A MODELAÇÃO GEOGRÁFICA DAS PERTURBAÇÕES AMBIENTAIS COMO INSTRUMENTO DE APOIO À DECISÃO NA ÁREA DO PLANEAMENTO DA CONSERVAÇÃO Áreas para rewilding? Ana Luisa Gomes (DGT) Lara Nunes (DGT) Alexandra Fonseca (DGT)
Conservação da Natureza em Portugal N N A selecção de áreas para a conservação baseia-se na distribuição das espécies/habitats a proteger. Principais mecanismos legais para a conservação em Portugal Rede Natura 2000 Directiva Aves Directiva Habitats Rede Nacional de Áreas Protegidas RNAP
Abandono agrícola: Portugal O abandono das terras agrícolas verificado nas últimas décadas surge como uma oportunidade para um novo uso desses territórios desvalorizados, o da conservação dos processos naturais, possibilitando o estabelecimento de uma nova rede de grandes áreas de conservação ligadas por corredores ecológicos. Pereira, H. et al. (2010) Abandono agrícola, fogo e o futuro da biodiversidade
Diferentes estratégias de conservação Ativa uma proteção mais ativa no sentido de estabelecer mecanismos para a proteção de determinadas espécies e/ou que atuem no restabelecimento de habitats em perigo Passiva uma outra estratégia baseada numa abordagem mais passiva, orientada para a conservação de grandes áreas isoladas das atividades humanas, onde as ameaças à vida selvagem são consideradas mínimas e em que a conservação prima pela não intervenção humana Ex.: rewilding
Rewilding e Wilderness Rewilding Wilderness Considera a natureza como algo que pode regenerar-se plenamente se lhe for dada essa oportunidade, aplicável a qualquer tipo de paisagem ou nível de proteção. A iniciativa Rewilding Europe [2012] surge com o objetivo de criar uma nova visão da conservação na Europa, mais orientada para o mundo selvagem e para os processos naturais,. "Uma área de wilderness consiste numa área gerida por processos naturais [ ] composta por habitats e espécies nativas [...] sem registo de atividade humana intrusiva ou extrativa, ocorrência de povoações, infraestruturas ou alterações da paisagem" [Wild EUROPE, 2013]. Define as áreas e buffers para identificação de uma área de Wilderness.
Projeto CVS Corredores para a vida selvagem: Modelação espacial da pressão humana e a sua utilidade para a conservação do Lobo Ibérico Wildlife corridors: Spatial modelling of human pressure and its usefulness for Iberian Wolf conservation FCT (PTDC/AAC-AMB/111457/2009) DGT Direção Geral do Território (Proponente) Ana Luisa Gomes (Coordenadora) Alexandra Fonseca Lara Nunes CBA - Centro de Biologia Ambiental (Faculdade de Ciências de Lisboa) Francisco Petrucci-Fonseca Clara Grilo Mariana Seara GL - Grupo Lobo Gonçalo Costa Ana Margarida Guerra
Sistema pericial para a modelação espacial das perturbações ambientais Presença Humana População Residente Impacto da Presença Humana N Poluição Habitat Indústrias Impacto da Poluição Sonora Pesos Min Ocupação do Solo Rede Viária e Ferroviária Uso/ Ocupação Solo Impacto da Poluição Química Impacto do tipo de Uso/Ocupação do Solo Max Gradiente das perturbações ambientais para a vida selvagem
Áreas de menor perturbação ambiental Subdivide áreas de wilderness em três zonas: Gradiente de Perturbação ambiental para a vida selvagem N Áreas de menor perturbação N Core area - uma área central com a maior qualidade de wilderness, áreas com um mínimo de perturbação (superiores a 3 000ha) onde dominam os processos naturais Buffer zone zona tampão que envolve a Core area onde as atividades humanas são mínimas Áreas superiores a 10.000 ha Com Core superior a 3.000 ha Transition zone - zona de transição onde é permitida uma gama limitada de atividades humanas O conjunto deve ser superior a 10 000ha por área.
Resultados N Norte Áreas Protegidas (APs) RNAP + RN2000 Áreas de Menor Perturbação dentro das APs Áreas de Menor Perturbação fora das APs 53,5% das AMenorP coincidem com APs Sul 35,5% das AMenorP coincidem com APs Comparação entre as Áreas de Menor Perturbação e as Áreas Protegidas Gestão territorial Identifica áreas passíveis de serem utilizadas para a conservação, atualmente sem estatuto. 43% do total das AMenorP coincidem com as APs
Width (meters) CVS: Corredores de ligação entre APs Caracterização morfológica (C) - Comprimento da rota central; (Lmin) - Largura mínima; 3200 2400 1600 N (Lmax) - Largura máxima; (Lmed) - Largura média, (%Lim) - Percentagem acima do limiar de largura considerada como mínima pelos peritos: 1 000 m; 800 0 0 Alvão 10 20 30 40 50 Distance (km) Montesinho Caracterização do uso/ocupação do solo (nomenclatura CVS) Caracterização da perturbação ambiental (valores que variam de 1 a 100) Pontos críticos à passagem das espécies (barreiras, estrangulamentos ) Gradiente das perturbações ambientais Min Max
( 4 * [dpop_mediana_excluiperitos5]@1 ) + [ruido_vi_imp]@1 + [quim_in_imp]@1 +[ruido_in_imp]@1 + [quim_vi_imp]@1 + ( 2*[uo_imp]@1 ) Legend grd_c_lim.tif Value 10-20 20,00000001-40 40,00000001-60 60,00000001-80 80,00000001-100 Análise da Incerteza do Modelo Cenários e Resultados: Localização do corredor Cenário (RHx PH + RPSV x PPSV + RPQV x PPQV + RPSI x PPSI + RPQI x PPQI + RUO x PUO) C (proposto) F G Q1 Q3 Pesos dos fatores 4.1.1.1.1.2 2.1.1.1.1.4 6 x 1.67 C C Resistências (valores de perturbação atribuídos pelos peritos a cada classe) Mediana C C 1º Quartil 3º Quartil
Análise da Incerteza do Modelo Cenários e Resultados: Localização do corredor Localização do corredor: média de sobreposição alta (79%) incremento das resistências muito próximo de zero (0.5%) incremento dos custos-distâncias muito próximo de zero (0.3%) O modelo geográfico demonstrou ser robusto para os parâmetros avaliados. Consideramos a análise de incerteza a sistemas periciais multicritério essencial para que os decisores conheçam o potencial impacto da incerteza do modelo nas decisões em planeamento da conservação.
MITIGAÇÃO VALIDAÇÃO Próximos desenvolvimentos CVS: Corredores de ligação entre APs Distribuição do Lobo-ibérico Habitat do Lobo-ibérico Monitorização do lobo-ibérico nos CVS Laranja Presença confirmada Amarelo Presença provável Cinza Presença não detectada Azul - Habitats adequados Castanho - Habitats utilizáveis Preto - Habitats a evitar Modelação do habitat do lobo-ibérico nos CVS Propostas de medidas mitigadoras Propostas de corredores Identificação de pontos críticos nos CVS Barreiras Atitudes públicas
Conclusões Os modelos multi-critério de apoio à decisão (MCDM) oferecem ferramentas e conceitos para incorporar as tomadas de decisões de base espacial. A análise da incerteza do modelo é importante para que os decisores tenham mais conhecimento das reais capacidades e limitações do modelo no momento de tomada de decisão. Este gradiente das perturbações ambientais constitui a base para a identificação de áreas para a vida selvagem e de corredores de menor perturbação antropogénica entre as atuais áreas protegidas. Esta metodologia de identificação de áreas de menor perturbação e de corredores para a vida selvagem, em zonas de menor conflito entre a pressão humana e a conservação da natureza contribui para apoiar decisões em ordenamento do território no sentido de promover a revalorização de áreas mais despovoadas, menos exploradas, utilizando este território para um outro uso - a proteção dos valores naturais. O conceito de rewilding no sentido do retorno à vida selvagem baseado fundamentalmente nos processos naturais, surge como uma nova opção de gestão do território na área da conservação da vida selvagem. Pretendemos com este trabalho exercitar e dar um contributo para fomentar a opção de gestão do território por rewilding, aplicando-a a áreas e corredores de menor perturbação com potencial para a vida selvagem, incrementando a conectividade entre áreas de conservação já existentes e futuras.
Obrigada pela vossa atenção! luisa.gomes@dgterritorio.pt nunes.lara@gmail.com