MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE Departamento de Vigilância Epidemiológica Esplanada dos Ministérios, Edifício Sede, 1º andar 70.058-900 Brasília-DF Tel. 3315 2755/2812 NOTA TÉCNICA Nº 153 /2010/DEVEP/SVS/MS Assunto: Atualização da investigação de caso suspeito de sarampo em João Pessoa/PB - 22 de outubro de 2010 A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) informa que desde a notificação do primeiro caso suspeito, em 08/09/2010, todas as medidas de prevenção e controle vêm sendo realizadas no município de João Pessoa, incluindo sucessivas investigações, busca ativa de casos suspeitos em todos os locais freqüentados pelos casos confirmados, bem como nos serviços de saúde. Até o presente momento, foram notificados 117 casos suspeitos de sarampo. Destes, 47 (40%) foram confirmados, dos quais 43 são residentes em João Pessoa, dois em Santa Rita, um em Bayuex, um em Conde (municípios da região metropolitana da capital), 53 (45%) foram descartados pelo critério laboratorial e 17 (15%) estão sob investigação. O local provável de infecção (LPI) dos casos dos municípios de Santa Rita, Bayeux e Conde foi João Pessoa. O vírus identificado pelo Laboratório de Referência Nacional (Fiocruz/RJ, em 14 (30%) casos foi o do genótipo B3, cujo seqüenciamento genético é similar ao que está circulando na África do Sul, indicando que o surto apresenta apenas um genótipo viral. As atividades de investigação desenvolvidas evidenciam que os primeiros casos tiveram como fonte de infecção um mesmo local em João Pessoa. Entretanto, até o momento, não foi possível estabelecer o vínculo entre todas as cadeias de transmissão. O último caso confirmado teve início de sintomas (data do exantema) em 06 de outubro de 2010. Frente à análise da situação epidemiológica atual no estado da Paraíba, a Secretaria de Vigilância em Saúde ratifica que não há evidências de circulação sustentada do vírus do sarampo no estado, tendo por base os critérios internacionais estabelecidos e constantes no Relatório da verificação dos critérios de eliminação da transmissão dos vírus endêmicos do sarampo e rubéola e da síndrome da rubéola congênita (SRC) no Brasil (SVS/MS-2010) entregue à Organização Pan-americana da Saúde, em setembro passado. O documento relata que para haver transmissão sustentada é necessário que, o
vírus identificado deve circular no país por mais de 12 meses. Considerandose a data do primeiro e último caso confirmado, os casos da Paraíba seguem classificados como casos de sarampo por vírus importado. Reforça esta evidência a identificação do genótipo que circula em outros países, como referido acima. A detecção de casos importados e de casos relacionados, em países em que a interrupção da transmissão já foi alcançada, como no Brasil, Estados Unidos, Canadá e em outros países das Américas, constitui um evento que, embora não seja raro, aponta a necessidade da manutenção de vigilância epidemiológica ativa e alerta para novas e eventuais ocorrências. No Brasil, após a interrupção da transmissão do sarampo no ano 2000, já foram detectados outros eventos relacionados a casos importados de sarampo, o que significa que a vigilância epidemiológica tem mantido uma elevada sensibilidade para detecção de casos importados. Com relação às faixas etárias acometidas, observa-se que 19 casos (44%) ocorreram em crianças menores de cinco anos de idade e a alta incidência nessa faixa etária representa um alerta de que a cadeia de transmissão viral ainda não foi interrompida, pois este é o grupo capaz de manter a circulação viral na população (Tabela 1). Tabela 1: Número e incidência de casos confirmados de sarampo na Paraíba. Faixa etária (em anos) Número de casos Incidência (/100.000 hab.) <1 a 10 101,2 1 a 4 9 22,2 5 a 6 0 0,0 7 a 14 6 6,4 15 a 19 3 4,6 20 a 39 15 5,9 40 a 49 3 3,3 50 ou mais 1 0,8 TOTAL 47 6,7 Fonte: SES/PB, dados informados até 17/10/2010. A distribuição dos casos por data do início do exantema demonstra que desde o dia 06 de outubro, ou seja, há 16 dias não há confirmação de novos casos (Gráfico 1). Neste contexto, pode-se inferir que as ações de imunizações (bloqueio vacinal imediato, intensificação vacinal e campanha de seguimento) associadas as ações imediatas e oportunas da vigilância epidemiológica local estão sendo efetivas para o controle do surto.
Gráfico 1:Distribuição dos casos notificados de Sarampo, segundo data de início de exantema 6 Confirmados Descartados Em investigação 5 No. de Casos 4 3 2 1 0 23456789101112131415161718192021222324252627282930311234567891011121314151617181920212223242526272829301234567891011121314 Agosto Setembro Outubro Data de início de exantema As atividades recomendadas e que estão sendo realizadas no estado da Paraíba são: I Imunização Varias atividades de imunização estão sendo realizadas para contenção do surto de sarampo no município de João Pessoa. Entre elas estão: a) Campanha de seguimento para crianças entre 6 meses e 5 anos, 11 meses e 29 dias: a campanha iniciou no dia 06/10/2010, com o dia D em 09/10/2010 até o momento foram aplicadas 23.400 doses de vacina (Tabela 2). Esta campanha conta com o auxilio de 28 equipes, compostas de técnicos dos distritos de saúde da SMS de João Pessoa, soldados do Exército, profissionais de saúde do Corpo de Bombeiros e alunos da faculdade de enfermagem de Santa Emilia de Rodart e Escola de Técnicos de Enfermagem. A Campanha deve ser realizada até o dia 12 de novembro de 2010 e a meta estipulada é de vacinar mais de 95% da população nas faixas etárias de seis a 12 meses de idade e de 1 a 5 anos de idade. b) Bloqueio Vacinal: realizado para todos os contatos com caso suspeito de sarampo. Durante esta atividade, foram aplicadas 1.063 doses de vacina (Tabela 3); c) Intensificação Vacinal: realizada com vistas a aumentar a cobertura vacinal. Esta atividade teve um total de 52.524 doses aplicadas, considerando primeira e segunda dose (Tabela 4).
Tabela 2: Número de doses aplicadas na Campanha de Seguimento Município de João Pessoa, PB, 2010 Idade 6 meses a < de 1 ano de idade 1 a 5 anos de idade População 5.879 52.962 Doses Aplicadas 2.296 21104 % Cobertura vacinal 39,05 39,84 Fonte: Secretaria de Saúde do Município, Seção de Imunização. Dados até o dia 17/10/2010 Tabela 3: Número de doses aplicadas por faixa etária durante o bloqueio vacinal. João Pessoa, até o dia 17/10/2010. Faixa Etária Doses Aplicadas Reforço Vacinal Total < 5anos 19 12 31 5 a 14 anos 35 90 125 15 a 39 anos 575 80 655 > 40 anos 252-252 Total* 881 182 1063 Dados atualizados no dia 17/10/2010 *Dados subestimados (aguardando informações do Sistema do Programa Nacional de Imunização por faixa etária das unidades de saúde nas quais foram realizadas a intensificação vacinal). Tabela 4. Número de doses aplicadas na intensificação vacinal por faixa etária, sexo e distrito de residência. João Pessoa, 19/10/2010. Grupo e faixa Distrito I Distrito II Distrito III Distrito IV Distrito V Total etária Crianças 1.151 1.483 1.030 839 580 5.083 6 a 11 anos Mulheres** 12 a 19 anos 1.290 2.089 1.349 845 2.412 7.985 20 a 49 anos 2.452 4.008 3.218 2.728 9.763 22.169 Total de 3.742 6.097 4.567 3.573 12.175 30.154 doses Homens** 12 a 19 anos 803 1.038 763 740 1.473 4.817 20 a 49 anos 1.339 1.610 1.532 1.810 6.179 12.470 Total de 2.142 2.648 2.295 2.550 7.652 17.287 doses Total Geral 7.035 10.228 7.892 6.962 20.407 52.524 ** Os dados referentes a homem e mulher são doses realizadas durante a intensificação feita e a oportunidade dia do dia D de seguimento. 1) Ações a serem realizadas: a. Realizar Varredura e Monitoramento Rápido de Cobertura Vacinal (MRC) em todo o município de João Pessoa, principalmente do distrito da ocorrência dos
casos de sarampo, após o término da campanha de vacinação de seguimento e da intensificação vacinal. II - Vigilância Epidemiológica 1) Manter a coleta de espécimes clínicos para identificação viral: a. Para novos municípios, mesmo sendo contato de João Pessoa realizar coleta para identificação viral; b. João Pessoa - coletar amostra para identificação viral, no caso de suspeita de evento adverso a vacina tríplice viral grave; Manter: Alerta às unidades de saúde (públicas e privadas) para: 1) Identificar oportunamente a ocorrência de novos casos suspeitos; 2) Notificar imediatamente o caso suspeito, em até 24 horas, à Secretaria Municipal de Saúde; 3) Coletar sangue e enviar ao Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN/PB); 4) Manter a busca ativa de rotina para casos suspeitos não notificados nas unidades de saúde públicos e privados (hospitais, unidades básicas, laboratórios, clínicas etc.); III - Laboratório 1) O processamento de amostras e resultados dos exames confirmatórios deve ser realizado no LACEN/PB e no LRN- FIOCRUZ/RJ considerando os casos em João Pessoa e municípios onde não foram detectados casos suspeitos de sarampo; O Ministério da Saúde, em conjunto com as SES/PB e SMS/João Pessoa, vem adotando as medidas acima relatadas de modo oportuno para evitar uma eventual reintrodução do vírus do sarampo no país, uma vez que a doença ainda ocorre nos continentes Europeu, Africano e Asiático. O Município de João Pessoa é um local de escolha de turistas internacionais, sendo necessária a manutenção da vigilância ativa e adoção das medidas de prevenção e controle acima descritas. O Ministério da Saúde ressalta que, como em todas as investigações de suspeita de sarampo no país, a conclusão final deste caso somente será procedida após os exames confirmatórios realizados no Laboratório de Referência Nacional, sem nenhum prejuízo à medida que já estão sendo adotadas.