, sobrepeso entre o percentil 85 e 95 e obesidade acima do percentil 95 (BRANCO et al., 2006). Para a identificação de adolescentes com sintomas de anorexia nervosa foi utilizado um questionário validado por Garner e Garfinkel (1979) e traduzido para o português por Bighetti e Ribeiro (2003), - Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26) aplicado para avaliar as atitudes alimentares. Cada questão apresenta 6 opções de resposta, conferindo-se pontos de 0 a 3, dependendo da escolha (sempre = 3 pontos, muitas vezes = 2 pontos, às vezes = 1 ponto, poucas vezes, quase nunca, e nunca = 0 ponto). A única questão que apresenta pontos em

5 ordem invertida é a 25, sendo que as respostas mais sintomáticas, como sempre, muitas vezes e às vezes, não são dados pontos e para as alternativas poucas vezes, quase nunca e nunca, são conferidos 1, 2 e 3 pontos. Considerou-se com sintomas de anorexia nervosa as estudantes que apresentaram escore maior que 21 pontos (EAT+) (BIGHETTI e RIBEIRO, 2003). Para identificar adolescentes com sintomas de bulimia nervosa aplicou-se o Instrumento para Avaliação da Bulimia Nervosa (BITE) desenvolvido por Henderson e Freeman (1987) e traduzido para o português por Cordás e Hochgraf (1993). Este instrumento é um questionário que permite identificar comedores compulsivos constituindo-se de 33 questões dirigidas à sintomatologia bulímica, variando de 0 à 30 pontos (CORDÁS e HOCHGRAF, 1993, RODRIGUES et al., 2005). A resposta sim representa a presença de sintoma, valendo 1 ponto, enquanto a resposta não significa a ausência (0). Nas questões 1, 13, 21, 23 e 31, pontua-se inversamente (MAGALHÃES e MENDONÇA, 2005). Considerouse com sintomas de bulimia nervosa as adolescentes que apresentaram escore maior ou igual a 20 pontos (ALVARENGA e PHILIPPI, 2001). O consumo alimentar foi investigado a partir da aplicação do recordatório 24 horas utilizando álbum de registros fotográficos (UNICAMP/UFG). Este questionário foi aplicado àquelas alunas que apresentaram escores positivos no EAT-26 e/ou BITE. A avaliação ocorreu em três dias alternados no decorrer da semana para refletir o consumo de dois dias da semana e um dia do fim de semana. Foi avaliado o consumo de lipídios, carboidratos, proteínas. Em seguida foi analisado o percentual de adequação de acordo com os valores preconizados pela Dietary Reference Intakes (INSTITUTO DE MEDICINA, 2005) onde a recomendação para indivíduos de 4 a 18 anos de ambos os sexos é: lipídios: 25 35%, carboidrato: 45 65% e proteína: 10 30%. A ingestão de calorias foi analisada considerando a recomendação de 2.200Kcal (RECOMMENDED DIETARY ALLOWANCE, 1989 apud NETO, 2003). Foi analisado o consumo de micronutrientes considerando as atuais recomendações da Dietary Reference Intakes, sendo eles zinco, ferro, vitamina A (TRUMBO et al., 2001), cálcio (INSTITUTO DE MEDICINA, 1997), e vitamina C (INSTITUTO DE MEDICINA, 2000). Para obtenção do consumo destes nutrientes e da energia foi realizada a média dos três dias de recordatório. Estes dados foram analisados através do software Avanutri versão 3.0.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6 Das 81 adolescentes avaliadas, 38,27% (n=31) se encontravam na faixa etária entre 13 a 15 anos e 61,72% (n=50) entre 16 e 18 anos. A média de idade foi de 15,5 anos. Observouse que todas as participantes já apresentavam a menarca há mais de 1 ano e a média total foi de 2 anos e 9 meses anterior à pesquisa. Em relação às características socioeconômicas da amostra, 45,8% (n=11) relataram que o número de moradores é de 4 quatro pessoas, 8,3% (n=2) relataram ser de 6 moradores. Quanto à escolaridade, 41,6% (n=10) dos pais e das mães cursaram de 5ª a 8ª série do ensino fundamental. A renda prevalente foi de 3 a 5 salários mínimos por mês, sendo esta citada por 58,34% (n=14) das entrevistadas. A classificação do estado nutricional, segundo o IMC, mostrou que 70,4% (n=57) encontravam-se eutróficas, 17,3% (n=14) com baixo peso, 8,6% (n=7) com sobrepeso e 3,7% (n=3) das adolescentes com obesidade, conforme demonstrado na Figura 1. Tabela 1 Características socioeconômicas das adolescentes estudantes de uma escola da rede pública de ensino no município de Ipatinga, MG. Variáveis n % N de Moradores 3 pessoas 4 pessoas 5 pessoas 6 pessoas Escolaridade do pai Até 4ª série 5ª a 8ª série 1 ao 3 ano médio Ensino superior Escolaridade da mãe Até 4ª série 5ª a 8ª série 1 ao 3 ano médio Ensino superior Renda familiar 1 a 3 salários mínimos 3 a 5 salários mínimos Maior que 5 salários 7 11 2 4 10 7 3 4 10 9 1 5 14 5 29,2 45,8 16,7 8,3 16,7 41,6 29,2 12,5 16,7 41,6 37,5 4,2 20,8 58,3 20,8 Sabry et al. (2007), utilizando também os valores de referência da CDC (2000) com crianças e adolescentes de ambos os sexos, estudantes de escolas públicas e privadas no estado de Fortaleza, revelou que das 86 adolescentes do sexo feminino estudantes de escolas públicas, 71,9% encontravam-se eutróficas, 15,6% com baixo peso, 3,1% com sobrepeso e

7 9,4% da amostra com obesidade. Outro estudo realizado com 199 adolescentes do sexo feminino de 15 anos de idade, do Centro de Juventude do Município de São Paulo, indicou que 72,36% (n=144) das adolescentes estavam eutróficas, 22,11% (n= 44) com sobrepeso e 5,53% (n=11) apresentavam baixo peso (GARCIA et al., 2003). Branco et al. (2006) encontraram um percentual acima de 10% para excesso de peso em adolescentes do sexo feminino de 12 a 18 anos estudantes em escolas públicas da cidade de Cotia/SP. Estes estudos confirmam a atual pesquisa, identificando um percentual preocupante de sobrepeso/obesidade entre as adolescentes. 80 70 70,4 60 50 % 40 30 20 17,3 10 8,6 3,7 0 Eutrofia Baixo Peso Sobrepeso Obesidade Estado Nutricional Figura 1 Classificação do estado nutricional segundo o IMC/I das adolescentes estudantes de uma escola da rede pública de ensino na cidade de Ipatinga, MG. A Figura 2 demonstra o estado nutricional de acordo com a faixa etária. % 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 25,81 58,06 78 12,9 12 3,23 6 4 13-15 anos 16-18 anos Estado Nutricional Baixo peso Eutrofia Sobrepeso Obesidade Figura 2 Classificação do Estado Nutricional das adolescentes estudantes de uma escola da rede pública de ensino na cidade de Ipatinga, MG, de acordo com a faixa etária.

8 Pode-se perceber que a faixa etária de 16 a 18 anos apresentou melhores parâmetros nutricionais quando comparados com a faixa etária de 13 a 15 anos, tanto no que se refere ao baixo peso quanto ao excesso de peso. A avaliação dos questionários EAT-26 e BITE demonstrado na Figura 3 indicou que 20,98% (n=17) das adolescentes apresentaram risco para desenvolver anorexia nervosa, resultados estes aproximados ao estudo de Rosa et al., (2008) quando avaliaram 81 adolescentes com faixa etária de 10 a 19 anos, que freqüentavam uma escola preparatória de modelos na cidade de Maringá, onde foi encontrado um valor de 22,2% de adolescentes com sintomas dessa doença. Quanto aos sintomas de bulimia nervosa, o presente estudo verificou que 1,23% (n=1) das adolescentes apresentaram indicativos para o desenvolvimento dessa doença e 7,40% (n=6) apresentaram sintomas de ambas as doenças, concomitantemente. 25 20 20,98 % 15 10 5 0 7,40 1,23 Anorexia (AN) Bulimia (BN) AN + BN Figura 3 Distribuição percentual das adolescentes estudantes de uma escola da rede pública de ensino na cidade de Ipatinga, MG, em relação à presença de indicativos para anorexia e bulimia nervosa. De acordo com uma pesquisa que aplicou o EAT-26 em 221 estudantes universitárias de 19 a 25 anos (114 estudantes de Nutrição e 107 de outros cursos da área da saúde) com o objetivo de identificar fatores de risco para o desenvolvimento de anorexia nervosa, verificou que do total de estudantes, 22,1% foram classificadas com sintomas da doença (FIATES e SALLES, 2001). Outro estudo realizado por Dunker e Philippi (2003) revelou que 21,1% das adolescentes do sexo feminino de 15 a 18 anos de uma escola particular apresentavam sintomas de anorexia nervosa. Em relação à bulimia nervosa, Salles et al. (2005) ao avaliarem 98 adolescentes de idades entre 11 e 19 anos atendidos pelo Projeto Saúde modelo do Centro de Atendimento e

9 Apoio ao Adolescente (CAAA) do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP verificaram que 5,1% das adolescentes apresentaram comportamento de risco para o desenvolvimento de bulimia nervosa e 17,4% apresentaram os sintomas de ambas as doenças. Estes resultados são semelhantes aos achados de Rodrigues et al., (2005) quando avaliaram 110 modelos adolescentes de 11 a 19 anos de idade em grandes agências de São Paulo que encontraram 6,4% (n=7) das adolescentes com sintomas de bulimia nervosa. Na atual pesquisa quando os valores da presença de sintomas de bulimia nervosa apresentada isolada e/ou associada à anorexia nervosa são somados, estes resultam em 8,63 % (n=7). Sabe-se que a bulimia nervosa pode ser resultado de uma anorexia nervosa persistente que parece melhorar com o ganho de peso e retorno da menstruação, mas a presença de vômitos estabelece então o quadro de bulimia nervosa (SAPOZNIK, 2005), surgindo assim a necessidade de mais estudos na área. Na Figura 4 observa-se que das adolescentes com eutrofia, 65,21% (n=15) e 57,14% (n=4) apresentaram sintomas de anorexia e bulimia nervosa, respectivamente. 70 60 65,21 57,14 % 50 40 30 20 10 4,34 28,57 17,41 13,04 14,28 Baixo peso Eutrofia Sobrepeso Obesidade 0 Anorexia Bulimia Figura 4 Distribuição percentual das adolescentes estudantes de uma escola da rede pública de ensino na cidade de Ipatinga/MG de acordo com o estado nutricional e sintomas para anorexia e bulimia nervosa. No estudo de Rosa et al. (2008) foi encontrado um valor de 66,67% de eutrofia para as adolescentes com sintomas de anorexia nervosa e 78,57% para adolescentes com indicativos para o desenvolvimento de bulimia, indicando que estes distúrbios estão presentes independentes da presença de distúrbios relacionados ao peso corporal. Portanto, o estado nutricional nem sempre demonstra a tendência para transtornos desse tipo, embora numa fase avançada haja comprometimento do peso (ROSA et al., 2008).

10 De acordo com os testes EAT-26 e BITE, verificou-se maior prevalência das adolescentes com faixa etária de 13 a 15 anos apresentarem risco para o desenvolvimento dos distúrbios alimentares (anorexia e bulimia nervosa). Existem evidências de que a maior freqüência de bulimia é no final da adolescência e início da idade adulta (FREITAS e CARVALHO, 2006), o que não foi confirmado no presente estudo (Figura 5). % 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 41,93 20 12,9 6 13 a 15 anos 16 a 18 anos Faixa Etária Sintomas de Anorexia Sintomas de Bulimia Figura 5 Distribuição percentual das adolescentes estudantes de uma escola da rede pública de ensino na cidade de Ipatinga, MG, quanto à prevalência de sintomas de anorexia e bulimia e a faixa etária. De acordo com Albano e Souza (2001), as demandas nutricionais na adolescência estão aumentadas devido aos processos de crescimento e de maturação sexual, uma vez que o consumo de uma dieta inadequada pode influenciar de forma desfavorável o crescimento somático. Considerando a Figura 6, verifica-se que a maioria das entrevistadas com sintomas de anorexia nervosa obteve maior probabilidade de adequação de consumo dos nutrientes quando comparado com as adolescentes que apresentaram indicativos para bulimia nervosa, com exceção da vitamina A. O consumo de cálcio foi insuficiente para ambos. Os dados desta pesquisa podem ser comparados ao estudo de Dunker e Philippi (2003), no qual analisaram o comportamento alimentar de adolescentes do sexo feminino de 15 a 18 anos de idade e constataram que as adolescentes com sintomas de anorexia nervosa, tendem a ter uma menor preferência por alimentos derivados do leite, assim como o próprio leite integral. O conhecimento do perfil da alimentação dos adolescentes é importante para revelar comportamentos e hábitos sinalizadores de um dos principais sintomas dos transtornos

11 alimentares que é caracterizado pela restrição e/ou compulsão alimentar (SALLES et al., 2005). 60,00% 50,0050 % 40,00% % 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 0 Vit.A Vit.C Fe Zn Anorexia 39,13% 34,78% 43,48% 47,83% Bulimia 42,86% 28,57% 28,57% Nutrientes Figura 6 Percentual de adolescentes estudantes de uma escola da rede pública de ensino na cidade Ipatinga, MG, com sintomas de anorexia e bulimia nervosa com probabilidade de adequação do consumo de vitamina A, vitamina C, cálcio, ferro e zinco. Ao analisar o consumo alimentar das adolescentes, foi possível verificar que nenhuma das participantes atingiu as necessidades energéticas. Vale ressaltar que esses dados podem não refletir a realidade do consumo alimentar destas estudantes, visto que elas podem ter subestimado seu consumo. No entanto, em relação ao consumo de carboidratos, lipídios e proteínas, todas as adolescentes classificadas com sintomas de anorexia e/ou bulimia nervosa atingiram as recomendações. A Tabela 2 mostra a média do percentual de consumo de carboidrato, lipídio e proteína das adolescentes que apresentaram indicativos para anorexia e bulimia nervosa. Tabela 2 Média do percentual de consumo de carboidrato, lipídio, proteína e energia das adolescentes com sintomas de anorexia e bulimia nervosa, estudantes de uma escola da rede pública de ensino na cidade de Ipatinga/MG. Carboidrato % Lipídio % Proteína % Energia Kcal Anorexia 55,0 26,97 14,8 1399,3 Bulimia 58,21 29,6 16,0 1402,0 Recomendações 45 65** 25 35** 10-30** 2.200* Fonte: RDA, 1989* e DRI s, 2002**.

12 Em uma pesquisa com 98 modelos do sexo feminino com idades entre 11 a 19 anos de idade, Salles et al. (2005) observaram que das adolescentes com sintomas de anorexia e bulimia nervosa, 92% não atingiram as recomendações de energia. CONCLUSÃO Mesmo apresentando um alto percentual de adolescentes com peso dentro dos padrões da normalidade, estas possuem indicativos para o desenvolvimento de transtornos alimentares. Verificou-se também que o percentual de adolescentes com baixo peso, assim como o excesso de peso, foi preocupante. A análise da adequação de consumo alimentar mostrou resultados positivos na distribuição percentual dos macronutrientes (carboidratos, lipídios e proteínas), porém o consumo de energia apresentou-se insuficiente para as adolescentes com sintomas de anorexia e bulimia nervosa. Em relação ao consumo de vitamina A, vitamina C, cálcio, ferro e zinco, menos de 50% das adolescentes atingiram a recomendação. Desta forma, há necessidade de se conhecer melhor a prática alimentar dos adolescentes para que possibilite intervenções específicas e realmente eficazes para a realidade do adolescente, interagindo com toda família e o contexto no qual ele se insere, inclusive a escola. REFERÊNCIAS ALBANO, R. D.; SOUZA, S. B. Ingestão de energia e nutrientes por adolescentes de uma escola pública. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 77, n. 6, p. 512 516, nov./dez., 2001. ALVARENGA, M. S; PHILIPPI, S. T. Bulimia Nervosa: Avaliação do Padrão e Comportamento Alimentares. 2001. 120f. Tese (Doutorado em Nutrição Humana Aplicada PRONUT) - FCF/FEA/FSP, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. ALVARENGA, M. S.; SCAGLIUSI, F. B.; PHILIPPI, S. T. Consumo e padrões alimentares de pacientes com bulimia nervosa antes e depois de tratamento multiprofissional. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, São Paulo, v. 19, n. 4, p. 170-177, dezembro, 2004. BIGHETTI, F. RIBEIRO, R. P. P. Tradução e validação do eating attitudes test (EAT-26) em adolescentes do sexo feminino na cidade de Ribeirão Preto-SP. 2003. 123 f.

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